“ELA, E ALGUMAS
HISTÓRIAS”
ou
(UMA BOA COMÉDIA SEMPRE É
BEM-VINDA.)
Fui ao Teatro ontem, no Shopping da Gávea, para
assistir a uma peça que muito me fora recomendada e que não tivera a
oportunidade de conhecer antes, em outra temporada, de sucesso, no Teatro
Glaucio Gill. Trata-se de “ELA,
E ALGUMAS HISTÓRIAS”, com um ator cujo trabalho já conhecia, e admiro, CLAUDIO GABRIEL, e uma atriz, ótima,
por sinal, de cujo nome, salvo engano – talvez por ignorância de minha parte –
nunca ouvira falar, FRANCISCA QUEIROZ.
Noite de final de novela, tão esperado por
milhões de pessoas, quando seria revelado o assassino de uma das protagonistas.
Na plateia, um ínfimo número de espectadores, o que me deixou bem triste e me
fez lembrar que, em 1989, por coincidência, quando da exibição da primeira versão
da tal novela, por coincidência, eu também estava naquele Shopping, em outro Teatro,
no mesmo dia do capítulo final do folhetim. Daquela vez, foi pior, porque a
peça era protagonizada por Sérgio Brito, cercado por um elenco
estelar. 15 atores famosos no palco e 12 pessoas na plateia, incluindo
este crítico, é claro. Mesmo assim, em respeito ao público, a sessão não foi
abortada e o espetáculo foi um assombro, assim como muito bom foi o de ontem.
Com relação à peça “ELA, E ALGUMAS HISTÓRIAS”, achei que um dos motivos para o público
não ter enchido o Teatro das Artes era o desconhecimento sobre o casal de atores,
visto que, infelizmente, a maioria das pessoas troca um bom espetáculo, com
atores agnotos, por outros, de qualidade até duvidosa, desde que haja “globais”
no elenco, mas me lembrei de que a experiência anterior, há 36 anos, envolvia
grandes nomes do Teatro e da TV. Acho que a pouca frequência de ontem girava
mesmo em torno de “Quem matou Odete Roitman?”.
SINOPSE:
Entre memórias, recomeços e
descobertas, “ELA, E ALGUMAS HISTÓRIAS” apresenta
a trajetória de uma mulher que, após o fim de um casamento, precisa reconstruir
sua vida, enquanto concilia maternidade, carreira e as novas formas de se
relacionar no mundo contemporâneo.
A peça costura passado e presente em
uma narrativa sensível e bem-humorada, refletindo sobre os desafios da mulher
moderna diante das transformações sociais e tecnológicas.
Após o fim de um casamento de quase 20
anos e com três filhos para criar, Ela (FRANCISCA QUEIROZ) precisa reinventar sua vida.
Entre a luta por independência
financeira, a adaptação às novas dinâmicas das relações virtuais e a pressão
por conciliar maternidade e realização profissional, a protagonista atravessa
um verdadeiro turbilhão de emoções, ao tomar as rédeas do próprio destino.
São várias as camadas que
o texto,
também escrito por FRANCISCA QUEIROZ,
o primeiro seu para o TEATRO, atinge, tais como as
responsabilidades com os filhos, o desejo da ascensão profissional, a
maturidade, a separação, a luta pelo empoderamento e o recomeço, num mundo que
passou por grandes transformações, por conta do advento da tecnologia e dos
inúmeros aplicativos de relacionamento. “A montagem convida o público a refletir
sobre a condição da mulher contemporânea".
A dramaturgia, muito boa,
diga-se de passagem, é apresentada de uma forma não linear, misturando o
momento presente e o passado, por meio de interessantes e curiosos “flashbacks”,
“para
abordar a fragmentação da experiência feminina e a complexidade da vida moderna,
de forma comovente e bem-humorada, em diferentes atmosferas e nuances
emocionais”, trecho extraído do “release” que me chegou às mãos, via
MÁRIO CAMELO, assessor de imprensa da peça.
É interessante o nome que
a autora deu à protagonista, “Ela”, visto que a personagem se
reveste de uma atemporalidade e universalidade, já que tropeçamos em tantas “elas”
que existem por aí e com as quais, principalmente, a COMÉDIA conversa mais
diretamente.
Os elementos de apoio à
montagem funcionam satisfatoriamente, com destaque para a simples e muito
expressiva cenografia, assinada por CLIVIA
COHEN, bem como os figurinos, pensados e criados por BEL GRAÇA, e a justa iluminação, de VILMAR OLOS.
Só posso enaltecer o
trabalho de atuação da dupla FRANCISCA
e CLAUDIO, no qual reconheço
versatilidade, dinâmica e uma total inteiração entre ambos; aliás, não só entre
si, mas também com a plateia, a qual reage muito bem às situações cômicas
apresentadas. O casal de atores responde muito bem ao trabalho de direção,
muito bem executado por alguém que sabe como dirigir uma COMÉDIA, o talentoso ERNESTO
PICCOLO, o querido “Neco”.
FICHA TÉCNICA:
Dramaturgia
e Idealização: Francisca Queiroz
Direção: Ernesto Piccolo
Elenco: Francisca Queiroz
e Claudio Gabriel
Cenografia: Clivia Cohen
Figurino:
Bel Graça
Iluminação:
Vilmar Olos
Trilha Sonora: Rodrigo Penna
Direção de Produção: S Rezende Produções
“Design” Gráfico: Deko Mello
Fotos: Nana
Moraes, Helena Markun e Lucas Caldeira
Assessoria de Imprensa: Prisma Colab (Mário Camelo)
Realização: Coxia Produções
SERVIÇO:
Temporada:
De 03 a 26 de outubro de 2025.
Local:
Teatro das Artes.
Endereço:
Shopping da Gávea, 2º andar - Rua Marquês de São Vicente, nº 52 – Loja 264 - Gávea – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: 6ª feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h.
Valor dos Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) – à venda na
bilheteria do Teatro.
Duração: 70 minutos.
Classificação Etária: 12 anos.
Instagram: @elaealgumashistorias
Sempre
que vou ao Teatro, para assistir a uma COMÉDIA – confesso
–, faço-o com muito ceticismo, uma vez que a grande maioria não me
agrada, dado que nem todos os dramaturgos e atores/atrizes têm competência para
realizar um bom trabalho nesse gênero, o mais difícil de ser montado. Não foi
diferente ontem, no entanto só posso dizer que valeu a pena ter assistido a “ELA, E ALGUMAS HISTÓRIAS”, o que me faz
RECOMENDAR A PEÇA.
FOTOS: NANA MORAES,
HELENA MARKUN
e
LUCAS CALDEIRA.
É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo,
visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre
mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há
de melhor no TEATRO BRASILEIRO!
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