segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

 

“BAGUNÇA”

ou

(QUEM NÃO GOSTA

DE UMA BOA

“BAGUNÇA”

BOM SUJEITO

NÃO É;

É RUIM DE TUDO.)


 

     “BAGUNÇA” é um vocábulo que dispensa uma ida ao dicionário. Todo mundo sabe o que significa. Será que sabe mesmo? Estou certo de que estão pensando numa certa “BAGUNÇA”, porém nossos “pais dos burros” registram a palavra como “máquina de remover aterro”, um “brasileirismo”. Parece piada, não é? Mas não o é. Podem conferir, se duvidarem! Mas a “BAGUNÇA” que será aqui analisada é essa em que você está pensando mesmo. Quem diz que não gosta dela? Você? Deixe de ser mentiroso! Quem nunca fez “umazinha”, pelo menos? Você? Sabia que o nariz cresce, quando se mente? O do Pinóquio, pelo menos. Mas também é verdade que há exceções, como a de um certo INOMINÁVEL e seus cupinchas. Mentem, desbragadamente, vergonhosamente, a cada minuto, e não acontece nada; no entanto vai acontecer, um dia. Mas vamos falar de coisas boas e de GENTE!!!

 “BAGUNÇA”, quanto à sua etimologia, tem uma origem duvidosa, o que também pouco importa. É sinônimo de desordem, confusão. Quem a pratica é um “bagunceiro”, aquele que adora “bagunçar” ou “abagunçar”. Crianças parecem que já nascem sabendo fazer “BAGUNÇA”. Já vêm com o “chip” do “bagunceiro”. Os adultos, principalmente as mamães, dizem, a grande maioria, que “detestam bagunça”, mas se esquecem de que já foram crianças um dia.

      Não tenho a menor afinidade com signos e astrologia nem interesse pelo assunto, embora respeite muito os que pensam diferente de mim, mas, sempre que me perguntam qual é o meu signo e eu digo que sou virginiano (7 de setembro), os “entendidos” dizem logo: “Muito organizado, não gosta de bagunça!”. É verdade, sim; até a página 5. Na realidade, eu faço “a minha bagunça”, no meu escritório, por exemplo, mas me entendo e, quase sempre, encontro o que estou procurando.


(Foto: Gilberto Bartholo.)


          Tudo isso é para dizer que assisti, no último sábado, dia 15 de janeiro (2022), no Sesc Tijuca – Teatro 1, a um espetáculo “vendido”, pela assessoria de imprensa, como INFANTOJUVENIL, mas que, nos cinco primeiros minutos, parece ser muito INFANTIL, porque não há um texto verbal. Só pantomimas, do gosto das crianças bem pequenas, porém, durante todo o resto de tempo de duração da peça - são mais 45 minutos -, ela perde qualquer classificação ou indicação etária. Não diria que é INFANTIL nem INFANTOJUVENIL. Não sei se há um termo próprio, contudo garanto que é PARA TODAS AS IDADES, de uma “contagiância” (Acabei de criar um neologismo.) total, que parece levar a plateia a um “transe indomável”. Confesso que, em mais de cinquenta anos de TEATRO, jamais vi uma plateia inteira, num espetáculo voltado, oficialmente, para crianças – estou falando dos mais miúdos aos mais velhos, os adultos que os acompanhavam – vibrar tanto, sem se cansar da “BAGUNÇA”, proposta e conduzida por quatro atores / palhaços em cena. O que vi é indescritível e tem de ser vivenciado, o que me leva a recomendar, com muito empenho, o espetáculo.

         Todos já devem ter ouvido a expressão “bagunça organizada”. É o que você vai ver, e sentir, no palco de um Teatro, estendendo-se, um pouco, pela plateia. Que “BAGUNÇA” deliciosa! Vamos, pois, falar dela.


(Foto: Gilberto Bartholo.)


     Estamos necessitados de um bom TEATRO, verdadeiro, presencial, principalmente as crianças, talvez as maiores vítimas desta maldita pandemia, porque estão numa fase em que precisam tanto de contatos, para iniciar o processo de sua socialização e formação de personalidade, e o GRUPO RODA GIGANTE está ajudando muito nisso, com o espetáculo, inédito, aqui comentado.

      Embora, geralmente, atrelada à ideia do caos”, como está escrito no “release” que me foi enviado por BRUNO MORAIS (MARROM GLACÊ ASSESSORIA DE IMPRENSA), o vocábulo que dá título à peça – pode-se dizer – chega ao público “através de um novo significado”.

 



 

SINOPSE 

O GRUPO RODA GIGANTE vasculha, na “BAGUNÇA” de seu armário de memórias e nos encontros vivenciados, a lógica irreverente da infância.

O espetáculo lança mão de uma linguagem lúdica, com jogos cênicos que remetem à infância mais analógica e pueril.

Mesclando palavras e ações, quatro atores / palhaços, em cena, produzem momentos lúdicos e divertidíssimos, que hão de ficar na memória dos que assistem ao espetáculo.

 

 



   A “montagem surgiu através das intervenções que o grupo realizou, como palhaços, nas enfermarias pediátricas, ao longo de 12 anos. E é através da linguagem do jogo do palhaço que o grupo segue alcançando crianças e adultos.”.

  Depois de ter assistido à montagem de “BAGUNÇA”, chegamos à conclusão de que existem a ruim e a boa. Não vou perder meu tempo, falando da primeira; só vou me dedicar à segunda, porque vale muito a pena ir ao Teatro 1 do Sesc Tijuca, não só para assistir ao espetáculo como também para participar dela e fazer uma merecida catarse, em tempos pandêmicos.



  E, segundo o já referido “release”, “se expandirmos a bagunça para um espetáculo de TEATRO, qual bagunça podemos fazer no palco? Foi partindo desse questionamento que CRISTIANA BRASIL, DIOGO CARDOSO, EBER INÁCIO e FLORÊNCIA SANTÁNGELO, integrantes do GRUPO RODA GIGANTE, desenvolveram o seu novo espetáculo inédito (...), apresentando, a crianças e adultos, o lado positivo da bagunça comumente feita pelas crianças.”. Esse lado bom da “bagunça” é o mesmo que o quarteto vem levando aos hospitais infantis, provocando o riso dos pequenos enfermos, ajudando a aliviar seu sofrimento e provando que “rir é o melhor remédio”. É lindo esse trabalho, também desenvolvido por outros grupos, dentre os quais se destacam os “Doutores da Alegria”, por estarem há muito mais tempo no mercado e, salvo engano, terem sido os pioneiros nessa fantástica ideia. Pode parecer estranho a algumas pessoas, mas é possível, sim, fazer “bagunça” dentro de uma enfermaria, uma “baguncinha organizada”.

  De uma certa forma, podemos dizer que as pessoas que ocupam os lugares da plateia do Teatro também estão doentes, por dentro, emocionalmente, psicologicamente, por terem de se submeter, há quase dois anos. a tantas privações, a não poder exercer a sua liberdade, seu direito de ir e vir, de trocar carinhos e afetos, de tocar seus semelhantes, de correr livre e brincar – as crianças - na pracinha ou no seu próprio quarto de casa, sem se preocupar com o “bicho-papão” do vírus. “BAGUNÇA” chegou para resgatar um pouco isso, para “libertar” os que aceitam o convite de “voar”, pelas mãos do TEATRO, sobre o qual não nos cansamos de repetir: “O TEATRO SALVA!”.


(Foto: Gilberto Bartholo.)


   Durante cerca de uma hora, a trupe nos prova que “A bagunça proporciona liberdade e criatividade, é o momento em que a criança explora o espaço, os movimentos do seu corpo e a relação com outra criança, de uma forma bastante livre. Se o adulto lhe proporcionar um espaço seguro e materiais adequados, a bagunça é sempre enriquecedora. Tanto que, na cena, buscamos fazer a bagunça que é apropriada pelo espaço. Dentro de um espaço como o Teatro, não dá pra tomar banho de mangueira, não dá pra jogar lama, mas a gente descobriu que dá pra fazer uma bagunça daquelas.”, antecipa EBER INÁCIO, integrante do GRUPO RODA GIGANTE, desde sua formação, em 2008. Da mesma forma, eles sabem como conduzir a “bagunça” dentro de um hospital, seguindo todos os protocolos de segurança. Eles vão lá, por uma causa mais que justa, para ajudar e não para criar problemas. E é por isso que a iniciativa é bem vista e aceita pelos profissionais da saúde, pelos familiares dos pequenos enfermos (de adultos também) e, principalmente, por estes.                                                      

   “Num ambiente hospitalar, a disciplina é fundamental para o tratamento, e a relação palhaço e criança já é algo fora da rotina. A gente se diverte muito no hospital. A presença do palhaço traz uma desordem e trapalhadas”, pontua EBER, que, também, é o diretor da peça.



           A palavra não é a tônica do espetáculo. Ela existe, é claro, e, às vezes, empregada de uma forma meio “nonsense”, de propósito, como gancho para atingir o riso, porém o que mais se executa, nesta montagem, é a linguagem do jogo do palhaço, que alcança crianças e adultos, encantando ambos, com a mesma intensidade e facilidade. É um espetáculo totalmente interativo e mesmo aqueles que não são chegados a esse tipo de proposta, como eu, não conseguem ficar quietos, não resistem a participar daquela deliciosa “BAGUNÇA”. “Isso vem do jogo do palhaço, e a relação palhaço / plateia e plateia / palhaço. Quando é justa, essa relação não tem idade. Quando se encontram, palhaços e crianças fazem tremer os contornos da realidade, expandindo o momento presente, usando e abusando da fantasia e da transgressão”, continua, vibrante, EBER, que não nega a realidade das brincadeiras contemporâneas e digitais. Ao contrário dele, tenho muita pena desta geração que vive ligada, “25 horas por dia”, às telas. Como eu tenho pena dessas “crianças” (As aspas são propositais.)!!! E o que mais me entristece é ver três netos meus, um de 15 anos, outro de 9 e uma pequenininha, de 3, inseridos nesse grupo. Sei que estou "dando minha cara a tapa", mas penso que esse excesso de tecnologia faz com que os pequenos percam sua ingenuidade, sua pureza, sua genuína criatividade, embora, já que não sou nenhum ignorante, não deixe de reconhecer que essa mídia eletrônica / cibernética também faz com que os miúdos desenvolvam outros fatores importantes, para o seu crescimento, como o raciocínio e a lógica. O grande problema, ou melhor, os grandes problemas são o excesso e a falta de limites, por parte dos pais.



  “A força das brincadeiras e dos jogos digitais vieram pra ficar, não pensamos em brigar com eles. Eles têm até um lado lúdico. Alguns trabalham a criatividade, mas nada se compara à experiência do corpo numa brincadeira. O canto, a dança, o pega-pega, as brincadeiras cantadas fazem parte de uma cultura da aprendizagem e do brincar. Incentivar isso é muito importante, e é um imenso prazer poder falar sobre a tal ‘bagunça’, utilizando um universo tão rico e surpreendente como o das crianças, para podermos transgredir, juntos, no TEATRO”, finaliza EBER.

  Em tempos de “vacas muito magras”, e caríssimas, o GRUPO RODA GIGANTE” nos prova como é possível montar um espetáculo de excepcional qualidade, utilizando pouco dinheiro. A “BAGUNÇA” é o tema, e, para que ela exista, não é preciso contar com grandes e dispendiosos recursos cênicos. O que não pode faltar é criatividade, e esta preenche o palco, as coxias, os camarins e até o auditório do Teatro.



   Como cenário, nada mais do que dezenas de organizadores, aquelas caixas de plástico, que servem para se guardar tudo, de documentos a objetos e, até mesmo “trecos”. Quase todos são do mesmo tamanho, grandes, e de cores vivas e diversas. Um se encaixa no outro, formando pilhas. Há, também, umas pouquíssimas caixas menores. Um espectador, digamos, “leigo”não tão perspicaz, poderia pensar, ao adentrar o salão do Teatro, já que as cortinas estão abertas e, portanto, o cenário, de FLORÊNCIA SANTANGELO e EBER INÁCIO ficam à mostra: “Mas isso é cenário que se apresente? É só isso?”. Nunca um “só isso” representou tanto. Mal sabe ele que, de dentro daqueles organizadores, sai toda sorte de “coisas”, para incrementar a “BAGUNÇA”, para torná-la realidade, como rolos de serpentinas, bolinhas coloridas, de plástico, travesseiros de penas de ganso e mais um montão de objetos que serão utilizados naquela “zorra”. “Cantei essa bola”, para a amiga e colega de profissão, Patrícia Lopes, que estava ao meu lado. E não precisava mesmo de mais nada. Instrumentos às mãos, “BAGUNÇA” em prática.

          Os figurinos, também de FLORÊNCIA SANTANGELO e EBER INÁCIO, são bem simples, em forma de macacões brancos, prontos para receber jatos de um pozinho colorido, de três cores diferentes, que adere ao tecido, atirados por uma das duas palhaças. É muito lúdico e belo o efeito que isso proporciona aos nossos olhos.

          Os quatro usam uma maquiagem de palhaço, a tradicional – não poderia faltar o velho e bom nariz vermelho -, sem exageros. Creio eu que a intenção foi não esconder tanto a identidade de um ser humano, por trás do personagem.



          O crédito de direção vai para EBER INÁCIO, porém acredito – mas pode ser que eu estela errado – que, durante o processo de montagem, EBER deve ter sido aquele que dava a palavra final a possíveis sugestões dos outros companheiros de palco, aproximando-se, talvez, de uma “criação coletiva”. E digo isso em função da cumplicidade cênica dos quatro e da competência profissional de cada um deles. Todos se saem muito bem, sabendo dosar e controlar os mais “expansivos”, na plateia, os quais não eram contidos por seus acompanhantes adultos, uma vez que estes também estavam envolvidos na “folia”. CRISTIANA, DIOGO, EBER e FLORÊNCIA transpiram profissionalismo, empatia e simpatia, conseguindo algo difícil, que é “dominar” uma plateia num espetáculo INFANTOJUVENIL, ainda mais quando este se chama “BAGUNÇA” e propões uma, coletiva, mas que, é lógico, tem que ter seus limites.

        Responsável pela iluminação e pela direção técnica, DANIEL URYON se revele um ótimo “bagunceiro”.

        Um dos destaques da peça recai sobre a música, presente numa trilha sonora tão agradável de se ouvir e repetir, de AMORA PÊRA e PEDRO ROCHA. As letras e músicas são de EBER INÁCIO.

        Outro destaque, também ligado à parte musical é a sonoplastia corporal, os ritmos tirados pelas mãos, contra os corpos, muito bem executada pelos quatro artistas em cena.

       

(Foto: Gilberto Bartholo.)


 


FICHA TÉCNICA:

 

Criação: Grupo Roda Gigante

Direção: Eber Inácio

Elenco: Cristiana Brasil, Diogo Cardoso, Eber Inácio e Florência Santángelo

Iluminação e Direção Técnica: Daniel Uryon      

Cenário e Figurino: Florência Santángelo e Eber Inácio

Trilha Sonora: Amora Pêra e Pedro Rocha

Letras e Músicas: Eber Inácio

Projeto Gráfico: Renata Duarte

Fotos: DuHarte Fotografia

Divulgação: Marrom Glacê Assessoria de Imprensa – Gisele Machado & Bruno Morais

Estagiária de Produção: Rita Dias

Assistente Produção: Florência Santángelo

Produção: Eber Inácio

Direção de Produção: Inácio e Belém Produções Artísticas

 

 

 



 


SERVIÇO:

 

Temporada: de 15 de janeiro até 20 de fevereiro de 2022 

Local: Sesc Tijuca – Teatro 1

Endereço: Rua Barão de Mesquita, 539 – Tijuca – Rio de Janeiro

Tel.: (21) 4020-2101 

Dias e Horários: sábados e domingos, às 16h

Valor dos Ingressos:

PCG – Grátis

R$2,00 - habilitados SESC                                                          

R$5,00 (meia entrada)

R$10,00 (inteira)

A bilheteria do Teatro funciona de 3ª feira a domingo, das 9h às 17h

Duração: 50 minutos

Classificação Etária: Livre

 

 




 

(Galeria particular: Gilberto Bartholo, Patrícia Lopes, 

Bruno Morais e Gisele Machado. 

Foto: Micelle Bernini)


          Às vezes, as coisas boas da vida estão tão perto de nós e nos custam tão pouco, e nós não as percebemos ou não tomamos conhecimento delas. Agora, não há desculpas. Querem se divertir, extravasar tanta coisa reprimida dentro de vocês? Então, não deixem de assistir a esta experiência única, em termos de um TEATRO pensado e voltado para uma faixa etária, mas que contagia e arrebata crianças de 8 a 80 anos.



(Galeria particular: com Eber Inácio. 

Foto Gilberto Bartholo)

 

 

FOTOS OFICIAIS: 

DHUARTE FOTOGRAFIAS. 

  

 

E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

 

 













































 

 

 

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