“DONNA
SUMMER
MUSICAL”
ou
(O QUE É BOM
NUNCA MORRE.)
ou
(UM MUSICAL
PARA MEXER
COM O CORPO,
A ALMA
E O CORAÇÃO.)
Desde que foi
anunciada a estreia da versão brasileira, para o espetáculo “DONNA
SUMMER MUSICAL”, da Broadway, em São Paulo, no Teatro
Santander, para uma longa, e merecida, temporada, que iria de 05
de março até 28 de junho de 2020, tratei logo de me programar para ir ao
seu encontro, na incerteza de que o espetáculo pudesse, ou não, vir para
o Rio de Janeiro (QUE OS DEUSES DO TEATRO O TRAGAM PARA CÁ!) e, sabe-se
lá, com que elenco.
Passagem de avião
comprada, reserva feita num hotel, com bastante antecedência, para a primeira
semana de abril, e muita ansiedade para assistir a mais uma montagem do
talentosíssimo MIGUEL FALABELLA, até que tudo foi “abortado”:
meus planos e, principalmente, a peça, que fez umas míseras
apresentações - apenas uma semana -, porque o mundo parou, indefeso,
rendido à maldita epidemia de COVID-19, anunciada, oficialmente, salvo
engano, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), numa fatídica 6ª
feira 13, de março. Não deu nem para esquentar, porque os Teatros
foram fechados, DE FORMA CORRETA, por força da Lei.
A princípio,
pensei que seria por duas semanas, como anunciava a imprensa, porém,
acompanhando o noticiário internacional, em cerca de dez dias, vi que “era
coisa para uns três meses”. Quanta ingenuidade da minha parte! Com o
passar do tempo, o número de vítimas fatais crescendo, assustadoramente, no
mundo, fui tornando, cada vez mais, elástica a previsão para o nosso tempo de quarentena
compulsória (Isso seria um pleonasmo?), até que chegamos aos dias de hoje,
passados mais de um ano e meio, com o vírus sendo controlado, “até a página
cinco”, graças às vacinas, apesar deste (des)governo negacionista,
que luta ao lado do exército do vírus e só pensa em se reeleger (Coitado!
Não sabe de nada!). E, com algumas flexibilizações, já há algum tempo, está
sendo permitido, com todos os cuidados necessários, que voltemos ao Teatro
presencial, aliás, a única forma de TEATRO que conheço; o que se
viu, e ainda se vê, aos montes, pelas telas, durante a pandemia, NÃO É
TEATRO; são “experimentos cênicos virtuais”, a grande maioria
de qualidade muito duvidosa, um eufemismo para “ruins”. Mas não
vou querer entrar nesse mérito agora. O fato é que já assisti a cerca de trinta
espetáculos, presencialmente, em pleno flagelo, uns três por semana, e não
mais de sete a nove, como fazia, antes, indo ao Teatro todos os dias e,
às vezes, assistindo a mais de uma peça num só dia, aos sábados e
domingos.
Mas vamos falar de “DONNA SUMMER
MUSICAL”, em cartaz no mesmo Teatro Santander, tendo estreado no dia
02 de setembro passado, com o encerramento da temporada,
infelizmente, anunciado para o dia 28 do mês em curso, novembro (2021), mantendo a casa cheia. E por que uma crítica já no final da temporada? Porque, por falta
de oportunidade, e de coragem de andar de avião durante a pandemia, confesso,
só agora eu pude ir a São Paulo, contudo, mesmo que a atual temporada
já tivesse terminado, eu não deixaria de escrever sobre o musical, por
um simples e único motivo: deixar registrado o quanto gostei dele. E FOI MUITO!!!
Trata-se de uma superprodução,
muito recente, que chegou ao Brasil, pelas mãos de FALABELLA,
apenas dois anos após sua estreia, na Broadway, em março de 2018, com enorme
sucesso de público e crítica, o que também vem acontecendo aqui. Apesar de,
lamentavelmente, eu não ter assistido ao original, na “meca dos musicais”,
acredito, piamente, no que está registrado em vários órgãos da imprensa
brasileira e no “release”, que me foi enviado pela Assessoria
de Imprensa (MIDIORAMA), ou seja, que a nossa montagem tem o mesmo “status”
de superprodução que a original. Acredito mesmo, uma vez que não
parava de me manifestar, na minha poltrona, aplaudindo tudo, freneticamente,
gritando, mil vezes, “BRAVO”, “BRAVA!”, “BRAVI”, cantando
várias das canções, as que eu conhecia, e quase chegando às lágrimas em algumas
cenas. Cheguei, em uma delas. E vendo as mesmas reações nas outras pessoas. Na
minha frente, por exemplo (Eu estava acomodado na quinta fila.), havia um
menininho, de seus cinco ou seis aninhos, acompanhado do pai, que nem imaginava
quem fora DONNA SUMMER, mas se comportava como um grande fã da cantora.
Fiquei impressionado com a reação daquela criança.
Para justificar o fato de ser uma
superprodução – FALABELLA não faria por menos -, a montagem
conta, além das três atrizes que vivem a protagonista, com mais 23 atores
e bailarinos, muito bem selecionados em audições. Quanto à estrutura
física, que envolve os elementos de criação da peça, destaca-se o gigantesco,
grandioso, imponente cenário, de 260m2, pesando 13 toneladas,
de uma altura não revelada, mas acima de qualquer padrão que já vi, todo
construído com muitos espelhos (Uma “orgia espelhar”.), uma iluminação
fascinante e um figurino digno de prêmios, reunindo mais de 200
peças diferentes de trajes, além de mais de 50 perucas.
É mais um musical biográfico
no mercado, e confesso que, apesar de ser o maior fã de musicais, os
desse tipo não me agradam tanto, embora não caibam, aqui, os porquês, pois não
julgo isso necessário, no momento. Há, porém, alguns que não são apenas
admiráveis, como marcaram, e ainda marcam, a minha vida de espectador e
de crítico, na mesma proporção. Poderia listar vários, mas não vou fazê-lo,
entretanto digo que “DONNA SUMMER MUSICAL”, certamente, estaria nesse
rol.
Nunca fui um fã ardoroso da “Rainha
da Disco Music”, mas sempre gostei de ouvi-la e, principalmente, de dançar,
ao som de suas canções, a grande maioria. Uma delas, presente no “set
list” da peça, é capaz de me tirar do sério e de me fazer
chorar, sim, por motivos pessoais (Foi nesse momento que eu chorei.). E eu
chorei, de verdade. Essa canção chama-se “MacArthur Park”,
gravada, primeiramente, numa versão que dura cerca de oito minutos, com
um arranjo “de arrepiar”, pelo falecido ator e cantor Richard
Harris, de autoria do magnífico compositor estadunidense Jimmy Web,
a quem tive o prazer e a honra de conhecer, nos bastidores do IV FIC
(Festival Internacional da Canção), no Maracanãzinho, Rio de
Janeiro, em 1969, quando Web concorria com a canção “Evie”,
a qual ficou em segundo lugar, perdendo para o Brasil, representado por “Cantiga
Por Luciana, cantada por Evinha.). A belíssima “Evie”,
a minha favorita, foi interpretada por Bill Medley, que também entrou na
parceria de uma boa amizade. Um amigo comum, músico brasileiro, nos
apresentou, conversamos longamente e nos tornamos amigos, os três, numa época
em que não havia redes sociais. A gente se comunicava por cartas mesmo. Lamento
nunca ter aceitado um convite de Jimmy, para visitá-lo, em sua casa. Desafortunadamente
– a vida é assim mesmo -, acabamos perdendo o contato. Essa canção é uma das
que marcaram a minha vida, e DONNA SUMMER gravou-a, no ritmo que ela
dominava, e a gravação é linda, assim como sua interpretação na peça.
Penso que a vida pessoal de DONNA
não foi tão interessante assim, a ponto de merecer protagonismo num musical,
entretanto o que ela representou, como artista, para a música, internacionalmente,
isso, sim, é alvo de uma merecida homenagem. Abaixo, um texto sobre a vida de DONNA,
segundo o “release” a que já me referi, sem aspas, pois tive
a ousadia de fazer pequenos cortes, acréscimos e adaptações.
DONNA SUMMER.
DONNA SUMMER.
UM POUCO DE DONNA
SUMMER:
Seu nome de
batismo era Donna Arian Gaines, nascida em Boston, em dezembro
de 1948. Aos 10 anos, cantou, pela primeira vez, em público, num
coral de igreja, impressionando a todos que a ouviram. Sabemos que muitos dos
grandes cantores populares, no mundo inteiro, se iniciaram, na música, muito
jovens, alguns até bem crianças, nos templos religiosos.
Aos 19 anos,
mudou-se para a Alemanha e, lá, participou da montagem do musical
“Hair”. Em 1974, casou-se com o ator austríaco Helmuth
Sommer, de quem se divorciou, tendo mantido seu sobrenome, mudando a
ortografia para SUMMER. Recebeu os epítetos de “Rainha da Disco
Music”, “Rainha da Dance Music” e “Primeira-Dama do
Amor”.
Ainda em 1974,
aconteceu um encontro importante, que mudaria a vida da cantora: assinou
contrato de gravação, com os produtores e compositores Giorgio Moroder e
Pete Bellotte. Depois de terem lançado uma série de sucessos na Europa,
DONNA, Giorgio e Pete escreveram “Love to Love You
Baby”, que foi seu primeiro sucesso americano.
Em 1978,
DONNA gravou “Last Dance”, escrito por Paul Jabar,
e eles ganharam o Oscar de Melhor Música,pelo filme "Thanks God It's Friaday", que, no Brasil, recebeu o título de "Até Que Enfim É Sexta-Feira". Alguns anos depois, Paul escreveu outro
dos maiores sucessos de DONNA, “No More Tears (Enough Is Enough)”,
gravada, em dueto, com Barbra Streisand.
Em 1977,
lançou o “single” “I Feel Love”, um grande sucesso, que, para
muitos, é a invenção da “dance music eletrônica”. Mas DONNA
era versátil em vários gêneros. Embora, conhecida como a “Rainha da Pista
de Dança”, seus “hits” incluem “rock” (“Hot Stuff”),
“pop” (“MacArthur Park”), “new age” (“The Wanderer”),
“funk” (“Love is in Control”), “R&B” (“Heaven Knows”),
entre outros.
Muitas das
músicas de DONNA são inspiradas por pessoas que ela conhecia. “Bad
Girls”, por exemplo, seu “hit” número um mais antigo, foi
criado depois que uma de suas assistentes foi assediada por um policial, que a
confundiu com um andarilho de rua. DONNA é uma das autoras da música,
transformada em um hino rebelde.
“She Works Hard for the Money”, outro de
seus grandes sucessos, surgiu depois de seu encontro com Onetta Johnson,
uma atendente de restaurante de Los Angeles, e foi o primeiro vídeo de
uma mulher negra a ser reproduzido, em grande rotação, na MTV.
Em 1980,
os Grammys lhe renderam prêmios, nas categorias de “Rock”, pela
primeira vez. “Hot Stuff” ganhou o prêmio de Melhor
Performance Vocal Feminina do Rock, fazendo dela a primeira mulher a ganhar
um Grammy no campo do Rock, universo, até então, dominado por
homens.
DONNA foi indicada a 18 prêmios Grammy e ganhou 5, em quatro
gêneros diferentes: “rock”, “dance”, “R&B”
e “Inspirational”.
Em 1989,
depois de anos escrevendo canções e desenhando suas próprias roupas, DONNA
começou a exibir suas pinturas em galerias, em todo o país, sendo apontada como
uma artista visual notável.
Em 1992
ganhou uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood.
DONNA faleceu em 17 de maio de 2012, de câncer pulmonar, e, em 2013,
foi, finalmente, introduzida no Hall da Fama do Rock and Roll.
Em 2012,
a Biblioteca do Congresso adicionou “I Feel Love” ao Registro
Nacional de Gravação, sinalizando sua posição como uma obra de arte
historicamente importante.
Após a sua
morte, um grande número de artistas prestou homenagem a DONNA, incluindo
Aretha Franklin, Dolly Parton e Barbra Streisand.
Beyoncé falou, publicamente, sobre o quanto sua própria música foi inspirada no
exemplo de DONNA.
E sobre o espetáculo, o que dizer? Muito, com certeza!
Em primeiro lugar, que foi um dos melhores, dos seis a que assisti, na minha última
estada em São Paulo, no final de outubro próximo passado, sendo
que cinco deles foram musicais. Motivos para essa minha afirmação? O que
menos pesou foi o texto. Em compensação todos os demais elementos
compensam a sua pouca relevância, para mim.
Três, dos principais, fatores que me levam a enaltecer esta produção
são a ideia – e aí, entra, paradoxalmente, o texto, ou melhor, sua
construção -, a brilhante direção e a escalação do elenco, sem
falar nos elementos plásticos.
Achei brilhante a criativa ideia de colocar três atrizes
para representar a protagonista, em épocas diferentes de sua vida, sem nenhum
compromisso, absolutamente, com o tempo cronológico, fazendo com que as três
dialoguem, fazendo uso, para isso, de “flashbacks” e diálogos “mágicos
e atemporais”. É um dos pontos altos do espetáculo, ainda mais
quando as atrizes escaladas dão um “show” de interpretação
e canto, sem que, para mim, alguma delas se destaque. Adorei,
igualmente, o trabalho das três e aplaudi-as com a mesma intensidade, e de pé.
Como eu gostaria de ter assistido, e participado (de), às
audições para o fechamento do elenco. Que grupo fantástico de
atores/cantores/bailarinos!!! Que nível profissional!!! Imagino quão
difícil deve ter sido o trabalho da equipe que estava responsável por fechar o “cast”.
Acho que, das protagonistas, KARIN HILS e JENIFFER NASCIMENTO
foram convidadas, mas sei que o mesmo não aconteceu com AMANDA SOUZA,
que também interpreta a diva, quando bem jovenzinha.
O
texto original de “DONNA SUMMER MUSICAL”, escrito por COLMAN
DOMINGO, ROBERT CARY & DES MCANUFF, com músicas
da própria DONNA, GIORGIO MORODER & PAUL
JABARA “retrata a vida eletrizante da diva, seus amores tempestuosos
e ‘hits’ planetários, que a fizeram uma das mais importantes personalidades da
história da música mundial, mostrando três fases de sua trajetória: ‘Jovem
Donna’, na juventude; ‘Disco Donna’, no auge do sucesso; e ‘Diva
Donna’, nos seus 50 anos e ainda no topo de sua carreira.”. (Extraído
do “release”.)
A montagem
brasileira conta com uma ficha técnica que reúne alguns dos maiores
nomes de artistas ligados ao universo dos musicais. A direção geral
é de MIGUEL FALABELLA e a musical coube ao
premiadíssimo maestro CARLOS BAUZYS. A versão brasileira foi
feita por BIANCA TADINI e LUCIANO ANDREY, um casal de grandes
atores de musicais, que também jogam nessa outra posição. A magistral
cenografia é assinada por ZEZINHO e TURÍBIO
SANTOS; os figurinos foram criados por THEO COCHRANE; a iluminação
é de CAETANO VILELA; quem assina a coreografia
é BÁRBARA GUERRA; o “design” de som foi idealizado
por TOCKO MICHELAZZO; coube a RICHARD
LUIZ o vídeo-cenário; e o visagismo foi criado por ANDERSON
BUENO e SIMONE MOMO. E eu vou falar de cada um desses
elementos, todos importantíssimos e responsáveis pelo sucesso do projeto.
Julgo não precisar de muito tempo, para falar sobre o texto, que, de mais importante, revela três momentos da vida da diva, um deles bastante comovente, o estupro de que foi vítima, praticado pelo pastor da igreja onde começou a cantar. Os outros dois, a meu ver, foram uma tentativa de suicídio, quando DONNA vivia o auge da carreira, e o rompimento com sua gravadora, assim mesmo retratados de forma bem sutil, com maior destaque para o último. FALABELLA, creio, não concentrou tantas luzes sobre os fatos bem tristes da vida da protagonista, porque não combinam com a alegria explosiva do “show”. Era necessário mencioná-los, sim, mas não lhes dar tanto realce. Hoje, comparo isso ao final de um esplêndido musical, de grande sucesso, não muito distante no tempo, “Elis, A Musical”, dirigido por Dennis Carvalho, que tratou da morte da grande cantora de uma forma tão sutil e delicada, que, mesmo os que não sabiam – se é que isso é possível – que a “Pimentinha” não estava mais entre nós conseguiam entender que ela havia morrido, sem que nada de agressivo ou de mau gosto fosse mostrado. A sugestão vale muito mais, às vezes, que o explícito. O menos é mais.
Na função de diretor, MIGUEL FALABELLA, que já emplacou tantos sucessos do gênero musical, além do TEATRO “comum”, veio corroborar todo o seu talento nesse nicho, com um trabalho extremamente criativo, explorando o talento individual de cada uma das três atrizes que representam DONNA SUMMER, assim como acertou nos resultados das marcações, da exploração do grande espaço cênico, e na administração de um trabalho coletivo, envolvendo muitas cabeças pensantes, de modo a chegar a um resultado que só mesmo a alguém “de mal com a vida” pode desagradar. Sei de pessoas que não gostam ou, até mesmo, que não toleram musicais, que, levadas, quase à força, ao Teatro Santander, tiveram suas opiniões completamente mudadas, depois de terem assistido a “DONNA SUMMER MUSICAL”. E nem poderia ser de outra forma, diante da grandiosidade e da beleza dessa produção, impecável, diga-se de passagem, sem erros de qualquer ordem.
Todos são importantes, num palco, e por trás dele também, mas a responsabilidade maior, daí seu grande mérito, recai na figura do diretor, que pode levantar um “show” de pouca qualidade ou derrubar algo que tinha tudo para dar certo. “DONNA SUMMER MUSICAL” tinha tudo para dar certo e caiu nas mãos, certas, de um diretor que soube valorizá-lo ao máximo.
O grande, e experiente em musicais,
maestro CARLOS BAUZIS assina uma direção musical de primeiríssimo
nível, trabalhando com poucos músicos, ótimos profissionais, mantendo-se bem próximo
aos arranjos originais, acrescidos de sua criatividade. Ele é
responsável por um som delicioso e contagiante, que funciona admiravelmente,
mesmo com os músicos alocados, separadamente, em várias partes e
altitudes do gigantesco cenário (Acho que isso não seria mesmo um
problema.), uma ideia genial, que deve ter sido tomada em conjunto, com o diretor
e o cenógrafo. “Na trilha sonora do espetáculo, que aborda temas
como racismo, igualdade de gênero e empoderamento feminino, estão os sucessos
mundiais da grande estrela, como “I Feel Love”, “Love To Love You Baby”,
“MacArthur Park”, “On The Radio”, “Bad Girls”, “She Works Hard For The Money”,
“Hot Stuff” e “Last Dance”. Mal a magnífica banda toca, do alto
do cenário, como já disse, os primeiros acordes de alguns dos mais
importantes “hits” de DONNA, o público – e lá estou eu
– já se assanha, se arrepia e se mexe, dos pés à cabeça.
Não
posso tecer comentários mais profundos sobre o trabalho de verter, para o
português, o texto original, uma vez que não o conheço, mas dá para se
perceber que BIANCA TADINI e LUCIANO ANDREY devem ter sido muito
fiéis ao texto original, porém com algumas pitadinhas mais próximas à
nossa cultura. Não é fácil essa tarefa, porém os dois parecem ter feito um
ótimo trabalho. A história flui muito bem e é fácil de ser assimilada.
Acho que aconteceu comigo o mesmo que se deu com qualquer outro espectador, ao adentrar o auditório do Teatro Santander e se deparar com o já tão “cantado e decantado” cenário da peça. E viva ZEZINHO e TURÍBIO SANTOS! Qualquer um “fica de queixo caído”, diante daquele universo de espelhos e das enormes proporções da cenografia. Ideia melhor não poderia haver. Além de ser de uma beleza ímpar, tem tudo a ver com o espetáculo e sua proposta. Aquele mundo de espelhos amplia tudo, potencializa o espaço cênico, que já é grande, e transmite um tom de incomensurabilidade e de alto astral, poucas vezes visto num espetáculo musical. As paredes das duas laterais, sobre dois pequenos palcos circulares e giratórios, que se abrem e se fecham, para as passagens de tempo e espaço, são um achado. A cenografia é um dos elementos que me levariam, certamente, a rever o espetáculo. Caso tenhamos a fortuna de receber “DONNA SUMMER MUSICAL” no Rio de Janeiro, pretendo rever o musical algumas vezes.
THEO COCHRANE tinha, nas mãos, uma missão muito espinhosa: desenhar os figurinos da peça, pois deveria – era mister –, se não reproduzir os trajes usados por DONNA, chegar próximo a eles, com bastante “glamour” e bom gosto. E não é que THEO se jogou de cabeça, com seus auxiliares, evidentemente, nessa empreitada e conseguiu criar um figurino de mais de duas centenas de peças, todas muito bem ajustadas aos personagens, não só as de DONNA, como também todas as outras!!! A cada nova aparição da estrela, em exibição num de seus recitais, uma nova surpresa, mais surpreendente que a anterior. Que colírio, para os nossos, já emocionados, olhos os figurinos da peça!
Outro profissional, do grupo de criação, que merece muitos aplausos é CAETANO VILELA, responsável pela iluminação do espetáculo. O seu desenho de luz foi projetado e executado “comme il faut”, ou seja, a iluminação não poderia ser de outro tipo: quente, frenética, com muitas cores vivas e variedades, pontuando cada cena do espetáculo na justa medida. O efeito do seu trabalho ganha um brilho especial e uma amplitude, graças ao resultado produzido pelos reflexos que a grande quantidade de espelhos produz. Um deslumbramento de iluminação!
BÁRBARA GUERRA dá a sua inestimável contribuição, para o sucesso do “show”, com suas excelentes coreografias, agregando mais alegria ao que alegre já era.
Quando falei sobre a direção musical, já deveria, talvez, ter “dado uma carona” a TOCKO MICHELAZZO, responsável pelo desenho de som, visto que ambos os elementos guardam uma grande afinidade. TOCKO equaliza tudo muito bem, os sons dos instrumentos e as vozes dos cantores, de sorte que podemos ouvir, com bastante clareza, todos os sons que vêm do palco.
Há, nesta montagem, também para o nosso deleite, a utilização de muitos efeitos, produzidos por um vídeo-cenário, obra de RICHARD LUIZ, que também merece aplausos, pela beleza e precisão com que entram em cena.
O trabalho de visagismo, de ANDERSON BUENO e SIMONE MOMO, também são um elemento importante, na montagem, e contribuem bastante para o realce de todos os personagens, não só das protagonistas.
E chegou a hora delas e não sei bem como nem por onde começar. É muita responsabilidade analisar o trabalho de interpretação e canto de três artistas do maior quilate, como as que protagonizam este musical. Ao mesmo tempo, torna-se, de certa forma, fácil, já que, com poucas palavras, principalmente adjetivos, podemos dizer o que representam as três em cena. Representam tudo de bom, tudo de mais correto, em termos de atuação e canto; representam um “Oceano Atlântico de carisma”; representam um “Monte Everest de talento”; representam, em suma, tudo o que eu gostaria de ver nos palcos, e já o esperava, à exceção de AMANDA SOUZA, uma estreante em musicais; eu, pelo menos, não conhecia seu trabalho e afirmo que, de agora em diante, não perderei um.
O diretor e as protagonistas.
Vamos começar por ela, AMANDA SOUZA, não por outro motivo, que não seja o fator cronológico, uma vez que a talentosa AMANDA representa a “DONNA Jovem”, ainda na pré-adolescência e na adolescência. Escolhidas as duas outras atrizes, faltava chegar à terceira, e ela foi selecionada numa audição, que deve ter sido muito concorrida, o que lhe amplia o mérito. Paulista, de São Caetano do Sul, 26 anos, aparentando menos, a “cantriz” tem uma formação em piano clássico, canto erudito e passagem pela Academia de Ópera do Theatro São Pedro. Não é pouca coisa. É sua estreia, com o pé direito, em musicais, uma vez que, antes, só havia participado de óperas. Por todo o seu mérito e talento, para atuar em musicais, aconselho-a a jamais abandonar esse gênero teatral. Fiquei, extremamente, encantado com essa revelação.
Seguindo o critério da cronologia, aparece JENIFFER NASCIMENTO, a qual, apesar de ter-se tornado conhecida do grande público, via música, por ter vencido, em 2018, a segunda temporada do “reality show” “Popstar” e de ter apresentado a mais recente versão de outro “reality show”, “The Voice Brasil”, na mesma emissora, TV Globo, na verdade, iniciou-se nas artes como atriz. Foi no TEATRO que deu partida a uma bela carreira, nas versões brasileiras dos musicais “Hairspray”, “Hair” e “Mamma Mia”. Além disso, já fez parte do grupo vocal “Girls” e participou de algumas produções televisivas, como “Malhação”, “Eta, Mundo Bom” e “Pega Pega”. JENIFFER vive uma das melhores fases da vida de nossa protagonista, a “Disco Donna”, mais ou menos do fim dos anos 1970 até os 1990. Para mim, ela não nasceu para cantar nem para atuar, apenas; essa moça veio ao mundo para brilhar muito, com atriz de musicais, porque dá conta da interpretação, canta divinamente e, ainda, como se já não bastasse, sabe dançar, seja em passos coreografados, seja livremente. Quero ver sempre, e muito, JENIFFER NASCIMENTO nos palcos dos musicais, como protagonista ou não. Sua luz interior e seu talento já fazem dela uma protagonista, até na última fila do coro.
Chegou a vez de KARIN HILS. Se
não sou traído pela memória, sua carreira é o oposto da de JENIFFER. Até
onde me lembro, ela começou cantando, como uma das integrantes da banda “Rouge”,
um grande fenômeno de sucesso na música popular brasileira, tendo vendido, em 2002,
cerca de dois milhões de cópias de seu primeiro álbum. No TEATRO,
que veio depois, fez parte do elenco de “Hairspray”; “Emoções Baratas”; “Alô, Dolly!”; “Xanadu”; “Hair”, na versão de Charles Möeller e Claudio
Botelho; “A Mentira”; e foi a grande e estupenda protagonista no musical
“Mudança de Hábito”, no papel que, no cinema, foi eternizado por Whoopi
Goldberg. Na televisão, participou de minisséries, como “Pé na Cova”
e “Sexo e as Negas”, na TV Globo, e da novela “Carinho
de Anjo”, no SBT. Em “DONNA SUMMER MUSICAL, KARIN
vive a “Diva DONNA”, numa das mais representativas fases da carreira de
cantora da protagonista, até sua morte, aos 63 anos, em 17 de
maio de 2012, na cidade de Naples, na Flórida. KARIN HILS
é dona de uma voz possante e singular. Atinge altíssimas notas e nos brinda com
um brilho cristalino em cada palavra musicada que sai de sua boca. E que
presença de palco tem a moça! Ela, que já tem um biotipo robusto, sem ser
gorda, o que não seria nenhum defeito, parece crescer mais ainda, agigantar-se,
no palco. Assim como as duas colegas de protagonismo,
é dona de um enorme carisma e poder de comunicação com o público; e encanta a
todos, a cada sua nova aparição. Se eu quero ver KAREN deixando sua magnífica
marca em novos musicais? Sempre! Sempre mais!
Em dezembro de 2020, foram realizados vários dias de audições e centenas de candidatos passaram frente a uma rigorosa e competente bancada de examinadores, montada pelo diretor, Miguel Falabella, a fim de que fossem escolhidos os demais atores, atrizes e bailarinos do excelente elenco do musical. E foram selecionados CARLOS LEÇA (Este querido, generoso e talentosíssimo amigo não fez parte do "show", pois foi mais uma vítima da COVID-19. A ele os meus aplausos póstumos!!! BRAVO!!!), DIEGO LURI, MARCEL OCTAVIO, AMANDA VICENTE, VANESSA MELLO, LETICIA NASCIMENTO, TISS GARCIA, JOYCE COSMO, LEILANE TELES, MARIANA SARAIVA, DEBORA POLISTCHUCK, MARIANA GOMES, RAFAEL MACHADO, RAFAEL LEAL, DANIEL CALDINI, YGOR ZAGO, LUCAS NUNES, ANDRÉ LUIZ ODIN, RENATO BELLINI, ANDREZZA MEDEIROS, FERNANDO MARIANNO e ÁGATA MATOS, todos com ótimo rendimento em cena.
FICHA TÉCNICA:
Apresentado
por: Santander Seguros e Previdência
Patrocínio: Comgás
Apoio: Santander, Santander Asset Management, Esfera, Ernst & Young,
Johnson & Johnson, Hyundai Financiamentos, Webmotors e Sonda Supermercados.
Produção
Geral: Atual Produções e Barbaro!
Texto
original: Colman Domingo, Robert Cary & Des
Mcanuff
Músicas: Donna
Summer, Giorgio Moroder & Paul Jabara
Versão
Brasileira: Bianca Tadini e Luciano Andrey
Direção:
Miguel Falabella
Direção Musical: Carlos Bauzys
ELENCO:
Karin
Hils – Diva Donna
Jeniffer Nascimento – Disco Donna
Amanda Souza – Jovem Donna
Diego Luri – Bruce Sudano
Marcel Octavio – Neil Bogart e Cover de Bruce Sudano
Rafael Machado
(substituindo Carlos Leça) – Andrew Gaines
Amanda Vicente – Cover Diva Donna e Ensemble
Vanessa
Mello – Cover Disco Donna e Ensemble
Leticia
Nascimento – Cover Jovem Donna e Ensemble
Tiss
Garcia – Ensemble
Joyce Cosmo – Ensemble
Leilane Teles – Ensemble
Mariana Saraiva – Ensemble
Débora Polistchuck – Ensemble
Mariana Gomes – Ensemble
Rafael
Leal – Ensemble
Daniel Caldini – Ensemble
Ygor Zago – Ensemble
Lucas Nunes – Ensemble
André Luiz Odin – Ensemble
Renato Bellini – Ensemble
Andrezza Medeiros – Swing Feminimo
Ágata Matos – Swing Feminino
Fernando Marianno – Swing Masculino
Tiago Dias – Swing Masculino
Bárbara Guerra – Swing Feminino
Jonatas Camolese – Swing Masculino
Coreografia:
Bárbara Guerra
Cenografia: Zezinho e Turíbio Santos
“Design” de Vídeo: Richard Luiz
Iluminação: Caetano Vilela
“Design de Som”: Tocko Michelazzo
Figurino: Theo Cochrane
Visagismo: Anderson Bueno e Simone Momo
Fotos: Caio
Gallucci (cena), Jairo Goldflus (divulgação)
Assessoria de
Imprensa: MIDIORAMA
SERVIÇO:
Temporada: de
02 de setembro até 28 de novembro de 2021
LOCAL: Teatro Santander
Endereço: Av.
Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 – Itaim Bibi - São Paulo
Dias e Horários: quintas e sextas-feiras, às 21h00; sábados. às 17h30 e 21h00;
e domingos, às 16h e 19h30min (No dia 21/10 (quinta-feira), não haverá sessão; no
dia 02/11 (terça-feira), haverá sessão extra.
Duração: 1 hora
e 40 minutos, sem intervalo
Classificação Indicativa: 12 anos
Capacidade: 555 pessoas
Valor dos Ingressos: de R$75,00 a R$280,00
VENDAS: Sympla
Remarcação para o público que já possui ingressos: através de contato com o
e-mail sac@teatrosantander.com.br
Clientes Santander têm 30% de desconto nos ingressos inteiros, limitados a dois
por CPF.
Gênero:
Musical
Valeu muito a pena ter esperado tanto,
para me sentir recompensado, numa tarde de sábado, assistindo a “DONNA
SUMMER MUSICAL”, um espetáculo que merece ser visto, ainda que nos
seus últimos dias de temporada, e viajar por todo o Brasil, embora seja
isso uma façanha hercúlea, que merecia o apoio de grandes empresas, já que não
se pode esperar nenhuma coisa boa deste (des)governo federal, que nada faz pela CULTURA
em nosso país; muito ao contrário, faz tudo para destruí-la.
Vem, que o Rio de Janeiro te
espera, “DONNA...”, com todas as honras e aplausos que você merece!!!
Se eu recomendo este musical? Precisa
desenhar?
ESTA CRÍTICA É DEDICADA AO QUERIDO E INESQUECÍVEL AMIGO CARLOS LEÇA, QUE VIROU ESTRELA E FOI BRILHAR EM OUTRA DIMENSÃO, NÃO PODENDO PARTICIPAR DO ELENCO DE “DONNA SUMMER MUSICAL”.
FOTOS:
CAIO GALLUCCI (cena)
e
JAIRO
GOLDFLUS (divulgação)
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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