“COPACABANA
PALACE
– O MUSICAL”
ou
(BELO TRIBUTO A UM ÍCONE INTERNACIONAL.)
Se era para fechar o pobre ano teatral presencial de 2021,
por conta da pandemia de COVID-19, com chave de ouro, isso aconteceu, no
último dia 23 (dezembro de 2021), quando assisti a “COPACABANA PALACE
– O MUSICAL”, no Teatro Copacabana Palace, uma espécie de “anexo”
do famoso e internacionalmente conhecido hotel do mesmo nome, tema deste
musical – O HOTEL; NÃO O TEATRO -, espetáculo pensado, desde 2016, escrito e montado, não propriamente, para reinaugurar uma belíssima casa de
espetáculos, fechada havia 27 anos, desde 1994, quando estava
em cartaz a peça “Desejo”, estrelada por Vera Fischer. Foi uma felicíssima coincidência.
Era
para eu ter ido na sexta-feira anterior, dia 17, quando houve uma sessão
especial, para convidados, entretanto moro numa cidade, “ex-Maravilhosa”,
onde basta alguém, sem nenhuma educação, cuspir no chão, que já a rua fica
inundada, e uma terrível tempestade se abateu sobre a cidade, naquela noite,
parecendo que um dilúvio anunciava o final dos tempos, no Recreio dos
Bandeirantes, onde resido. Para preservar a minha vida, - não estou exagerando,
pois já passei por três ou quatro experiências do gênero -, sabedor de que,
mesmo saindo de casa com três ou quatro horas de antecedência, dificilmente,
conseguiria chegar ao meu destino, e pior ainda seria a volta, abri mão do
convite, com muita tristeza, uma vez que seria uma grande oportunidade de
reencontrar os amigos da classe teatral, a que, muito orgulhosamente,
pertenço, os quais, há quase dois anos, não tinha a oportunidade de abraçar.
Foto: O Globo.
Inaugurado em 1949, ano em que
nasci, com o espetáculo “A Mulher do Próximo”, de Abílio
Pereira de Almeida, seu fechamento se deu por causa de problemas
administrativos. Muitos não haverão de se lembrar que, em 1953,
apenas quatro anos após a primeira vez em que abriu suas cortinas, o Teatro
foi atingido por um grande incêndio, tendo o espaço sido recuperado e
reinaugurado em 1954, com a peça “Diálogos das Carmelitas”, de George Bernanos. Para
a sua atual reabertura, totalmente reformado e belíssimo, luxuoso, os trabalhos
foram iniciados há três anos e mobilizaram cerca de 600 profissionais,
de várias áreas. Uma obra grandiosa de recuperação de um importante espaço, em
cujo palco já pisaram alguns dos maiores nomes de atores e atrizes
do TEATRO BRASILEIRO. Citarei apenas alguns: Cacilda Becker, Cleyde Yáconis,
Walmor Chagas, Henriette Morineau, Procópio Ferreira, Sérgio
Britto, Bibi Ferreira, Fernanda Montenegro (Estreou lá.), Marília Pêra,
Tônia Carrero, Jardel Filho, Jorge Dória, Rogério Fróes,
Eva Wilma, John Herbert, Vera Holtz, Iracema de Alencar, Carmem
Silva, Maria Clara Machado, Maria Pompeu, Paulo Padilha, Nathália Timberg, Leonardo
Villar... E tantas importantes Companhias de TEATRO, que marcaram
época, no panorama teatral carioca e brasileiro, ocuparam, por tanto tempo,
aquele espaço, como a de Abílio Pereira de Almeida, a Cia. Fernando de Barros, a Cia.
Os Artistas Unidos, a Cia. Dramática Nacional, o Teatro
Brasileiro de Comédia (TBC), a Cia. Maria Della Costa e o
Teatro dos Sete, para citar algumas. O
PALCO DO TEATRO COPACABANA PALACE É UM “ESPAÇO SAGRADO”.
Foto: Mauro Samagaio
O novo Teatro Copacabana
prima pelo luxo e conforto aos espectadores, com capacidade de 332 lugares,
distribuídos da seguinte forma: 238 na plateia e 70 no balcão,
além de 18 assentos, distribuídos entre 4 frisas e 6 camarotes. Os
detalhes, importantíssimos, de acessibilidade e mobilidade
não foram esquecidos, respeitando-se as pessoas obesas ou com mobilidade
reduzida e os cadeirantes.
Foto: Mauro Samagaio
Mas agora é que me dei conta da minha empolgação por este novo
espaço cultural, belo e luxuoso, numa cidade em que Teatros, da
noite para o dia, são transformados em igrejas "evangélicas", para a exploração da fé dos ingênuos e incautos; farmácias, num país de tantos doentes; depósitos e
outras coisas, e percebi que O
ESPETÁCULO NÃO SE PROPÕE A CONTAR A HISTÓRIA DO TEATRO COPACABANA PALACE, E SIM DO COPACABANA
PALACE HOTEL, que, hoje, se chama BELMOND COPACABANA PALACE.
Então vamos à ANÁLISE DO ESPETÁCULO.
SINOPSE:
MARIAZINHA
GUINLE, viúva de OTÁVIO GUINLE e herdeira, junto
aos dois filhos do casal, recebe uma proposta de compra do HOTEL, apresentada
pelo poderoso empresário norte-americano, radicado na Inglaterra, JAMES SHERWOOD, e, sem saber o que fazer,
esconde dos filhos a tentadora proposta.
A única com
quem compartilha o dilema é a funcionária e amiga CLÁUDIA, e é através
da conversa entre as duas que o público faz um passeio por histórias memoráveis
do HOTEL e do Rio de Janeiro da época.
Mais um ângulo atual do HOTEL, que mudou de nome, porém manteve, ao alto, o antigo letreiro.
A sinopse supra é apenas a “coluna vertebral”
que sustenta a dramaturgia, estando atreladas a ela inúmeras “vértebras
e costelas”, não menos importantes. Fazendo,
sempre, questão de lembrar que OS FOCOS DE TODOS OS
REFLETORES SE VOLTAM PARA A HISTÓRIA DO HOTEL, E NÃO DO TEATRO, era
de se esperar – seria o óbvio e, de fato, acontece – que, na dramaturgia,
de ANA VELLOSO e VERA NOVELLO, fossem citados e recriados alguns dos momentos
mais emblemáticos, bons e ruins, da sua história – seria impossível mostrar
todos -, apresentando, ao público, tanto aos mais velhos, como eu, quanto aos
jovens, detalhes e curiosidades que nos fazem olhar para o retrovisor, e a
plateia aceita, como um “voyaeur”, sentir e observar a atmosfera
do HOTEL, desde sua inauguração, há mais de sete décadas, adquirindo
um certo “grau de intimidade” com alguns dos personagens,
celebridades, que já passaram por lá.
Um HOTEL de luxo, "perdido num bairro em construção". Foto: Autor desconhecido.
A idealização
do musical é de GUSTAVO WABNER, um dos responsáveis,
também, pela direção, ao lado de SERGIO MÓDENA com texto, como já foi mencionado, das autoras
e produtoras ANA VELLOSO e VERA NOVELLO, as quais mergulharam numa profunda
pesquisa, e a produção executiva e artística ficou a cargo da SÁBIOS
PROJETOS.
"Golden Room" do Copacabana Palace Hotel, palco de tantos "shows" internacionais e onde se realizavam os memoráveis bailes de carnaval, com um famoso desfile de fantasias. Foto: Autor desconhecido.
A
trajetória do suntuoso HOTEL, para os padrões da época, começa a ser
contada desde o projeto de sua construção, que demorou quatro anos – de 1919
a 1923 -, considerado, por muitos, uma ideia estapafúrdia, uma vez que
seria à beira-mar, na, então, quase deserta, praia de Copacabana, até
chegar ao status de o mais importante hotel do país. Ele seria uma “ilha”,
cercada de areia por todos os lados, como um “oásis num deserto”.
Tinha tudo, em princípio, para não dar certo, mas não foi assim que pensou o
visionário e obstinado empresário OTÁVIO GUINLE.
Copacabana Palace Hotel, logo após sua construção - Foto: Autor Desconhecido.
Copacabana - 1930 - Foto: Autor desconhecido.
De acordo com o “release”, enviado por STELLA STEPHANY (JSPONTES COMUNICAÇÃO – JOÃO PONTES E STELLA STEPHANY), “Em, aproximadamente, duas horas de espetáculo, revisitaremos episódios, envolvendo estrelas do cinema e da música nacionais e internacionais, como Orson Welles, Santos Dumont, Marlene Dietrich, Edit Piaf, Albert Einstein, Carmen Miranda, Frank Sinatra, reis e rainhas, governantes, empresários, mulheres e homens que fizeram história e povoam o imaginário mundial, há décadas. A narrativa parte de um olhar feminino: SUELY FRANCO (no 90º espetáculo de sua carreira) e VANESSA GERBELLI dão vida a MARIA ISABEL GUINLE, ou MARIAZINHA, mulher do poderoso e sonhador OTAVIO GUINLE, empresário responsável pela idealização e construção do HOTEL COPACABANA PALACE (contando com Francisco Castro Silva, atendendo a uma solicitação do, então, presidente Epitácio Pessoa), quando ninguém acreditava ser possível desbravar aquele areal desabitado e fora de mão, que era a, então, Copacabana.”.
E prossegue o “release”: “MARIAZINHA
viveu no HOTEL durante 40 anos. Assumiu a administração do COPACABANA PALACE,
após a morte do marido, em 1968. A falta de recursos para a manutenção do HOTEL
e o risco de vê-lo se transformar numa ‘ruína arqueológica’ acabaram
sensibilizando aqueles que, inicialmente, eram contrários à venda, mas que
reconheceram a importância do COPACABANA PALACE como um monumento da cidade e
do país.”.
O QUE
ACHEI DO ESPETÁCULO? GOSTEI. GOSTEI MUITO MESMO. E quero revê-lo, o que representa
o meu aval, na forma de recomendação do musical.
Sobre o texto: Se era para ser contada a trajetória desse espaço, que não é apenas um ícone da cidade do Rio de Janeiro, mas do Brasil, o preferido, nos seus tempos de glória – e por muitos, até hoje -, por dez, entre dez grandes personalidades internacionais, as quais pagavam suas estadas a preço de ouro, o caminho era pesquisar muito, antes de transformar as informações em dramaturgia. Isso foi feito? Sim, e de forma muito competente, a quatro mãos, por duas atrizes, diretoras, produtoras e dramaturgas, que estão acostumadas a escrever para o TEATRO (Autoras e roteiristas há 25 anos.).
A carpintaria
teatral me agradou sobremaneira, pois os autores optaram por contar
a história do ponto de vista cronológico, pela boca de uma personagem
que representava o próprio HOTEL, alguém que a ele se dedicou, de corpo
e alma, DONA MARIAZINHA GUINLE, o que facilita bastante, para o público,
a compreensão da história, intercalando cenas de “flasbacks”. A
progressão da narrativa vai sendo mostrada, a passagem do tempo, por projeções
dos anos a que se referem as cenas. Como linguista, não notei uma grande preocupação,
por parte de quem escreveu o texto, em conservar, de forma tão severa, o
falar da época, mas alguma coisa de lá foi trazida para cá, e esse detalhe, de
uma possível “ausência”, não compromete, absolutamente, em nada, o texto
e a dramaturgia. Os diálogos são muito bem elaborados, bastante ágeis,
a maioria, o que transfere, à montagem, um bom ritmo, capaz de prender a
atenção do espectador interessado em conhecer a história do HOTEL, ainda
mais com a ajuda da parte musical.
A ideia
de reinaugurar um Teatro tão importante para esta cidade, por demais,
carente deles, com um espetáculo que resgatasse a memória de um Rio
de Janeiro que, infelizmente, não voltará jamais e, principalmente do HOTEL,
em cuja edificação está situado o Teatro, não poderia ter sido mais
oportuna, pelo que parabenizo GUSTAVO WABNER e SERGIO MÓDENA, parceiros na montagem.
SERGIO MÓDENA
ocupa um
lugar de destaque na galeria dos vitoriosos do TEATRO BRASILEIRO, com mais
de três décadas de bons serviços prestados ao nosso TEATRO, em
vários setores, com destaque para a direção. É Bacharel em Artes
Cênicas, pela Unicamp, e, também, é formado pela École Philipe
Gaulier, em Londres, onde realizou especializações em Shakespeare,
Tchekhov e Melodrama. Poderia citar uma enorme quantidade de
peças de sucesso que levaram a sua chancela, como diretor, mas
vou ater-me a apenas algumas, as principais, talvez, sendo que o seu mais
recente sucesso, antes do que está sendo aqui analisado, e que terminou a sua
segunda temporada, recentemente, aclamado pelo público e pela crítica, em São
Paulo, “As Cangaceiras - Guerreiras do Sertão”, vai estrear,
nos primeiros dias de janeiro próximo, no Rio de Janeiro. Mas quem não
se lembra de “Os Grandes Encontros da MPB”, “Estes
Fantasmas”, “Janis”, “Os Vilões de Shakespeare”,
“O Musical da Bossa Nova”, “Como Me Tornei Estúpido”,
“O Último Lutador”, “Ricardo III”, “A Arte da
Comédia”, “Forró Miudinho”, “Bossa Novinha- A Festa
do Pijama”, “Sambinha”, “A Revista do Ano - O
Olimpo Carioca” e “As Mimosas da Praça Tiradentes”?
Muitos lhe renderam prêmios e indicações a outros. Agora, ele agrega, ao seu já
extenso currículo, mais este trabalho, que, a meu juízo, foi desenvolvido de
forma correta e criativa, do ponto de vista da direção, por ele e por GUSTAVO
WABNER, sabendo, ambos, aproveitar e explorar tudo o que tinham de melhor às
suas mãos, desde o material humano a uma tecnologia de ponta.
Sergio Módena (Foto: Autor Desconhecido)
GUSTAVO
WABNER não faz por menos, já que, além de ator, também já nos
demonstrou grande aptidão e vocação para a direção teatral, assinando
como diretor de grandes sucessos dos palcos, como “O Cego e o Louco”,
“Navalha na Carne” e “Sylvia”, além de ter atuado como assistente
de direção em outras muitas montagens.
Gustavo Wabner (Foto: Autor Desconhecido)
Por se tratar de um musical, mais do que necessária é a contribuição de um bom diretor musical, tarefa que foi assumida por HERBERTH SOUZA e que não deixa a desejar, tanto na escolha das canções já conhecidas como nas poucas compostas, especialmente, para a peça, e nos arranjos também, dividindo esse trabalho com EVELYNE GARCIA, fugindo, muitas vezes, aos já conhecidos e partindo para propostas novas e, até mesmo, desafiadoras, tudo fluindo muito bem. As únicas músicas compostas para o espetáculo foram a Abertura, as trilhas referentes à transformação do hotel e para a cena da briga entre os personagens Washington Luís e Elvira. No mais, foram selecionadas algumas canções brasileiras e alguns "hits" internacionais: RIO DE JANEIRO, de Aldir Blanc - Guinga; RIO DE JANEIRO, de Anderson Lugão; OS 8 BATUTAS, de Pixinguinha; SOUTH AMERICAN WAY, de Al Dubin - Jimmy McHugh; THE CHARLESTON, de Cecil Mack; COPACABANA NIDO DE AMOR, de Julio de Caro; NOSSOS MOMENTOS, de Haroldo Barbosa - Luiz Reis; MARINA, de Dorival Caymmi; SOMEONE TO WATCH OVER ME, de George Gershwin - Ira Gershwin - Howard Dietz; FLY ME TO THE MOON, de Bart Howard; LA VIE EN ROSE, de Édith Piaf - Louis Guglielmi; LOOK ME OVER CLOSELY, de Terry Gilkyson; SAMBA RASGADO, de Zé Kéti - Jaime Silva; CAN CAN NO CARNAVAL, de Carlos Cruz - Haroldo Barbosa; ORPHÉE AUX ENFERS, de Jacques Offenbach; COLOMBINA YÊ, YÊ, YÊ, de João Roberto Kelly - David Nasser; QUERO MORRER NO CARNAVAL, de Luiz Antônio - Eurico Campos; POR CAUSA DE VOCÊ, de Antônio Carlos Jobim - Dolores Duran; NOITE DE PAZ, de Dolores Duran; CANTA BRASIL, de David Nasser - Alcyr Pires Vermelho; BRASILEIRINHO, de Waldyr Azevedo; DANCIN’ DAYS, de Nelson Motta - Rubens Queiroz; LANÇA PERFUME, de Roberto de Carvalho - Rita Lee; LAST DANCE, de Paul Jabara; NON, JE NE REGRETTE RIEN, de Charles Dumont - Michel Vaucaire; HYMNE A L'AMOUR, de Édith Piaf - Marguerite Monnot; FASCINAÇÃO, de Dante Pilade Marchetti - Maurice de Féraudy - Armando Lousada; e MAS QUE NADA, de Jorge Ben Jor. HERBERTH também toca, ao vivo, (programação de teclados, teclado e regência), ao lado de Guilherme Borges (teclado 1 e regência), Evelyne Garcia (teclado, acordeão e regência), Márcio Romano (bateria e percussão), Tassio Ramosa e Pedro Aune (contrabaixo acústico e elétrico) e André Dantas e Diogo Siuli (guitarra e violão).
ROBERTTA FERNANDES é quem assina as coreografias e a direção de movimento. E faz um ótimo trabalho, principalmente se considerarmos as pequenas dimensões do palco do Teatro Copacabana Palace, para a realização de musicais, os quais implicam, quase que obrigatoriamente, coreografias (Pareceu-me que não foi aumentado, com as obras de ressignificação do espaço.). As coreografias são alegres e leves, como pede o espetáculo, e bem dinâmicas.
O elenco
faz um trabalho harmonioso, não fosse ele formado por grandes nomes dos nossos
palcos, com destaque, evidentemente, para a grande “segunda protagonista”
do espetáculo – o protagonismo é do HOTEL -, a grande DONA SUELY
FRANCO, que, do alto dos seus 82 anos, com cerca de seis décadas
de profissão, continua esbanjando talento, simpatia e carisma, cantando, "ensaiando", parcimoniosamente, pela idade, alguns passos e cantando muito bem,
com a afinação que sempre demonstrou em cena e que não lhe foi roubada pelos
anos de vida e de profissão que carrega nas costas. Se a potência da voz, por
motivos mais que óbvios, já não é mais a mesma, embora ela continue alcançando,
e sustentando, notas bem altas, a afinação e a delicadeza nas interpretações
continuam lá, no palco do novo Teatro Copacabana Palace. É um grande privilégio
ver essa estupenda atriz brasileira, orgulho para todos nós, em cena,
interpretando DONA MARIAZINHA GUINLE já em idade avançada. Ela vai
narrando e costurando as cenas. Representa a memória viva do COPACABANA
PALACE HOTEL. E que assim continue, por muitos e muitos anos!
Os
demais, que se ocupam em interpretar outros personagens principais, coadjuvantes
e alguns de menos importância na trama, todos o fazendo, são VANESSA
GERBELLI, CLAUDIO LINS, ANA VELLOSO, ARIANE SOUZA,
CHRIS PENNA, DANIEL CARNEIRO, ERIKA RIBA, GUILHERME
LOGULLO, JULIA GORMAN, LUIZ NICOLAU, NATACHA TRAVASSOS, PATRÍCIA ATHAYDE e
SAULO RODRIGUES.
VANESSA, além de
pequenas participações, interpreta, com seu indiscutível talento, DONA
MARIAZINHA, quando jovem, sempre ao lado do marido, vivido, com total
elegância, pelo eclético CLAUDIO LINS. Como interpreta e canta com
naturalidade essa dupla! Que boa química profissional há entre eles!
Como foi bom ver tantos queridos e competentes
profissionais, voltando aos palcos, vibrando, a cada entrada em cena. A plateia
percebe isso neles, que existe prazer em atuar, além da devida competência, por
parte de todos, acostumados a fazer bonito nos palcos, principalmente em musicais.
Não gostaria de citar um ou outro nome, uma vez que há um nivelamento muito
homogêneo, “por cima”, mas preciso... Não! Eu teria de
falar de um por um, dos melhores momentos de cada um, em cena, e isso
alongaria, por demais, esta crítica. Mas tenham a certeza de que não
vão encontrar o menor defeito na atuação de todos do elenco; pelo
contrário, deixarão o Teatro como eu: felizes e orgulhosos dos nossos
artistas.
Como a encenação
promove “o encontro entre a tradição e a modernidade”, todos
os cuidados foram tomados na concepção dos figurinos e dos cenários.
Aqueles levam a assinatura de KAREN BRUSTTOLIN e se destacam, por serem
muito glamurosos, como os modelos dos “anos dourados”, assim como
há vez para os mais clássicos e os modernos, quando a narrativa se aproxima dos
tempos atuais. Todos, sem exceção, são de um preciosismo de detalhes e de uma
beleza ímpar, ajustando-se, perfeitamente, a cada personagem e época.
A cenografia,
dividida em dois planos, leva a marca de uma das melhores cenógrafas do
momento, a premiadíssima NATÁLIA LANA, que não se preocupou em
reproduzir, exatamente, os ambientes da época, mas criou outros análogos,
observando os estilos e as características exigidas, resultando num trabalho
que merece ser muito aplaudido. Com uma parte fixa, onde não poderia faltar uma
escadaria, cheia de detalhes ricos em acabamentos, e utilizando, na parte baixa
do palco, poucos elementos, que transitam, num entrar e sair, para compor
outros espaços, além do tão famoso “Golden Room”, NATÁLIA nos
transporta, com sua cenografia, para os áureos tempos do COPA,
muitos dos espaços e decoração mantidos até hoje.
“Glamour” atrai
luz; não combina com escuridão. E disso entende muito PAULO CESAR MEDEIROS,
um dos melhores profissionais do ramo, no Brasil, que veste, de luzes e
cores, todo o espaço cênico, superlativando o charme, quando este se faz
presente, e pondo em destaque “normal”, quando não havia nada que
pedisse uma “luz especial”, outros momentos do musical. A luz,
em TEATRO, tem uma ligação direta com o clima de cada cena, podendo, até
mesmo, às vezes, ser dispensada. MEDEIROS, mais que ninguém, conhece
isso, que é um dos princípios básicos da iluminação teatral, e projetou
um desenho de luz que se encaixa, perfeitamente, na montagem, da
primeira à última cena.
Quando
falei na parte cenográfica, omiti, de propósito, com o objetivo de pôr
em destaque, um detalhe, que vem sendo muito usado, em montagens teatrais,
ultimamente, mormente em musicais, que é a parte do videografismo,
sob a responsabilidade de dois irmãos, “craques” no assunto: RICO
e RENATO VILAROUCA. Sempre que assisto a um espetáculo em que
esse elemento se faz presente, em poucos minutos de projeções,
identifico, mesmo sem ter lido, anteriormente, a ficha técnica, o
trabalho da dupla. Ao fundo do palco, fica um enorme telão de “led”,
de alta resolução, responsável por projeções lindas, que vão desde os
algarismos dos anos que marcam cada período de vida do HOTEL, passando
por fotos, trechos de vídeos, alguns raros, e, a cereja do bolo, o trabalho de
criação, em muitos momentos, meio “psicodélico”, obra da
criatividade dos irmãos. Na cena em que Carmen Miranda, representada por
ANA VELLOSO, canta, num “show”, no “Golden Room”, a
sequência de desenhos e imagens projetados no telão emoldura, adequadamente, a
apresentação da “Pequena Notável”. (Um desabafo, que poderá desagradar
a uns e chocar a outros: para mim, apenas “Pequena”.)
O som,
de tudo o que se diz e se canta, em cena, chega aos nossos ouvidos num volume
adequado e com total precisão, cristalino, graças aos equipamentos e ao seu
uso, no desenho de som, projetado por BRANCO FERREIRA.
Além desses nomes, há um batalhão de excelentes profissionais, que deram o seu melhor, nos bastidores, nas coxias, nos camarins, nos escritórios, para que o espetáculo pudesse ser erguido, os quais também são merecedores de muitos aplausos. Os “anônimos” têm vez, nas minhas críticas, porque – vou usar uma citação mais que “batida” – “ninguém faz TEATRO sozinho”. E é preciso que o público saiba disso e valorize os grandes protagonistas, os diretores, os produtores, os artistas de criação, mas, também, os técnicos, os cenotécnicos, os contrarregras, as costureiras, os aderecistas, os pintores de cenários, os visagistas, os assistentes de produção (Viva Cacau Gondomar!) e todos os que dão, nem que seja, 0,00001% de seu trabalho, talento ou habilidade, para que o TEATRO se faça vivo.
FICHA TÉCNICA:
Idealização: Gustavo Wabner
Texto: Ana Velloso e Vera Novello
Direção:
Gustavo Wabner e Sergio Módena
Elenco
Protagonista: Suely Franco, Vanessa Gerbelli e Claudio Lins
Elenco
Coadjuvante: Saulo Rodrigues, Ariane Souza, Erika Riba, Julia Gorman, Ana
Velloso, Luiz Nicolau, Daniel Carneiro, Chris Penna, Guilherme Logullo, Hugo
Kerth, Natacha Travassos e Patricia Athayde
Músicos:
Heberth Souza
- teclado e regência
Evelyne Garcia
- teclado, acordeão e regência
André Dantas e
Thiago Trajano - Guitarra e violão
Marcio Romano
- bateria e percussão
Tassio Ramos e
Pedro Aune - contrabaixo acústico e baixo elétrico
Direção
Musical: Heberth Souza
Arranjos:
Heberth Souza e Evelyne Garcia
Coreografia e
Direção de Movimento: Roberta Fernandes
Cenografia:
Natália Lana
Figurinos:
Karen Brusttolin
Iluminação:
Paulo Cesar Medeiros
Direção de
Imagens (Videografismo): Irmãos Vilarouca Rico e Renato)
Projeto de
Som: Branco Ferreira
Visagismo:
Guilherme Camilo
Assistência de
Direção: Hugo Kerth
Assistência de
Direção Musical: Evelyne Garcia
Programação Visual:
Cacau Gondomar
Fotografia:
Renato Mangolin
Mídias
Sociais: Rafael Teixeira
Registro
Videográfico: Chamon Audiovisual
Gestão do
Projeto: Renata Leite – Rinoceronte Entretenimento
Assistente
Financeiro: Patricia Basilio – Rinoceronte Entretenimento
Direção de
Produção: Alice Cavalcante, Ana Velloso e Vera Novello
Realização:
Sábios Projetos e Lúdico Produções
Assessoria de
Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany
SERVIÇO:
Temporada: de
18 de dezembro de 2021 a 06 de fevereiro de 2022
Local: Teatro
Copacabana Palace
Endereço:
Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 291- Copacabana – Rio de Janeiro
Telefone:
(21)2548-7070
Dias e
Horários: de 5ª feira a domingo, sempre às 19h
ATENÇÃO!!! DIAS E HORÁRIOS ESPECIAIS: Em
dezembro, sessões especiais, nos dias 21, 22, 23, 28, 29 e 30, sempre às 19h.
OBSERVAÇÃO: No primeiro final de semana
do ano, excepcionalmente, não haverá sessão no sábado, dia 08/01, e sim na
quarta-feira, dia 05/01
Valor dos
Ingressos: plateia R$240,00 e R$120,00 (meia entrada); balcão: R$50,00 e R$25,00
(meia entrada)
Vendas: www.sympla.com.br
Capacidade:
332 espectadores
Duração: 120
min
Classificação
Etária: 12 anos
Gênero: Musical
Jamais me
perdoaria, se, não reproduzisse, aqui, uma fala de DONA Fernanda Montenegro,
presente no já referido “release” da peça: “Reabrir
um Teatro é renascer. Portanto, que bem-vinda é essa reabertura! Esse Teatro é
um centro cultural de imensa história, de calor humano, de vibração, de uma
realidade esperançosa pro Brasil. É o que a gente quer de volta.”.
Para terminar,
só posso ratificar o que já fiz, ou seja, recomendar o espetáculo,
como um ótimo entretenimento e fonte de cultura sobre um ícone do
Brasil, que ultrapassou nossas fronteiras, e um pouco do Rio de Janeiro
de outros tempos. Bons tempos!!!
E, se alguém
quiser conhecer mais sobre a história do COPACABANA PALACE HOTEL, sugiro
a leitura de um livro, recomendado por GUSTAVO WABNER e que já comprei,
para ler logo, escrito por alguém que andou muito pelos corredores, pérgula da
piscina, restaurantes, salões e demais dependências do HOTEL, o grande e
saudoso jornalista Ricardo Eugênio Boechat, junto com Sérgio Pagano:
“Copacabana Palace: um Hotel e sua História”, pela Editora Dba.
Ah! E, apenas,
para que não paire nenhuma dúvida, pela última vez: O
ESPETÁCULO NÃO SE PROPÕE A CONTAR A HISTÓRIA DO TEATRO COPACABANA PALACE, E SIM DO
COPACABANA PALACE HOTEL.
FOTOS: RENATO MANGOLIN
GALERIA PARTICULAR
(FOTOS: AUTORES DIVERSOS)
Com Claudio Lins, Chris Penna e Erika Riba.
Com Ana Velloso.
Com Guilherme Logullo.
(Valeu pelo registro, mas a qualidade da foto deixou muito a desejar.)
Fila, à porta do Teatro Copacabana Palace, para assistir a "COPACABANA PALACE - O MUSICAL" . Foto: Autor desconhecido.
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
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