2ª
MARATONA TEATRAL EM SÃO PAULO / 2014
(CAROS OUVINTES,
O HOMEM DE LA MANCHA,
FRIDA Y DIEGO,
O REI LEÃO)
Pela
segunda vez, neste ano (a primeira foi em janeiro), fui a São Paulo, com a
única intenção de assistir a alguns espetáculos teatrais, principalmente um, o
qual, certamente, não será apresentado no Rio de Janeiro, a mesma motivação da
primeira “maratona”.
Esse
espetáculo é O HOMEM DE LA MANCHA,
em cartaz no SESI / FIESP (Av.
Paulista), até o dia 21 de dezembro.
Procurarei
fazer comentários, os mais detalhados possíveis, acerca do que vi. Infelizmente, quando as resenhas estiverem
sendo publicadas, os espetáculos comentados já não estarão mais em cartaz, a não
ser O HOMEM DE LA MANCHA.
Mas vale pelo
registro.
Também não
posso deixar de fazer alusão ao respeito das produções, com relação aos espectadores,
quanto ao início dos espetáculos. Todos
a que assisti iniciaram, rigorosamente, no horário previsto. Assim deveria ser, sempre, em todos os
teatros, principalmente nos do Rio de Janeiro.
Como são espetáculos
muito marcantes e merecem um tratamento todo especial, com relação a uma
resenha, darei a eles tratamentos individuais, a partir dos próximos dias. Fiquem atentos!
A primeira a
ser comentada será CAROS OUVINTES, um
espetáculo delicioso, inteligente, uma perfeita aula de História do Brasil,
através das ondas do rádio.
Em seguida,
será a vez de O HOMEM DE LA MANCHA,
uma verdadeira obra-prima, que merecia ser visto pelos cariocas, porém,
infelizmente, o grande projeto TEATRO
MUSICAL, do SESI / FIESP – São Paulo,
não tem planos de estendê-lo à nossa cidade.
Como FRIDA Y DIEGO, outro espetáculo digno
de prêmios, estreará no Rio de
Janeiro, no Teatro Maison de France,
no início de janeiro, deixarei para escrever sobre ele naquele momento.
Sobre O REI LEÃO, já escrevi, em janeiro
deste ano, ainda que não seja uma resenha detalhada (vou repetir no final desta
resenha), mas gostaria apenas de dizer que, depois de quase dois anos em
cartaz, alguns atores substituíram os titulares dos seus papéis, o que me faz
falar um pouco sobre cada um deles:
FELIPE CARVALHIDO: SCAR, personagem que eu já vira feito pelo grande ator Osvaldo Mil. Substituir um ator é sempre um grande desafio,
que FELIPE, cujo trabalho eu não
conhecia, cumpriu à altura, com um excelente desempenho.
BETO SARGENTELLI: SIMBA, no lugar de Tiago
Barbosa. Fiquei muito impressionado
com o trabalho do BETO. Tiago
estava impecável no papel. O personagem é
cativante e exige, além da preparação física do ator, um excelente grau de
interpretação, além, obviamente, de uma boa voz, para os solos do
personagem. Tudo isso flui no ator BETO SARGENTELLI, mais um excelente
profissional de musicais.
CAYO CÉSAR: ZAZU, papel que era defendido por Cláudio Galvan. Considero um
dos mais difíceis do espetáculo, por causa da manipulação do pássaro, o que exige
um grande trabalho de resistência física e de concentração do ator. Muito bom o trabalho do CAYO.
Em breve, as
resenhas individuais.
Domingo,
dia 18/01/2014 (14h) : O REI LEÃO – Teatro Renault
Não! Não estamos na Broadway. Estamos no Brasil (São Paulo), embora o
horário seja o da meca dos musicais.
Para
poder atingir o meu objetivo, de assistir ao maior número de espetáculos possível,
num curto final de semana, tive de fingir que estava na Broadway e aceitei ver O REI LEÃO na primeira sessão de
domingo.
Infelizmente,
não tive a oportunidade de ver, ainda, o musical em
Nova York , porque, quando tentei, a lotação estava esgotada por
mais de três meses. Em Madri, também dei
azar: o espetáculo estrearia um dia após o meu retorno ao Brasil, no ano
passado. Mas não perdi, ainda, a
esperança de ver a versão original.
E o que
dizer desta montagem brasileira? Que é excelente!!!
Mufasa e Scar.
(PAUSA:
Na porta do teatro, um imbecil dizia para o “amigo” a quem levara de carro: “Bem feito!
Não teve dinheiro pra ver na Broadway; agora, tem que se contentar com
essa versão tupiniquim!”).
Como Deus é por mim, contive a vontade de
dizer ao idiota o que pensava a seu respeito e a conter o impulso selvagem de
enfiar-lhe um belo “sopapo” (saudade do vocabulário da minha avó) nas “fuças”
(vovó, de novo) daquele idólatra do Justin Bieber (a camiseta que usava o
atestava).
Gostei
imensamente do musical, (meu gênero preferido), ainda que a história não seja
muito do meu agrado e interesse. A trama
é toda muito previsível e nem me encantam tanto as canções, compostas por Sir Elton John, nem as adicionais, à
exceção de umas três ou quatro.
Scar, Jovem
Simba, Simba, Mufasa e Rafiki.
É certo
que esse tipo de espetáculo, quando vem para o Brasil, regra geral, é feito com
cenários, figurinos e coreografias, principalmente, originais. É uma exigência dos detentores dos direitos
da peça. E essa parte é fantástica. Tudo muito lindo! Tudo muito mágico! Mas de que adiantariam esses elementos, se
não houvesse o talento do artista brasileiro?
É muito difícil atuar e manusear,
simultaneamente, bonecos (enormes) em cena, o que já vimos, em terras, graças a
Deus, “tupiniquins”, em Avenida Q , inesquecível
espetáculo de Charles Möller e Cláudio Botelho, no qual a tarefa de
interpretar personagens e manusear bonecos era magistralmente executada por André Dias, Frederico Silveira, Sabrina
Korgut e Gustavo Klein.
Em O
REI LEÃO, porém, é visível a complexidade
da manipulação de bonecos, os quais se movimentam por controles que
dependem da tecnologia e a da destreza de seus manipuladores.
Entristeço-me por viver num país, que,
infelizmente, nos dá mais motivos de vergonha do que de regozijo. Mas COMO
ME ORGULHO DO ARTISTA BRASILEIRO!
Mesmo com tantas dificuldades, seu talento supera qualquer uma delas e o
resultado final é excelente. Já vi isso
acontecer em dezenas de produções desse tipo.
Não é exatamente o caso de O REI
LEÃO, por se tratar de uma superprodução, milionária, mas que poderia não
dar certo, se não houvesse a excelente “mão-de-obra” brasileira. Os atores são ótimos, os músicos idem e não
são diferentes os técnicos.
Apresentação de Simba.
O
espetáculo é um sonho, um deleite para os olhos e para a alma, como o foi O MÁGICO DE OZ, este com mais, digamos,
“brasilidade” do que O REI LEÃO.
Fiquei
encantado com o espetáculo e me emocionei bastante com algumas passagens, com
especial destaque para a cena inicial, a apresentação de SIMBA a seus súditos, quando boa parte do elenco, travestidos de
animais africanos, sobe ao palco, entrando pela plateia, como num cortejo de
adoração a seu rei. É uma cena muito
linda e de grande impacto.
O REI
LEÃO da Broadway me aguarda, mas este
nacional já deu, e muito, para aguçar o meu “apetite”.
Muito
interessante, também, e digna de destaque foi a solução encontrada para a cena em
que SIMBA fica no
meio do estouro de uma boiada de gnus, o que vai gerar a morte de seu pai (MUFASA), que tentava
salvá-lo, tudo arquitetado pelo cruel TIO
SCAR. As projeções, as sombras e a posição dos
atores no palco criam a ilusão de uma cena cinematográfica, com um belíssimo
resultado plástico.
Cena final.
Destaco
as versões das canções, de GILBERTO
GIL; a tradução do “script”,
de RACHEL RIPANI; a direção
musical e a regência, de VÂNIA PAJARES e a atuação de NTSEPA PITJENG (RAFIKI),
OSWALDO MIL (SCAR), CÉSAR MELLO (MUFASA), CLÁUDIO GALVAN (ZAZU), TIAGO BARBOSA (SIMBA), CAUÃ MARTINS (JOVEM SIMBA) e o ator que
interpretou, na sessão em que estive presente, TIMÃO (creio que FELIPPE
MORAES).
Seja de
origem genuinamente brasileira, seja importado da Broadway ou de outras
praças, o certo é que o Brasil já ocupa a terceira colocação na produção de TEATRO MUSICAL, ficando atrás,
obviamente, dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Nunca apensei que, um dia, eu sentiria tanto
prazer e emoção diante desses números.
Aplausos.
VIVA O TEATRO
MUSICAL!
VIVA O ARTISTA
BRASILEIRO!
Eu e Beto Sargentelli.
Eu, na “Cova dos Leões”, com Cauã Martins (Jovem Simba) ,
Beto Sargentelli (Simba) e Queren Raquel (Jovem Nala).
Feliz espera.
Cauã Martins, quando não é o Jovem Simba.
Aproveitem!
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