segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

BALANÇO
TEATRAL – 2019


(APESAR DOS PESARES
- E FORAM MUITOS PERCALÇOS –,
UM ANO DE GRANDES 
REALIZAÇÕES TEATRAIS.)





               Por total cansaço, falta de tempo, preguiça e uma certa acomodação, confesso, descarada e despudoradamente, que farei esta retrospectiva, este balanço do que foi, para mim, o ano teatral de 2019, da forma mais resumida possível, mês a mês, copiando, praticamente, a introdução do texto que publiquei no ano passado.

          Antes, muito antes, mesmo, de os indefectíveis fogos de artifício, os quais eu detesto, anunciarem a entrada do ano de 2020, eu já me punha a pensar em como foi difícil, em termos de produções teatrais, o ano que se apressa em terminar. Como a ARTE e a CULTURA, definitiva e comprovadamente, não são áreas do interesse dos, ditos, governantes, e com a “guerra” declarada aos “artistas que gostam de mamar nas tetas do Governo, de se locupletarem com o dinheiro público, via Lei Rouanet” (SANTA IGNORÂNCIA!!!), os calotes, as empresas negando patrocínios e tantos outros reveses, tudo indicava que 2019 seria um ano de aridez total, para o TEATRO. Mas os que os seus inimigos ignoravam, e continuam ignorando, é que “Os DEUSES DO TEATRO não abandonam seus filhos e não perdoam aos seus inimigos”. E que esse “povo do TEATRO” é muito “macho”, atrevidounido (Poderia ser mais.) E foi assim, com as pessoas colocando dinheiro do próprio bolso, assumindo dívidas, os colegas se dando as mãos, muitos trabalhando de graça ou por uma remuneração baixa, praticamente, simbólica, que tivemos um bom ano teatral, superando as minhas pessimistas expectativas. E isso tudo, de bom, que aconteceu no ano que está terminando, só serve para que aplaudamos, DE PÉ, cada vez mais, a garra, o talento e a perseverança do artista brasileiro; no caso específico, aqui, refiro-me aos meus queridos amigos, que formam o “povo do TEATRO”, tribo da qual, orgulhosamente, faço parte e de cujo clube tenho carteirinha.
             Para quem está acostumado a assistir a mais de 300 espetáculos por ano (Já cheguei a atingir a marca de mais de 350), dois ou três no mesmo dia, às vezes, este 2019 foi parecido, para mim, embora tenha sido obrigado a ficar, por cerca de 20 dias, de repouso, em abstinência teatral (Momento descontração!), por conta de uma cirurgia na coluna vertebral. Tão logo, porém, convenci o médico a me dar alta e me liberar para sair de casa, e dirigir, depois de um breve período utilizando aplicativos, lá estava eu, nas primeiras filas, sentindo fortes dores, à base de analgésicos, e fazendo uso de um andador e, posteriormente, de duas muletas, para me locomover. Fui 314 vezes ao Teatro, revi algumas peças, duas, três ou mais vezes, num total de 290 diferentes, incluindo as infantojuvenis. Foi um ano de muitos solos, 50, ao todo, o último ontem (22 de dezembro), a maioria de boa ou excelente qualidade, felizmente.
          O segundo semestre foi muito melhor que o primeiro, qualitativamente falando. Como jurado de dois prêmios, no primeiro, senti um pouco de dificuldade, para fazer até três indicações, em cada categoria, seguindo os regulamentos. Foi um sofrimento, confesso. Em compensação, no segundo, o sofrimento foi maior, porém pelo oposto. Para apontar até três indicados, sofri muito, tendo de escolher, às vezes, entre até seis ou sete fortes candidatos, em várias categorias. Faz parte... O coração aperta, mas...
JANEIRO: Este foi um mês que tinha tudo para ser “fraco”, e o foi, de certa forma, porque estávamos iniciando uma era de incertezas, de incógnitas, por conta de uma eleição presidencial equivocada, esdrúxula, com um Presidente da República idem, de poucas letras, inimigo público nº 1 das ARTES e da CULTURA, e poucas novas boas produções surgiram. Ao contrário do ano anterior, quase não tivemos reestreias, mas houve, sim, bons e ótimos espetáculos. Foram 24 peças diferentes as que eu vi.


Destaques: “ESPELHOS” (Monólogo), “O CEGO E O LOUCO”, “A GIGANTEIA” (Infantojuvenil), “70?! – DÉCADA DO DIVINO MARAVILHOSO – DOC.MUSICAL” (Reestreia; vi pela quinta vez,), “AS CRIANÇAS”, “O LADO B”, “MALDITOS” (Dança.), “A IRA DE NARCISO” (Monólogo.), “TSUNANY” (Monólogo.), “TEBAS LAND” (Reestreia; vi pela quinta vez.), “A PONTE GOLDEN GATE” (Reestreia.), “40 ANOS ESTA NOITE” e “SEGREDO DE JUSTIÇA”Houve 2 decepções (PÉSSIMAS).
Melhores espetáculos: “O CEGO E O LOUCO”, “70?! – DÉCADA DO DIVINO MARAVILHOSO – DOC.MUSICAL”, “AS CRIANÇAS”, “A IRA DE NARCISO”, “TEBAS LAND” e “40 ANOS ESTA NOITE”
GRANDES DESTAQUES: “AS CRIANÇAS”, “TEBAS LAND” e “A IRA DE NARCISO”.
Observação: Houve a festa do “Prêmio CESGRANRIO de TEATRO”, como sempre, um grande acontecimento, muito esperado pela classe teatral.

FEVEREIRO: Sempre é uma época “ruim”, para o TEATRO, por causa do carnaval, caia ele nesse mês ou no início de março, como ocorreu este ano. Não foi diferente dos outros. Assisti a 22 peças. Até que não foi tão ruim; poderia ter sido pior.


Destaques: “AS CRIANÇAS” (Revi.), “PERFUME DE MULHER”, “A PRÓXIMA ESTAÇÃO – UM ESPETÁCULO PARA LER” (Monólogo.), “PANGEIA” (Infantojuvenil.), “ESPERANÇA NA REVOLTA”, “TEBAS LAND” (Vi pela sexta vez.) e “SUSTO”. Nesse mês, as decepções (PÉSSIMAS) foram em maior número: 5
Melhores espetáculos: “AS CRIANÇAS”, “A PRÓXIMA ESTAÇÃO – UM ESPETÁCULO PARA LER”, “ESPERANÇA NA REVOLTA”, “TEBAS LAND” e “SUSTO”.
GRANDES DESTAQUES: “AS CRIANÇAS”, “TEBAS LAND” e “SUSTO”.
Observação: Nesse mês, pela primeira vez, o “PRÊMIO BOTEQUIM CULTURAL”, de cujo júri faço parte, teve uma festa de entrega dos troféus aos vencedores, que foi um enorme sucesso e se repetirá, no próximo ano.

MARÇO: Mês do carnaval. Precisa dizer mais alguma coisa? A programação de TEATRO só foi iniciada no dia 8. Assisti a 16 peças.


Destaques: “COMO SE UM TREM PASSASSE”, “AUTO EUS” (Monólogo.), “O SOM E A SÍLABA”, “O PREÇO”, “COLE PORTER – ELE NUNCA DISSE QUE ME AMAVA”, “MEU SERIDÓ” (Assisti em Natal, Rio Grande do Norte, a convite do SESC, na abertura do “Projeto Palco Giratório”.) e “AO SOM DE RAUL SEIXAS – MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE”. De negativo, mesmo, apenas 1 PÉSSIMA.
Melhores espetáculos: “COMO SE UM TREM PASSASSE”, “O SOM E A SÍLABA”, “COLE PORTER – ELE NUNCA DISSE QUE ME AMAVA”, “MEU SERIDÓ” e “AO SOM DE RAUL SEIXAS – MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE”.
GRANDES DESTAQUES: “O SOM E A SÍLABA”, “COLE PORTER – ELE NUNCA DISSE QUE ME AMAVA”, “MEU SERIDÓ e "AO SOM DE RAUL SEIXAS – MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE".
Observação: Pela primeira vez, fui convidado para a festa de dois grandes prêmios de TEATRO: o “Prêmio do HUMOR”, organizado por Fábio Porchat, e o “Prêmio CEBETIJ de TEATRO para Crianças”, voltado para o Teatro Infantojuvenil. Foram duas ótimas confraternizações, para as quais espero ser sempre convidado, pelo prazer e a alegria que me proporcionaram.

ABRIL: Em abril, fiz uma viagem a São Paulo, para assistir a alguns espetáculos de lá, que não são trazidos para o Rio, a grande maioria, principalmente os musicais; 7, em 4 dias. Durante todo o mês, vi 26 espetáculos diferentes. Foi um dos melhores meses do ano.


Destaques: “COLE PORTER – ELE NUNCA DISSE QUE ME AMAVA” (Revi. Pena que não pude assistir a ele mais outras vezes.), "AO SOM DE RAUL SEIXAS - MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE" (Revi.), “O SOM E A SÍLABA” (Revi.), “TUDO AO CONTRÁRIO” (Espetáculo idealizado e organizado pelo CEFTEM, com o objetivo de arrecadar fundos para o “Projeto Sociedade Viva Cazuza” ), “O BOSQUE SOTURNO”, “O JARDIM DAS CEREJEIRAS” (Vi em São Paulo.), “TATÁ, O TRAVESSEIRO” (Encantador espetáculo infantojuvenil, que vi em São Paulo e que será encenado, em 2020, no Rio de Janeiro.), “SUNSET BOULEVARD” (Assisti em São Paulo.), “CARMEN – A GRANDE PEQUENA NOTÁVEL” (Espetáculo “infantojuvenil”, para toda a família, que também vi em São Paulo.), “O MISTÉRIO DE IRMA VAPP” (Outro da leva de São Paulo. Estreou lá e, depois, veio para o Rio.), “BILLY ELLIOT – O MUSICAL” (Uma das grandes paixões da minha vida. Assisti, em São Paulo, duas vezes, no mesmo dia, em sessões diferentes, é óbvio!), “A IRA DE NARCISO” (Revi.), “NAVALHA NA CARNE”, “O RECITAL DA ONÇA” e “ABUJAMRA PRESENTE”. Um mês muito profícuo, principalmente graças aos espetáculos a que assisti em São Paulo e às repetições de outros, no Rio, que me encantaram ao extremo. Infelizmente, registrei 2 PÉSSIMAS.
Melhores espetáculos: “COLE PORTER – ELE NUNCA DISSE QUE ME AMAVA”, "AO SOM DE RAUL SEIXAS - MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE", “O SOM E A SÍLABA”, “TATÁ, O TRAVESSEIRO”, “SUNSET BOULEVARD”, “CARMEN – A GRANDE PEQUENA NOTÁVEL”, “O MISTÉRIO DE IRMA VAPP”, “BILLY ELLIOT – O MUSICAL” e “A IRA DE NARCISO”.
            GRANDES DESTAQUES: “COLE PORTER – ELE NUNCA DISSE QUE ME AMAVA”, "AO SOM DE RAUL SEIXAS - MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE”, “O SOM E A SÍLABA”, “TATÁ, O TRAVESSEIRO”, “SUNSET BOULEVARD”, “CARMEN – A GRANDE PEQUENA NOTÁVEL”, “O MISTÉRIO DE IRMA VAPP”, “BILLY ELLIOT – O MUSICAL” e “A IRA DE NARCISO”.

MAIO: Um bom mês teatral, “pero no mucho”. Assisti a 26 espetáculos.



Destaques: “CÁLCULO ILÓGICO” (Monólogo.), “OS DESAJUSTADOS”, “ÍCARO AND THE BLACK STARS” (Reestreia.), “AS COMADRES”, “HAMLET CANDIDATO”, “VERMELHA” (Monólogo), “ARRAIAL DAS LOBAS”, “POUT-POURRI DE MUSICAIS”(*)“MILAGRE NA CELA”, “SUSTO” (Revi.), "AO SOM DE RAUL SEIXAS – MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE” (Vi pela terceira vez.); “SAUDADE DE MIM" (Dança.). Aqui, já começava a ser sentida, com maior peso, a perseguição ao “povo do TEATRO” e tomava mais corpo a dificuldade para se erguer um espetáculo teatral. Felizmente, somente 1 PÉSSIMA.
Melhores Espetáculos: “CÁLCULO ILÓGICO”, “ÍCARO AND THE BLACK STARS”, “AS COMADRES”, “SUSTO” e “AO SOM DE RAUL SEIXAS – MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE”.
GRANDES DESTAQUES: CÁLCULO ILÓGICO”, “AS COMADRES”, SUSTO” e “AO SOM DE RAUL SEIXAS – MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE”.
Observação: (*)O “POUT-POURRI DE MUSICAIS” foi um espetáculo que reuniu cenas de 20 dos melhores musicais já encenados no Brasil, nos últimos anos, na inauguração do Teatro Prudential, antigo Teatro Adolpho Bloch.

JUNHO: Mês de encerramento do primeiro semestre e esperança de que o segundo fosse melhor. O número de destaques não é proporcional ao de peças a que assisti: 30.



Destaques: “O HÉTERO” (Monólogo.), “MENINAS E MENINOS” (Monólogo), “DISTORÇÕES”, “TSUNANY” (Monólogo.), “PAULO FREIRE – O ANDARILHO DA UTOPIA” (Monólogo.), “EU, MOBY DICK”, “TODAS AS COISAS MARAVILHOSAS” (Monólogo), “UM CONTO DE FADO PADRINHO” (Infantojuvenil.), “JOGO DE DAMAS”, “PETER PAN – O MUSICAL”, “O MISTÉRIO DE IRMA VAPP”, “O PRÍNCIPE POEIRA E A FLOR DA COR DO CORAÇÃO” (Infantojuvenil.) e “O PORTEIRO” (Monólogo.). Assisti a 32 peças. Muito, em quantidade, e nem tanto, em qualidade. 2 PÉSSIMAS e 3 batendo na trave, pedindo para entrar no time destas.
Melhores Espetáculos: “O HÉTERO”, “MENINAS E MENINOS”, “EU, MOBY DICK”, “TODAS AS COISAS MARAVILHOSAS”, “PETER PAN – O MUSICAL”, “O MISTÉRIO DE IRMA VAPP”, “O PRÍNCIPE POEIRA E A FLOR DA COR DO CORAÇÃO” e “O PORTEIRO”.
            GRANDES DESTAQUES: “EU, MOBY DICK”, “MENINAS E MENINOS”, “TODAS AS COISAS MARAVILHOSAS”, “PETER PAN – O MUSICAL, “O MISTÉRIO DE IRMA VAPP” e “O PRÍNCIPE POEIRA E A FLOR DO CORAÇÃO”.

JULHO: Iniciou-se o segundo semestre e, com ele, veio a esperança de que fosse melhor que o primeiro. E haja reza aos DEUSES DO TEATRO!!! E eles nos atenderam!!! Realmente o foi, para a surpresa de todos; minha, certamente. Vi 25 espetáculos.



Destaques: “ESTADO DE SÍTIO” (Assisti duas vezes, no mesmo mês.), “EU, MOBY DICK” (Revi.), “ANGELS IN AMERICA: O MILÊNIO SE APROXIMA e PERESTROIKA” (Assisti duas vezes, no mesmo mês.) “A MENINA DO KUNG FU”, “EU SEMPRE SOUBE”, “A PONTE”, “O INOPORTUNO”, “AMAR É O CRIME PERFEITO”, “A INVENÇÃO DO NORDESTE” (Já havia visto, em março, em Natal.), “MULHERES DE SHAKESPEARE” e “O PRÍNCIPE POEIRA E A FLOR DA COR DO CORAÇÃO” (Infantojuvenil. Revi.). Não houve nenhuma PÉSSIMA, porém 6 chegaram bem pertinho disso. O último espetáculo a que assisti, no mês, foi no dia 29, uma vez que, na manhã seguinte, estaria sendo submetido a uma complicada cirurgia de coluna vertebral.
Melhores Espetáculos: “ESTADO DE SÍTIO”, “EU, MOBY DICK”, “ANGELS IN AMERICA: O MILÊNIO SE APROXIMA e PERESTROIKA”, “EU SEMPRE SOUBE”, “O INOPORTUNO”, “A INVENÇÃO DO NORDESTE” e “O PRÍNCIPE POEIRA E A FLOR DA COR DO CORAÇÃO”.
GRANDES DESTAQUES: “ESTADO DE SÍTIO”, “EU, MOBY DICK”, “ANGELS IN AMERICA: O MILÊNIO SE APROXIMA e PERESTROIKA”, “O INOPORTUNO”, “A INVENÇÃO DO NORDESTE” e “O PRÍNCIPE POEIRA E A FLOR DA COR DO CORAÇÃO”.

AGOSTO: Em função da citada cirurgia, só fui liberado, para sair de casa (E não poderia ser para ir a outro lugar: Teatro.) no dia 18. Sendo assim, com bastante dificuldade, consegui assistir a apenas 10 peças.


Destaques: “MÃE FORA DA CAIXA” (Monólogo.), “SANGUE”, “EU, MÃE” (Monólogo.), “70?! DÉCADA DO DIVINO MARAVILHOSO – DOC.MUSICAL” (Vi mais uma vez.), “OBORÓ” e “NA CASA DO RIO VERMELHO – O AMOR DE ZÉLIA E JORGE”2 foram PÉSSIMAS, ao extremo.
Melhores Espetáculos: “SANGUE”, “70?! DÉCADA DO DIVINO MARAVILHOSO – DOC.MUSICAL” e “NA CASA DO RIO VERMELHO – O AMOR DE ZÉLIA E JORGE”.
GRANDE DESTAQUE: “SANGUE”. 

SETEMBRO: Como faço aniversário nesse mês, ganhei um ótimo presente: muitas peças boas. Assisti a 27 espetáculos.


Destaques: “DIÁRIO DO FAROL – UMA PEÇA SOBRE A MALDADE” (Monólogo.), “PIQUENIQUE” (Infantojuvenil.), “CAZUZA - PRO DIA NASCER FELIZ - O MUSICAL” (Reestreia.), “A COR PÚRPURA - O MUSICAL”, “COMPANY”, "FIM DE CASO”, “MONSTROS”, “O ANJO DO APOCALIPSE”, “O DIABO EM MRS. DAVIS” (Monólogo.), “OMBELA – A ORIGEM DAS CHUVAS” (Infantojuvenil.), “A MENTIRA” e “GRANDE SERTÃO: VEREDAS” (Reestreia.). 1 PÉSSIMASaldo positivíssimo.
Melhores espetáculos: “DIÁRIO DO FAROL – UMA PEÇA SOBRE A MALDADE”, “PIQUENIQUE”, “A COR PÚRPURA - O MUSICAL”, “COMPANY”, “FIM DE CASO”, “MONSTROS”, “OMBELA – A ORIGEM DAS CHUVAS, A MENTIRA" e “GRANDE SERTÃO: VEREDAS”.
GRANDES DESTAQUES: “DIÁRIO DO FAROL – UMA PEÇA SOBRE A MALDADE”, “A COR PÚRPURA – O MUSICAL”, “COMPANY”, “FIM DE CASO”, “MONSTROS” e “GRANDE SERTÃO: VEREDAS”.

OUTUBRO: Neste mês, fiz uma segunda viagem a São Paulo, para conferir a programação local, e assisti, novamente, a 7 peças em 4 dias. No total, do mês, foram 34.



Destaques: “HOMEM FEITO”, “DA VINCI”, “MOJO MICKYBO”, “3 MANEIRA DE TOCAR NO ASSUNTO”, “SANGUE”, “FOLHAS DE VIDRO”, “FREUD & MAHLER”, “FIM DE CASO”, “ALADIM”, “VAN GOGH POR GAUGUIN”, “IAGO”, “SYLVIA”, “O SUBNORMAL”, “NA CASA DO RIO VERMELHO – O AMOR DE ZÉLIA E JORGE” (Revi.), “RAUZITO BELEZA – RAUL SEIXAS PARA CRIANÇAS”, “O RINOCERONTE”, “O FANTASMA DA ÓPERA”, “MADAGASCAR – UMA AVENTURA MUSICAL”, “COMO TER UMA VIDA QUASE NORMAL”, AMIGAS, PERO NO MUCHO”, “ESCOLA DE ROCK – O MUSICAL” e “CHAVES – UM TRIBUTO MUSICAL”. Foi um excelente mês. 2 PÉSSIMAS. O melhor saldo do ano.
Melhores Espetáculos: “DA VINCI”, “MOJO MICKYBO”, “3 MANEIRA DE TOCAR NO ASSUNTO”, “SANGUE”, “FIM DE CASO”, “IAGO”, “NA CASA DO RIO VERMELHO – O AMOR DE ZÉLIA E JORGE”, “O FANTASMA DA ÓPERA”, “MADAGASCAR – UMA AVENTURA MUSICAL”, “ESCOLA DE ROCK – O MUSICAL” e “CHAVES – UM TRIBUTO MUSICAL”.
GRANDES DESTAQUES: “DA VINCI”, “3 MANEIRAS DE TOCAR NO ASSUNTO”, “SANGUE”, “FIM DE CASO”, “IAGO”, “O FANTASMA DA ÓPERA”, “MADAGASCAR – UMA AVENTURA EM MUSICAL”, “ESCOLA DE ROCK – O MUSICAL” e “CHAVEZ – UM TRIBUTO EM MUSICAL”.  

NOVEMBRO:  Assisti a 28 espetáculos.
Destaques: “O DESPERTAR DA PRIMAVERA” (Vi duas vezes, no mesmo mês.), “A COR PÚRPURA – O MUSICAL” (Revi.), “NASTÁCIA”, “OS IMPOSTORES” (Vi duas vezes, no mesmo mês.); “VAMOS COMPRAR UM POETA”, “A MANDRÁGORA”, “TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA”, “RELÂMPAGO CIFRADO”, “LEMBRO TODO DIA DE VOCÊ”, “MARATONA DE NOVA YORK”, “CONSERTO PARA DOIS” e “AQUILO QUE ACONTECE ENTRE NASCER E MORRER”. Foram 4 PÉSSIMAS.




Melhores Espetáculos: “O DESPERTAR DA PRIMAVERA”, “A COR PÚRPURA – O MUSICAL”, “NASTÁCIA”, “OS IMPOSTORES”, “VAMOS COMPRAR UM POETA”, “TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA”, “RELÂMPAGO CIFRADO” e “LEMBRO TODO DIA DE VOCÊ”.
GRANDES DESTAQUES: “O DESPERTAR DA PRIMAVERA”, “A COR PÚRPURA – O MUSICAL”, “NASTÁCIA”, “OS IMPOSTORES”, “VAMOS COMPRAR UM POETA”, “TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA”, “RELÂMPAGO CIFRADO” e “LEMBRO TODO DIA DE VOCÊ”.

DEZEMBRO: E o ano teatral estava chegando ao fim. Em dezembro, por conta de toda a movimentação das festas de final de ano, as quais envolvem as pessoas em outros interesses, o TEATRO sofre bastante. De qualquer forma, mesmo com as casas vazias, a grande maioria, não foi um mês tão ruim. Assisti a 19 espetáculos, porquanto todas as peças encerraram suas temporadas, no máximo, no dia 22.




Destaques: “SUELEN NARA IAN” (Infantojuvenil.), “CABARET AUTOFÁGICO” (Vi duas vezes, no mesmo mês.), “O DESPERTAR DA PRIMAVERA” (Vi pela quarta vez, duas no mesmo mês.), “DIÁRIO DO FAROL – UMA PEÇA SOBRE A MALDADE” (Revi.), “O CRAVO E A ROSA” (Montagem do CEFTEM.), “MEU SERIDÓ” (Revi, duas vezes, no mesmo mês.), “TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA” (Revi.), “HABITE-ME” (Monólogo.) e “A LISTA” (Monólogo.). Houve apenas 1 PÉSSIMA.
Melhores espetáculos: “SUELEN NARA IAN”, “O DESPERTAR DA PRIMAVERA”, “DIÁRIO DO FAROL – UMA PEÇA SOBRE A MALDADE”, “MEU SERIDÓ”, “TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA” e “A LISTA”.
GRANDES DESTAQUES: “SUELEN NARA IAN”, “O DESPERTAR DA PRIMAVERA”, “DIÁRIO DO FAROL – UMA PEÇA SOBRE A MALDADE”, “MEU SERIDÓ”, “TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA” e “A LISTA”.

RESUMO (Considerando apenas os espetáculos vistos no Rio de Janeiro):
            Na categoria INFANTOJUVENIL, os melhores espetáculos do ano foram “O PRÍNCIPE POEIRA E A FLOR DA COR DO CORAÇÃO”, “DA VINCI”, “VAMOS COMPRAR UM POETA” e “SUELEN NARA IAN”.
            No campo dos MUSICAIS, os melhores espetáculos do ano foram “COLE PORTER – ELE NUNCA DISSE QUE ME AMAVA”, “AO SOM DE RAUL SEIXAS – MERLIN E ARTHUR – UM SONHO DE LIBERDADE”, “PETER PAN – O MUSICAL”, “A COR PÚRPURA, O MUSICAL”, “COMPANY”, “MONSTROS”, “O DESPERTAR DA PRIMAVERA” e “LEMBRO TODO DIA DE VOCÊ”.
Quero valorizar, neste balanço, a COMÉDIA, gênero que, por total ignorância de muitos, é considerado “menor”, embora jamais o tenha sido, dizendo que as melhores comédias do ano foram “SUSTO”, “MEU SERIDÓ” (Ainda que, no “release”, apareça como “drama”.), “A INVENÇÃO DO NORDESTE”, “O MISTÉRIO DE IRMA VAPP”, “A MENTIRA” e “TEATRO PARA QUEM NÃO GOSTA” .
Os melhores DRAMAS foram “AS CRIANÇAS”, “TEBAS LAND”, “O SOM E A SÍLABA”, “EU, MOBY DICK”, “ESTADO DE SÍTIO”, “ANGELS IN AMERICA: O MILÊNIO SE APROXIMA E PERESTROIKA”, “SANGUE”, “FIM DE CASO”, “GRANDE SERTÃO: VEREDAS”, “NASTÁCIA”, “OS IMPOSTORES” e “RELÂMPAGO CIFRADO". 
Os melhores MONÓLOGOS foram “A IRA DE NARCISO”, “CÁLCULO ILÓGICO”, “MENINAS E MENINOS”, “TODAS AS COISAS MARAVILHOSAS”, “DIÁRIO DO FAROL – UMA PEÇA SOBRE A MALDADE”, “3 MANEIRAS DE TOCAR NO ASSUNTO”, “IAGO” e “A LISTA”. 
Grande REVELAÇÃO do ano: PEDRO DI CARVALHO, por sua interpretação em “SANGUE”.

         Escrevi cerca de 100 críticas, em 2019. Gostaria de ter escrito mais, pois várias peças o mereciam, mas não tive tempo para todas. No próximo ano, a minha meta é, por conta de questões pessoais, diminuir minhas idas ao Teatro, infelizmente, procurando manter uma média de quatro espetáculos por semana, e penso em escrever apenas uma crítica semanal. É claro que haverá semanas atípicas, porém preciso de tempo para mim e para concretizar projetos abandonados e/ou parados.
  
A todos, desejo o que quero de melhor para mim mesmo e para a minha família, e que estejamos juntos, em 2020, lotando as salas de espetáculo e lutando, para que o TEATRO continue ocupando o lugar de destaque, que merece e que lhe é de direito, no panorama cultural brasileiroQueiram “ELES” ou não!!!


E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!










































quarta-feira, 18 de dezembro de 2019


MEU
SERIDÓ

(O SERIDÓ É NOSSO.
ou
SOMOS TODOS SERIDÓ!!!)








            Em abril deste ano (2019), mais uma vez, fui convidado, pelo SESC, para participar dos eventos de abertura do Projeto Palco Giratório, o que acontece, a cada ano, numa capital diferente. Neste, foi em Natal, Rio Grande do Norte. Quem estiver interessado em detalhes, acesse o seguinte “link”, que contém um artigo que escrevi sobre o Projeto, à época, no meu blogue: http://oteatromerepresenta.blogspot.com/2019/04/projeto-palco-giratorio-2019-sesc.html.




              Uma das atrações, talvez a mais aguardada de todas, é, no último dia do evento, a apresentação de um espetáculo teatral, escolhido dentre os que foram selecionados para “girar”, pelo Brasil, graças ao Projeto. A peça com que nos brindaram, fechando, com chave de ouro, a festa de encerramento, foi “MEU SERIDÓ”, uma produção da CIA. CASA DE ZOÉ, sediada na cidadã anfitriã. O espetáculo fez, em agosto, dos dias 8 a 11, no seu “giro”, apenas quatro apresentações no Rio de Janeiro, em unidades diferentes do SESC (SESC Ginástico, SESC São João de Meriti, SESC Tijuca e SESC Nova Iguaçu, respectivamente), e, infelizmente, embora muito desejasse, não consegui disponibilidade, na agenda, para revê-lo. Torci muito para que conseguissem fazer uma temporada por estas bandas, até que, para a minha surpresa e imensa alegria, recebi convite para uma curtíssima temporada de “MEU SERIDÓ”, no Teatro de Arena da Caixa Cultural. Não pude deixar de ir no dia da estreia (VER SERVIÇO.), mesmo sob forte temporal, que não me impediu de matar meu incomensurável desejo. E voltei três dias depois, num domingo.




Trata-se de um espetáculo de refinadíssima qualidade e bom gosto, uma montagem muito bem cuidada, que vem arrancando, como naquela noite, em Natal, muitos aplausos, em todas as praças que tem percorrido. E não poderia ser diferente, no Rio. Um grande sucesso, de público e de crítica.




No artigo acima referido, prometi que, quando, e se, a peça viesse para o Rio, eu escreveria a crítica que ela merecia, o que faço agora, ainda que de forma um tanto superficial, em função dos atropelos de final de ano, quando o tempo cronológico parece aumentar sua velocidade e o psicológico nos atormenta, uma vez que não conseguimos dar conta de tudo o que temos para fazer. Creio, porém, que vou conseguir condensar, em palavras, o que esse espetáculo desperta em mim e me provoca a vontade de revê-lo todos os dias.







SINOPSE:
Você conhece o Seridó?

Fica no sertão do Rio Grande do Norte, e um espetáculo teatral resolveu trazê-lo até as pessoas, pelos palcos da vida.

"MEU SERIDÓ" proporciona um passeio imaginário e delirante por esse lugar arcaico e mítico.

Um território nostálgico, de arengas e amores.

Em apenas 65 minutos, dez mil anos passarão diante de seus olhos.

Universal, ao falar da própria aldeia, "MEU SERIDÓ" versa, acima de tudo, sobre o mais atual (e eterno) dos temas.

Trata da relação do Homem com a Terra – que, nos últimos tempos, infelizmente, vive um grave impasse.

Tudo, é claro, com muito humor, música e boas doses de reflexão.

A peça apresenta um olhar poético e divertido sobre a origem e os costumes da região do SERIDÓ, terra natal da atriz TITINA MEDEIROS, idealizadora da montagem.





CASA DE ZOÉ é uma produtora, idealizada pela atriz TITINA MEDEIROS, em NatalRio Grande do Norte, com o intuito de promover encontros artísticos e suas derivações criativas. Tendo como seu primeiro grande projeto o espetáculo “MEU SERIDÓ”, essa realizadora de arte e cultura tem sua ênfase voltada para o TEATRO, mas já vem despontando com projetos em diversas outras áreas de expressão artístico-cultural.




            O espetáculo é fabuloso, porque, de forma lúdica, porém provocando muitas reflexões a respeito do nosso passado histórico, refletido e projetado no presente que, infelizmente, ainda vivemos, diverte e nos proporciona o prazer de ver um trabalho de interpretação tão correto, feito por um quinteto de admiráveis atores / músicos – TITINA MEDEIROS, NARA KELLY, CAIO PADILHA, MANU AZEVEDO (substituta eventual), MARCÍLIO AMORIM e IGOR FORTUNADO -, sob uma criativa e enriquecedora direção, de CÉSAR FERRARIO, para um rico e bem escrito texto, de FILIPE MIGUEZ, que partiu de uma profunda e profícua pesquisa, de LEUSA ARAÚJO.


            É bem possível que aqueles que não assistirem a “MEU SERIDÓ” continuarão com uma imagem embaçada, distorcida, falsa e incompleta do nosso passado histórico, da formação da nossa cultura e de nossa gente, tudo muito parecido, guardadas as devidas proporções, em todo o território nacional, aqui representado por um pedaço de Brasil, situado no sertão da região nordeste brasileiro, abrangendo dois estados, Rio Grande do Norte e Paraíba, uma localização interestadual, portanto, oriunda da antiga região da Ribeira do Seridó, abrangendo vários municípios daqueles dois estados.



           
            “Há divergências quanto à origem do topônimo ‘Seridó’. Segundo o folclorista e historiador Luís da Câmara Cascudo, vem do linguajar dos tapuias, transcrito como ‘ceri-toh’, que quer dizer ‘pouca folhagem e pouca sombra’, em referência às características da região. No entanto, existe o fato de que os colonizadores eram cristãos-novos, descendentes de judeus, os termos "sarid" e "serid", seriam oriundos do hebraico, que significaria ‘sobrevivente’ ou ‘o que escapou’. Ou, ainda, ‘she'erit’, no sentido de ‘refúgio dEle’ ou ‘refúgio de Deus’”. (Wikipédia). Essa questão, inclusive, está inserida no texto da peça.  Qualquer hipótese etimológica do nome da região, dentre as três apresentadas, poderia ser aceita, entretanto, considerando as características climatológicas do lugar e um quase “oásis’, que ele representa, com relação à totalidade do nordeste brasileiro, embora também com temperaturas elevadas e sofrendo os impactos da seca, eu ficaria com as duas primeiras. Mas isso não vem tanto ao caso, com relação à peça; apenas como uma ilustração. Ou não?!


Sobre a montagem, extraído do “release”, enviado por CATHARINA ROCHA (MÁQUINA DE ESCREVER COMUNICAÇÃO), assessora de imprensa, “‘MEU SERIDÓ’ nasceu de um desejo da atriz TITINA MEDEIROS, de falar sobre o seu lugar de origem, a região do Seridó, no sertão do Rio Grande do Norte. Pensado, inicialmente, como um espetáculo solo, o projeto ganhou maiores proporções, com a chegada do dramaturgo FILIPE MIGUEZ e do diretor CÉSAR FERRARIO. Em cena, TITINA passou a ter a companhia dos atores NARA KELLY, IGOR FORTUNATO, CAIO PADILHA – assinando, também, a trilha sonora – e MARCÍLIO AMORIM. A pesquisadora LEUSA ARAÚJO conduziu a equipe, numa árdua pesquisa histórica, com imersões no próprio Seridó. Foram oito meses de montagem, com 25 profissionais envolvidos (...).”.




            Pegando carona nas palavras de TITINA, “O espetáculo conduz o público, em um passeio imaginário e delirante, por um lugar arcaico e mítico, no sertão potiguar, com um tom nostálgico de arengas e amores.”. Mas não é que é isso mesmo o que se vê em cena?! E muito mais! Parodiando Shakespeare, com o máximo atrevimento, posso afirmar que há mais coisas entre o céu e a terra do Seridó do que pode imaginar nosso vão conhecimento. E ficarão, mesmo, sem conhecer os que não assistirem à peça. E vale tanto a pena conhecer tudo sobre o Seridó!!!




“A nossa narrativa não tem um compromisso histórico. Ela tem seu início através de uma menção ao plano mítico do Seridó, onde o Sol e a Terra disputam o amor de Chuva.”, explica o diretor da peça, CÉSAR FERRARIO. A intenção de mostrar uma evolução, do ponto de vista histórico, da região, a constituição de seu povo e sua cultura, é de suma importância, no espetáculo, entretanto isso não é apresentado num formato didático, que, certamente, não agradaria tanto ao público. Há um toque de poesia e de misticismo, os quais dão o pontapé inicial para a narrativa, mais do que imprescindíveis e super enriquecedores, sem que nos esqueçamos do bom humor e da música, dois grandes atrativos da montagem. E a teatralidade, é óbvio!






“Para FERRARIO, essa é uma fábula muito coerente com as questões que atravessam toda a história de qualquer lugar sertanejo e seu imaginário. ‘A partir disso, ela transita pela história do Seridó em seus espelhamentos terrenos, desde a chegada do homem andino até a vinda do vaqueiro e do português. O entrelaçamento dessas raças perpassa as histórias que vão sendo contadas ao longo do espetáculo’”., completa.




Ignorante confesso, até ter conhecido a peça, das particularidades do Seridó, posso assegurar que a pesquisa, de LEUSA ARAÚJO foi bastante profunda e merece nossos aplausos, do mesmo modo como o texto, de FILIPE MIGUEZ, escrito com muito critério, esmero e cuidado formal, procurando deixar bem explícitos todos os fatos, mantendo um nível popular, no melhor sentido do adjetivo, de “ao alcance de todos”, sem erudição nem rebuscamentos.




A pesquisa “mergulhou à profundidade” de dez milênios, para encontrar provas dos primeiros seres humanos que habitaram a região. Felizmente, LEUSA não é “terraplanista” e aceitou as evidências científicas encontradas em seu árduo trabalho. (Momento descontração.) Há, no texto – não poderia deixar de fora o registro -, uma brincadeira, abordando a passagem, pela região, de um certo “homo seridoenses”, representado por um pequeno boneco. Depois, é a vez da chegada de um povo andino, de indígenas, do vaqueiro anônimo e dos portugueses, em dez mil anos. Quanto aos lusos, considerando-se a presença, até hoje, de costumes judaicos, ou a eles semelhantes, na cultura seridoense, não é possível determinar, parece-me, se, realmente, os d’além-mar que, primeiro, lá se estabeleceram foram os portugueses cristãos ou os judeus convertidos ao cristianismo. O fato é que, como em todo o território nacional, formou-se uma grande miscigenação.  




            Considero uma tarefa bastante difícil, para qualquer dramaturgo, reunir dados, coletados numa pesquisa científica, como foi o caso de FILIPE MIGUEZ, e transformá-los em histórias, em forma de dramaturgia, ou melhor, uma excelente dramaturgia, no que resultou “MEU SERIDÓ”, preservando, o autor, todas as informações e dando vida e ação a vários personagens, como JOSÉ DE AZEVEDO DANTAS, PAJÉ CUÓ, o português RODRIGO DE MEDEIROS, MARIA PARAIBANA, JOSEFA MENINA e tantos outros, vividos por apenas cinco atores, os quais seguem um texto escrito em versos, na sua maior parte, outro detalhe importante e difícil de ser atingido em bom nível, como ocorre aqui, alguns com rimas ricas ou, até, preciosas. A ideia de juntar, aos fatos históricos, o tom poético e mítico, que dá início à peça, com bastante ênfase, e reaparece, no seu final, de forma mais meteórica, parece-me um grande achado, assim como todas as metáforas que o texto encerra. Ele diz, com todas as letras, e, também, sugere, com todas as entrelinhas. A contenda entre o Sol e a Terra, na disputa pela Chuva, tão importante para o Chão, contando com um pouco de participação do Vento é um dos melhores momentos do espetáculo e serve para dar o seu tom e prender a atenção do espectador, até a última cena. Também encontramos, no texto, detalhes que podem sugerir relação com o atual momento político e sociocultural por que passa o Brasil. E como é fácil, para MIGUEZ, inserir o humor, no seu texto, com o objetivo de fazer críticas e dizer coisas sérias! Podemos afirmar, creio eu, que, para atingir a todos, FILIPE se utiliza de uma linguagem universal, muito expressiva pelo gestual, também, porém não abre mão – e, se o fizesse, o texto seria “falso” – de palavras e termos regionais, “certeiras”, no dizer de TITINA MEDEIROS, como  como “arenga, acauã, caatinga, chocalhos, juremas, ribeiras e curimatã, o peixe (...)”, além de abestado, apois, bolacha seca, carecer, caritó, eita, cabra da peste, mainha, oxente, vixe...


Filipe Miguez, o dramaturgo.




CÉSAR FERRARIO, a partir de um excelente texto, ergueu o espetáculo com uma proposta lúdica e dinâmica, dentro da seriedade que há, no fundo, na temática abordada. Apesar de, na ficha técnica, o gênero do espetáculo aparecer como “drama”, eu diria que se trata de uma comédia dramática; acho mais adequado, mais apropriado. Não que o objetivo primeiro da peça seja fazer rir,;longe disso -, entretanto FERRARIO encontrou ótimas soluções para as cenas, ou a maior parte delas, engraçadas, de modo a deixar a narrativa leve, solta, jocosa e, ao mesmo tempo, profunda, provocando reflexões, por trás dos risos. É certo que o material humano à sua disposição deve ter-lhe facilitado bastante o trabalho, entretanto, é incontestável a excelente qualidade de “maestro” do grupo, com marcações exatas, tirando, de cada ator, o tom na medida para cada personagem, valorizando todos os aspectos do texto já aqui citados (história, humor, poesia e misticismo). A direção nos surpreende, a cada cena, com uma novidade, cada uma mais interessante que a outra, em termos de criatividade.



César Ferrrio, o diretor.


            Sinto pena de quem não consegue ter acesso ao TEATRO, fixando-se na TV e, raramente, no cinema, e fica achando que sabe o que é ser um bom ator. Nada contra os dois últimos veículos de mídia - muito pelo contrário - nem estou querendo dizer que, neles, não haja bons e, até mesmo, ótimos profissionais da representação –, mas é porque, antes, sabem fazer bem TEATRO -, entretanto é indiscutível – e já perdi a conta de quantas vezes já disse isso – que é no TEATRO que se identifica quem tem, verdadeiramente, talento para a atuação. Porque é real, não dá para repetir, enganar; não há como regravar; é preciso ter “jogo de cintura”, para enfrentar o que não estava previsto nem ensaiado; saber improvisar, quando necessário. É preciso ter muita garra e determinação, além de um desapego ao “glamour”. Também tenho piedade dos que acham que só no eixo Rio/São Paulo se faz TEATRO de excelente qualidadeO elenco de “MEU SERIDÓ” é constituído por atores de TEATRO, da melhor estirpe, sem exceções: TITINA MEDEIROS, NARA KELLY, CAIO PADILHA, MANU AZEVEDO ("stand-in"), MARCÍLIO AMORIM e IGOR FORTUNATO. Há um perfeito nivelamento de talento entre o quinteto, um entrosamento total, e cada um, a seu modo e à sua hora, destaca-se dos demais, formando o todo, um dos elencos mais coesos que já vi atuando. Não farei nenhum destaque, pois não teria como proceder a isso. Além de grandes atores, ainda se defendem, bem, cantando e tocando instrumentos musicais. Na primeira vez em que assisti à peça, no Rio, TITINA MEDEIROS foi muito bem substituída por MANU AZEVEDO.








Como é talentoso JOÃO MARCELINO, responsável pela plasticidade do espetáculo, como artista criador do que, na ficha técnica, é identificado como direção de arte, abrangendo cenografia, figurinos e iluminação (Apenas a que faz parte do cenário.)! São três trabalhos bem distintos, via de regra, executados por profissionais diferentes, cada um na sua área, mas, indubitavelmente, são três elementos que dialogam entre si, e nem poderia ser de outra forma. Como, no caso, cenografia e figurinos foram idealizados por um só grande artista de criação, tudo é ótimo e não há como se atribuir um destaque maior a um deles. Temos, sim, que reservar, a MARCELINO, um aplauso múltiplo. 




A cenografia pode ser considerada simples, sem muitos elementos fixos, no espaço cênico, entretanto o que há de adereços – aí já entra, também, a mão do figurinista – é de uma riqueza a toda prova. Cada objeto acrescentado a uma cena traz consigo uma carga significativa incrível. As molduras, que ficam ao fundo, fixas, nas quais os personagens se enquadram, são um elemento muito importante no conjunto da obra. Lembram aqueles retratos na parede, dos velhos patriarcas das famílias, mormente do interior. As gerações perpetuadas.




Um elemento de cena, que eu não saberia descrever, precisamente, uma grande “engenhoca amorfa”, também é bastante bem explorado, em várias cenas, desdobrando-se em muitas utilidades, assumindo diversas posições em cena, reservando-nos ótimas surpresas.




Os figurinos, os quais vão sendo montados sobre uma base, de acordo com cada um dos vários personagens, com o acréscimo de outras peças e de muitos adereços, são alegres, coloridos, criativos e lúdicos, além de apresentarem detalhes que provocam risos, por sua exuberância e “ousadia”.





A iluminação, propriamente dita, o  desenho de luz, da lavra de RONALDO COSTA,  independentemente das variações de intensidade e de cores, de acordo com cada cena, traz um detalhe muito interessante, representado por muitas gambiarras, que fazem parte do cenário, como já foi dito, idealizadas por JOÃO MARCELINO, cruzando o alto do espaço cênico, com pequenas lâmpadas coloridas, as quais ficam acesas a maior parte do tempo, lembrando as festas da roça, dos quintais do interior, ou quermesses de igrejas interioranas. Muito bonito e ótima ideia! Afora isso, é muito variada a paleta de cores empregada, criando imagens de raro encanto e beleza, servindo para realçar detalhes de cada cena.




E o que dizer da corretíssima direção musical, assinada por CAIO PADILHA, com trilha sonora original, com raríssimas adaptações, executada ao vivo, apoiada em vários ritmos sertanejos, como o xote, o baião, o forró pé de serra, a ciranda, havendo espaço, também, para um “vira” ou “fado português”? Nada, além de excelente! Melodias que ficam retidas nos nossos ouvidos e letras muito bem construídas; as sérias e as cômicas. CAIO também vive, paralelamente, da música, tendo iniciado sua vida artística como compositor, participando de festivais de música, além de ministrar aulas de rabeca, um dos instrumentos que toca na peça. Ele também já se apresentou, diversas vezes, no exterior e tem discos gravados.





Há certos detalhes, nesta montagem, que ficam marcados, para os espectadores, por seu nível de criatividade, beleza e poesia, como, por exemplo, o fato de os atores entrarem em cena e permanecerem completamente mudos e estáticos, por um longo tempo, dois de um lado e três do outro, olhares fixos, um no olho do outro, como se ignorassem o público. Soa como uma provocação, que, na verdade, incomoda um pouco, mas se trata de uma excelente estratégia da direção, para captar a atenção do público, podendo, também, como decodifiquei, significar o silêncio do sertão, quebrado, vez ou outra, pelo som emitido por um animal ou, talvez, pelo sino que os bois carregam ao pescoço.




Nem tanto original, mas muito significativo é o fato de um dos atores, logo na abertura do espetáculo, quando começa a descrever o Seridó, num belo e simples ritual, despejar, sobre o círculo de linóleo, que cobre o piso do Teatro, um punhadinho de terra, que diz ser ter vindo do Seridó. Ele, representando todos os colegas de cena, leva, literalmente, o Seridó a qualquer parte em que a peça esteja sendo encenada.




            O emprego do recurso de utilizar a linguagem de radionovela também é muito bem inserido, no espetáculo, e excepcionalmente executado, com alguns atores dando, ao fundo, as falas dos personagens, os quais, representados por outros atores, só fazem mímica, à frente. A trama envolve JOSEFA ARAÚJO PEREIRA, filha do fundador, e CAETANO DANTAS CORREIA. Aqui, entra a provocativa questão do papel da mulher dentro da sociedade seridoense, representando, na verdade, um microcosmo de um Brasil da época. (Eu disse “da época”?). 







FICHA TÉCNICA:

Dramaturgia: Filipe Miguez
Pesquisadora: Leusa Araújo
Direção: César Ferrario

Elenco: Titina Medeiros, Nara Kelly, Caio Padilha, Manu Azevedo ("stand-in"), Marcílio Amorim e Igor Fortunato.

Direção de Arte (Cenografia, Figurino e Iluminação) João Marcelino
Direção Musical: Caio Padilha
“Design” de Luz: Ronaldo Costa
Equipe de Cenotécnica e Montagem: Janielson Silva e Sandro Paixão
“Designer Gráfico: Filipe Marcus
Fotografia e Vídeos: Kennel Rógis e Bruno Martins
Mídias Sociais: Nathalia Santana
Produção Executiva: Arlindo Bezerra
Assistência de Produção: Talita Yohana
Produção Rio de Janeiro: Carin Louro
Operação de Luz: Janielson Silva
Operação de Som: Sandro Paixão
Assessoria de Imprensa: Catharina Rocha – Máquina de Escrever Comunicação












SERVIÇO:

Temporada: De 12 a 22 de dezembro de 2019.
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Teatro de Arena.
Endereço: Avenida Almirante Barroso, 25, Centro – Rio de janeiro (Metrô e VLT: Estação Carioca).
Capacidade: 176 lugares (mais 4 para cadeirantes).
Dias e Horários: De 5ª feira a domingo, sempre às 19h.
Informações: (21) 3980-3815.
Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada). Além dos casos previstos em lei, clientes CAIXA pagam meia entrada.
Horário de Funcionamento da Bilheteria: De terça-feira a domingo, das 13h às 20h.
Duração: 65 minutos.
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 12 anos.
Gênero: Drama.
Acesso para pessoas com deficiência.

Bate-papo (Resenha para a plateia): Dias 12 e 19 de dezembro de 2019 (quintas-feiras), após o espetáculo.
Duração: 40 minutos.
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 12 anos.

Encontro “Prosa com quem escreveu”, com Filipe Miguez e Leusa Araújo: Dia 13 de dezembro de 2019 (quarta-feira).
Horário: das 16h às 18h.
Capacidade: 176 lugares.
Entrada franca.
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos.

Oficina “Estar atento ou o exercício da escuta, na construção do ator”, com Caio Padilha e Nara Kelly: Dia 17 de dezembro de 2019 (terça-feira)
Horário: Das 14h às 18h.
Vagas: 25.
Inscrições: Gratuitas, pelo e-mail contatocasadezoe@gmail.com
Classificação Indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos.







“MEU SERIDÓ” carrega, no seu bojo, boas doses de humor e teatralidade, poesia e misticismo, verdade histórica e “oniricidade” (Acabei de criar um substantivo que se relaciona ao adjetivo “onírico”. Adoro neologismos!), sendo “uma fábula que traz temas como a condição da mulher no sertão, a extinção do indígena em detrimento do boi, a desertificação e questões que atravessam a história de qualquer lugar sertanejo e seu imaginário”.





O trabalho de todos os envolvidos neste grandioso projeto deve ser exaltado e supervalorizado, e confesso que, desde a primeira vez em que vi o espetáculo, realizado num local improvisado, um salão de festas de um hotel, na orla de Natal, com tudo dando certo, custou-me muito crer que se tratava da primeira produção da CIA. CASA DE ZOÉ.




Só lamento que a temporada, que se encerra no próximo domingo, 22 de dezembro (2019), tenha sido tão curta e realizada num Teatro que comporta um pequeno público. Que os DEUSES DO TEATRO, na sua “divina” sabedoria, possam abrir novas pautas para esta produção, que é motivo de grande orgulho para os brasileiros!




O que estão esperando mais? Que eu RECOMENDE O ESPETÁCULO? E precisa?! OXENTE!!!  SE AVEXA NÃO, CABRA?!






(FOTOS: KENNEL RÓGIS
e
 BRUNO MARTINS.)





E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!



CENSURA NUNCA MAIS!!!




 





(GALERIA PARTICULAR.
FOTOS: MARISA SÁ.)


Com Marcílio Amorim.


Com Nara Kelly e Caio Padilha. 


Com Igor Fortunato.


Com Igor Fortunato.


Com Titina Medeiros.


Com Titina Medeiros.


Com o elenco e amigos.