quarta-feira, 17 de setembro de 2025

“DONA LOLA”

ou

(UMA AULA DE BOM HUMOR.)

 


         Fazer rir não é fácil mesmo e só os que nascem com tal habilidade o conseguem, a ponto de, num teatro, levar uma plateia inteira a boas gargalhadas e a sair de lá com o maxilar doendo, como me aconteceu quando fui assistir a “DONA LOLA”, o segundo monólogo na carreira de MARCELO MÉDICI, com direção de RICARDO RATHSMAN, em cartaz no Teatro FAAP, em São Paulo.



 

SINOPSE:

Dona Lola é uma senhora, dona de casa, que tem sua vida transformada, ao se tornar um fenômeno das redes sociais, com os vídeos postados pela sua neta.

Após o inesperado sucesso, ela, incentivada por suas amigas mais próximas, decide se apresentar no teatro, mesmo não sendo atriz, não tendo um espetáculo e, muito menos, sabendo o que dizer.

É claro que as presenças mais aguardadas na plateia são as das amigas, mas, por motivos distintos, elas não comparecem à apresentação, o que resulta na ira, nada disfarçada, de Dona Lola, a qual acaba expondo a vida de suas amigas e, de certa forma, dizendo muito sobre si mesma.

 


 

         Com esse solo, que vem lotando o Teatro FAAP, MÉDICI ratifica o imenso sucesso que obteve com “Cada Um Com Seus Pobrema”, que esteve em cartaz por mais de 20 anos, espetáculo que o tornou famoso, como ator comediante, ainda que ele se saia muito bem nos dramas, porque, em primeiro lugar, trata-se de um grande ator, independentemente de gênero. Com “DONA LOLA”, com cuja personagem homenageia sua avó, MARCELO comemora uma proficiente carreira de 35 anos de vida teatral, seja no TEATRO, no cinema e na TV, a qual o tornou um artista muito popular e admirado pelos fãs. Este é o seu segundo trabalho a merecer uma direção competente e simplificada de RICARDO RATHSMAN e o segundo trabalho da dupla nessas posições.




         Com este espetáculo, MARCELO MÉDICI presta uma homenagem não só à sua avó, mas também a outras mulheres que foram, ou ainda são, importantes na sua vida, como suas tias, quer na vida pessoal, quer na profissional. O ator se apresenta sozinho no palco, porém, a montagem conta com participações luxuosas, em “off”, de Tony Ramos e Antonio Fagundes, fazendo as vozes das amigas Marli e Olga, respectivamente.



   Escrito pelo próprio protagonista da peça, o texto, embora seja, predominantemente, ficcional, contém histórias reais e lembranças de muitas pessoas com quem MÉDICI conviveu durante sua vida, além de situações e relatos absurdos e hilários. “Trata-se de uma comédia sobre amizade, etarismo, família e perdão, que pode ser libertador, sobretudo quando vem depois de uma deliciosa vingança”. Trata-se de um texto muito engraçado, que se torna potencializado pela interpretação do ator, o qual, visivelmente, em sua maturidade artística, se propõe a entregar mais do que um simples espetáculo de humor, mas, sim, mostrar uma grande celebração dessa confiança em si sobre um palco, assim como do humor afiado e da capacidade de se reinventar, sem perder a conexão com o público. Para MARCELO MÉDICI, o humor flui, como as águas de um plácido riacho. Pode existir algo mais hilário do que uma culinarista querer ensinar a fazer gelatina de caixinha?!




         Na COMÉDIA, não basta ser engraçado; tem que parecer engraçado, como aquilo que se dizia quanto à honestidade da mulher de César. Ou, sintetizando, no caso aqui, tem que ser, genuinamente, naturalmente, engraçado. E isso MARCELO MÉDICI tira de letra, dono de um personalíssimo “timing” de COMÉDIA, que ele mantém da primeira à última cena da peça. Isso, sem falar na facilidade com que improvisa, tirando partido de alguma “deixa” que venha da plateia ou que lhe ocorra num determinado momento.




       A grande jogada, para um ator que se propõe a fazer um monólogo, é perceber que, está sozinho em cena, mas não solitário. Tem que saber que, se lhe falta alguma companhia em cena, com quem possa contracenar, ele conta com um público participante e parceiro, pronto a se divertir, ou se emocionar, no caso de um drama, o que depende do trabalho bem feito de um actante como MÉDICI. Ele se apropria dessa atenção e cumplicidade do público e se concretiza um jogo de dar e receber que funciona muito bem.




         Do ponto de vista da plasticidade, estamos diante de uma montagem simples, podemos assim dizer, sem um cenário exuberante, de MIRA HAAR, com um único e hilário figurino, idem, e uma luz discreta, a serviço da peça. Nada de pirotecnias tecnológicas. O centro das atenções é, de verdade, o ator, seu trabalho de dar vida a uma personagem que “detesta falar de alguém na sua ausência”, mas que o faz, cada vez que se volta a falar das amigas que lhe “deram bolo”.



         Nunca é demais salientar que MARCELO MÉDICI também se sai muitíssimo bem em musicais, o que já nos demonstrou em espetáculos de grande sucesso, como “Se Meu Apartamento Falasse”, “Rocky Horror Show”, “Sweet Charity”, os três sob a direção de Charles Möeller e Claudio Botelho, e, mais recentemente, “Wicked”. Como humorista, fez parte do primeiro elenco do espetáculo “Terça Insana”, um fenômeno de bilheteria e de crítica, no qual criou mais de 15 personagens. Participou de programas de humor, na TV, e está no ar, há mais de uma década, no “sitcom” “Vai Que Cola”, com seu engraçadíssimo personagem Sanderson.




         O trabalho de direção, de RICARDO RATHSMAN é bem discreto e, por isso mesmo, muito louvável, ao perceber que o brilho do espetáculo já está presente na simples atuação de alguém do porte de um MARCELO MÉDICI.



 

FICHA TÉCNICA:

Texto: Marcelo Médici

Direção: Ricardo Rathsam

 

Interpretação: Marcelo Médici

 

Voz “off” personagem Olga: Antonio Fagundes

Voz “off” personagem Marli: Tony Ramos

 

Cenografia / Direção de Arte: Mira Haar

Figurino: Mira Haar

Iluminação e Operação de Luz: Ricardo silva

Trilha Sonora: Marcelo Médici e Ricardo Rathsam

Visagismo: Marcos Padilha

Direção de Movimento: Kátia Barros

Desenho de Som e Operação: André Omote

Diretor de Palco: Paulo Travassos

Desenho Gráfico: Marcio Villar

Foto do Cartaz: Jairo Goldflus

Peruca: Emi Sato

Assistente de Direção de Arte: Yumi Ogino

Costureira: Judite de Lima

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Fotos: Caio Galucci e Bianca Tatamiya

Direção de Produção: Thati Manzan

 

 



 

SERVIÇO:

Temporada: De 21/08 a 02/10 de 2025. (Atenção para uma próxima temporada.)

Local: Teatro FAAP.

Endereço: Rua Alagoas, nº 980, Higienópolis, São Paulo.

Dia e Horário: 5ªs feiras, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada).

Duração: 80 minutos.

Classificação: 12 anos.

Gênero Comédia (monólogo).

 


 

         A atual temporada é curtíssima, com lotações esgotadas, porém, em breve, a partir de 11 de outubro, o espetáculo ganhará uma outra, em horário nobre (Conferir abaixo.). Não deixem, porém, de assistir agora e se divertir “a bandeiras despregadas”, como dizia a minha Dona Lola, minha avó materna, Dona Leonor. É mais que óbvio que RECOMENDO O ESPETÁCULO e espero revê-lo, na minha próxima visita a São Paulo.

 


 

SERVIÇO (PRÓXIMA TEMPORADA):

Temporada: De 11 de outubro a 14 de dezembro de 2025.

Local: Teatro Renaissance.

Endereço: Alameda Santos, nº 2233, Cerqueira César – São Paulo.

Dias e Horários: Sábados, às 21h30min, e domingos, às 19h30min.

Valor dos Ingressos:  R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia-entrada).

Vendas “on-line” em https://teatrorenaissance.com.br/

Venda presencial: De sexta-feira a domingo, das 14h até o início do espetáculo.

Bilheteria: (11) 3069-2286.

Duração: 80 minutos.

Classificação: 12 anos.

Capacidade: 432 lugares.

Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.



 

 


 



FOTOS: CAIO GALUCCI

e

BIANCA TATAMIYA




GALERIA PARTICULAR

(Foto: GUILHERME DE ROSE.)




 

É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!






 













































































































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