“LES MISÉRABLES
SCHOOL EDITION”
ou
(SIMPLESMENTE,
“LES MIS”,
PARA PRINCIPIANTES.)
ou
(QUANTA CORAGEM
E OUSADIA NUMA
MONTAGEM ACADÊMICA!
“LES MISÉRABLES”, ou, simplesmente, “LES MIS”, “é
um musical para se amar ou odiar”. Foi o que ouvi, uma vez, de um(a)
famoso(a) “crítico(a)” de TEATRO. A decisão de não citar o(a)
autor(a) da afirmação, fazendo-o nos gêneros masculino e feminino, foi para
evitar especulações. Aliás, é a opinião dele(a), e ninguém tem nada a ver com
isso. Concorda ou não. Lamenta ou não. Apenas isso. E não vou revelar a ninguém
sua verdadeira identidade.
Quando ouvi aquilo, fiquei, durante alguns segundos, questionando-me
se deveria ou não “cobrar” uma explicação. Não consegui me
segurar. POR QUÊ? E a resposta veio rápida, direta seca: “Porque é
muito chato: a história é chata, as músicas são chatas e é muito difícil de se
entender. O povo não gosta. Tem que gostar muito de musicais, para amar aquilo,
como vejo tanta gente dizer.”. Não precisei de mais uma palavra, para
entender que ele(a) fazia parte daquele “povo” e que eu era dos
que “gostavam muito de musicais e amavam aquilo”. Aliás, não
gosto, não; ADORO!!! E “LES MIS” é uma OBRA-PRIMA!!!
Não pretendo escrever, propriamente, uma crítica sobre
a agradabilíssima experiência que vivenciei, no último dia 21 de dezembro (2021),
no palco do Teatro Prudential, por vários motivos, e um deles, talvez o
principal de todos, é a correria de final de ano e o acúmulo de tarefas a serem
concluídas, mas não poderia deixar de traçar algumas linhas, para registrar a
minha satisfação, diante do que vi. Uma coisa é certa: não é por se tratar de
um espetáculo feito por “amadores”, já que é uma montagem
acadêmica do CEFTEM (Centro de Estudos
e Formação em Teatro Musical), mais uma neste ano.
Aliás, em TEATRO, o adjetivo “amador”, que tem mais de um
sentido, não significa, para mim, “aquele que não é profissional ou que
não executa um trabalho profissionalmente, remunerado”; no meu
entender, em TEATRO, “amador” é “o que ama”,
“o que ama o que faz”, “o que põe a alma e o coração num trabalho
teatral”, seja atuando ou em qualquer outra função. E é assim que vejo
aquele monte de gente, muitos jovens, todos, praticamente, os quais se apresentaram
no elenco de ontem, incluindo pré-adolescentes e adolescentes. Soube,
lá, que há três elencos diferentes. Elenco numerosíssimo e talentosíssimo.
Discutir
com aquela pessoa, que se intitula, e é assim conhecido(a) como, “crítico(a)”
de TEATRO, seria uma perda de tempo, “atirar pérolas aos porcos”.
Dei um jeito de me despedir e fui para casa, lamentando que possa existir gente
assim. Não estou pondo em julgamento o gosto da pessoa, que, como qualquer um,
tem todo o direito de gostar, ou não, de uma obra de arte, por se tratar de
algo bastante subjetivo; o que ponho em relevo é a maneira como se referiu ao musical
e ao fato de lhe faltar, de acordo com o meu ponto de vista – pode ser que eu
esteja errado e muitos dos que me leem concordem com ele(a) -, inteligência e
sensibilidade, para entender e "sentir" “LES MIS”.
A
única coisa daquele “parecer técnico” com a qual eu concordo é
que o musical não é “água-com-açúcar”, no sentido de não
ser muito fácil, para se assimilar a história; mas, também, não é nenhum problema
de física quântica, que pode ser “moleza”, para alguns” e “absolutamente
nada”, para mim, por exemplo. Não entendo, nem quero entender, de física
quântica. Sim, é necessário, inteligência, sensibilidade e, talvez,
principalmente, muita atenção, para entender a narrativa, o que, absolutamente,
vejo como um defeito; muito pelo contrário. Mas o resto do “parecer”...
A
trama, o enredo, é interessantíssima; as músicas são belíssimas; a partitura,
mesmo para quem não é entendido no “métier”, como eu, parece-me
dificílima, para ser tocada e, mais ainda, creio, para ser cantada. E “povo”
não é sinônimo de quem só gosta do “popularzão”.
O
musical, é francês e foi composto
por CLAUDE-MICHEL SCHÖNBERG, em 1980, com libreto de ALAIN BOUBLIL e letras
de HERBERT KRETZMER. É um dos musicais mais
famosos e mais encenados pelo mundo, baseado no romance épico
francês "Les Misérables", de Victor Hugo. O
espetáculo já foi representado, com estrondoso sucesso, no Brasil, e
se divide em dois atos. Tive a oportunidade de assistir a ele na Broadway,
em Londres e, naturalmente, em São Paulo. E tenho o DVD (Sou
“das antigas”, com muita honra!!!) do filme.
A montagem acadêmica utiliza a versão, excelente,
de CLAUDIO BOTELHO, utilizada nas montagens profissionais no
Brasil, em 2001 e 2017. A direção, idem,
é de MENELICK DE CARVALHO, o qual contou com a brilhante direção
musical de CLAUDIA ELIZEU, além de preparação vocal de LÉO
WAGNER, que, no Brasil, viveu, em diversas apresentações, o protagonista
do espetáculo, o ex-presidiário JEAN VALJEAN, além de ter
sido convidado a fazê-lo, também, na versão mexicana do musical.
O espetáculo
não conta com texto falado, “recitado”,
e é embalada, o tempo todo, por canções inesquecíveis, como as célebres “On
My Own” e “I Dreamed a Dream”, além dos recorrentes temas
musicais marcantes, que se entrelaçam, criando uma sonoridade absolutamente
inconfundível. “LES MISÉRABLES”, decididamente, tornou-se, nas últimas
décadas, um dos maiores clássicos do gênero do TEATRO MUSICAL.
SINOPSE CURTÍSSIMA:
Na França do século XIX,
o ex-prisioneiro JEAN VALJEAN, perseguido, ao longo de décadas,
pelo impiedoso policial JAVERT, por ter violado sua liberdade
condicional, busca redenção pelo seu passado e decide acolher, COSETTE,
a filha da prostituta FANTINE.
(Isso representa o
mínimo do mínimo em que se pode resumir a trama, uma vez que, entrelaçadas a
essa, principal, orbitam, como satélites, muitos outros dramas, pessoais e
coletivos, voltados, sempre para os ideais de justiça e liberdade.)
Valho-me do “release”, enviado por RIBAMAR FILHO (MercadoCom Assessoria de Imprensa), para transcrever palavras do competentíssimo diretor desta montagem, MENELICK DE CARVALHO: “Acredito que trazer esta versão “School Edition” desse clássico é ótimo, pois é uma história que traz aspectos literários, sociais e históricos. Fazer essa peça é trazer um pouco disso. E fazer isso, com um elenco jovem, é extremamente estimulante. Eu fico muito feliz, em ver pessoas tão jovens, podendo contar, de uma forma tão bonita, esta história tão complexa (...).”
Quando me referi, num dos subtítulos,
à “coragem” e “ousadia”, utilizo os dois
substantivos como sinônimos, porque a “ousadia” existe pela “coragem”
de se decidir montar um texto tão complexo, uma montagem tão
difícil de ser erguida, o que só poderia mesmo acontecer, contando com preparadores
de comprovado saber e competência e pessoas de um talento que me
surpreendeu extremamente, e tão comprometidas com o projeto.
Como todos os diálogos são cantados,
o fator “tempo” e a “contagem dos compassos” são
fundamentais, para que tudo dê certo. Se alguém errar uma nota, ou não a atingir,
isso pode ser relevado, entretanto ninguém pode abrir mão da atenção e da concentração,
para não perder o seu tempo, a sua hora de entrar e de ceder a vez ao colega,
sob risco de estragar o trabalho. E ISSO NÃO ACONTECE!!! É INCRÍVEL!!!
E o que faz uma pessoa, que já teve a sorte e a felicidade de poder ter assistido a este espetáculo na "Meca dos Musicais", em West End e em São Paulo, feito por magníficos artistas profissionais, a se deslocar de casa até um Teatro, cerca de 30 quilômetros de distância, um do outro, para testemunhar uma montagem acadêmica? A resposta é muito simples e pode caber numa só palavra, uma sigla, na verdade, que já diz tudo: CEFTEM.
O elenco é magnífico, com vários
destaques; alguns que eu já considero mais que profissionais e outros que demonstram
ter talento para o TEATRO MUSICAL e que estão no caminho certo, do
aprender, para, depois, aperfeiçoar.
Segue a relação do elenco, com os
respectivos personagens, que se apresentou na sessão a que assisti:
VALJEAN - Gabriel Boliclifer
JAVERT - Leonardo Araújo
FANTINE - Sophia Fried
THENARDIER - Matheus Ananias
MARIUS - Eric Daumas
EPONINE - Letícia Ballard
COSETTE - Danielly Rufino
SRA. THENARDIER - Elisa Toledo
ENJOLRAS - Enzo Campeão
GAVROCHE - Lia Campos
PEQ. COSETTE - Alice Pinheiro
GRANTAIRE - Thaíssa Aceti
FEUILLY - Mariana Magalhães
COMBEFERRE - Sophia Fried
COURFEYRAC - Luísa Rossi
JOLY / SENTINELA 1 - Nico
LESGLES - Juliana Queiroz
PROUVAIRE / SENTINELA 2 - Maria Luísa
BISPO - Matheus Ananias
BAMATABOIS - Matheus Ananias
CAPATAZ - Enzo Campeão
VELHA SENHORA - Ísis Câmara
PROSTITUTA DOENTE - Danielly Rufino
CAFETÃO - Enzo Campeão
GAROTA 5 - Teresa Neves
MARINHEIRO - Eric Daumas
FAUCHELEVANT - Julia Vilhena
FAZENDEIRO - Mariana Magalhães
TRABALHADOR - Nico
OFICIAL DO EXÉRCITO (ATO II) -
Matheus Ananias
BRUJON - Mariana Magalhães
BABET - Ísis Câmara
MONTPARNASSE - Julia Vilhena
CLAQUESOUS - Maria Luísa
CONDENADO 1 - Eric Daumas
CONDENADO 2 - Enzo Campeão
CONDENADO 3 - Laura Rabello
CONDENADO 4 - Juliana Queiroz
CONDENADO 5 - Danielly Rufino
PROSTITUTA 1 - Juliana Queiroz
PROSTITUTA 2 - Elisa Toledo
GAROTA 1 - Laura Rabello
GAROTA 2 - Letícia Ballard
GAROTA 3 - Fernanda Gonçalves
GAROTA 4 - Julia Vilhena
MULHER 1 (SUICÍDIO) - Sophia Fried
MULHER 2 (SUICÍDIO) - Thaíssa Aceti
MULHER 3 (SUICÍDIO) - Juliana Queiroz
MULHER 4 (SUICÍDIO) - Leticia Ballard
MULHER 5 (SUICÍDIO) - Laura Rabello
MULHER 6 (SUICÍDIO) - Luísa Rossi
MULHER 7 (SUICÍDIO) - Ísis Câmara
MULHER 8 (SUICÍDIO) - Elisa Toledo
OFICIAL 1 - Fernanda Gonçalves
OFICIAL 2 - Letícia Ballard
OPERÁRIO 1 - Eric Daumas
OPERÁRIO 2 - Juliana Queiroz
OBSERVADOR 1 - Ísis Câmara
OBSERVADOR 2 - Elisa Toledo
OBSERVADOR 3 - Enzo Campeão
OBSERVADOR 4 - Mariana Magalhães
MENINO DE RUA - Maria Luísa
MULHER (FÁBRICA) - Cecilia Diniz
MORDOMO - Nico
TRANSEUNTE 1 - Nico
TRANSEUNTE 2 - Teresa Neves
TRANSEUNTE 3 - Cecilia Diniz
PEQ. EPONINE - Maria Luísa
IRMÃ DO BISPO - Julia Vilhena
SERVA DO BISPO - Elisa Toledo
FREIRA 1 - Danielly Rufino
FREIRA 2 - Cecilia Diniz
Como já disse, aplaudo a todos, contudo
não posso omitir o fato de que, se eu fosse produtor e estivesse prestes
a montar um musical, neste momento, dois nomes já estariam certos no meu
“cast”: GABRIEL BOLICLIFER e LEONARDO ARAÚJO. Seus VALJEAN
e JAVERT, respectivamente, são interpretações irretocáveis. Que vozes e
que presença de palco têm esses dois jovens rapazes. Deveriam rezar e agradecer a Deus, todos os
dias, pelo “dom” que lhes foi concedido. Que os DEUSES DO TEATRO abrarm
todas as portas para a dupla!!!
Os
cenários e os figurinos, dentro da parca verba de que dispunham para a montagem, estão
corretíssimos, funcionam muito bem, assim como a iluminação. Há efeitos plásticos em cena que não se veem, a toda hora, no chamado "TEATRO profissional".
Como
se trata de uma “School Edition”, dentro das negociações de licenciamento,
entra no "pacote" o “playback”, que já vem gravado, dos Estados Unidos, por uma
orquestra de fazer arrepiar, com arranjos belíssimos para as canções, idem. A peça é longa, porém foi cortada uma pequena parte dela, (Uns 15 ou 20 minutos, talvez.), o que não compromete o todo.
Também, segundo me foi informado, é
vedada e divulgação de fotos da montagem, o que, na minha modesta opinião,
considero uma grande tolice dos cedentes. É uma pena, pois não teremos, aqui,
registros fotográficos desta montagem.
FICHA TÉCNICA:
Texto, músicas e letra original:
Bolbill e Schonberg
Baseado no romance “Les Misérables”,
de Victor Hugo
Versão Brasileira: Claudio
Botelho
Direção geral: Menelick de Carvalho
Assistente de Direção: Vitor Louzada
Direção Musical: Claudia Elizeu
Assistência de Direção
Musical: Sulamita Lage
Preparação Vocal: Léo Wagner
Preparação de Atores e Coordenação
Pedagógica: Reiner Tenente
Elenco: Letícia Ballard, Nico Leão,
Julia Vilhena, Thaíssa Aceti, Sophia Fried, Sidarta Senna, Laura Rabello,
Cecilia Diniz, Fernanda Bicudo, Matheus Ananias, Lia Campos, Ísis Câmara, Eric
Daumas, Luísa Rossi, Juliana Queiroz, Enzo Campeão, Tereza Neves, Leonardo
Araújo, Dani Ruf, Gabriel Boliclifer, Alice Pinheiro, Mariana Magalhães, Maria
Luisa Amado, Elisa Toledo.
Direção de Produção: Joana
Mendes
Produção Executiva: Duda Salles
Cenário e Figurino: Nícolas
Gonçalves, Jovanna Souza,Rebecca Cardoso, Gabriel Boliclifer e Luisa Rossi
Assessoria de Imprensa: Ribamar
Filho / MercadoCom
O
CEFTEM é um celeiro de grandes atores e atrizes de musicais e, por esse motivo é uma recomendação que sempre
faço a quem pensa, um dia, abraçar esse nicho do mercado, e sua produção
acadêmica é sempre da melhor qualidade, levando-se em consideração esse
importante detalhe.
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!
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