sábado, 11 de dezembro de 2021


“HAIRSPRAY

– O MUSICAL”

ou

(COM OS PÉS NO

PROFISSIONALISMO.)

ou

(ISTO NÃO É UMA CRÍTICA

COM AS MINHAS DIGITAIS.)


 


     Começo esta crítica, justificando o último subtítulo. Não era para eu escrever sobre este espetáculo, porque não gosto de ser superficial nas minhas observações, como serei obrigado a agir aqui – “Curto, mas não grosso”; muito pelo contrário. -, quando me proponho a dissertar sobre alguma montagem teatral, entretanto, vários motivos me levam a fugir às minhas características. E não é porque o musical encerrou sua meteórica temporada, na última 4ª feira, 8 de dezembro (2021), até porque há uma esperança (Creio que já uma certeza.) de que ele voltará, em janeiro, para mais uma curta temporada, em função do enorme sucesso que fez, lotando o Teatro Prudential, e sendo ovacionado, nas suas poucas apresentações. Também não é apenas para que fique o registro de sua existência numa crítica a um espetáculo que, a despeito de ser uma montagem acadêmica, “está com um pezinho” na categoria, ou no patamar, “TEATRO profissional”.





É que o final do ano está se aproximando, eu estou muito cansado, bastante decepcionado com algumas coisas no panorama teatral carioca, as pessoas não estão mais a fim de ler nada, menos, ainda, crítica de TEATRO... Mas eu resolvi escrever, porque não ficaria em paz com a minha consciência, se não o fizesse.





Sempre prestigiei o CEFTEM, desde sua primeira montagem, e não seria desta vez que eu deixaria de assistir a mais uma das montagens acadêmicas deles. O nome CEFTEM, para quem não sabe, significa CENTRO DE ESTUDOS E FORMAÇÃO EM TEATRO MUSICAL, uma escola voltada para a formação de profissionais para o TEATRO MUSICAL, e já o fez em grande escala, apesar de seu pouco tempo de existência. A escola reúne os melhores profissionais especializados no gênero, com o intuito de formar artistas altamente qualificados e capazes de atuar, com excelência, nos três segmentos artísticos que estruturam o TEATRO MUSICAL: canto, dança e interpretação. E atende desde os iniciantes, aqueles que descobriram que têm interesse ou vocação para o TEATRO MUSICAL, bem como os profissionais que desejam trabalhar nesse segmento, almejando aprofundar e agregar valores ao cenário teatral do país.




Sua missão é “promover arte e cultura, em especial o TEATRO MUSICAL, através da formação de profissionais altamente qualificados”. Sua visão é “ser a mais completa instituição dedicada ao ensino especificamente voltado para o TEATRO MUSICAL”. Seus valores estão focados no “agir e educar de forma ética, mantendo o foco, a progressão humana e artística”.





A consagrada atriz dos grandes musicais, CLÁUDIA RAIA, é uma grande entusiasta e incentivadora do CEFTEM e é dela uma frase que muito me toca e que tem tudo a ver com essa escola: “Não me falem só de talento, e sim de estudo, dedicação e comprometimento com o seu ofício.”. O talento nasce com o indivíduo, já existe, entretanto precisa ser trabalhado, lapidado, como um diamante bruto, para se tornar uma joia de grande valor. E é aí que entra o CEFTEM, para pôr em prática a segunda parte da frase de RAIA: “...estudo, dedicação e comprometimento com o seu ofício.”. Eles estão lá para isso.





E por que um centro de estudos específico para TEATRO MUSICAL? Simplesmente, porque, já há algum tempo, um pouco mais de duas décadas, no Brasil, esse gênero teatral “vem ganhando maior atenção e firmando sua estabilidade... Essa crescente credibilidade tem gerado uma série de efeitos positivos, principalmente a profissionalização do setor, que inclui não só atores, com a habilidade de interpretar, cantar e dançar, mas também figurinistas, cenógrafos, músicos, produtores, dentre outros que se beneficiam com a efervescente geração de oportunidades de trabalho, oferecendo uma estrutura que permite remunerar e manter estes profissionais”. Quantitativamente, ainda estamos bem distantes do que se produz lá fora, porém, em termos de qualidade, temos material, de sobra, para competir com eles. Falta-nos dinheiro, gente que acredite em aplicar nesse negócio.




A equipe do CEFTEM é formada por REINER TENENTE, fundador e diretor artístico e pedagógico; JOANA MENDES, sócia, diretora financeira e produção; JOÃO FONSECA, orientador artístico; FLÁVIO FUSCO, consultor em “marketing”; e JOÃO CASTRO, administração.




Gosto muito da proposta do musical “HAIRSPRAY” (Assisti a ele, em montagens profissionais, dentro e fora do Brasil.), acho-o bem alegre e divertido, embora seja, também, bastante “didático” e útil, para mais uma fonte de denúncia contra o inadmissível e inaceitável racismo e preconceito contra os negros – tema tristemente, sempre muito atual -, e gostaria de já ter ido ao Teatro Prudential na sessão de estreia, porém, infelizmente, por questões pessoais, só pude ir no dia da última apresentação.




Não farei comentários profundos sobre cada elemento da montagem, como é meu costume fazer, mas direi o que julgo necessário para ativar, em cada um dos que me leem, o desejo de assistir à peça quando, e se, ela voltar ao cartaz.





Antes, porém, preciso dizer que, na minha modesta opinião, em TEATRO MUSICAL, para alguém ser considerado “BOM”, não se pode partir de 100% e dividir esse percentual nas três áreas: canto, dança e interpretação. Penso que, em TEATRO MUSICAL, quem que ser considerado “BOM” precisa ser “300%,” ou seja, 100%, o melhor possível, em cada uma daqueles “dons”. Não adianta querer compensar uma área, agregando mais número a outra, ou outras. Um exímio dançarino tem que o ser, também, como cantor e intérprete. Se não for assim, não dá certo. O público nota e não gosta. “Fulano canta muito bem, mas é um péssimo ator e ‘arranha’ na dança.”. Ou invertem as aptidões.




Ainda que pobre, em recursos financeiros, o que vai criar limitações nos cenários, nos figurinos, na luz, na ausência de músicos ao vivo no palco (É tudo feito em “playback”, muito bem gravado, diga-se de passagem.), a montagem é ótima e os trabalhos para a montagem começaram em 2019, antes da pandemia, e tiveram de ser interrompidos, retornando, via Zoom e, posteriormente, de forma presencial, muitos meses depois.




 

 

 

SINOPSE:

 

A história de “HAIRSPRAY” se passa em Baltimore (Estados Unidos) no ano de 1962 e tem como protagonista TRACY TURNBLAD, uma grande garota, com um grande penteado e um coração maior ainda, que tem duas paixões na vida: a dança e o THE CORNY COLLINS SHOW, um programa musical da televisão, que é a verdadeira sensação.

Mesmo sendo fora dos padrões locais, ela prova o seu talento e conquista uma vaga fixa de dançarina no programa.

TRACY torna-se uma celebridade do dia para noite.

A identificação do público é imediata e ela começa a ameaçar a hegemonia de AMBER VON TUSSLE, a estrela e filha da produtora do “show”.

A rivalidade entre as duas fica ainda mais acirrada, quando elas decidem disputar o mesmo garoto.

TRACY ainda vai parar na cadeia, ao incentivar uma manifestação contra a segregação racial.

Seu pai tem de hipotecar a loja da família, e sua mãe, deprimida, está desistindo de viver.

Mas, por ser uma comédia musical romântica, as cortinas são fechadas após um “happy end”.

 

 



Tendo à frente o competentíssimo VICTOR MAIA, que dirigiu e coreografou (Que coreografia!) o musical, todos foram muito guerreiros, para levar à cena um espetáculo quase (faltou pouco) profissional, MUITO MELHOR QUE ALGUMAS PEÇAS QUE SÃO PREMIADAS POR AÍ. VICTOR não economizou nas denúncias e nos protestos, velados ou não, contra o racismo e a gordofobia.




Reproduzo algumas palavras de REINER TENENTE, que fez a coordenação pedagógica desta versão do musical, sobre a proposta que o CEFTEM nos apresenta Nesta versão, queremos apresentar uma produção marcada pela excelência e qualidade, atributos adequados a um musical de THOMAS MEHHAN. Desde a concepção da versão brasileira, feita, com excelência, por MIGUEL FALABELLA, passando pelas etapas de coordenação, desenho de som, cenografia, figurino, iluminação e montagem, o espetáculo expressa toda a sua força cênica, que transformou a adaptação brasileira num sucesso em 2009. Nossa montagem reúne totais condições, para se transformar num produto cultural de grande sucesso, contribuindo, sobremaneira, para o enriquecimento da cena cultural carioca.”. E eu acrescento, sem nenhum medo de errar: conseguiram.




Os cenários são modestos, sim, porém os poucos elementos utilizados em cena dão conta de distinguir os espaços em que se dão as variadas cenas e o público percebe isso, entende e gosta. E compreende o motivo de tal simplicidade, sim. O importante é que funciona, mesmo, às vezes, lembrando montagens de final de ano, feitas por estudantes, em suas escolas. Isso não apaga o brilho do espetáculo.




Os figurinos me surpreenderam, em função da questão econômica, que é o terror desse tipo de produção. Todos estão adequados aos personagens. Algumas peças devem ser do dia a dia dos atores e atrizes, pertencem a seus guarda-roupas pessoais, quero crer, mas há outras especialmente confeccionadas para a peça. Todos os figurinos funcionam, e isso é o que interessa. Isso também não apaga o brilho do espetáculo.




A iluminação, que depende do equipamento do Teatro, foi muito bem aproveitada e apenas notei algmas ligeiras falhas, acredito que mais por deslizes de quem estava operando a luz do que pelo desenho de luz, propriamente dito. Isso, das mesma forma, não apaga, denotativa e conotativamente, o brilho do espetáculo.




Se não há verba para se pagar a músicos, para que estes toquem ao vivo, o que custa muito caro, paga-se, de uma só vez, a excelenetes profissionais e grava-se um “playback” de alta qualidade que funciona a contento, dando-nos, por vezes, a impressão de que havia músicos ocultos por trás do cenário de fundo. Isso também não apaga o brilho do espetáculo e ajuda muito nas interpretações das ótimas canções que formam a trilha sonora de “HAIRSPRAY”.




O musical tem uma coreografia, excelente, original, criada por JERRY MITCHELL, e nós temos VICTOR MAIA, para acrescentar o toque de "brasilidade", com as "pitadinhas dos nossos condimentos". É ótima a coreografia final desta versão.




 

 

FICHA TÉCNICA:

Baseado no filme escrito e dirigido por John Waters

Texto: Thomas Meehan e Mark O'Donnell

Músicas: Marc Shaiman

Letra: Marc Shaiman e Scott Wittman

Coreografia Original: Jerry Mitchell

Coreografia Adaptada: Victor Maia

Versão Brasileira: Miguel Falabella

Direção Geral: Victor Maia

Assistente de Direção: Ariane Rocha e Larissa Landim

Direção Musical: Tony Lucchesi

Coordenação Pedagógica: Reiner Tenente

Direção de Produção: Joana Mendes

Produção Executiva: Duda Salles

Cenografia: Rodrigo Melo e Avner Proba

Figurino: Alborina Paiva

Iluminação: Victor Maia e Thayssa Carvalho

Visagismo: Kaike Rocha e Caio Godard

Fotos: Paulo Aragon

Assessoria de Imprensa: Ribamar Filho

 

ELENCO (Em ordem alfabética; são dois elencos alternantes.): Alborina Paiva, Alex Cabral, André Marinho, Ariane Rocha, Avner Proba, Bela Quadros, Carol Donato, Cris Mont, Elis Loureiro, Gabriel Barbosa, Giovanna Sassi, Hellen Cabral, Isadora Foeppel, Larissa Fernandes, Larissa Venturini, Léo Araujo, Léo Villar, Lucia Sanuto, Luiza Lewicki, Marcelo Vittória, Maria Antônia Ibraim, Maria Clara Soledade, Mickael Ramos, Nathan Leitão, Pedro Mondaine, Priscila Araújo, Renata Pinheiro, Roberta Galluzzo, Rodrigo Melo, Ruan Guimarães, Sara Chaves, Suellen Lima, Valléria Freire

 

 




Elenco que atuou no dia em que assisti ao musical (Se voltar ao cartaz, pretendo rever a peça com o outro elenco.):

 








E, para terminar, quero prestar minha homenagem e meu agradecimento ao fabuloso naipe de ARTISTAS (Eu assim já os considero.) que pisaram as tábuas naquela noite, acrescentando que de 80% a 90% deles estão preparados para subir num palco profissionalmente. Não vou citar nomes, porque não conheço todos, mas tenho os meus destaques e acrescento que eu os contrataria, sem pestanejar, após audições, para saber a quem deveria caber um determinado personagem. Só para isso, seriam submetidos a audições.





Parabéns ao CEFTEM, a REINER TENENTE, a JOANA MENDES, a VICTOR MAIA, a TONY LUCHESI e a todos os amigos de lá, envolvidos no projeto


OBSERVAÇÃO: Não faria sentido eu acrescentar  o SERVIÇO, uma vez que o espetáculo já encerrou sua primeira temporada. Se, e quando, houver a segunda, ele será devidadamente divulgado.







        

E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!



















































 


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