domingo, 30 de janeiro de 2022

 “MULHERES

QUE NASCEM

COM OS FILHOS”

ou

(UMA REUNIÃO

DE TALENTOS

= EXCELENTE

ESPETÁCULO TEATRAL.)



Às vezes, sou “obrigado”, ou levado – fica melhor - a iniciar uma crítica, dizendo a mesma coisa, mais ou menos como isto: não é preciso contar com tanto recurso material, para se montar um espetáculo que merece ser aplaudido de pé. Dinheiro pouco, dificuldades muitas, porém excesso de talento e criatividade, além de muita garra e coragem podem “dar um bom caldo”. E é saborosíssimo o “caldo” que sai de “MULHERES QUE NASCEM COM OS FILHOS”, fruto do talento de três pessoas, as quais vou nomear pela ordem alfabética, uma vez que não penso em atribuir maior parte da grandiosidade desse trabalho a “A”, “B” ou “C”, como poderia parecer: CAROLINIE FIGUEIREDO, RITA ELMÔR e SAMARA FELIPPO. As três escreveram o texto, a partir de uma idealização de SAMARA. Esta e CAROLINIE atuam, e RITA dirigiu. Que química excelente!!!



      Por que complicar aquilo que pode ser tão simples e fácil de ser compreendido, além de levar uma plateia a fazer reflexões, praticar a empatia e, principalmente - as pessoas que acham que precisam - mudar os seus conceitos, com relação aos assuntos explorados na peça? O texto aborda, de forma sensível, bem-humorada e sarcástica, o cotidiano, os dilemas e a trajetória de renascimento da mulher, com a chegada da maternidade” trecho extraído do “release” que me foi enviado por STELLA STEPHANY (JSPONTES COMUNICAÇÃO – JOÃO PONTES E STELLA STEPHANY).



    O espetáculo não é longo e dura o tempo exato para agradar a uma plateia que o aplaudiu de pé, na sessão a que assisti a ele, no sábado, dia 22 de janeiro (2022).

    A montagem “surgiu do desejo, das atrizes, de investigar seus processos de transformação, após os filhos. Cômica e dramática, como a própria vida de mãe, a peça acompanha a trajetória do renascimento da mulher após a maternidade”, trecho que também faz parte do já referido “release” e nos induz, talvez, a pensar que foi escrita para atingir as mulheres e apenas com elas dialogar, entretanto garanto-lhes que os homens – os sensíveis, pelo menos, os verdadeiros HOMENS, não os “machos” – embarcam nas mensagens que as duas atrizes passam à plateia, a partir de suas experiências próprias, obviamente acrescidas de uma certa dose de ficção.



 

SINOPSE:

Abordando a gravidez, puerpério (palavra desconhecida, creio, para a maioria das pessoas, que passou a ter seu significado popularizado, graças à pandemia de COVID-19), criação, aceitação do corpo, pós-filhos, e o encontro de sua nova identidade como mulher, o trabalho busca desconstruir modelos e convidar as mulheres a pensarem na maternidade para além dos velhos rótulos.


 


Mas o convite se estende, também, aos maridos, namorados, companheiros e afins, digo eu. O convite, na verdade, é para todos. É o universo da maternidade que está em cena, mas ele não existiria sem a participação do homem. É, repito, um espetáculo dirigido a todos.

Talvez a ideia não seja tão original – penso já ter assistido a outras peças que se aproximam da proposta de “MULHERES QUE NASCEM COM OS FILHOS”; aproximam-se, apenas -, entretanto o texto é muito bem elaborado. Foram felicíssimas as três dramaturgas, quando transferiram, para o papel, com palavras bem apropriadas, diálogos ágeis e bastante significativos, seu lugar de fala. E, também, é bem interessante o fato de as duas atrizes interpretarem uma mesma personagem, anônima, que poderia ser chamada de “MÃE”, sendo, ambas, ao mesmo tempo, a protagonista, ou a mãe (avó), ou o marido, o(a) obstetra, ou sei lá mais quem. O foco, porém, recai sempre sobre a figura da “MÃE”.



Não vou dizer, absolutamente, que foi “sem querer”, que a dramaturgia surgiu, porque tenho certeza das pretensões do trio, ao escrever e explorar as várias situações pelas quais uma mãe, de um recém-nascido, principalmente, passa após ter parido. E as duas atrizes, em cena, se despem, sem o menor pudor, de todo e qualquer preconceito e se expõem, desnudam-se, como se estivessem diante de um terapeuta, que pode ser a plateia, e, da forma mais natural, humana e sensível, desfilam suas dores, suas castrações, suas abstinências, suas renúncias, suas frustrações, seus sacrifícios, tudo o que sustenta a experiência, única, da maternidade. Digamos que elas mostram o lado doído, difícil de, em primeiro lugar, ser mulher e, depois, de uma mãe, como muitas que há, por aí, por vezes, despreparadas para terem filhos.



Via de regra, o “ser mãe” significa a realização de quase todas as mulheres; da extraordinária maioria, temos certeza. Muitas sofrem horrores, quando constatam que esse sonho, para elas, se torna impossível, pelos mais variados motivos, principalmente quando se trata de uma questão de, por natureza, não serem capazes de gerar uma criança. Faz parte do universo feminino o sonho da maternidade, e a grande maioria pensa que viverá num mar de rosas, após a sua “realização”, contudo o que se constata, na verdade, é que se trata de uma falácia. E só quem passa pela experiência, a mãe e os que a cercam e a amam, podem compreender quanto custa a realização desse sonho. É isso que está no palco. É disso que o texto trata, de uma forma muito simples, e, ao mesmo tempo, engraçada e profunda.



Numa parte do “release”, existe uma interessante revelação de bastidor: “O processo criativo simbolizou, também, uma cura para essas três mulheres artistas, que, através deste trabalho, puderam revisitar suas relações com a maternidade e a ancestralidade. São muitas as mães com quem dialoga a peça: jovens, maduras, solteiras, casadas, dependentes e independentes, presentes e ausentes.”.



Mesmo antes de ter assistido à peça, mas com o “release” já lido, chamou-me muito a atenção seu ótimo título: “MULHERES QUE NASCEM COM OS FILHOS”. Eu já desconfiava de que ele sintetizava tudo aquilo que, realmente, pude constatar, após o fechar das cortinas. O texto, não de forma subliminar, mas explicitamente, nos apresenta a uma ressignificação do vocábulo “MULHER”, após a maternidade. É sair de uma zona de conforto, para “comandar um pequeno barco, num mar encapelado”. Ocorre uma “desconstrução”, para dar lugar a uma “reconstrução”. Demole-se o que, de forma certa ou errada, estava construído e parte-se de novos alicerces. Tanto o título quanto o texto, de uma certa forma, mostram que uma “MULHER” só pode assumir, por completo, a sua identidade de gênero, quando a isso se junta um sentimento novo, não experimentado antes: o amor incondicional por um(a) filho(a). Não que a ausência da condição da maternidade faça uma “MULHER”inferiorizada”, ante as que que já pariram, mas o texto nos conduz à compreensão de uma plenitude feminina, propiciada pela maternidade, à custa de muita dor e sofrimento, que acabam, na grande maioria das vezes, felizmente, por serem compensados, quando esse amor é retribuído. Significa que quem dá à luz nasce, como uma “nova MULHER”, a partir desse momento. E não me parece ser mentira, pelas experiências que observei e vivi, em casa e com as mulheres que fazem parte da minha vida: familiares e amigas.



No subtítulo desta crítica, falo em “reunião de talentos”, condição “sine qua non”, no TEATRO, para que um espetáculo atinja um nível de excelência que mereça alcançar o grau de ÓTIMO, como classifico este. Esses talentos já foram revelados, são três, e, sobre eles, sinto o desejo de, ainda, escrever algumas palavras. Nada mais acrescentarei ao que já disse sobre o delicioso e inteligente texto, mas gostaria de enaltecer o trabalho de SAMARA FELIPPO e CAROLINIE FIGUEIREDO, como atrizes. Aquela, muito mais conhecida por seus trabalhos na TV, eu já havia visto, sobre as tábuas, em 2013, atuando ao lado de RITA ELMÔR, na peça, “Orgulhosa Demais, Frágil Demais”, no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Não escrevi, na época, sobre o espetáculo, que era ótimo, diga-se de passagem, o que seria uma condição para eu ter escrito sobre ele, uma vez que o meu blogue estava às portas de seu “parto” ou havia acabado de “nascer” (Não me lembro bem.), o que só se deu em agosto daquele ano. Mas gostaria de ter escrito, pela excelente ideia de Fernando Duarte, quando nos brindou com um fictício encontro entre duas grandes celebridades: a cantora lírica Maria Callas com a atriz Marilyn Monroe, nos bastidores do 45º aniversário do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy. Infelizmente, não me lembro de tê-la visto num palco de Teatro outras vezes, embora tenha atuado em uma dezena de espetáculos.



Sobre CAROLINIE, a atriz, nada posso dizer, antes desta sua ótima “performance”, uma vez que jamais havia tido o privilégio de tê-la conhecido nos palcos. Fez muitos trabalhos na televisão e no cinema, “praias” que não costumo frequentar. Além disso, pausou sua carreira, para se dedicar à maternidade e aos novos chamados profissionais, que surgiram após o nascimento dos filhos. Hoje, é formada como doula e educadora perinatal. Há cinco anos, escreve sobre empoderamento feminino e materno. É formada pela “Positive Discipline Association”, como educadora parental certificada. É terapeuta, pelo “Thetahealing” e atende mulheres do mundo inteiro.”. E voltou ao TEATRO, felizmente, com o pé direito, como se tivesse dois: como dramaturga e como atriz.



Além do ótimo texto e da correta atuação das atrizes, vejo, como um dos principais pilares de suporte desta montagem a excelente direção de RITA ELMÔR. Foi, na verdade, para mim, o ponto mais importante da peça. São ótimas todas as marcações, com total e perfeita exploração do espaço cênico; uma direção muito inventiva, na qual se destaca a utilização de um pedaço de corda, de seus dois metros, que, durante a maior parte do tempo de duração do espetáculo, une as duas atrizes, como um “cordão umbilical”, servindo a outras tantas riquíssimas metáforas. Quem me lê não faz ideia do quanto é possível se explorar, em cena, com muita criatividade e sensibilidade, um simples pedaço de corda, quase, “forçando um pouco a barra”, um(a) terceiro(a) personagem em ação. A cada cena, uma nova surpresa, criada pela direção e executada pelas atrizes. Conheço bem o trabalho de RITA, como atriz, e digo que ela pode, e deve, muito bem, acumular as duas funções: atriz e diretora.



Curiosamente, segundo palavras de RITA, o processo de “gestação” da peça durou, exatamente, nove meses. Nada é por acaso. Depoimento de RITA ELMÔR: “A ideia e o convite para fazer essa peça veio da SAMARA e da CAROL. Inicialmente, seria só uma comédia sobre a maternidade, mas, durante os ensaios, fomos produzindo mais material escrito e o texto acabou mudando todo. Ao longo de nove meses, mergulhamos nas questões da maternidade, do ser filha, ser mãe, e o que isso determina nas nossas vidas. O que recebemos das nossas mães e pais, e passamos adiante. Fomos muito fundo nessas memórias, nessas dores, foi um trabalho de cura.”.



     Quanto à cenografia, também assinada por RITA ELMÔR, o que tem de simples tem de interessante e criativa: um grande amontoado de cordas, de vários calibres, juntas umas às outras, ao fundo, no centro, pendem, do teto, como um “grosso tronco de uma árvore”. Em cima, elas se abrem, formando o que seria a copa, e, na parte de baixo, idem, simbolizando as raízes. Que outra imagem melhor poderia simbolizar a maternidade, senão a “árvore da vida”? É dessa “árvore” que as atrizes retiram a já referida, e tão “decantada”, corda. Ao lado da "árvore", duas telas, redondas, para receberem algumas projeções.



        Assinam os ótimos figurinos, práticos e “incomuns” (É o que me veio à cabeça agora.), MEL AKERMAN e MÔNICA XAVIER.

        Enriquece, sobremaneira, a montagem e, especialmente, certos detalhes dela, de acordo com a necessidade de cada cena, o desenho de luz criado por PAULO CESAR MEDEIROS, sempre acertando no que faz.



        E RITA ainda tem mãos e cabeça para dar forma a uma boa trilha sonora, que se encaixa bem, nos momentos em que as canções cabem.

    RAQUEL ALVARENGA, na criação de um belo projeto gráfico, e CAIO BUCKER, na direção de produção, agregam talento e trabalho, para garantir a qualidade desta EXCELENTE COMÉDIA.



          

FICHA TÉCNICA: 

Texto: Samara Felippo, Carolinie Figueiredo e Rita Elmôr

Direção: Rita Elmôr

 

Elenco: Samara Felippo e Carolinie Figueiredo


Cenografia: Rita Elmôr

Figurino: Mel Akerman e Mônica Xavier

Iluminação: Paulo Cesar Medeiros

Trilha Sonora: Rita Elmôr

Projeto Gráfico: Raquel Alvarenga

Direção de Produção: Caio Bucker

Produção Executiva e Turnê: Ricardo Fernandes

Fotos: Daiane Tomaz

Realização: Bucker Produções Artísticas e Sem Cartilha Produções 

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação (João Pontes e Stella Stephany)


 



 

SERVIÇO:

Temporada: De 14 de janeiro a 13 de fevereiro de 2022

Local: Teatro XP Investimentos (antigo Teatro do Jockey, dentro do Jockey Club Brasileiro) 

Endereço: Avenida Bartolomeu Mitre, nº 1110 - Leblon – Rio de Janeiro

Dias e Horários: sextas-feiras e sábados, às 20h; domingos, às 19h

Valor dos Ingressos: R$80,00 (inteira) e R$40,00 (meia entrada)

Como e onde comprar os ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/70826/d/120800/s/723645

Capacidade: 366 lugares

Duração: 60 minutos

Classificação Indicativa: 12 anos

Gênero: COMÉDIA

 

 


        Não foi por acaso que grafei, antes da ficha técnica, ao final do parágrafo, “EXCELENTE COMÉDIA”, porque sempre faço questão de deixar bem claro o meu apreço por esse gênero teatral, tão desprezado, no Brasil, até por gente da classe teatral e por alguns críticos, infelizmente. E só o faço, com muita alegria e prazer, quando me vejo diante de uma COMÉDIA de qualidade, apesar de um bom percentual do gênero ser, realmente, de fazer chorar, ao invés de rir, o que, enfatizo, não é o caso de "MULHERES QUE NASCEM COM OS FILHOS", que eu recomendo muito.






(FOTOS: DAIANE TOMAZ)

 



 E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!




sábado, 22 de janeiro de 2022

 

“JACKSONS

DO

PANDEIRO”

ou

(EU VI SEU PANDEIRO

BRILHANDO 

NO CÉU.)

ou

(PROCURA-SE UMA

CLASSIFICAÇÃO TÉCNICA

PARA UMA 

OBRA-PRIMA.)



 


       Uma lua gigantesca brilhava no céu, quase sobre a Cidade das Artes, no Rio de Janeiro (Barra da Tijuca) na noite de 17 de janeiro de 2022. De um ponto privilegiado da imensa área aberta, fora do Teatro, eu olhava para ela, extasiado e pensando que seu formato circular lembrava milhões de coisas, inclusive um pandeiro, sem as suas platinelas ou soalhas, o nome mais apropriado, o pandeiro de um certo JACKSON, que, de tão grande, por dentro, já que, por fora, era o que, pejorativamente, se costuma chamar de “tampinha”, uma vez que não media muito mais que um metro e meio, teve seu nome pluralizado, no título do "espetáculo" que me levou àquele lugar, a que tanto gosto de ir: “JACKSONS DO PANDEIRO”.



Uma marchinha de carnaval, da minha infância, tinha, como refrão, o verso “Tão pequenino, de tambor tão grande”. Ela poderia ser aplicada ao personagem protagonista de algo” a que assisti, no palco do Teatro principal da Cidade das Artes, trocando-se, evidentemente, o nome do instrumento: de tambor para pandeiro.

JACKSON, nascido José, DO PANDEIRO, se vivo fosse, estaria completando 103 anos em agosto deste ano (2022). O "espetáculo" a ele dirigido, como justíssima homenagem, apresentado pela "CIA. BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS", deveria ser, creio eu, para comemorar o seu centenário de nascimento, em 2019 (31 de agosto), mas sua produção atrasou um pouco e ficou para abril de 2020, entretanto a pandemia de COVID-19 agiu como “bandido” e fez com que a sua estreia tivesse de ser adiada, a poucos dias de seu lançamento, obrigando o grupo, a sua diretora, DUDA MAIA e a idealizadora e produtora, ANDRÉA ALVES a se resignarem com uma montagem que foi filmada e, largamente, exibida pelas telas, com um sucesso extraordinário, como acontece com qualquer produção que venha dessa gente talentosa, e nos deixou com uma vontade imensa de ver aquilo ao vivo. TEATRO presencial, com cheiro, gosto e tempero de TEATRO. Isso está acontecendo, infelizmente, por pouco tempo, apenas, muito pouco tempo, num Teatro que comporta 1235 espectadores, a Grande Sala, da Cidade das Artes, que estava superlotada, na noite da sessão para convidados, à qual compareci. E, certamente, é o que acontece em todos os espetáculos do grupo.



Jackson do Pandeiro


    Não sei se repararam que, no segundo parágrafo, utilizei o vocábulo “algo” e, embora fique cansativo, reconheço, durante toda esta crítica, vou me referir a esse “algo”, empregando, quase sempre, a palavra “espetáculo”, dado que, como ocorreu com a montagem, há seis anos, de “Auê”, não consigo definir, tecnicamente, a obra em si. “Auê” não era uma peça de TEATRO, um musical, um “show”... Era, simplesmente, um “Auê”. Acho que posso dizer o mesmo, agora, com relação a “JACKSONS DO PANDEIRO”. Não sei, sinceramente, classificar, tecnicamente, aquele “algo”, mas posso atribuir-lhe, sem o menor medo de errar, uma classificação adjetiva: OBRA-PRIMA.

 

 

 

SINOPSE:

     Via de regra, quando recebemos o “release” de uma peça teatral, está inserido nele uma SINOPSE do que será visto em cena.

       No caso de “JACKSONS DO PANDEIRO”, ela não existe, especificamente, preparada pela assessoria de imprensa, mas eu poderia, sem muito esforço, mas, também, sem ter a certeza de que estaria ajudando, dizer que se trata de um trabalho “amorfo”, tecnicamente falando, sob o meu ponto de vista, aproximando-se, um pouco de um TEATRO MUSICAL, uma vez que há uma narrativa cronológica da vida do homenageado, ainda que não seja, propriamente, um musical biográfico, em textos inéditos e canções já conhecidas e consagradas, o que se mistura a aspectos e detalhes da vida pessoal dos dez atores /cantores / multi-instrumentistas em cena, tudo mostrado com muita música, ritmo, cores...

Um “espetáculo” contagiante, arrebatador, do primeiro ao último minuto, recheado de humor e de lirismo também.

 

 


     Assisti à montagem, “on-line”, umas três ou quatro vezes, em outubro de 2020, e me emocionava, muito e sempre, a cada nova oportunidade de saber da trajetória pessoal e artística de JACKSON DO PANDEIRO, o qual cansei de ver, ao vivo, e aplaudir, ainda criança, no auditório da célebre e histórica Rádio Nacional do Rio de Janeiro (Praça Mauá, nº 7), nos programas de Manoel Barcelos, às 5ªas feiras; de César de Alencar, nas tardes dos sábados; e de Paulo Gracindo, nas manhãs dos domingos, sempre levado pelas mãos de Dona Adelaide, uma portuguesa, amiga de minha mãe. Dona Adelaide adorava programas de auditório, mas tinha um marido muito ciumento, o Seu Antônio, que só lhe permitia aquele prazer, se levasse o “putinho Gilberto” a tiracolo (Para quem não sabe, “puto” é como os portugueses chamam um menino pequeno, uma criança.), como companhia, pelo que agradeço muito. Graças à função de “guardião da fidelidade de Dona Adelaide”, mergulhei, profundamente, no universo do rádio, ampliado, na minha adolescência, quando meu pai me levava ao auditório de outra, igualmente, célebre e histórica emissora, a Rádio Mayrink Veiga. Depois do golpe militar, de 1964, a partir da ditadura militar, infelizmente, o rádio nunca mais foi o mesmo.



    Eu poderia escrever, aqui, muito sobre JACKSON (Li muito sobre ele.) – sua biografia: a vida pessoal e artística, as dificuldades pelas quais passou na vida e seus momentos de glória, de sucesso, não muitos -, mas estaria dando um “spoiler”, porquanto os autores do texto, BRAULIO TAVARES e EDUARDO RIOS, se empenharam numa profunda pesquisa e deram forma a um roteiro que abarca, em cenas e em muitas canções,  o que de mais importante vivenciou o grande artista, infelizmente, não tão reconhecido, como deveria, principalmente pelas gerações mais novas, que nem podem ser culpadas por isso, porque tiveram o azar de terem nascido num país sem memória e no qual, cada vez mais, os bons valores culturais vão sendo, mais rapidamente, descartados, cedendo espaço a coisas “fabricadas”, de péssimo gosto e nenhum valor artístico, mas que rendem muitos cifrões a muita gente.



Por oportuno, com relação ao texto, achei que deveria transcrever um trecho de uma revelação, que se encontra no corpo do “release”, que me chegou às mãos, via PEDRO NEVES (FACTORIA COMUNICAÇÃO): “Optamos por distribuir a ação em brincantes, que contam pedaços de suas histórias pessoais, as quais, em muitos pontos, coincidem com a história de JACKSON. Falando de JACKSON, falamos desses nordestinos anônimos. Falando deles, falamos do cantor e compositor, que levou a vida deles para as rádios e as TVs, em forma de cocos e baiões”, analisa BRAULIO TAVARES, natural de Campina Grande (PB) e autor de ‘Suassuna – O Auto do Reino do Sol’, que, desta vez, divide a dramaturgia com o pernambucano EDUARDO RIOS, fundador da "BARCA..." e integrante de todas as seis montagens da companhia. Ambos têm profunda relação com a cultura nordestina e sua poesia popular.”. Isso constitui um detalhe muito importante sobre o texto, o fato de que ele não é uma biografia, mas (...) aborda episódios e músicas de JACKSON que se relacionam com a vida dos atores em cena”. Todos, do elenco, são JACKSONS e JACKSON está em todos, do elenco.  



    Creio que nada mais necessitava dizer sobre o texto do “espetáculo”, todavia senti vontade de antecipar, a quem ainda vai assistir ao trabalho, que JACKSON causava grande admiração e interesse ao público da época e aos músicos e artistas de seu tempo, por seu ecletismo, pois, com o mesmo talento, cantava os mais diversos gêneros musicais, genuinamente brasileiros, como o baião, o coco, o samba-coco, o xote, o rojão, além de marchinhas de carnaval. Os cinco primeiros ritmos da relação eram típicos de sua região de origem, o nordeste brasileiro, mais propriamente, a Paraíba, nascido na cidade de Alagoa Grande. Vale a pena lembrar que ele e Luiz Gonzaga foram os dois grandes responsáveis por irradiar os gêneros musicais do nordeste brasileiro para o país inteiro.



        Um detalhe que haverá de causar muita surpresa a quem me lê é o fato de o grande gênio João Gilberto ter declarado que aprendeu a dividir os versos das canções com JACKSON. É o que dizem alguns. Não sei se procede, realmente, tal declaração, porém quem conhece música percebe, sim, uma identidade entre o modo de cantar dos dois, no que se refere à divisão métrica e rítmica das canções.



Por infeliz coincidência, foi, exatamente, no final da década de 1950, com o advento da Bossa-Nova, que JACKSON começou, pode-se dizer, a viver o seu declínio, a perder popularidade e prestígio, e o “tiro de misericórdia” parece ter sido disparado, não intencionalmente, é claro, pelo movimento da Jovem Guarda, muito embora, os artistas mais velhos sempre o prestigiassem, o que era pouco, até a sua morte, em 10 de julho de 1982, aos 62 anos de idade, em Brasília. Vários cantores modernos, famosos, regravaram algumas de suas canções e sucessos de venda, com diferentes e interessantes arranjos, porém ninguém o fez melhor do que Gilberto Gil, que incluiu um dos maiores sucessos de JACKSON, “Chiclete com Banana”, em 1982, num dos seus melhores álbuns, o “Expresso 2222”.



Senti falta, no roteiro, de um destaque maior a Almira Castilho, que foi companheira de JACKSON, por doze anos, e, com ele, se apresentava em dupla: “E com vocês JACKSON DO PANDEIRO e Almira Castilho!”. Ela tocava, às vezes, um instrumento de percussão e o que fazia, para chamar a atenção do público, além de ajudar no canto, era executar uma “dancinha”, meio desengonçada, lembrando aquele “boneco do posto”. As crianças, principalmente, se divertiam bastante com sua “coreografia”. Eu adorava imitá-la.











(As fontes de todas as fotos acima, encontradas na internet, são desconhecidas.)


O espetáculo comemora e celebra dois fatos importantes: 10 anos de criação da "CIA. BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS" e 30 anos da "SARAU AGÊNCIA DE CULTURA BRASILEIRA", de ANDRÉA ALVES, produtora e idealizadora das montagens da "BARCA...", desde a sua criação.

Antes deste evento, a "BARCA..." já era conhecida e aclamada, em todo o Brasil, e vem colecionando dezenas de prêmios, por seus trabalhos anteriores: "Gonzagão – A Lenda" (2012), “Ópera do Malandro” (2014), “Auê” (2016), “Suassuna – O Auto do Reino do Sol" (2017), “Desancora” (“show”, criado em 2018 – o único espetáculo deles a que não assisti -, que não é TEATRO, mas que, esporadicamente, a CIA. apresenta, Brasil afora) e “Macunaíma – Uma Rapsódia Musical” (2019).



A formação oficial da “BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS” traz, pela ordem alfabética, os nomes de ADRÉN ALVES, ALFREDO DEL-PENHO, BETO LEMOS, EDUARDO RIOS, FÁBIO ENRIQUEZ, RENATO LUCIANO e RICCA BARROS, mas, apenas em “Auê” (Não sei se, também, em “Desancora”) o grupo se apresentou sozinho. Nas outras montagens, contaram com a participação de alguns convidados. Não foi diferente agora, quando se juntaram, aos sete, EVERTON CORONÉ, LUCAS DOS PRAZERES e LUIZA LOROZA. “Juntos, eles passaram meses, envolvidos em oficinas, pesquisas e em um longo processo de ensaios, quando o texto foi desenvolvido, a partir de exercícios e histórias pessoais”, como informa o já citado “release”.



Conhecendo, profundamente, há muitos anos, cada “tripulante” dessa "BARCA...", até antes de ela existir, e tendo a honra de ser amigo de todos, sinto-me até suspeito, e quase constrangido, para dizer, mas não posso faltar à verdade, que o septeto forma uma das maiores concentrações de talento, por m2, num palco. E, ainda por cima, sempre convidam gente do mesmo nível. Assim foi nas outras produções, assim está sendo nesta.



É impressionante o talento individual de cada “marinheiro” e em grupo, a ponto de não me permitir, e acho que a nenhum outro crítico, destacar este ou aquele, ou aquela – não podemos nos esquecer da talentosíssima LUIZA LOROZA -, pois todos se nivelam, muito por cima, em cena, e cada um atrai, para si, todos os focos e atenção, quando faz um solo, seja na forma de texto, seja por meio de uma canção. Soladas ou cantadas em duplas, em grupos maiores ou por todos, simultaneamente, as canções são um tempero fundamental para o molho que eles colocam na montagem. A “BARCA” não dá um minuto de “respiro” à plateia. Enquanto as pessoas estão aplaudindo, freneticamente, o final de um número, eles, imediatamente, emendam com outro de igual qualidade, ou melhor. Não sei de onde tiram tanta energia e capacidade de comunicação com o público. Senti isso já quando vi o “espetáculo” pela tela e fiquei imaginando o quanto aquilo seria potencializado ao vivo. Errei feio, para menos, nos meus cálculos. Aqueles dez nos levam a um êxtase, quase entramos em transe. Lembram daquele “meme”: “É verdade esse bilhete.”? Além da facilidade como cantam e atuam, fruto, evidentemente, de muito trabalho e estudo, ainda são multi-instrumentistas, e, na hora das trocas de instrumentos, levam o público ao delírio, pela forma, ensaiadíssima, como as fazem. Os instrumentos parecem surgir do nada e eles, uns magos, porque, “com um estalar de dedos”, "materializam os instrumentos". Durante esses dez anos de intimidade artística, principalmente pelo fato de conviverem juntos, em viagens, por longos períodos, todos foram procurando aprender, uns com os outros ou por conta própria, a tocar um instrumento novo, fato que torna qualquer um de seus espetáculos algo inovador, sempre com vários fatores-surpresa, “de bônus”.



É indiscutível, não me canso de repetir, o talento artístico de cada um do elenco, em cena, entretanto, tirando todos os demais elementos que ajudam na construção do “espetáculo”, todos da maior importância e que serão analisados, um a um, se ficarmos, apenas, com com a direção e o elenco, eu diria que, a cada um, cabe o percentual de 50% de responsabilidade pelo sucesso que alcançam. A parte que cabe à direção é creditada a DUDA MAIA, uma espécie de “oitava mosqueteira”, uma vez que dirigiu e/ou fez a direção de movimento de quase todos os trabalhos CIA., tendo sido consagrada, junto com o grupo, em “Auê”, a partir de quando passou a merecer o devido respeito e reconhecimento de seu trabalho, por parte do público e da crítica especializada, a partir do momento em que passou a explorar, de forma bem ampla, a ideia de trabalhar o “corpo-rítmico” dos atores, técnica muito ampliada na montagem em tela. DUDA é uma fábrica de engenhosas ideias, que se multiplicam em escala geométrica. Além de trabalhar com a “BARCA”, assina outras direções e, mesmo que um espectador assíduo de TEATRO, um amante e entendedor dessa ARTE MAIOR, vá assistir a uma peça, sem conhecer, previamente, sua ficha técnica, com pouco tempo de o espetáculo iniciado, é levado a concluir que, alí, estão as mãos, a inteligência, a criatividade e o bom gosto de DUDA MAIA. Já passei por essa experiência. A razão disso é que ela tem, bem definidas, suas digitais, inimitáveis e contagiantes. DUDA criou um estilo de produzir movimentos, que exige muito, fisicamente, dos artistas, e que produz um efeito hipnotizante, para a plateia. Ninguém consegue se dispersar nos seus espetáculos. É tudo muito rápido, dinâmico; as marcações são sempre surpreendentes e precisas. A mesmice, apesar de a prática do já referido estilo próprio de fazer os corpos se moverem em cena obedecer a um determinado “estilo”, nunca acontece. O público jamais adivinha como aquele braço, aquela perna, aquela cabeça, aquele corpo inteiro vai ser “alterado”, no segundo seguinte. Tenho a impressão de que, durante o processo de erguer o espetáculo, as ideias vão brotando, da cabeça daquela “baixinha arretada”, muito em função do que ela dispõe como espaço cênico e cenário. O fato é que, no final, tudo dá certo. E muito certo.



E já que falamos em cenário, vamos a ele, assinado por ANDRÉ CORTEZ, que parece ter um certo “parentesco” com a DUDA. Seus trabalhos são sempre muito criativos, dignos de todos os elogios, e não seria dessa vez que eu deixaria de fazê-los. Vejo-os, acima de tudo, a “favor da cena”, projetados para que direção e elenco “se esbaldem”, possam explorá-los da melhor forma possível. Desta vez, ANDRÉ optou por pranchas, de tamanhos diferentes, distribuídas, pelo palco, horizontalmente ou inclinadas, como “escorregas de parque infantil”, dando-nos a impressão de uma “academia de ginástica” – acho que a imagem não ficou muito distante -, além de uma cama elástica e, ao fundo do espaço cênico, ao alto, uma espécie de um grande nicho, um segundo palco.



Os figurinos, de KIKA LOPES e ROCIO MOURA, trazem uma proposta difícil de ser explicada, descrita, mas facilmente percebidos como algo encantador, lúdico, mágico... Não há formas definidas, nas peças de cada elemento em cena, como trajes convencionais. Servem para alicerçar o aspecto lúdico (Gostaria de poder utilizar outro adjetivo, mas não há nada melhor.) da montagem. O que pode ser visto, cobrindo os corpos de cada um dos atores / cantores / dançarinos, são muitos panos, coloridos, muito coloridos, com aplicações de pequenos adereços, largos e que voam no espaço, formando imagens muito bonitas e alegres, quando dos movimentos. Um elemento enriquecedor, desta produção, digno de prêmios.



E que tipo de luz poderia combinar com todo esse universo, com tudo o que já foi, aqui, descrito e comentado? Nada diferente do projeto criado, e posto em prática, por RENATO MACHADO, que não economiza nas cores, nos matizes, nas combinações cromáticas, conseguindo enriquecer, em muito, todas as cenas, com luz total no palco ou por setores, ajustando a iluminação que vem de cima com os “spotlights” colocados nas laterais do palco. Os efeitos obtidos são de uma bela plasticidade. A iluminação, na grande maioria das cenas – até porque algumas, poucas, não o pedem – evidencia um clima festivo, de muita celebração.



Cada artista recebe um tratamento visagístico muito bonito, contando com o lindo e criativo trabalho de UIRANDÊ DE HOLANDA.

Várias pessoas, à saída do Teatro Riachuelo – Rio, faziam comentários positivos relacionados à clareza do som, o que ratifico, porém não seria nenhuma novidade, para mim, já que o design de som” é de responsabilidade de GABRIEL D’ANGELO, um profissional que entende muito do que faz. Som puro e cristalino, tanto nas falas quanto nas canções.



Embora não me sinta, totalmente, à vontade para chamar aquele “espetáculo” de uma “peça musical”, a música está presente, do seu início ao fim, e o “set list” é formado por canções do repertório de JACKSON DO PANDEIRO, como não poderia deixar de ser, mas também reúne outras composições, especialmente feitas para o “espetáculo”. “É um ‘pedir licença’ à obra dele, mas sem deixar de homenageá-lo, com todo respeito, carinho e admiração’, nas palavras de EDUARDO RIOS. “A ligação das cenas é feita por palavras, músicas ou por uma coreografia, por algo que não está escrito”, arremata.



ALFREDO DEL PENHO e BETO LEMOS repetem a parceria na direção musical do “espetáculo”. “Após minuciosa pesquisa de ALFREDO, mais de 400 composições, compostas ou gravadas por JACKSON, foram levantadas, e o grupo passou um período trabalhando em exercícios, após a audição das canções. A lista comprova que JACKSON era um artista sem fronteiras e que nunca se prendeu a um gênero específico, passeando por samba, forró, baião, coco, frevo, entre muitos outros”, texto que também faz parte do “release”.




 

 

ROTEIRO DAS MÚSICAS:

1. MEU DESTINO - Autores: Beto Lemos e Eduardo Rios

2. SINA DE BRINCANTE - Autores: Alfredo Del-Penho, Beto Lemos e Eduardo Rios

3. SINA DE CIGARRA - Autores: Delmiro Ramos e Jackson do Pandeiro

4. SINA DE JOSÉ GOMES - Autores: Alfredo Del-Penho, Beto Lemos e Eduardo Rios

5. COCO DO NORTE - Autor: Rosil Cavalcânti

6. COCO DE MÃE - Autores: Beto Lemos e Eduardo Rios

7. QUANDO EU VIM DE LÁ - Autor: Alfredo Del-Penho

8. BODOCONGÓ - Autores: Cícero Nunes e Humberto Teixeira

9. FORRÓ EM CAMPINA - Autor: Jackson do Pandeiro

10. É ESSE O MEU LUGAR - Autores: Alfredo Del-Penho e Eduardo Rios

11. COMO TEM ZÉ NA PARAÍBA - Autores: Catulo de Paula e Manezinho Araújo (letra adicional de Braulio Tavares)

12. XODÓ DO SANFONEIRO - Autores: Gérson Filho e João Silva

13. FORRÓ DE ZÉ LAGOA - Autor: Rosil Cavalcânti

14. FORRÓ EM CARUARU - Autor: Zé Dantas

15. FORRÓ QUENTINHO - Autora: Almira Castilho

16. FORRÓ DO REGATÃO - Autores: Antônio Bispo e Araponga do Rojão

17. FORRÓ NA PADARIA - Autores: Alfredo Del-Penho, Braulio Tavares e Eduardo Rios

18. ÊEE AAA - Autor: Beto Lemos

19. TOADA DO ADEUS - Autor: Beto Lemos

20. VALSA DAS PORTAS - Autor: Alfredo Del-Penho

21. SEBASTIANA  |  EU NÃO SOU SEU VIOLÃO - Autor: Rosil Cavalcânti  |  Beto Lemos (letra adicional: Beto Lemos e Eduardo Rios)

22. FORRÓ EM LIMOEIRO - Autor: Edgar Ferreira

23. ADIVINHAÇÃO - Autores: Edílio Fragoso e Jackson do Pandeiro

24. CORAÇÃO BATEU - Autores: Ivo Marins e Jackson do Pandeiro

25. TUM TUM TUM - Autores: Ari Monteiro e Cristóvão de Alencar

26. CASACA DE COURO - Autores: Rui Morais e Silva

27. A CARTA - AUTOR: Renato Luciano

28. XEXÉU DE BANANEIRA - Autor: Jackson Do Pandeiro

29. MINHA ZABELÊ - Domínio Público

30. MÚSICA PARA FLORA - Autor: Alfredo Del-Penho

31. BOA NOITE - Autores: Alventino Cavalcânti, Jackson do Pandeiro e Tito Neto

32. LETRA NO PÉ - Autor: Beto Lemos

33. MEU ENXOVAL - Autores: Gordurinha e José Gomes

34. A ORDEM É SAMBA - Autores: Jackson do Pandeiro e Severino Ramos

35. CARTA PRO NORTE -Autor: Rosil Cavcalcânti

36. SAMBA DO ZIRIGUIDUM - Autores: Jadir de Castro e Luís Bittencourt

37. FILOMENA E FEDEGOSO - Autores: Jackson do Pandeiro e Elias Soares

38. CHICLETE COM BANANA - Autores: Almira Castilho, Jackson do Pandeiro e Gordurinha

39. A FEIRA  /  O BALAIEIRO - Autores: Mônica Silveira e Nonato Buzar  /  Buco do Pandeiro e Jackson do Pandeiro

40. A MULHER QUE VIROU HOMEM - Autores: Elias Soares e Jackson do Pandeiro

41. O MARIDO DELE - Autor: Lucas dos Prazeres

42. NÃO VEM, QUE NÃO TEM  /  VOU SIM, QUE TEM PRA MIM - Autores: José Orlando  /  Alfredo Del-Penho, Beto Lemos e Eduardo Rios (letra adicional: Eduardo Rios)

43. LÁGRIMA - Autores: Jackson do Pandeiro, José Garcia e Sebastião Nunes

44. ÁGUA COM LEITE - Autores: Jackson do Pandeiro e J. Cavalcânti

45. FALSO TOUREIRO - Autores: José Gomes e Heleno Clemente

46. MUNDO CÃO - Autores: Jackson do Pandeiro e Rogéria Ribeiro

47. DR. BOTICÁRIO - Autores: Jackson do Pandeiro e Nivaldo Lima

48. OGUM DE MALÊ - Autores: Antônio Nunes e Laéssio Miranda

49. MORENA BELA - Autores: Juarez Santiago e Onildo Almeida

50. CANTIGA DO SAPO - Autores: Buco do Pandeiro e Jackson do Pandeiro

51. VEM CÁ, MARIA - Autores: Dominguinhos e Durval Vieira

52. LÁ VAI A BOIADA - Autores: Jackson do Pandeiro e Manoel Pedro

53. A REGRA DO JOGO - Autores: Braulio Tavares e Lucas dos Prazeres

54. O CANTO DA EMA - Autores: Alventino Cavalcânti, Aires Viana e João do Vale 


 

 


 

 

FICHA TÉCNICA:

 

Dramaturgia: Braulio Tavares e Eduardo Rios

Direção: Duda Maia

Assistente de Direção: Júlia Tizumba, Eduardo Rios e Adrén Alves

Direção Musical: Alfredo Del-Penho e Beto Lemos

Idealização e Direção de Produção: Andréa Alves

 

Elenco: "Cia. Barca dos Corações Partidos": Adrén Alves, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Renato Luciano e Ricca Barros; Artistas convidados: Everton Coroné, Lucas dos Prazeres e Luiza Loroza

 

Cenário: André Cortez

Assistente de Cenografia e Produção de Arte: Tuca Benvenutti  


Figurinos: Kika Lopes e Rocio Moure  

Assistente de Figurino: Masta Ariane

Iluminação: Renato Machado

“Design” de Som: Gabriel D’Angelo

Visagista: Uirandê de Holanda

Fotos: Renato Mangolin

Assessoria de Imprensa: Pedro Neves (Factoria Comunicação)

Coordenação de Produção: Rafael Lydio

Este projeto conta com o incentivo fiscal da Lei de Incentivo à Cultura.

Apoio: Prefeitura do Rio de Janeiro, Riotur e Cidade das Artes

 

Realização: Sarau Agência de Cultura Brasileira, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal

 

 

 


 

 

SERVIÇO:

 

Temporada: de 14 a 30 de janeiro de 2022

Local: Grande Sala - Cidade das Artes

Endereço: Avenida das Américas, nº 5.300 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro (Em frente ao Terminal Alvorada)

Dias e Horários: de quinta-feira a sábado, às 20h30; domingo, às 18h.

Valor dos Ingressos: Plateia 1: R$110,00; Plateia 2 e Frisa: R$90,00; Galerias e Camarote: R$50,00 (Há meia entrada em todos os setores.)


Vendas pela plataforma SYMPLA

Recomendação Etária: 10 anos

Gênero: ? (OBRA-PRIMA)

 

 


DIZER QUE RECOMENDO, COM O MAIOR EMPENHO, ESTA OBRA-PRIMA E QUE PRETENDO ASSISTIR A ELA NOVAMENTE TORNA-SE TOTALMENTE DESNECESSÁRIO.


 

 

 

FOTOS: RENATO MANGOLIN



ARQUIVO PESSOAL

(GILBERTO BARTHOLO)


 

 














E VAMOS AO TEATRO,

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OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

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RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!