sexta-feira, 25 de maio de 2018


A ORDEM NATURAL 
DAS COISAS



(A DESORDEM
NAS COISAS NATURAIS.
ou
O CAOS NOSSO
DE CADA DIA.
ou
REINVENTAR-SE, PARA CONTINUAR SOBREVIVENDO.)




Que alegria é fechar uma semana com um dos melhores espetáculos do ano, até agora, e um dos mais interessantes textos dos últimos tempos: “A ORDEM NATURAL DAS COISAS”, em cartaz no SESC Copacabana – Mezanino (VER SERVIÇO.)! Lamento não ter assistido a ele antes.

Antes de mais nada, é preciso dizer que escrever sobre este espetáculo é um grande desafio, uma vez que, a cada curva, nos deparamos com uma surpresa e uma revelação, explícita ou velada, e é preciso todo cuidado, para evitar “spoilers”, que poderiam subtrair, de quem ainda vai assistir à peça, o prazer da novidade.

Embora, no “release” da peça, haja a indicação de que ela dure 90 minutos, na verdade, excede esse tempo, aproximando-se das duas horas, se não me equivoco, as quais passam sem que o percebamos, de tão presos que ficamos ao magnífico texto, de LEONARDO NETTO, que também dirige, com mãos certeiras, o espetáculo, mais um, no meio de 204 produções teatrais que levaram o “calote” da atual prefeitura do Rio de Janeiro (fomento) e que só pôde se tornar uma realidade, graças ao esforço hercúleo de um grupo de abnegados profissionais do TEATRO, merecedores do nosso maior respeito, agradecimento e consideração. Não fossem eles, só teríamos o registro desse incrível texto num livro, editado pelo selo “Another Hot Books”, da Editora Livros Ilimitados, cujo lançamento se deu no dia 7 de maio, na Livraria Travessa, de Ipanema. Li-o, na 2ª feira, um dia após ter visto a peça, reli-o, no dia seguinte, e recomendo sua leitura.





SINOPSE:

A peça aborda o poder de interferência do outro sobre nossas vidas e até que ponto essas influências definem quem somos.

“A ORDEM NATURAL DAS COISAS” envolve quatro personagens, sendo que uma (VERÔNICA) não é materializada, em cena, porém é a grande detonadora de toda a trama, ou, pelo menos, o estopim para a grande explosão de um barril de pólvora.

LÚCIO (JOÃO VELHO) é um publicitário em crise, aspirante a escritor, às voltas com um bloqueio criativo. Abandonado pela noiva (VERÔNICA), a que não está em cena, no dia do casamento, como já dito, ele mergulha em mais dúvidas e questionamentos, em um processo que sofrerá a interferência de duas pessoas: o consultor de “Feng Shui” EMILIANO (CIRILLO LUNA), seu amigo e irmão da noiva, seu ex-futuro cunhado, portanto, e CECÍLIA (BEATRIZ BERTU), jovem formada em História da Arte, apaixonada pela cultura dos anos 60 e vizinha temporária de LÚCIO, muito bem articulada.

A partir das relações entre os três, após a desilusão de ter sido abandonado na hora do casamento, nota-se que muitas coisas estão fora da ordem, para LÚCIO, e daí vai surgindo e se desenvolvendo uma série de situações, as quais culminam com um final bastante surpreendente.








Este é o segundo texto assinado por LEONARDO NETTO, excelente ator, que acertou ao se permitir ser um dramaturgo. Ele já nos brindou, há três anos, com outra peça, também de excelente qualidade, “Para os que Estão em Casa”, encenada na Arena do próprio SESC Copacabana, grande sucesso de público e de crítica, à época, de cujo elenco fazia parte o trio escalado para o espetáculo aqui analisado. Foi durante a temporada daquela peça que surgiu a ideia de escrever esta. E já espero que venham muitas outras, que uma continue inspirando a criação de mais textos brilhantes do autor.

Mas não é apenas a qualidade do texto que não nos deixa sentir a passagem do tempo cronológico, tomados que ficamos pelo psicológico; a excelente interpretação do elenco é outro fator hipnotizante neste espetáculo. Mas, sobre isso, falarei adiante.

LEONARDO disse que “O quanto a gente tem controle sobre a própria vida e a interferência que o outro pode exercer sobre nós são questões que me motivaram a escrever esse texto”. Isso pode, até, parecer uma bobagem, algo não tão relevante assim, porém, realmente, as pessoas não se dão conta da extensão e dos estragos que estão correlatos a essa interferência. Por termos escolhido viver em sociedade, por sermos seres sociáveis, ela existe e nos sufoca, aos poucos, sem que possamos, às vezes, sequer, esboçar uma tentativa de nos livrarmos dos seus tentáculos. Quando percebemos, já, praticamente, não há uma saída, nem de emergência. E ela se dá por vários motivos e com as mais diversas intenções.


Leonardo Netto, o autor e diretor.


O que teria levado VERÔNICA a desistir do casamento no dia em que passaria a ser, oficialmente, a mulher de LÚCIO? Em momento algum, isso fica esclarecido, na peça, e é motivo de um constante questionamento, não só por parte do noivo abandonado (Mais por este, é claro!), mas também pelos outros dois participantes da trama. Essa ocultação do motivo é um elemento genial, no enredo, porque dá margem a várias especulações e ilações, que começam no palco e terminam na plateia. Todos se perguntam o porquê daquela “loucura” e as possíveis respostas são muitas. Eu tenho um palpite, mas não é recomendável revelá-lo (Que pena!!!), pois estaria ligado a detalhes que poderiam tirar a graça desta crítica. Na verdade, o motivo real do abandono no altar é o que menos interessa na trama; o que é matéria de intenso foco é a tal da interferência de terceiros na nossa vida e nos nossos destinos, assim como a solidão, sozinho ou acompanhado.

O ato de abandonar um quase cônjuge no altar não é frequente, entretanto acho que todos conhecemos, pelo menos, uma história semelhante, dentro e fora dos folhetins, de ambas as partes, porém sempre há uma justificativa, algo que serve de “desculpa” para aquele ato. Não foi o que aconteceu por parte de VERÔNICA. Ela desapareceu, sem deixar uma explicação. Nem o irmão sabia o motivo.

Além de o “plot” ser muito interessante e instigante, o seu desenvolvimento se dá por meio de cenas muito bem construídas, com a utilização de diálogos bastante naturais, sendo tudo tão verossímil e coerente, que o espectador não consegue se desligar da trama, um minuto sequer, buscando captar o que está nas entrelinhas e por trás de cada ação.







Parece-me que, na verdade, o ser abandonado pela noiva foi a gota que fez transbordar um copo que não tinha espaço para mais nada, um copo cheio de insatisfações, de toda a ordem, que esperava o momento de derramar, extravasar. Tudo indica que LÚCIO só enxergava o copo meio vazio.

Um aspecto muito favorável do texto são os cortes, entre cenas, durante os quais um dos atores se dirige, ostensivamente, à plateia, com falas que parecem estar fora do contexto, mas que devem ser ouvidas com muita atenção, porque, direta e indiretamente, contêm elementos que nos ajudam a entender o desenvolvimento da trama. Fica a dica!

Primeiro é EMILIANO, que, num tom nada didático, fala, logo no início da peça, sobre o que vem a ser o “Feng Shui” e seus benefícios para quem o segue. Trata-se de uma “arte milenar chinesa (...), que tem como função organizar a vida do ser humano, atraindo abundância, prosperidade, harmonia e sucesso para todos os aspectos da vida”. Consultor dessa arte, ele é pago para isso; é seu trabalho. Ele estaria ali, de graça, para ajudar o amigo a renascer, a ser uma Fênix. Segundo o “Feng Shui”, “a porta de entrada de uma casa é também a porta de entrada da energia vital. É pela porta de entrada que as coisas começam a viver”. Há uma mensagem subliminar de que EMILIANO está ali para abrir essa “porta de entrada”.

Depois, LÚCIO é quem nos fala das quatro ideias, “ilusórias, obviamente”, que norteiam o trabalho de um redator publicitário, para convencer o consumidor a desejar e sentir necessidade de um determinado produto ou serviço. Elas servem para vender tudo, qualquer tipo de objeto de desejo. A primeira delas é a de que o mundo é um lugar interessante e divertido. A segunda é a de que a pessoa pode ser poderosa ou sedutora. A terceira garante que o ser humano pode se sentir seguro. A quarta se sustenta na certeza de que qualquer um pode ser saudável. Fazendo uso das quatro, ao mesmo tempo, pode-se, até, chegar a convencer o indivíduo de que ele é feliz. Resumo da ópera: A Terra é cor de rosa; eu tenho a força e sou o cara; eu me sinto inatingível, dentro da minha fortaleza; tenho saúde física e mental. Resumindo: meu nome é Felicidade.  

Adiante, é a vez de CECÍLIA discorrer sobre uma técnica de pintura, chamada “dripping”, desenvolvida pelo artista plástico norte-americano Jackson Pollock, relacionada à criação de uma “teia de sentidos múltiplos”, a teia em cujo emaranhado os três estão presos.






Mais tarde, volta CECÍLIA a ser a protagonista de uma dessas falas, chamando a atenção para um meteorologista norte-americano, que, nos anos 60, descobriu que “os fenômenos mais simples se desenvolvem de forma tão complexa e caótica quanto a vida”. Tornar complexo o que é simples parece inerente ao ser humano.

Pulada uma cena, volta LÚCIO a tomar uma dessas falas, das mais interessantes, falando sobre seu estado emocional, “estar no fundo do poço”, chamando a atenção para o significado desta e de várias outras frases feitas, todas de origem bíblica. Isso é muito interessante, a ideia de que o poço pode não ser o fim, e sim o começo, o gatilho para uma tomada de consciência e atitude de reviravolta na vida de uma pessoa, um grande estímulo para se abandonar a inércia. Ou não!!!

Agora é a vez de EMILIANO discorrer sobre a felicidade, lembrando Aristóteles, que teria dito que “os humanos vivem para serem felizes”, o que ele não está enxergando em LÚCIO, mas, também, não aparenta estar, ele próprio, dentro do que pregava o filósofo grego, por boicotar o que lhe poderia trazer a felicidade.






Por último, volta CECÍLIA a assumir o foco, para falar sobre o amor, o que se vem dizendo sobre ele há cerca de três mil anos; ou melhor, para dizer que “é tudo um blá-blá-blá teórico, que não tem nada a ver com a realidade”. Muito se fala sobre o que parece não ser real, não existir; pelo menos, nos moldes em que desejamos.

Insisto em que prestem bastante atenção a essas intervenções “não-dramáticas” e totalmente a serviço da dramaturgia.

Há vários pontos e cenas, na peça, que considero geniais ou, pelo menos, marcantes, como, por exemplo, a primeira aparição de CECÍLIA. Quando ela toca a campainha, para travar contato com LÚCIO, a reação deste, que, de certa forma, será mantida até a última cena (Ou não?), é a de que VERÔNICA estava do outro lado da porta, arrependida e pronta a voltar e iniciar um casamento. A eterna espera...

A cena em que LÚCIO fala do medo de conviver com o “outro”, que é um ser malvado ou, até mesmo, um “monstro”, e trata, na sua visão, da evolução natural do grau de maldade do ser humano é emocionante. Primeiro, quase num momento de transe, guardadas as devidas proporções, ele confessa, de uma forma fantasiosa, seus medos; depois, disserta sobre a tal evolução do nível de maldade, usando, para isso, as causas pelas quais o homem aprendeu a matar, indo da necessidade de abater um “inimigo”, para se alimentar e se defender, chegando ao extremo de matar por divertimento, requintes de perversidade, ilustrando sua explanação com exemplos que todos conhecemos, tristes acontecimentos que estiveram, e ainda estão, expostos na mídia.




Quão bela é a cena em que EMILIANO, pisando em ovos, com todo cuidado, medindo as palavras, controlando a respiração, da forma mais sutil e pura possível, transpirando sensibilidade, faz, quase que indiretamente, uma confissão. Mérito do texto, mérito da direção, mérito dos atores, especialmente de CIRILLO LUNA. Ele comove a plateia.

A hora do que poderia ser uma “virada” ou, pelo menos, a preparação para uma, a última cena da peça (Será que ela acontece?), é de uma beleza ímpar, pelo sentimento de libertação que há nela, e a marcação, determinada pelo diretor, sugere um final aberto, que suscita muitas expectativas e faz o público sair discutindo o que pode representar a cena. De quem LÚCIO fica à espera?

Creio que dirigir um texto escrito pelo próprio diretor deva ser uma tarefa nem mais fácil, nem mais difícil do que se fosse concebido por outro dramaturgo, porém, certamente, mais gratificante, porque, ao escrever, o autor/diretor já vai, de certa forma, visualizando as cenas e, de posse do texto pronto e de um excelente elenco em suas mãos, já sabe bem mais o que deseja e como deve fazê-lo, para passar, ao público, as suas intenções. LEONARDO NETTO realizou um ótimo exercício de direção, sempre com o cuidado de trabalhar as tenuidades e requintes de seu próprio texto, sugerindo, com muita propriedade, mais do que escancarando. Durante os ensaios de mesa, acredito que direção e elenco tenham descoberto, juntos, detalhes sutis do perfil de cada personagem, trabalhando, com os atores, as idiossincrasias de LÚCIO, EMILIANO e CECÍLIA.    

 



Ter à sua disposição um ótimo elenco, com o qual se tem grande afinidade e para o qual o espetáculo foi escrito, também facilita bastante o trabalho da direção. E o que se pode dizer desse elenco? No mínimo, que é formado por um trio de excelentes atores, todos num grande momento de suas carreiras, com destaque, indiscutível, para JOÃO VELHO, que, fugindo a todos os personagens que já o vi representar (e foram muitos), realiza, neste espetáculo, seu melhor trabalho, sem desmerecer, em absoluto, o ótimo rendimento de CIRILLO LUNA e BEATRIZ BERTU.

O trio pratica, em cena, uma plena interação, uma troca tão grande de “generosidade cênica” (Criei uma expressão, para designar a “química”, a cumplicidade, o entrosamento entre atores num palco.), que só gera lucro para quem se encanta com as três atuações, bem naturalistas, o que me pareceu, salvo engano ou exagero, muito próximas ao método de Stanislavski, que não exclui a relação ator/texto, mas, acima de tudo, a atuação abandona o verossímil e se torna crível. O público, em função do excelente trabalho de interpretação, consegue acreditar no que está vendo, a ponto de a encenação se assemelhar a um acontecimento do dia a dia. Isso os três atores conseguem com muita naturalidade e verdade cênica, quando atingem a capacidade de, na interpretação, deixar claros vários subtextos. Tal prática os três dominam com muita propriedade.

JOÃO, surpreendentemente, para quem o conhece, como ator, é o retrato do convencimento, com relação ao personagem, quando representa LÚCIO, um homem, como ele mesmo se considera, “no fundo do poço”, totalmente subjugado a um processo de autopiedade, num estado fronteiriço à depressão, numa linha tênue entre o sadio e o doente, em função do abandono pela noiva, no altar. Ele considera sua vida sem sentido, está descrente de tudo e de todos e não esboça nenhuma reação ou vontade de sair daquela inércia e procurar oxigênio, para continuar a viver, até que alguém opera um ensaio de transformação no seu tedioso viver. Ou não!!! Está insatisfeito com seu trabalho, sua profissão de publicitário, não consegue ir além do quarto capítulo de um livro que está, há muito tempo, tentando escrever. Considera-se um derrotado. Mesmo nesse estado, ainda consegue ser bastante irônico e sarcástico com os dois que dele se aproximam. Talvez por um mecanismo de defesa, debocha de EMILIANO e desfaz de sua atividade profissional; faz piadinhas, algumas de mau gosto e, até mesmo, um pouco ofensivas, uma vez que “gato escaldado”, está sempre em posição de defesa, seguida de um ataque. LÚCIO, tanto quanto EMILIANO, também tem um quê de enigmático, um tempero raro, nesta cozinha, e que vai gerar excelentes sabores. 


LÚCIO: É mais fácil acreditar que, quando uma coisa ruim acontece, é porque tem um significado maior que a gente não consegue ver na hora...



 
João Velho - Lúcio.

Um bom trabalho de protagonista só existe quando o ator contracena com outros, que, por serem talentosos, iluminam as suas ações, funções que cabem a CIRILLO LUNA e BEATRIZ BERTU, os quais prestam o necessário suporte a JOÃO.

Ao dar vida ao personagem EMILIANO, CIRILLO LUNA ratifica seu grande potencial de ator, que consegue atribuir protagonismo a personagens coadjuvantes. Ex- futuro cunhado de LÚCIO, o consultor de “Feng Shui”, amigo de infância deste, parece estar mais presente na vida do amigo do que a própria ex-noiva. Sua personalidade é de um homem fino, educado, gentil e de uma enorme sensibilidade e generosidade, capaz de renunciar à sua felicidade em prol da alheia; de LÚCIO, em especial. Há um mistério sobre ele, que vai se revelando, de forma bem delicada e lenta, no decorrer da peça. Pela felicidade do amigo, é capaz, até, de incentivá-lo a encontrar uma nova companheira. Tenta, dentro da sua crença no “Feng Shui”, ajudar LÚCIO a se desfazer de tudo o que VERÔNICA levara para o apartamento, uma forma de tirá-la, de vez, de sua vida, e “arrumar harmoniosamente” o apartamento, mas não obtém êxito em suas intenções. É muito mais que um amigo para LÚCIO, pois se disponibilizou a se manter ao lado deste, servindo-lhe de “muleta”, após a inesperada queda. CIRILLO valoriza muito o lindo e riquíssimo personagem, criado por LEONARDO NETTO.
  

EMILIANO: Tem um monte de coisas que eu não quero que aconteçam e acontecem mesmo assim.



 
Cirillo Luna - Emiliano.

BEATRIZ BERTU atua, na trama, como CECÍLIA, para cumprir dois “scripts”, o do texto da peça e um “outro”, dentro deste. É o que se pode chamar, a princípio, de uma vizinha invasiva, que entra, na vida de LÚCIO, para, com muita dificuldade, sob forte resistência, movê-lo um pouco, tirá-lo do marasmo e apresentar-lhe uma nova possibilidade de viver intensamente. Aliás, não precisava nem ser “intensamente”. Esse é o único, porém importantíssimo, objetivo da personagem na trama. Ela assume atitudes e diz coisas a LÚCIO que fazem com que ele, pelo menos, aparentemente, esboce alguma reação positiva. Mas será que isso acontece de verdade? BEATRIZ representa, com muita dignidade e competência, o seu papel.
  

CECÍLIA: Acho que tudo tem um sentido, a gente é que nem sempre percebe. E não perceber pode ser uma grande tortura, eu admito, mas o sentido está lá, em algum lugar.



 
Beatriz Bertu - Cecília.

Uma montagem que não conta com muitos recursos financeiros, ou melhor, dispõe de poucos, precisa apelar para os melhores recursos humanos, ou seja, precisa se cercar de bons profissionais, capazes de executar seus trabalhos da forma mais correta possível, sem custos excessivos. Foi, exatamente, o caminho seguido, por exemplo, por ELSA ROMERO, ao conceber um ótimo cenário, simples, porém muito expressivo e totalmente dentro do que pedia o texto. Ela utilizou muitas caixas de papelão, de vários tamanhos, dentro das quais estariam os objetos pessoais da mudança de VERÔNICA, todas espalhadas, de forma caótica, pelo chão do apartamento de LÚCIO, assim como embalagens de presentes e alguns destes à mostra. O único móvel da casa é uma cadeira. Completa o conjunto uma luminária, creio que, propositalmente, bem simples e que, salvo engano, nem chega a ser acesa. Como o texto contém uma cena que deve ser passada num bar, a parede de fundo do apartamento é vazada, toda em ripas, com um espaço aberto, à esquerda do palco, como um enorme janelão, deixando-se ver, ao fundo, o ambiente de uma lanchonete, marcado, apenas, por uma mesa redonda e duas cadeiras.




Os figurinos, de MAUREEN MIRANDA, ajudam na composição dos três personagens. EMILIANO e CECÍLIA, ao longo da trama, vestem variações de figurinos do dia a dia, simples e despojados. LÚCIO, na primeira cena, está vestido com requinte, com roupa de noivo, da qual vai se libertando e passa a usar o que de mais simples e confortável há em seu guarda-roupa, totalmente dentro do seu clima de “jogado no mundo”.

Como sempre, é muito eficiente a luz de AURÉLIO DE SIMONI, sem grandes variações, como pede o texto e pondo em evidência a ação e/ou a fala de cada personagem, quando e quanto necessário.




Bem de acordo com o texto, por exigência deste, em algumas cenas, conta-se com uma boa trilha sonora, também assinada por LEONARDO NETTO, voltada para “hits” do “rock” da década de 60, uma das preferências de CECÍLIA, que, coincidentemente, eram, também, os preferidos por VERÔNICA, a dona dos vinis, os quais foram descobertos dentro de uma das caixas, bem como uma eletrola portátil. Destaque para os Beatles, com faixas do antológico álbum “Rubber Soul”.




Também agrega valores a esta montagem o bom trabalho de direção de movimento, a cargo de MÁRCIA RUBIN.






FICHA TÉCNICA:

Texto e Direção: Leonardo Netto

Elenco: Beatriz Bertu (Cecília), Cirillo Luna (Emiliano) e João Velho (Lúcio)

Cenário: Elsa Romero
Figurinos: Maureen Miranda
Iluminação: Aurélio de Simoni
Direção de Movimento: Márcia Rubin
Trilha Sonora: Leonardo Netto
Design Gráfico: Lê Mascarenhas
Fotos: Dalton Valério
Mídias Sociais: Rafael Teixeira
Direção de Produção: Luísa Barros
Produção Executiva: Alice Stepansky e Thaís Pinheiro
Mobilização de Recursos: Marcela Rosário
Realização: Sesc Rio e Fulminante Produções Culturais





SERVIÇO:

Temporada: De 03 de maio a 03 de junho de 2018.
Local: SESC Copacabana (Mezanino).
Endereço:  Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 20h.
Valor dos Ingressos: R$7,50 (associados do SESC), R$15,00 (meia entrada) e
R$ 30,00 (inteira).
Horário de Funcionamento da Bilheteria: 2ª feira, das 9h às 17h; De 3ª a 6ª feira, das 9h às 21h; sábado, das 13h às 21h; domingo e feriado, das 13h às 20h.
Informações: (21) 2547-0156.
Capacidade:  70 lugares.
Classificação Etária: 14 anos.
Duração: 90 minutos.
Gênero: Drama.



            Tive de me conter muito, para não adiantar e revelar o que merece ser descoberto só por quem assiste à peça.

“A ORDEM NATURAL DAS COISAS” é um espetáculo IMPERDÍVEL, daqueles de que jamais conseguiremos nos esquecer e só nos faz pensar, cada vez mais, na grande máxima de João Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso”. Mas também é um desafio bastante prazeroso.

Recomendo, com o maior empenho, o espetáculo e ainda pretendo revê-lo.

            E VAMOS AO TEATRO!!!

            OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

            COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O MELHOR DO TEATRO BRASILEIRO!!!



(FOTOS: DALTON VALÉRIO)



GALERIA PARICULAR:


Aplausos.


Aplausos.


Com Beatriz Bertu, Cirillo Luna e João Velho,


Com Leonardo Netto.


quinta-feira, 17 de maio de 2018


OS GUARDAS DO TAJ


(NÃO SE PODE 
DESAFIAR O PODER.
ou
“MANDA QUEM PODE;
OBEDECE QUEM TEM JUÍZO”.
ou
“OU A GENTE OBEDECE,
OU A GENTE MORRE.” – HUMAYUN)





            Não tendo conseguido assistir, em São Paulo, onde fez grande sucesso, de púbico e de crítica, em longa temporada, após ter estreado em solo português, na linda cidade de Braga, no Theatro Circo, em novembro de 2017, seguindo, depois, para as cidades de Póvoa do Varzim (Cine Teatro Garret), Famalicão (Casa das Artes) e Lisboa (Tivoli de Lisboa), consegui, finalmente, depois de muita espera e ansiedade, ver a peça “OS GUARDAS DO TAJ”, que desembarcou no Rio de Janeiro, no moderno e aconchegante Teatro XP Investimentos, o qual, como já disse, e continuarei a dizer, será, para sempre, para mim, pelo menos, o Teatro do Jockey (VER SERVIÇO.).

            Quando se desenvolve uma grande expectativa com relação a um espetáculo e ela não é totalmente atingida, abre-se espaço para um sentimento de frustração, que pode ocorrer em vários estágios. A peça “OS GUARDAS DO TAJ” não é, exatamente, o que eu esperava ver, mas, no cômputo geral, me agradou e não cheguei a experimentar o desagradável sentimento de desaprovação, ficando, apenas, com o gostinho de “quero mais”. Só não atingiu, totalmente, a minha grande expectativa. A culpa pode ter sido minha, por ter ido com muita sede ao pote.




            A explicação para que eu esteja escrevendo sobre a peça é a de sempre: escrevo somente sobre os espetáculos de que gosto, independentemente do grau: BOM, MUITO BOM, ÓTIMO e OBRA-PRIMA. O espetáculo “OS GUARDAS DO TAJ”, na minha modesta visão, deve ser classificado como BOM, que merece ser visto e que tinha tudo para ser melhor, se o texto colaborasse para isso. É nele que enxergo o que não me permite escrever com mais entusiasmo sobre esta montagem, muito embora reconheça que estou indo de encontro à opinião de muitos, da maioria, a qual o considera excelente. Divergências de opiniões, algo muito saudável, por sinal.

Lendo o que descreve a sinopse da peça, abaixo transcrita, enviada por BETH GALLO, da MORENTE FORTE COMUNICAÇÕES, tem-se a ideia de se tratar de um excelente texto, em função dos temas que ele aborda, universais e atemporais, voltados para a existência humana. O que penso sobre ele, porém, é o mesmo que diria a respeito de outra peça do mesmo dramaturgo, “Playground”, à qual assisti, muito recentemente, cuja sinopse também me despertou grande interesse em conferir o espetáculo, e que, da mesma forma, não correspondeu à minha expectativa. Embora seja considerado um bom dramaturgo, percebo, com humildade, algumas falhas na carpintaria dos dois textos.






Como esta crítica está voltada para “OS GUARDAS DO TAJ”, vou esquecer a outra peça e me deter neste texto, que, a meu juízo, deveria ser mais enxuto, evitando-se repetições, as quais, longe de agradar, entediam um pouco o espectador. Comigo, pelo menos, ocorreu isso. Essa é, porém, a única falha que observei na montagem, que eu recomendo, apresentando, para isso, vários motivos, os quais citarei mais adiante.

Eis a sinopse, não escrita por mim, mas fornecida pela assessoria de imprensa, com pequenos acréscimos meus:







SINOPSE:

À primeira luz da manhã, um novo edifício, representando o poder crescente do império, será revelado: o glorioso TAJ MAHAL, mandado construir pelo poderoso imperador Shah Jahan, em homenagem póstuma à sua segunda esposa, e favorita, Mumtaz Mahal (“a joia do palácio”), que lhe dera 14 filhos, tendo morrido durante o último parto.

Mas, para dois guardas imperiais, de baixa patente, BABUR (RICARDO TOZZI) e HUMAYUN (REYNALDO GIANECCHINI), amigos de longa data e designados a proteger o palácio, a manhã vem trazer uma crise existencial, que abalará sua fé no Império e nos outros humanos. Eles fazem a vigilância noturna, na véspera da “inauguração” do TAJ, e nem a eles é permitido olhar para trás, para matar a curiosidade sobre a obra, sob pena de severo castigo, uma vez que poderiam estar sendo observados por outrem.

Durante o trabalho, quando nem deveriam conversar, por insistência de BABUR, os dois trocam ideias sobre estranhas invenções, fruto da imaginação fértil deste.

“OS GUARDAS DO TAJ” retrata dois homens comuns, que se deparam com a beleza imensurável do TAJ e, ao mesmo tempo, são varridos pela carnificina e pela injustiça que cerca uma das maravilhas mais famosas do mundo.

O ano é de 1648 e os dois estão em pé e de costas para o, ainda não revelado, TAJ MAHAL. BABUR está cheio de curiosidade inextinguível; HUMAYUN é pura ortodoxia obediente. Amigos, desde a infância, acabam se confrontando, diante das regras estabelecidas e da maneira como cada um deles vê a sociedade e suas vidas.

Além de estarem proibidos de olhar para o edifício, os dois amigos também acabam sendo escalados para participarem de uma famosa história arbitrária, que o imperador ordenou que executassem.

O texto levanta questões potentes sobre o humano, o preço pago ao longo da história, para realizar os caprichos dos poderosos, mesmo quando resultam em maravilhas arquitetônicas, que, em última análise, serviriam para dar prazer às massas.

A decepação de 40.000 mãos é uma das muitas lendas que cercam o TAJ, mas que o autor usa, de maneira brilhante, para explorar, de forma inteligente e sem ser esmagadoramente dramática, uma série de ideias filosóficas. Uma delas é se há limites na busca humana pelo conhecimento, o que rege as relações de amizade e as proibições absurdas que, muitas vezes, nos são impostas.











         Ao mesmo tempo que representa a força do poder, o TAJ MAHAL, um monumento/mausoléu, todo construído em mármore branco, é considerado, também, como uma das maiores provas de amor de um homem por uma mulher, mesmo ela já estando morta. É um Patrimônio da Humanidade, determinação da UNESCO, e, a partir de 2007, passou a ser considerado como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo. Fica situado em Agra, na Índia, e, sobre sua construção, existem muitas histórias, a maioria delas considerada lendas. A mais conhecida e horripilante de todas, amplamente explorada na peça, é a de que o imperador, depois de apresentado, aos súditos, sua grandiosa obra, ordenou que fossem cortadas as duas mãos dos 20.000 homens que trabalharam na sua construção, além de mil elefantes. Nem o arquiteto, que projetou e comandou a construção, Ustad Isa, considerado “o mais inteligente homem de toda a Índia”, foi poupado.  O motivo não poderia ser mais torpe: para que não fosse construída nenhuma outra obra arquitetônica de beleza igual ou superior à do TAJ. Ao todo, 40.000 mãos teriam sido decepadas.

            Embora, salvo engano, na peça, tenha sido dito que sua construção tenha demorado 16 anos (Será que ouvi mal?), consta que foram consumidos quase 22, para a sua construção, de 1632 a 1653. Seu batismo teve origem no nome da segunda, e favorita, esposa do imperador, como já foi dito, na sinopse, Muntaz Mahal (apelido dado pelo marido, significando “a primeira dama do palácio”), embora seu verdadeiro nome fosse Aryumand Banu Began. A designação TAJ MAHAL deriva do nome dela, sendo "TAJ" uma palavra persa, que significa "coroa". TAJ MAHAL seria, portanto, "A coroa de Mahal".




Além do mármore branco, que sustenta a edificação, nela estão incrustados 28 diferentes tipos de pedras semipreciosas. Suas quatro faces são absolutamente idênticas, todas com um arco central de 33 metros de altura. Os muros do mausoléu são cobertos por inscrições tiradas do Alcorão, livro sagrado muçulmano. Para os islâmicos, o jardim da construção simboliza o paraíso, com flores, fontes e ciprestes. É um dos monumentos mais visitados no mundo, por turistas de todas as partes da Terra. Apurei que, só em 2003, mais de 3 milhões de pessoas visitaram o TAJ.

Apesar de eu não ter encontrado, ainda, um texto de RAJIV JOSEPH, autor norte-americano, com ascendência indiana, por parte de pai, pelo qual eu me encantasse (mas não vou desistir), o dramaturgo é bastante festejado, em seu país, e chegou a ser finalista do Prêmio Pulitzer de 2010.

“OS GUARDAS DO TAJ” estreou “Off-Broadway”, em julho de 2015, tendo recebido indicações a prêmios, naquele ano e em 2016 e 2017.

Para a montagem brasileira, o texto foi traduzido e adaptado por RAFAEL PRIMOT, que também estreia, como diretor, dividindo a tarefa com o tarimbado JOÃO FONSECA, no que pode ser considerado um bom trabalho de direção. Esse, aliás, é um dos motivos que me fazem recomendar a peça.






Outros ainda virão, como, por exemplo, as duas belíssimas interpretações de GIANECCHINI, em seu melhor trabalho como ator, e TOZZI, um gigante em cena, com um leve destaque para o trabalho deste, talvez em função da estrutura do personagem, que oferece, ao ótimo ator, mais possibilidades de empatia com o público. Isso se explica, quiçá, pelo fato de BABUR ser mais espontâneo, em seus pensamentos e ações, mais sonhador, não temendo o perigo, ouvindo mais o coração e agindo com emoção, o que o faz mais sofredor que o amigo. Guardadas algumas proporções, ante a tirania do imperador, demonstra uma certa coragem e, dele, pode-se, sempre, esperar algum desafio, em oposição a HUMAYUN, que encarna a submissão total, o pragmatismo, o medo e o temor à sanha do imperador, criado que foi por um pai que lhe ensinou que ordens existem para serem cumpridas e nunca questionadas, o que o faz agir sempre seguindo a razão, voltado para o cumprimento cego das ordens, jamais pensando se estará agindo com ética, sem medir as conseqüências de seus atos. Antes de temer o chefe supremo, o imperador, HUMAYUN teme a fúria do pai, um dos mais graduados guardas imperiais, com quem mantinha uma difícil relação. Este, que seria capaz, até mesmo, de denunciar o filho, por alguma falta cometida, lhe cobra uma fidelidade cega a Shah Jahan e o cria como um mero fantoche, um robô, que apenas aprendeu a mexer a cabeça em movimentos verticais, sempre dizendo “sim”.

Num ponto, os dois concordavam: ainda que pudessem achar arbitrárias e cruéis algumas ordens vindas do Império, ambos pensavam que o fato de as cumprir seria um passaporte para alcançar melhores postos na Guarda Imperial, inclusive trabalhar no harém do imperador, o que provocava grande euforia em BABUR, sonhando em circular entre mulheres nuas e, quem sabe, disponíveis.




Diz o “release” que “os temas centrais do espetáculo sobre dois guardas imperiais, proibidos de olhar para o esplendor do TAJ MAHAL, em sua inauguração, são a curiosidade humana, o capricho dos poderosos e a amizade entre dois homens. Além disso, quando os guardas são ordenados a realizar uma tarefa impensável, as consequências os obrigam a questionar os conceitos como amizade, beleza e dever, e os muda para sempre de maneira única e poética”. Isso, dito assim, é, sem dúvida, um grande atrativo, para que se assista à peça, faltando, porém, que isso fosse mais bem explorado no texto, ou o fosse de outra forma, sei lá.

Os outros motivos que me levam a recomendar “OS GUARDAS DO TAJ” são o conjunto plástico, a plasticidade do espetáculo, representada pelo simples e marcante cenário, de MARCO LIMA, despojado de excentricidades, limitado a três paredes de pedra e alguns objetos, para a cena da carnificina, num palco cinza; os belíssimos figurinos (falo dos uniformes dos guardas), de rara beleza e acabamento, belo trabalho de FÁBIO NAMATAME; da correta e envolvente iluminação, de DANI SANCHEZ; e das vídeo projeções, por conta do Estúdio Bijari. Sobra espaço, também, para um elogio à boa qualidade da música original, totalmente em consonância com o espetáculo, cujo responsável é MARCELO PELLEGRINI.

E, por falar em música, não posso deixar de mencionar um lindo mantra, que HUMAYUN canta, em baixinho, para BABUR, numa das mais belas cenas da peça, e que GIANECCHINI, ao final do espetáculo, durante os agradecimentos, após a ovação da plateia, explica, ao público, se chamar “Prabhu Aap Jago”, cujo teor pode ser traduzido por “Deus, desperte! Deus desperte em mim! Desperte em todos os lugares! Acabe com o jogo do sofrimento! Ilumine o jogo da alegria!”. Também é aceitável (Encontrei, numa pesquisa) outra tradução: Desperte-se e vá em direção a Deus, além da escuridão da ignorância e da ilusão! Vá além de todas as coisas aparentes e se estabeleça em todos os lugares!”.






Certamente, o ponto nevrálgico da peça é nos levar a uma reflexão acerca de valer a pena, ou não, deixar que uma amizade possa ser ameaçada por interferência de um poder cego, intransigente e cruel. Até que ponto deve ficar em segundo plano o real sentido da vida e das relações. A jornada desses dois amigos nos questiona se vale a pena pagar um preço tão alto, para manter a ordem estabelecida” (extraído do “release”.).

A carnificina, totalmente impossível de ser realizada por apenas dois homens, em tão escasso tempo, soa como uma metáfora de tantas barbáries que, infelizmente, até nossos dias, testemunhamos.

É comovente a atitude de BABUR, ao perceber que contribuiu para “matar a beleza do mundo”, por meio de sua obra de decepador de mãos de artistas, o que privaria a humanidade de conhecer outras obras de arte tão lindas quanto o TAJ. Também nos comove a sua intenção de diminuir a culpa do amigo, ao assumir ser ele o pior dos dois, uma vez que lhe coubera o ato de cortar as mãos daqueles infelizes, enquanto, a HUMAYUN restava, “apenas”, a complementação da barbárie, já que este cauterizava os ferimentos.







FICHA TÉCNICA:

Texto: Rajiv Joseph
Tradução e Adaptação: Rafael Primot
Direção: Rafael Primot e João Fonseca

Elenco Reynaldo Gianecchini (Humayun) e Ricardo Tozzi (Babur)

Música Original: Marcelo Pellegrini
Figurino: Fábio Namatame
Cenografia: Marco Lima
Vídeo Projeção: Estúdio Bijari
Iluminação: Dani Sanchez
Cenotécnico: Fernando Brettas (Ono-Zone Estúdio)
Cenógrafo Assistente: César Bento
Produção Musical: Surdina
Preparador Corporal (Método Suzuki): Fabiano Lodi
Visagismo: Guilherme Camilo
Assistente de Produção (Ensaios): Bruno Fagotti
Assessoria de Imprensa: SP: Daniela Bustos, Beth Gallo e Thaís Peres – Morente Forte Comunicações
Assessoria de Imprensa RJ: Barata Comunicação
Programação Visual: Vicka Suarez
Adaptação Projeto Gráfico: Erik Almeida
Fotos Programação Visual: Fernando Torquatto
Fotos de Cena (Portugal): Rogério Martins
Fotos de Cena (Brasil): João Caldas Fº
Assistente de Fotografia: Andréia Machado
Mídias Sociais: Dani Angelotti e Luciano Angelotti (Cuboweb)
Filmagens e Edições para Web: Jady Forte –(Desteatrando)
Coordenação de Produção: Egberto Simões
Produção Executiva: Martha Lozano
Assistente de Produção: Bárbara Santos
Assistente Administrativa: Alcení Braz
Administração: Danilo Bustos
Idealização: Rafael Primot e Enkapothado Artes
Produtoras: Selma Morente e Célia Forte
Realização: Morente Forte Produções Teatrais



















SERVIÇO:

Temporada: De 04 de maio até 03 de junho de 2018.
Local: Teatro XP Investimentos (antigo Teatro do Jockey).
Endereço: Av. Bartolomeu Mitre, 1314 – Leblon – Rio de Janeiro
Dias e Horários: 6ª feira e sábado, às 21h30min; domingo, às 18h.
Horário de Funcionamento da Bilheteria: 3ª feira, das 13h às 17h; de 4ª a 6ª feira, das 17h às 21h; sábado, das 13h às 21h; e domingo, das 13h às 18h. Estacionamento no local.
Vendas: telefone (21) 4003-6860 e http://www.eventim.com.br
Valor do Ingresso: R$90,00 (inteira) e R$45,00 (meia entrada).
Lotação: 331 lugares.
Duração: 75 minutos.
Gênero: Drama.
Indicação Etária: 12 anos.

OBSERVAÇÃO: Todas as apresentações terão descritivo em braille e intérprete de libras.







            Não se pode negar que o espetáculo também nos fornece elementos para uma comparação com o que estamos vendo, em termos de política, no mundo contemporâneo, sem deixar de fora o próprio Brasil. No nosso caso, podemos dizer que já está na hora de deixarmos de ser HUMAYUN e passarmos a assumir uma posição mais de BABUR; deixarmos a acomodação e a atitude de carneirinhos ou de vaquinhas de presépio, para assumirmos um protagonismo de uma fera ferida, em defesa de nossos direitos.

            Por fim, quero render uma homenagem a SELMA MORENTE e CÉLIA FORTE, pelo brilhantismo desta produção.

            Recomendo “OS GUARDAS DO TAJ”!!!

            E VAMOS AO TEATRO!!!

            OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

       COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA A DIVULGAÇÃO DO BOM TEATRO BRASILEIRO!!!






 



(FOTOS: JOÃO CALDAS Fº.)