quarta-feira, 15 de novembro de 2023

 

“ELIS, A MUSICAL

– 10 ANOS DEPOIS”

ou

(UMA VEZ 

OBRA-PRIMA, 

PARA SEMPRE, 

O SERÁ.)

 








        10 anos, estreava, no Rio de Janeiro, um dos melhores musicais biográficos a que já assisti em, toda a minha vida. Era “ELIS, A MUSICAL”, que tomou conta do Teatro Casa Grande, por uma longa temporada. Foi um retumbante sucesso, de público e de crítica, e, muito merecidamente, recebeu uma quantidade imensa de prêmios de TEATRO, por se tratar de um espetáculo irretocável, no qual a atração máster era a atriz e grande cantora, uma “cantriz”, LAILA GARIN, interpretando aquela que, na opinião de milhões de brasileiros, foi a maior cantora brasileira de todos os tempos, ELIS REGINA Carvalho Costa. Eu digo que É E SEMPRE O SERÁ. Comungo dessa opinião, a despeito de ter uma lista de, pelo menos, umas dez outras grandes intérpretes da MPB que perderiam o páreo para a “Pimentinha”, como ELIS era apelidada, por centímetros de diferença. Essa OBRA-PRIMA do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO recebeu, à época, uma crítica minha, neste mesmo blogue, no seu terceiro ano de existência.

 

 



         No Brasil, infelizmente, salvo alguns raríssimos exemplos, não há a cultura da remontagem de espetáculos musicais que marcaram um determinado momento na vida cultural deste país, ao contrário dos Estados Unidos (Leia-se Broadway.) e outras praças, onde são bem comuns os chamados “revivals”. É uma inteligente forma de proporcionar, a quem, por quaisquer motivos, não pôde assistir a alguns “hits” dos musicais, quando os espetáculos fizeram carreira. É exatamente em consideração à iniciativa da produção de “ELIS, A MUSICAL” – leia-se “Aventura Entretenimento” - Aniela Jordan e Luiz Calainho – de trazer o espetáculo aos palcos, novamente, agora um pouco repaginado, com novidades nos cenários, figurinos e no elenco, para comemorar os 10 anos da sua primeira temporada, que decidi escrever uma nova crítica sobre a peça, o que, na verdade, é quase uma reescrita do que já publiquei, visto que a essência da primeira montagem foi preservada na atual, assim como um parte do elenco original e dos artistas de criação, além de tudo de correto que naquela foi empregado.

 

 

 

 

         Como subtítulo, na primeira crítica, escrevi: “SE ELVIS NÃO MORREU, MUITO MENOS ELIS REGINA”. Nos Estados Unidos, o povo preserva muito mais a memória de seus ídolos – refiro-me, aqui, a artistas – do que no Brasil. Isso é incomparável. Lá, esses artistas permanecem “vivos” na memória afetiva de seus fãs e são sempre homenageados, reverenciados, como bem o merecem. Aqui – QUE LÁSTIMA! – em poucos anos, nomes de sucesso que marcaram o panorama cultural de uma nação são esquecidos, até mesmo desprezados, com poucas exceções, assim mesmo festejados apenas por poucos fãs fiéis. Embora os vocábulos “fã” e “fanático” sejam sinônimos – aquele é uma forma reduzida deste - e têm uma ligação etimológica com “fanatismo”, coisa que não tolero nem deveria ser tolerado por ninguém, no caso de política e religião, acho bonito alguém se declarar “fã” de outrem, como uma demonstração de carinho e respeito à ARTE do seu “ídolo”. Para mim, quando tenho vontade de fazê-lo, dizer “EU SOU TEU FÃ!” não me causa nenhum constrangimento, sentimento de inferioridade ou coisa parecida. Não fui; SOU UM APAIXONADO FÃ, “DE CARTEIRINHA”, DE ELIS REGINA, da mesma forma como me confesso "fã" do elenco deste espetáculo.

 

 


 

O ideal seria que todas as homenagens a um(a) grande artista lhe fossem prestadas ainda em vida, mas, como tal prática não é muito frequente, no Brasil, que, pelo menos, após a sua morte, um gênio seja reverenciado como o merece.  É o que se pode ver no palco do Teatro Riachuelo, no espetáculo “ELIS, A MUSICAL”.

 

 


 

Quando tomei conhecimento, há 10 anos, de que o musical estava em fase de produção, imediatamente, passei a contar as horas para vê-lo erguido, num palco, muito interessado na homenagem a ELIS, muito bem impressionado pala qualidade da FICHA TÉCNICA e, também, atraído pelo seu título. Em vez de “ELIS, O MUSICAL”, como é costume aparecer em outros títulos, seus autores, NELSON MOTTA e PATRÍCIA ANDRADE, optaram por trocar o artigo definido masculino, pelo feminino “A”: “ELIS, A MUSICAL”. Acredito que tal originalidade tenha surgido pelo fato de o nome da cantora ser um “quase sinônimo” de “música”, de “musicalidade”. Achei interessantíssima a originalidade da ideia. Não é à toa que alguns dos maiores músicos brasileiros sempre afirmaram que a voz de ELIS era mais um instrumento musical no meio de uma orquestra. Tanto é fato, que ela gravou uma ou outra canções sem letra, como é o caso de “Casa Forte”, de Edu Lobo, e “Verão Vermelho”, de Nonato Buzar, por exemplo.

 

 




 SINOPSE:

O espetáculo conta a vida e carreira da cantora ELIS REGINA, desde sua infância até sua morte.

A artista é representada em diferentes fases da sua vida, divididas não só pela cronologia, mas também pelas várias facetas da artista.

 

 



O musical, em cartaz no lindo e histórico prédio do Teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, é um lindo, emocionante e merecido tributo que se presta à maior cantora, de todos os tempos, da Música Popular BrasileiraELIS REGINA, falecida em 19 de janeiro de 1982, precocemente, aos 37 anos de idade.  Morreu jovem, entretanto nos deixou uma bagagem musical imensa e de excelente qualidade, de cerca de 400 canções gravadas, meia centena das quais estão presentes na trilha sonora da peça. ELIS também nos revelou muitos dos grandes compositores da MPB, o que nos conforta um pouco. Gênios não deveriam morrer nunca.

 

 


 

É uma pena que a oportuníssima ideia de remontagem do espetáculo, como forma de comemorar os 10 anos de imenso sucesso da peça, só tenha ocorrido por apenas um mês, em São Paulo, antes de o musical aportar no Rio, para uma curta temporada de igual extensão. Tenho plena certeza de que o público amante do TEATRO MUSICAL e ávido por montagens de altíssimo gabarito iria lotar o Teatro Sérgio Cardoso, em Sampa, e o carioca Riachuelo, por alguns meses.

 

 


 

É corretíssima a dramaturgia, nascida, a quatro mãos, do talento de NELSON MOTTA e PATRÍCIA ANDRADE. Ele, um festejado jornalista, compositor, redator, roteirista, produtor musical, letrista e dramaturgo; ela, jornalista (repórter, colunista e editora), roteirista e dramaturga. NELSINHO, como é chamado pelos amigos, talvez tenha sido mesmo a melhor pedida para encabeçar a escrita do texto da peça, uma vez que conhecia muito bem a vida e a alma da homenageada, com uma ligação bem próxima à cantora, com quem, inclusive, chegou a ter um envolvimento amoroso, além de ter produzido espetáculos de ELIS. Segundo uma informação que me chegou, a atual montagem teria sido um pouco “enxugada”, contudo sem o mínimo prejuízo do texto. Confesso que não tenho condições de dizer se notei algo nesse sentido. Afinal de contas, lá se vão 10 anos!

 


 

O espetáculo dura o tempo que deveria mesmo durar, sem nenhuma “barriga”, “gordura” ou cena desinteressante e desnecessária, não tendo sido esquecido nenhum momento ou fato que tenha marcado, pessoal e artisticamente, de forma indelével, a vida de ELIS REGINA. São dois atos.  O primeiro, como é praxe em musicais, é mais longo e nele os autores se atêm mais ao desabrochar da grande intérprete, ainda em Porto Alegre, sua terra natal, à sua vinda para o Rio de Janeiro e ao conturbado casamento com o jornalista e compositor Ronaldo Bôscoli. O segundo, mais dinâmico e “colorido”, retrata aquela que foi, talvez, a sua melhor fase de criação artística, tempo que durou seu casamento com o pianista, arranjador e maestro César Camargo Mariano, o qual foi o responsável por uma bela guinada na carreira da cantora, conhecida por seu “mau gênio”. Uma possível bipolaridade? Pessoas próximas a ELIS diziam que era nos momentos em que ela se sentia mais pressionada ou estava passando por alguma "ebulição" emocional que ela mais rendia, como artista, quando produzia mais, quando sua ARTE mais aflorava. Como ela mesma dizia – está dito, em outras palavras, na penúltima cena da peça – as pessoas não têm coragem de dizer, com sinceridade, as coisas que ela dizia; e como dizia! Mas não vale a pena enveredar por essa trilha, já que, aos “gênios”, cabe aquilo que “nem fica bem” para um ser “normal”. Não vale a pena, nesta crítica, falar da personalidade de ELIS, muito bem retratada na peça, nem julgá-la, porque o propósito da minha escrita é comentar e analisar, com toda a minha humildade, o espetáculo, certamente, um dos melhores a que já assisti em toda a minha vida.

 

 


 

Trata-se de uma montagem grandiosa, sem muita opulência nem “rococós”, porém produzida com o maior cuidado e bom gosto, reunindo, em uma só FICHA TÉCNICA, digna dos maiores elogios, alguns dos mais representativos atores e atrizes de musicais e artistas criativos reconhecidamente premiados. Capitaneando o elenco, LAILA GARIN, o grande centro de todas as atenções, a qual vive a personagem ELIS REGINA, com uma intensidade fantástica, uma entrega total, num trabalho de mais de três meses de preparação, à época da primeira montagem, até adquirir todos os detalhes de voz, entonação, ritmo, expressão corporal e divisão das canções de ELIS. No que tange a dividir o que cantava, ELIS tinha, naturalmente, um diploma de “pós-doutorado”; era única nessa arte. LAILA, há 10 anos, não era tão conhecida do grande público. Apenas os que respiram TEATRO, como eu, já sabiam de seu potencial artístico, por trabalhos anteriores, como Sarau das Putas” (direção de Ivan Sugahara) e Gonzagão, A Lenda” (texto e direção de João Falcão), nos quais LAILA era ovacionada e já dava sinal de que mais uma grande atriz marcava seu território. Igual reação ela arrancava da plateia durante a grande temporada de Eu Te Amo Mesmo Assim”, texto de Jô Abdu, também dirigida por João Falcão, ao lado de Oswaldo Mil.

 

 



 




A partir da primeira montagem de “ELIS, A MUSICAL”, a carreira de LAILA sofreu um grande e merecido “up grade” e ela ganhou vários prêmios de TEATRO, não só pelo musical em tela como também por outros trabalhos, como “O Beijo no Asfalto – O Musical”, “Gota D’Água [a seco]” e “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa”. É curioso o fato de, fisicamente, LAILA não se parecer, em nada, com ELIS, salvo a pouca estatura e o corpo “mignon”, entretanto, graças a um belíssimo trabalho de visagismo, do craque BETO CARRAMANHOS, e de muita pesquisa e estudo, da parte da “cantriz”, o público “vê” a "Pimentinha" em cena. É quase que uma “materialização”, com a certeza de que não exagero. É impressionante o magnetismo que LAILA exerce sobre a plateia, a qual não se cansa de aplaudi-la, repetidas vezes, em cena aberta.  Dizer que ela está perfeita no papel ainda é muito pouco. A construção da personagem é das coisas mais perfeitas que já vi num palco de TEATRO.

 

 


         DENIS CARVALHO tem uma longa e vitoriosa carreira como diretor de telenovelas e especiais para a TV, entretanto, há 10 anos, teve sua primeira experiência domo diretor de TEATRO, assinando a concepção artística de “ELIS, A MUSICAL”. Era “incipiente”, no universo teatral, a não ser como ator, mas não se revelou “insipiente”, quando dirigiu o espetáculo. Muito ao contrário, estreou com o pé direito. O único senão que faço ao seu trabalho – repetindo a observação feita 10 anos atrás - diz respeito a uma rápida cena em que LAILA e mais um ator descem à plateia e cruzam toda a extensão à frente do palco, num diálogo que poderia ser executado na própria boca de cena. Mas é apenas um detalhe, “um grão de areia numa vasta extensão de praia”, que não chega a comprometer o espetáculo. Na direção associada, DENIS conta com a luxuosa ajuda de GUILHERME LOGULLO, o qual, na primeira montagem, fez parte do elenco.

 

 


 

         Sem dúvida alguma, um dos muitos pontos altos desta encenação se concentra no fabuloso elenco, com destaque, evidentemente, para a magistral presença de LAILA GARIN, a grande protagonista. Não poderia, porém, deixar “passar em brancas nuvens” uma importantíssima informação acerca dessa protagonista. É que LAILA conta com uma alternante, LÍLIAN MENEZES, que também atua com total perfeição. Há 10 anos, tive a oportunidade de assistir à peça com as duas interpretando a mesma personagem e fiquei extremamente emocionado ao ver a composição de LILIAN para a “sua” ELIS.

 

 







 

         Junto a uma ou a outra, uma trupe de competentes profissionais, “habitués” em musicais, contribui, com sua parcela de talento, para contar a história. Para interpretar o personagem Ronaldo Bôscoli, o primeiro marido de ELIS, no lugar de Felipe Camargo, entrou FLAVIO TOLEZANI, com uma atuação satisfatória, quero crer que estreando em musicais. No papel de César Camargo Mariano, o segundo marido da cantora, CLÁUDIO LINS, um veterano nesse tipo de espetáculo, brilha com toda a sua potência de estrela de primeira grandeza no universo dos musicais. Corretíssimo, na interpretação e nas coreografias, é nos momentos em que canta que mais levanta a plateia, em frenéticos aplausos, merecidíssimos. O personagem, praticamente, só atua no segundo ato, entretanto chega “metendo o pé na porta” e garantindo seu espaço. Acho que a direção não poderia ter escalado melhor ator/cantor para ao papel.

 

 



         SANTIAGO VILLALBA, com sua ostensiva presença física (seu porte altivo) e o brilho de sua possante voz, dá vida a dois personagens que tiveram seus momentos de “intimidade” com ELIS: Tom Jobim e Luiz Carlos Miele. Em ambos, é ótimo o seu trabalho.

 

 


 

         Em alguns momentos de sua carreira, ELIS contou com a cumplicidade de um cantor de grande penetração popular, JAIR RODRIGUES, com quem dividiu o espaço, durante um bom tempo, num programa de grande sucesso, na antiga TV Record, de São Paulo, “O Fino da Bossa”. O personagem, que, na primeira montagem, foi, magnificamente, interpretado por Ícaro Silva, agora é defendido, também de forma correta, por FERNANDO RUBRO. A cena em que os dois personagens reproduzem um icônico “pout-pourri” de grandes sucessos é aplaudidíssima, com muito merecimento, pela plateia.

 

 

 

         Um bailarino e coreógrafo norte-americano, radicado no Rio de Janeiro, Lennie Dale, foi muito importante, na carreira de ELIS, ensinando-lhe todos os segredos de uma boa expressão corporal acompanhando o ato de cantar. Na primeira versão, o personagem foi interpretado por DANILO TIMM, que, no momento, morando na Alemanha, lá faz muito sucesso como cantor. Agora, o personagem caiu em mãos de quem também sabe como defendê-lo: LEANDRO MELO. Sua interpretação para a canção “O Pato”, composição de Jaime Silva e Neuza Teixeira, do final dos anos 1940, já valeria boa parte do preço do ingresso.  LEANDRO é ótimo ator, canta excepcionalmente bem e tem um domínio de corpo invejável, que o faz marcar presença em todas as coreografias dos musicais de que participa.

 






















         Outro grande ator de musicais, CHRIS PENNA, foi muito bem escalado para interpretar o pai de ELIS, Seu Romeu. CHRIS, que já foi o “pai” de Bibi Ferreira, o velho Procópio, em “Bibi - Uma Vida Em Musical”, com direção de Tadeu Aguiar, repete aqui a boa atuação com que se houve lá.

 

 



 

         PABLO ÁSCOLI, que estava meio sumido dos palcos, e fazendo falta, mormente em musicais, marca presença nesta montagem, como o cartunista, quadrinista, jornalista, escritor e ativista Henfil. A cena em que o personagem e ELIS se reconciliam, por iniciativa desta, após um fato marcante e desagradável, na vida da cantora, provocado por ele e protagonizado pelo dois, é das mais emocionantes da peça. “Chorei, chorei, até ficar com dó de mim.” (Chico Buarque).

 



         Ainda em papéis importantes, temos ISAAC BELFORT (o empresário Marcos Lázaro), AURORA DIAS (Dona Ercy, mãe de ELIS), FABRICIO NEGRI (Pierre Barouh) e BRUNO OSPEDAL (Nelson Motta). JOYCE COSMO e ADÊ LIMA interpretam várias outras personalidades, sendo que os outros atores, à exceção de LAILA, também, vez por outra, participam de cenas variadas, fora da titularidade de seus personagens.

 

 




 

         A excelente direção musical, que já foi assinada por Délia Fischer, na primeira montagem, agora cabe a outra grande profissional do ramo, CLÁUDIA ELIZEU, à frente de uma ótima banda, formada por sete músicos da melhor qualidadeCLÁUDIA ELIZEU (pianista regente e teclado), KUKOMOURA (teclado), GILBERTO PEREIRA (saxofone e flauta transversal), BIANCA SILVA (trompete), JORDI AMORIM (guitarra e violão), NATHANE RODRIGUES (CONTRABAIXO) e LÉO BANDEIRA (bateria e percussão).  De tão boa, parece uma orquestra de muitos elementos.

 

 


 

Como na primeira montagem, a coreografia e a direção de movimentos são dois excelentes trabalhos de ALONSO BARROS.  O público que gosta de musicais e vem acompanhando os maiores sucessos do gênero, nos últimos tempos, consegue melhor associar o nome deste estupendo profissional a montagens premiadas. ALONSO é o tipo do profissional que, concluído um trabalho - ele emenda um no outro -, leva seus amigos, admiradores e o público em geral a se perguntar: o que o ALONSO vai aprontar na próxima? Há, entretanto, dentro da cabeça desse homem, uma usina de boas ideias, um potencial criativo tão grande, que podemos ter certeza de que, “na próxima", ele irá nos surpreender e emocionar mais ainda.  Assim tem sido ao longo dos últimos anos.  Aqui, ele nos leva, mais uma vez, a momentos de delírio, diante dos passos criados para enriquecer muitas cenas da peça.  A coreografia que abre o espetáculo já é uma mostra, ou amostra, do que vai acontecer nas quase três horas de duração da peça. Todos os desenhos coreográficos são muito criativos e diversificados, porém é numa determinada cena, em que BRUNO OSPEDALFABRÍCIO NEGRI dançam com dois manequins, dos que servem para a exposição de roupas, que o coreógrafo leva a plateia à loucura. Os dois excepcionais artistas executam os mesmos passos, numa sincronia perfeita. Essa coreografia foi, segundo o próprio ALONSO, baseada num desenho animado da Disney (Pateta), o que não lhe tira, de modo algum, o brilho da criatividade.  Para mim, um dos pontos mais marcantes do espetáculo é a coreografia de ALONSO BARROS. Saí em estado de graça muito por conta dos números de dança e não paro de repetir isso. Outra boa parte do ingresso para a peça seria por conta desse número.

 

 






 

Desta vez, coube a MARIETA SPADA a criação da cenografia, que atende a todas as cenas, as quais acontecem em vários espaços, para o que a cenógrafa encontrou ótimas soluções. O que seria de fácil resolução no cinema torna-se um desafio para o cenógrafo, mas MARIETA e sua equipe souberam dar conta de seu trabalho, como também “dão trabalho” ao pessoal que “rala” nas coxias, em função das inúmeras entradas e saídas de módulos, móveis e objetos de cena. Um aplauso para esses profissionais anônimos, os quais garantem que tudo aconteça da forma mais perfeita possível.

 

 



 

MARILIA CARNEIRO, novamente, é responsável pela vasta coleção de figurinos, muito ajustados aos personagens. Todas as peças são bastante interessantes, marcando, muito bem, as diferentes fases da vida de ELIS e obedecendo, corretamente, às tendências de cada época.  Discretos e afins, de acordo com o texto. MARÍLIA foi muito criativa no segundo ato, cuja proposta é mostrar uma nova ELIS, “repaginada”, “produzida” por César Camargo Mariano.

 

 





 

 Ainda completam o “time” de artistas de criação que dão suporte ao espetáculo FELICIANO MAFRA (Russinho), criador de um correto desenho de luz, e GABRIEL D’ANGELO e JOYCE SANTIAGO, que assinam o desenho de som. Os dois últimos musicais a que assisti no Teatro Riachuelo deixaram bastante a desejar, em termos de som, mas isso não acontece com “ELIS, A MUSICAL”. Tudo o que é dito e cantado em cena é perfeitamente captado pelos canais auditivos do público.

 

 



 

O visagismo, um elemento importantíssimo nesta produção, é assinado por um mestre: BETO CARRAMANHOS, como já tive a oportunidade de dizer. Quando soube que LAILA havia sido escolhida para protagonizar o espetáculo e que, em seu teste, ela procurou não imitar ELIS (Ao contrário, mostrou seu grande potencial de cantora, com sua própria personalidade.), comemorei, solitário, a escolha, na certeza de que o diretor havia acertado na mosca. Ao mesmo tempo, perguntava-me se, no espetáculo, não haveria a necessidade de a atriz ser, fisicamente, parecida com ELIS REGINA. Como também já disse ELIS e LAILA não têm a menor semelhança física, a não ser a baixa estatura, repito, e a compleição física. Não me parece, contudo, que o diretor tenha dedicado tanta importância a esse “detalhe” e colocou LAILA nas mãos de um "mago", um profissional que criou algumas das mais fantásticas caracterizações que já vi, em minha vida, no TEATRO. A que mais me havia marcado, até então, fora a transformação de Cláudia Netto, em Judy Garland, no espetáculo Judy Garland, Além do Arco-Íris”, mais um dos vários sucessos da dupla Möeller & Botelho. E não é que LAILA "virou" ELIS, pelas mãos do BETO, com o auxílio luxuoso de perfeitas perucas também?! 

           

 


 


 FICHA TÉCNICA:

Texto: Nelson Motta e Patrícia Andrade
Direção: Dennis Carvalho
Direção Associada: Guilherme Logullo
Direção Musical e Arranjos: Claudia Elizeu

Elenco: Laila Garin (Elis Regina), Lílian Menezes (alternante Elis Regina), Flavio Tolezani (Ronaldo Boscoli), Claudio Lins (Cesar Camargo Mariano), Santiago Villalba (Tom Jobim e Luiz Carlos Miele), Fernando Rubro (Jair Rodrigues), Leandro Melo (Lennie Dale), Chris Penna (Seu Romeu), Pablo Áscoli (Henfil), Isaac Belfort (Marcos Lázaro), Aurora Dias (Dona Ercy), Fabricio Negri (Pierre Barouh), Bruno Ospedal (Nelson Motta), Joyce Cosmo (personagens femininos) e Adê Lima (personagens masculinos). 

Direção de Movimento e Coreografia: Alonso Barros

Cenografia: Marieta Spada
Figurino: Marilia Carneiro
Visagismo: Beto Carramanhos
Desenho de Luz: Feliciano Mafra
Desenho de Som: Gabriel D’Angelo e Joyce Santiago

Fotos: Caio Gallucci

Direção de Produção: Bianca Caruso
Direção Artística e Produção Geral: Aniela Jordan
Direção de Negócios e “Marketing”: Luiz Calainho


IMPORTANTE: O papel de Elis Regina poderá ser interpretado por Laila Garin ou Lilian Menezes, sem aviso prévio, não havendo troca ou devolução de ingressos. Para maiores informações, acesse o nosso canal @elisamusicalrj e solicite inbox/mensagem.

 

 


 


 

 

 SERVIÇO:

Temporada: De 10 de novembro a 10 de dezembro de 2023.
Local: Teatro Riachuelo – RJ.

Endereço: Rua do Passeio, nº 40, Centro - Rio de Janeiro.

Dias e Horários: 2ª feiras, às 20h; 5ª feira, às 20h; 6ª feira, às 20h30min; sábado, às 16h e 20h; domingo, às 18h.

Valor dos Ingressos (Todos comportam meia-entrada, para os que, legalmente, fizerem jus ao benefício.): Plateia Vip - R$200,00; Plateia - R$170,00; Balcão Nobre - R$150,00; Balcão - R$50,00.

Os ingressos podem ser adquiridos pela plataforma SYMPLA, com taxa de conveniência (https://www.sympla.com.br) ou na bilheteria física do Teatro Riachuelo (sem taxa de conveniência).

Horário de funcionamento da bilheteria: De 3ª feira a sábado, das 12h às 20h; domingos e feriados, das 12h às 19h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação.

Autoatendimento: A bilheteria do Teatro Riachuelo possui um totem de autoatendimento para a compra de ingressos.

(Verificar, no “site” da peça, os vários tipos de descontos oferecidos.)

Duração: 150 minutos (15 minutos de intervalo).

Classificação Etária: 14 anos.

Gênero: Musical.

 

 


 


 

             Desde a minha primeira experiência com "ELIS, A MUSICAL", não me canso de elogiar a forma como o espetáculo termina, com uma cena que tenta reproduzir uma célebre entrevista da cantora à TV Cultura, de São Paulo (A entrevista, em preto e branco, está disponível no YouTube e vale muito a pena ser vista.), na qual ela se "despe" de tudo, abusa da sinceridade e, de certa forma, parece estar premonizando seu fim. Com relação à sua morte, também aplaudo a iniciativa de os autores do texto não terminarem a peça com cenas e imagens desagradáveis e "apelativas" sobre o falecimento da cantora. É poesia pura. A última cena também chama muito a atenção, por ser uma espécie de "flashback" de momentos da peça.



        Em 10 anos, cumprindo vitoriosas temporadas no Rio de Janeiro, São Paulo e em várias outras cidades brasileiras, este espetáculo já foi assistido, e efusivamente aplaudido, por mais de 300.000 espectadores, o que constitui uma prova inequívoca de sua altíssima qualidade, motivo pelo qual SÓ ME RESTA RECOMENDAR O MUSICAL, já me programando para revê-lo.

 

 

 

 



 



FOTOS: CAIO GALLUCCI

 

 

GALERIA PARTICULAR:

(Fotos: Marisa Sá,

quando da primeira temporada, 

há 10 anos.)


Com Laila Garin.


Com Claudio Lins.


Com Claudio Lins e Alonso Barros.


Originalíssimo programa da peça 

(versão 2013.)

 

 

 

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