“O CASAL MAIS SEXY
DA AMÉRICA”
ou
(PRATO CHEIO
PARA QUEM APRECIA
UMA DELICIOSA
COMÉDIA.)
Não vou enganar ou esconder a minha
primeira reação, quando, por alto, tomei conhecimento da peça “O CASAL MAIS
SEXY DA AMÉRICA”. Confesso, pelo título, que pensei em se tratar de mais uma "COMÉDIA"
de baixa qualidade, apelativa, daquelas que são montadas com a finalidade única
de faturar com alguma coisa de péssimo gosto, muito duvidoso, destinada a um
público pouco exigente, e que nem devesse ser chamada de “uma peça de
TEATRO”. Sinceramente, até cheguei ao ponto de pensar que poderia ser algo no campo do "pornô". Ledo engano! Logicamente, até então, eu não sabia que tratava de um texto escrito
por um respeitável dramaturgo e roteirista norte-americano, KEN LEVINE,
e nada conhecia de sua vitoriosa trajetória, no exterior, desde sua estreia.
Não tinha, por concreto, me interessado, nem um pouco, em assistir ao espetáculo, entretanto, tão logo tive acesso à SINOPSE
e à FICHA TÉCNICA do espetáculo e saber do sucesso feito no Brasil,
tendo sido assistida por 50.000 pessoas e passado por 25
cidades brasileiras, numa turnê, e por uma bem-sucedida longa temporada
em São Paulo, reformulei os meus valores sobre a peça e passei a me
interessar muito em assistir a ela, o que se deu no dia da estreia, no Rio
de Janeiro, no Teatro Clara Nunes, no último dia 24
de outubro (2025).
SINOPSE:
A
trama se passa nos bastidores da indústria do entretenimento e acompanha o
reencontro de Susan White (VERA FISCHER) e Robert
McAllister (LEONARDO FRANCO), dois atores veteranos, que, décadas atrás,
formaram um dos casais mais icônicos da TV americana, em uma série de TV de grande
sucesso.
Trinta
anos depois, eles se encontram, num mesmo hotel em que ficaram hospedados, para
comparecer ao velório de um antigo colega de elenco, e, diante da possibilidade
de voltarem a trabalhar juntos, são levados a revisitar memórias, confrontar
diferenças e encarar as transformações que marcaram suas trajetórias.
Esse
reencontro, porém, pode mudar os rumos de suas vidas, reacendendo lembranças
adormecidas e trazendo de volta a chama de um romance que parecia perdido no
tempo.
Via de regra, além de divertir, as COMÉDIAS,
provocam muitas reflexões, trazendo críticas contundentes diversas: aos seres
humanos, aos tipos sociais e às instituições. E mais outras. Por se tratar, “O
CASAL MAIS SEXY DA AMÉRICA”, de uma leve e deliciosa COMÉDIA
romântica, não sei se ela pretende muito mais do que, simplesmente
fazer rir, o que já está muito bom, já que a montagem é bem sólida, repousando
sobre fortes pilares que a sustentam como uma produção de altíssimo nível. Mas
é verdade que, com um pouco mais de atenção, o espectador pode se sentir
provocado a reagir mais do que dando boas e justificadas gargalhadas.
Trata-se de uma COMÉDIA romântica, que combina, na justa medida, humor inteligente e uma disfarçada pequena crítica
social, ao abordar temas como etarismo, igualdade de gênero, desigualdade
salarial entre homens e mulheres e ética no trabalho, tudo, porém, de uma forma
leve, provocativa e emocionante.
É, verdadeiramente, uma COMÉDIA
da melhor qualidade, que valoriza tal gênero teatral, o qual tanto sofre nas mãos
de realizadores sem talento e, às vezes, ética profissional, que pensam que é
fácil montar uma, que qualquer coisa serve para “distrair”, quando "não é bem assim que a banda toca". Ao
contrário, trata-se de um gênero riquíssimo e importante, que demanda muita
atenção e cuidado por parte de todos os envolvidos nos projetos.
TADEU AGUIAR é daqueles profissionais sérios e competentes, que
encara cada desafio com muito amor e empenho, o que aplica, como sempre faz,
nesta produção, cercando-se de gente alfabetizada pela mesma cartilha em que
ele aprendeu a ler. Segundo o diretor, tão logo conheceu o texto,
achou-o adorável, porém, para ser montado no Brasil, precisaria
de uma adaptação cuidadosa. Ele mesmo resolveu traduzir o original,
preocupando-se em buscar equivalências no nosso idioma e referências que
fizessem sentido ao público brasileiro. A ideia inicial era trazer a história
para o nosso país, mas, pelo fato de ela ser tão universal, achou que “bastava
manter a ambientação original, permitindo que os atores imprimissem nossa
maneira de dizer e sentir”. Seu trabalho de direção é irretocável.
Muito experiente na escolha de
seus atores, TADEU AGUIAR convidou três artistas talhados para os
papéis: VERA FISCHER, LEONARDO FRANCO e VITOR THIRÉ, os
três perfeitos em suas atuações. Por sua beleza e charme, ninguém melhor que VERA,
para interpretar a consagrada atriz norte-americana. Ela esbanja “glamour”
e encarna, muito bem, a personagem, com todas as suas idiossincrasias. O mesmo
digo com relação a LEONARDO, que encarna, com muito brilho, a figura do
ex-galã, o qual mantém seu charme e elegância, com o passar dos anos. É incrível
como o casal de consagrados atores criou um nível de cumplicidade total em
cena, uma química percebida logo no primeiro contato entre os dois.
Para provar, mais uma vez, que não
existem pequenos papéis para bons atores, temos VITOR THIRÉ, muito
hilário, na pele de um jovem funcionário do hotel, extremoso fã do ator lá
hospedado. Desde sua primeira aparição, o público ri do jeito descontraído de
seu personagem e de suas falas estapafúrdias, e assim acontece a cada nova entrada
do rapaz. “Apesar da ingenuidade dos seus 22 anos, o ‘boy’ do hotel traz
à cena o universo contemporâneo das redes sociais e da internet, dialogando com
os jovens de hoje com humor e leveza”, afirma VITOR, que vem de
uma consagrada família de atores, que começou com sua bisavó, a eterna Tônia
Carrero, passando pelo avô, Cecil Thiré, e pela mãe, Luísa
Thiré.
Não só de bons profissionais da
interpretação se cerca TADEU AGUIAR. Também se preocupa bastante, o diretor,
com todos os nomes da FICHA TÉCNICA, muitos dos quais já o
acompanham de tantos outros espetáculos dirigidos por ele, como é o caso de NATÁLIA
LANA, uma das melhores cenógrafas brasileiras, que criou uma cenografia
suntuosa, de um fino acabamento e cheia de lindos detalhes, com um interessante toque de realismo, quando coloca água escorrendo pelos vidros da janela do refinado hotel, quando chove. Uma dupla de artistas de criação muito premiada, que, de há muito,
também faz parte da equipe de TADEU: DANI VIDAL e NEY MADEIRA,
os quais não economizaram nada na confecção dos elegantes figurinos.
SÉRGIO MARTINS assina um desenho de luz que favorece
atores e elementos cênicos no palco. SUELI GUERRA, outra que faz parte
do TAFC (Tadeu Aguiar Futebol Clube), é responsável pela boa direção
de movimento da peça. Sempre que posso e que seja merecido, valorizo a
contribuição de outro profissional importante numa produção teatral: o visagista.
Aqui, aplaudo ANDERSON BUENO.
Para
que tudo, num projeto teatral funcione a contento, outras pessoas também
importam, como NORMA THIRÉ e EDUARDO BAKR, na direção de
produção da peça, produzida pela “Estamos Aqui Produções
Artísticas”.
Um
detalhe que me chamou muito a atenção, na peça, é mostrar que pessoas da
terceira idade podem, e merecem,
viver romances, amar e ser felizes.
FICHA
TÉCNICA:
Texto
Original: Ken Levine
Versão
Brasileira: Tadeu Aguiar
Direção
Geral: Tadeu Aguiar
Assistência
de Direção: Maria Maria Griffith
Elenco:
Vera Fischer, Leonardo Franco e Vitor Thiré
Cenografia:
Natália Lana
Figurino:
Dani Vidal e Ney Madeira
Desenho
de Luz: Sérgio Martins
Direção
de Movimento: Sueli Guerra
Visagismo:
Anderson Bueno
Fotos: Joaquim Araújo e Carlos Costa
Assessoria
de Imprensa: GPress Comunicação (Grazy Pisacane)
Produção:
Norma Thiré & Eduardo Bakr
Coordenação
de Produção: Estamos Aqui Produções Artísticas
Produção
Geral: JF Soluções e Serviços
SERVIÇO:
Temporada:
De 24 de outubro a 23 de novembro de 2025.
Local:
Teatro Clara Nunes.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52 (Shopping da Gávea) - Loja 370 - Gávea - Rio de Janeiro.
Dias
e Horários: 6ª feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h.
Valor
dos Ingressos: Os preços dos ingressos variam,
dependendo da data, da localização e da promoção e podem ir de R$ 50 (em promoção) a R$ 227,50,
por pessoa, ou, ainda, ter faixas de preço entre R$ 80 e R$ 160, em alguns
casos. Para saber o valor exato, verifique diretamente a fonte de venda
do ingresso.
Capacidade
do Teatro: 742 cadeiras e oito espaços para cadeirantes.
Duração:
90 minutos.
Classificação
Etária: 14 anos.
Gênero:
COMÉDIA Romântica.
OBSERVAÇÕES:
1)
Bilheteria física: Todos os dias, das 14h às 20h (sem taxa de conveniência).
2) Aceita todos os cartões de débito, crédito e pix.
3)
Informações: (21) 2274-9696 ou WhatsApp (21) 97531-5514.
4)
Para maiores informações, por favor, entrar em contato no e-mail:
tclaranunes@gmail.com
“O CASAL MAIS SEXY DA AMÉRICA”
nos passa a lição de que, embora profundamente importante, o título
de uma peça teatral, ou de um filme, por exemplo, não podem servir de parâmetro
para um prévio julgamento da obra. Não sei se caberia outro melhor; talvez não.
Seria algo como julgar uma pessoa por sua aparência física ou por seu modo de
se vestir. Esta COMÉDIA é das coisas mais agradáveis no gênero e
eu a RECOMENDO SEM PESTANEJAR.
FOTOS: JOAQUIM ARAÚJO
e
CARLOS COSTA.
É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e
constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta
crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO
BRASILEIRO!
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