“DONA LOLA”
ou
(UMA AULA DE
BOM HUMOR.)
Fazer rir não é
fácil mesmo e só os que nascem com tal habilidade o conseguem, a ponto de, num
teatro, levar uma plateia inteira a boas gargalhadas e a sair de lá com o maxilar
doendo, como me aconteceu quando fui assistir a “DONA LOLA”, o segundo monólogo na carreira de MARCELO
MÉDICI, com direção de RICARDO
RATHSMAN, em cartaz no Teatro FAAP, em São Paulo.
SINOPSE:
Dona Lola é uma senhora, dona de casa, que tem sua vida
transformada, ao se tornar um fenômeno das redes sociais, com os vídeos
postados pela sua neta.
Após o
inesperado sucesso, ela, incentivada por suas amigas mais próximas, decide se
apresentar no teatro, mesmo não sendo atriz, não tendo um espetáculo e, muito
menos, sabendo o que dizer.
É claro
que as presenças mais aguardadas na plateia são as das amigas, mas, por motivos
distintos, elas não comparecem à apresentação, o que resulta na ira, nada
disfarçada, de Dona Lola, a qual acaba expondo a vida de suas amigas e, de
certa forma, dizendo muito sobre si mesma.
Com esse solo, que vem
lotando o Teatro FAAP, MÉDICI
ratifica o imenso sucesso que obteve com “Cada Um Com Seus Pobrema”, que
esteve em cartaz por mais de 20 anos, espetáculo que o tornou
famoso, como ator comediante, ainda que ele se saia muito bem nos dramas,
porque, em primeiro lugar, trata-se de um grande ator, independentemente de
gênero. Com “DONA LOLA”, com cuja
personagem homenageia sua avó, MARCELO
comemora uma proficiente carreira de 35 anos de vida teatral, seja no TEATRO,
no cinema e na TV, a qual o tornou um artista muito popular e admirado pelos
fãs. Este é o seu segundo trabalho a merecer uma direção competente e
simplificada de RICARDO RATHSMAN e o
segundo trabalho da dupla nessas posições.
Com este espetáculo, MARCELO MÉDICI presta uma homenagem não
só à sua avó, mas também a outras mulheres que foram, ou ainda são, importantes
na sua vida, como suas tias, quer na vida pessoal, quer na profissional. O ator
se apresenta sozinho no palco, porém, a montagem conta com participações
luxuosas, em “off”, de Tony Ramos
e Antonio Fagundes,
fazendo as vozes das amigas Marli e Olga, respectivamente.
Escrito pelo próprio
protagonista da peça, o texto, embora seja, predominantemente, ficcional,
contém histórias reais e lembranças de muitas pessoas com quem MÉDICI conviveu durante sua vida, além
de situações e relatos absurdos e hilários. “Trata-se de uma comédia sobre
amizade, etarismo, família e perdão, que pode ser libertador, sobretudo quando
vem depois de uma deliciosa vingança”. Trata-se de um texto muito
engraçado, que se torna potencializado pela interpretação do ator, o qual,
visivelmente, em sua maturidade artística, se propõe a entregar mais do que um
simples espetáculo de humor, mas, sim, mostrar uma grande celebração dessa confiança em si sobre um palco, assim como do humor afiado e da capacidade de se
reinventar, sem perder a conexão com o público. Para MARCELO MÉDICI, o humor flui, como as águas de um plácido riacho. Pode existir algo mais hilário do que uma culinarista querer ensinar a fazer gelatina de caixinha?!
Na COMÉDIA, não basta ser
engraçado; tem que parecer engraçado, como aquilo que se dizia quanto à
honestidade da mulher de César. Ou, sintetizando, no caso
aqui, tem que ser, genuinamente, naturalmente, engraçado. E isso MARCELO MÉDICI tira de letra, dono de
um personalíssimo “timing” de COMÉDIA, que ele mantém da primeira
à última cena da peça. Isso, sem falar na facilidade com que improvisa, tirando
partido de alguma “deixa” que venha da plateia ou que lhe ocorra num determinado
momento.
A grande jogada, para um ator que se propõe a fazer um monólogo, é perceber que, está sozinho em cena, mas não solitário. Tem que saber que, se lhe falta alguma companhia em cena, com quem possa contracenar, ele conta com um público participante e parceiro, pronto a se divertir, ou se emocionar, no caso de um drama, o que depende do trabalho bem feito de um actante como MÉDICI. Ele se apropria dessa atenção e cumplicidade do público e se concretiza um jogo de dar e receber que funciona muito bem.
Do ponto de vista da
plasticidade, estamos diante de uma montagem simples, podemos assim dizer, sem um
cenário
exuberante, de MIRA HAAR, com um único e hilário figurino, idem, e uma luz discreta, a serviço
da peça. Nada de pirotecnias tecnológicas. O centro das atenções é, de verdade,
o ator, seu trabalho de dar vida a uma personagem que “detesta falar de alguém na sua
ausência”, mas que o faz, cada vez que se volta a falar das amigas que
lhe “deram
bolo”.
Nunca é demais salientar
que MARCELO MÉDICI também se sai
muitíssimo bem em musicais, o que já nos demonstrou em espetáculos de grande
sucesso, como “Se Meu Apartamento Falasse”, “Rocky Horror Show”, “Sweet
Charity”, os três sob a direção de Charles Möeller e Claudio
Botelho, e, mais recentemente, “Wicked”. Como humorista, fez parte
do primeiro elenco do espetáculo “Terça Insana”, um fenômeno de
bilheteria e de crítica, no qual criou mais de 15 personagens. Participou
de programas de humor, na TV, e está no ar, há mais de uma década, no “sitcom”
“Vai
Que Cola”, com seu engraçadíssimo personagem Sanderson.
O trabalho de direção,
de RICARDO RATHSMAN é bem discreto e, por isso mesmo, muito louvável, ao
perceber que o brilho do espetáculo já está presente na simples atuação de
alguém do porte de um MARCELO MÉDICI.
FICHA
TÉCNICA:
Texto: Marcelo Médici
Direção: Ricardo Rathsam
Interpretação: Marcelo Médici
Voz “off”
personagem Olga: Antonio Fagundes
Voz “off”
personagem Marli: Tony Ramos
Cenografia / Direção de Arte: Mira Haar
Figurino: Mira Haar
Iluminação e Operação de Luz: Ricardo
silva
Trilha Sonora: Marcelo Médici e Ricardo
Rathsam
Visagismo: Marcos Padilha
Direção de Movimento: Kátia Barros
Desenho de Som e Operação: André Omote
Diretor de Palco: Paulo Travassos
Desenho Gráfico: Marcio Villar
Foto do Cartaz: Jairo Goldflus
Peruca: Emi Sato
Assistente de Direção de Arte: Yumi
Ogino
Costureira: Judite de Lima
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Fotos: Caio Galucci e Bianca Tatamiya
Direção de Produção: Thati Manzan
SERVIÇO:
Temporada: De 21/08 a
02/10 de 2025. (Atenção para uma próxima temporada.)
Local: Teatro FAAP.
Endereço: Rua
Alagoas, nº 980, Higienópolis, São Paulo.
Dia e
Horário: 5ªs feiras, às 20h.
Valor
dos Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada).
Duração:
80 minutos.
Classificação:
12 anos.
Gênero
Comédia (monólogo).
A atual temporada é curtíssima, com lotações
esgotadas, porém, em breve, a partir de 11
de outubro, o espetáculo ganhará uma outra, em horário nobre (Conferir
abaixo.). Não deixem, porém, de assistir agora e se divertir “a bandeiras despregadas”, como
dizia a minha Dona Lola, minha
avó materna, Dona Leonor. É mais que óbvio que RECOMENDO O ESPETÁCULO e espero revê-lo, na minha
próxima visita a São Paulo.
SERVIÇO (PRÓXIMA TEMPORADA):
Temporada: De 11 de outubro a 14 de
dezembro de 2025.
Local: Teatro Renaissance.
Endereço: Alameda Santos, nº 2233,
Cerqueira César – São Paulo.
Dias e Horários: Sábados, às 21h30min, e
domingos, às 19h30min.
Valor dos Ingressos: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia-entrada).
Vendas “on-line” em https://teatrorenaissance.com.br/
Venda presencial: De sexta-feira a domingo,
das 14h até o início do espetáculo.
Bilheteria: (11) 3069-2286.
Duração: 80 minutos.
Classificação: 12 anos.
Capacidade: 432 lugares.
Acessibilidade: Teatro acessível a
cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
FOTOS: CAIO GALUCCI
e
BIANCA TATAMIYA
GALERIA PARTICULAR
(Foto: GUILHERME DE ROSE.)
É preciso ir ao TEATRO,
ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa
e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais.
Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de
melhor no TEATRO BRASILEIRO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário