quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


2ª MARATONA TEATRAL EM SÃO PAULO / 2014

 

 

(CAROS OUVINTES,

O HOMEM DE LA MANCHA,

FRIDA Y DIEGO,

O REI LEÃO)

 

            Pela segunda vez, neste ano (a primeira foi em janeiro), fui a São Paulo, com a única intenção de assistir a alguns espetáculos teatrais, principalmente um, o qual, certamente, não será apresentado no Rio de Janeiro, a mesma motivação da primeira “maratona”. 

 

Esse espetáculo é O HOMEM DE LA MANCHA, em cartaz no SESI / FIESP (Av. Paulista), até o dia 21 de dezembro. 

 

Procurarei fazer comentários, os mais detalhados possíveis, acerca do que vi.  Infelizmente, quando as resenhas estiverem sendo publicadas, os espetáculos comentados já não estarão mais em cartaz, a não ser O HOMEM DE LA MANCHA.

 

Mas vale pelo registro. 

 

Também não posso deixar de fazer alusão ao respeito das produções, com relação aos espectadores, quanto ao início dos espetáculos.  Todos a que assisti iniciaram, rigorosamente, no horário previsto.  Assim deveria ser, sempre, em todos os teatros, principalmente nos do Rio de Janeiro.

 

Como são espetáculos muito marcantes e merecem um tratamento todo especial, com relação a uma resenha, darei a eles tratamentos individuais, a partir dos próximos dias.  Fiquem atentos!

 

A primeira a ser comentada será CAROS OUVINTES, um espetáculo delicioso, inteligente, uma perfeita aula de História do Brasil, através das ondas do rádio.

 

Em seguida, será a vez de O HOMEM DE LA MANCHA, uma verdadeira obra-prima, que merecia ser visto pelos cariocas, porém, infelizmente, o grande projeto TEATRO MUSICAL, do SESI / FIESP – São Paulo, não tem planos de estendê-lo à nossa cidade.

 

Como FRIDA Y DIEGO, outro espetáculo digno de prêmios, estreará no Rio de Janeiro, no Teatro Maison de France, no início de janeiro, deixarei para escrever sobre ele naquele momento.

 

Sobre O REI LEÃO, já escrevi, em janeiro deste ano, ainda que não seja uma resenha detalhada (vou repetir no final desta resenha), mas gostaria apenas de dizer que, depois de quase dois anos em cartaz, alguns atores substituíram os titulares dos seus papéis, o que me faz falar um pouco sobre cada um deles:

 

FELIPE CARVALHIDO: SCAR, personagem que eu já vira feito pelo grande ator Osvaldo Mil.  Substituir um ator é sempre um grande desafio, que FELIPE, cujo trabalho eu não conhecia, cumpriu à altura, com um excelente desempenho.

 

BETO SARGENTELLI: SIMBA, no lugar de Tiago Barbosa.  Fiquei muito impressionado com o trabalho do BETO.  Tiago estava impecável no papel.  O personagem é cativante e exige, além da preparação física do ator, um excelente grau de interpretação, além, obviamente, de uma boa voz, para os solos do personagem.  Tudo isso flui no ator BETO SARGENTELLI, mais um excelente profissional de musicais.

 

CAYO CÉSAR: ZAZU, papel que era defendido por Cláudio Galvan.  Considero um dos mais difíceis do espetáculo, por causa da manipulação do pássaro, o que exige um grande trabalho de resistência física e de concentração do ator.  Muito bom o trabalho do CAYO.

 

Em breve, as resenhas individuais.

   

 

 

Domingo, dia 18/01/2014 (14h) : O REI LEÃO – Teatro Renault

 

 


 

 

            Não!  Não estamos na Broadway.  Estamos no Brasil (São Paulo), embora o horário seja o da meca dos musicais.

 

            Para poder atingir o meu objetivo, de assistir ao maior número de espetáculos possível, num curto final de semana, tive de fingir que estava na Broadway e aceitei ver O REI LEÃO na primeira sessão de domingo.

 

            Infelizmente, não tive a oportunidade de ver, ainda, o musical em Nova York, porque, quando tentei, a lotação estava esgotada por mais de três meses.  Em Madri, também dei azar: o espetáculo estrearia um dia após o meu retorno ao Brasil, no ano passado.  Mas não perdi, ainda, a esperança de ver a versão original.

 

            E o que dizer desta montagem brasileira?  Que é excelente!!!

 

 

 


Mufasa e Scar.

           

 

(PAUSA: Na porta do teatro, um imbecil dizia para o “amigo” a quem levara de carro: “Bem feito!  Não teve dinheiro pra ver na Broadway; agora, tem que se contentar com essa versão tupiniquim!”). 

 

Como Deus é por mim, contive a vontade de dizer ao idiota o que pensava a seu respeito e a conter o impulso selvagem de enfiar-lhe um belo “sopapo” (saudade do vocabulário da minha avó) nas “fuças” (vovó, de novo) daquele idólatra do Justin Bieber (a camiseta que usava o atestava). 

 

            Gostei imensamente do musical, (meu gênero preferido), ainda que a história não seja muito do meu agrado e interesse.  A trama é toda muito previsível e nem me encantam tanto as canções, compostas por Sir Elton John, nem as adicionais, à exceção de umas três ou quatro.

 

 

 


Scar, Jovem Simba, Simba, Mufasa e Rafiki.

 

 

            É certo que esse tipo de espetáculo, quando vem para o Brasil, regra geral, é feito com cenários, figurinos e coreografias, principalmente, originais.  É uma exigência dos detentores dos direitos da peça.  E essa parte é fantástica.  Tudo muito lindo!  Tudo muito mágico!  Mas de que adiantariam esses elementos, se não houvesse o talento do artista brasileiro? 

 

É muito difícil atuar e manusear, simultaneamente, bonecos (enormes) em cena, o que já vimos, em terras, graças a Deus, “tupiniquins”, em Avenida Q, inesquecível espetáculo de Charles Möller e Cláudio Botelho, no qual a tarefa de interpretar personagens e manusear bonecos era magistralmente executada por André Dias, Frederico Silveira, Sabrina Korgut e Gustavo Klein.  



 

Em O REI LEÃO, porém, é visível a complexidade da manipulação de bonecos, os quais se movimentam por controles que dependem da tecnologia e a da destreza de seus manipuladores. 

 

Entristeço-me por viver num país, que, infelizmente, nos dá mais motivos de vergonha do que de regozijo.  Mas COMO ME ORGULHO DO ARTISTA BRASILEIRO!  Mesmo com tantas dificuldades, seu talento supera qualquer uma delas e o resultado final é excelente.  Já vi isso acontecer em dezenas de produções desse tipo.  Não é exatamente o caso de O REI LEÃO, por se tratar de uma superprodução, milionária, mas que poderia não dar certo, se não houvesse a excelente “mão-de-obra” brasileira.  Os atores são ótimos, os músicos idem e não são diferentes os técnicos.

 

 

 

Apresentação de Simba.

 

 

 

            O espetáculo é um sonho, um deleite para os olhos e para a alma, como o foi O MÁGICO DE OZ, este com mais, digamos, “brasilidade” do que O REI LEÃO.

 

            Fiquei encantado com o espetáculo e me emocionei bastante com algumas passagens, com especial destaque para a cena inicial, a apresentação de SIMBA a seus súditos, quando boa parte do elenco, travestidos de animais africanos, sobe ao palco, entrando pela plateia, como num cortejo de adoração a seu rei.  É uma cena muito linda e de grande impacto. 

 

O REI LEÃO da Broadway me aguarda, mas este nacional já deu, e muito, para aguçar o meu “apetite”.

 

            Muito interessante, também, e digna de destaque foi a solução encontrada para a cena em que SIMBA fica no meio do estouro de uma boiada de gnus, o que vai gerar a morte de seu pai (MUFASA), que tentava salvá-lo, tudo arquitetado pelo cruel TIO SCAR.  As projeções, as sombras e a posição dos atores no palco criam a ilusão de uma cena cinematográfica, com um belíssimo resultado plástico.

 

 

 

Cena final.

 

 

 

            Destaco as versões das canções, de GILBERTO GIL; a tradução do “script”, de RACHEL RIPANI; a direção musical e a regência, de VÂNIA PAJARES e a atuação de NTSEPA PITJENG (RAFIKI), OSWALDO MIL (SCAR), CÉSAR MELLO (MUFASA), CLÁUDIO GALVAN (ZAZU), TIAGO BARBOSA (SIMBA), CAUÃ MARTINS (JOVEM SIMBA) e o ator que interpretou, na sessão em que estive presente, TIMÃO (creio que FELIPPE MORAES).

 

            Seja de origem genuinamente brasileira, seja importado da Broadway ou de outras praças, o certo é que o Brasil já ocupa a terceira colocação na produção de TEATRO MUSICAL, ficando atrás, obviamente, dos Estados Unidos e da Inglaterra. 

 

Nunca apensei que, um dia, eu sentiria tanto prazer e emoção diante desses números.

 

 

 

Aplausos.

 

 

 

VIVA O TEATRO MUSICAL!

 

VIVA O ARTISTA BRASILEIRO!

 

 

 


Eu e Beto Sargentelli.

 

 

 


Eu, na “Cova dos Leões”, com Cauã Martins (Jovem Simba) , Beto Sargentelli (Simba) e Queren Raquel (Jovem Nala).

 

 

 


Feliz espera.

 

 


Cauã Martins, quando não é o Jovem Simba.

 

 

 


Aproveitem!


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