terça-feira, 28 de junho de 2022

 

“FRÁGIL –

FORA DA CAIXA”

ou

(DE COMO SE

MONTAR UM BOM

ESPETÁCULO,

SEM DINHEIRO,

MAS COM MUITA

GARRA

E TALENTO.)


 


        Mais uma vez, decido dedicar parte do meu precioso tempo a escrever sobre um espetáculo que, embora já tenha saído de cartaz, merece uma crítica, por sua qualidade e, mais ainda, por todo o empenho dos envolvidos em seu projeto, para conseguirem erguê-lo. Faço isso com o maior prazer e na certeza de que, caso consigam outra(s) temporada(s), eu, sem muita pretensão, possa ter contribuído para sua divulgação e, consequentemente, levar pessoas a assistir a ele e se divertirem, como aconteceu comigo. Com esta publicação, reverencio, principalmente, dois nomes, DANI FRITZEN e MARIO NETO, os quais, com muita coragem e sem contar com patrocínios, valendo-se de recursos próprios e da colaboração de alguns amigos, mergulharam, de cabeça, num projeto, que se concretizou no palco do Teatro Candido Mendes, para uma curta temporada, de sucesso de público. A peça em questão chama-se “FRÁGIL – FORA DA CAIXA” e se trata de uma gostosa e leve COMÉDIA dramática, que nos leva a boas reflexões, principalmente para o público feminino, sobre um determinado momento na vida de algumas mulheres.




 

SINOPSE:

Uma mulher de 40 anos, recém-separada e de mudança para uma nova casa, divide, com o seu “alter ego” e amigo, EDU (MARIO NETO), essa sua jornada de transformação e autoconhecimento.

A dupla fala, dentre outras coisas, de vulnerabilidades, escolhas, prazer feminino, família, envelhecimento, relacionamento...

A montagem faz um apelo bem-humorado e poético, para que as mulheres abracem suas mudanças, sejam elas de relação, de endereço, de profissão, de hábitos, de religião...

O importante é “sair da caixa” e se permitir alçar novos voos, independentemente da idade.

 

 



 

Sou totalmente avesso a livros de autoajuda, mas não a um tipo de TEATRO que, sem ser piegas ou panfletário, possa, no fundo, ser considerado como “de autoajuda”. Sim, porque é dessa maneira que encaro o texto de DANI FRITZEN, com a colaboração de MARIO NETO, e penso ser a proposta primeira da peça, como diz a sua SINOPSE: a proposta seria ajudar as mulheres a assumir os riscos e as incertezas que poderão advir do término de um casamento, via uma situação ficcional, com a qual muita gente do público pode se identificar, por tê-la vivido na pele, ou por estar a vivê-la, ou, ainda, por pensar em passar por ela, no futuro, em função de um presente conturbado.





  Trata-se de uma produção bem “franciscana”, mas na qual identificamos, principalmente quem é do meio teatral, muito amor, garra e dedicação envolvidos nela. Por estar, cada vez mais difícil, conseguir concretizar um projeto teatral, num país à deriva, nas mãos de gente da pior espécie, que, mais do que desprezar, ODEIA a ARTE e a CULTURA, uma iniciativa como esta é digna do nosso maior respeito e aplausos.




  Valendo-me do “release”, enviado por LYVIA RODRIGUES (AQUELA QUE DIVULGA – ASSESSORIA DE IMPRENSA), DANI “resolveu, por meio da sua escrita, compartilhar seu processo de mudança com pessoas inquietas e sedentas por ‘algo mais’, como ela”. MARIO NETO acrescenta que incluiu, no texto, toques de humor, na dramaturgia, conferindo-lhe leveza e fluidez para as cenas, sem perder a densidade que elas trazem”. E o resultado disso é muito bom. A peça diverte e faz pensar.




  Chamou-me a atenção a ambiguidade presente no título da peça. Antes de assistir a ela, tal título não faz pensar em nada especial, porém, depois da experiência de se passar pouco mais de uma hora, observando as cenas, chega-se, obrigatoriamente, à conclusão de que o “FRÁGIL”, que é aplicado, por meio de uma etiqueta, às caixas que contêm algo que precisa de um cuidado maior, em seu transporte, está ligado ao estado emocional de alguém como ANA, após o término de um casamento e a incertezas do futuro que a espera. Quanto ao “FORA DA CAIXA”, isso também nos remete ao estado emocional da personagem. Existe uma expressão da língua inglesa, “thinking outside the box”, amplamente usada no nosso dia a dia, cuja tradução literal é “pensando fora da caixa”, que significa “pensar de forma inovadora, criativa e além dos padrões convencionais”. Basicamente, “pensar fora da caixa” implica uma “capacidade de abandonar os padrões que limitam seu pensamento e expandir sua criatividade”. Era, exatamente, disso que a personagem necessitava, para o que apela a seu “alter ego”, o qual vai, aos poucos, levando-a a assumir um novo “way of life”, uma nova forma de viver. “Reivenção” está na ordem do dia, para o que é preciso coragem e determinação.




  Extraído do já citado “release”“Em um palco tomado por caixas de papelão, repletas de objetos e recordações, ANA (DANI FRITZEN) divide a sua jornada de recomeço, cheia de autoconhecimento, com EDU (MARIO NETO), seu “alter ego” e amigo. Juntos, eles falam de infância, família, felicidade, vulnerabilidades, padrão de beleza, prazer feminino, relação abusiva, religião, envelhecimento, fragilidades, todos os assuntos convergindo para a reflexão central da peça: é possível mudar de vida depois dos 40 anos.”.




 O espetáculo estreou, em 2021, no formato “on-line”, e, em março do mesmo ano, se apresentou, presencialmente, no Theatro Municipal de Niterói, contemplada pelo Edital da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (SECEC), com patrocínio do Governo Federal, através da Lei Aldir Blanc. (VIVA A LEI ALDIR BLANC!!!) Em 2022, a peça fez a sua estreia na capital fluminense, em uma versão mais intimista, propiciada pelo palco do Teatro Cândido Mendes, “onde o espectador se sente dentro da casa de ANA”




      Dentro das possibilidades, dos parcos recursos de que dispunham, a peça apresenta um cenário simples, criado pela dupla de atores e pelo diretor, porém muito significativo; pobre, em se tratando de valor material, todavia riquíssimo em significações: muitas caixas de papelão, espalhadas pelo espaço cênico, uma mesinha de cabeceira, um pufe, duas cadeiras de praia e muitos objetos de grande valor afetivo para a personagem. Memórias em cena.      




         Nada de especial, com relação ao figurino, de LÚ VICTER (Ateliê2), bem adequado aos personagens. A iluminação, a cargoi de RAPHAEL GRAMPOLA, também não apresenta nenhum comentário a ser destacado, funcionando a contento. Destaque eu reservo à ótima trilha sonora, assinada, a oito mãos, por MARIO NETO, DANI FRITZEN, MARCOS ÁCHER e RENATO BADECO, que foi nascendo no decorrer do processo, durante os ensaios; um processo coletivo. As canções escolhidas são de muito bom gosto e estão bem adequadas às cenas, cada uma delas ligadas aos quatro criadores da trilha, em função de suas lembranças.




         MARCOS ÁCHER, num feliz momento, executa uma boa direção, extraindo o que há de melhor do talento da dupla de atores, fazendo uso de boas marcações, criando um espetáculo bem dinâmico, recheado de boas ideias e soluções.




        DANI FRITZEN e MARIO NETO são dois bons atores e se conhecem bem, fora de cena e dentro dela, o que lhes confere uma boa cumplicidade, quando contracenam. Ambos transitam bem nos momentos mais sérios e estão muito à vontade, quando a intenção é fazer rir, principalmente MARIO, que se aproveita das reações da plateia, para improvisar e colocar ótimos “cacos”, os quais provocam mais risadas.




        No dia em que assisti à peça, que se apresenta de uma forma bem intimista, havia muitos amigos e familiares de DANI e MARIO, o que pareceu tê-los motivado, mais ainda, a uma excelente e descontraída interpretação. 




 

FICHA TÉCNICA:

Dramaturgia: Dani Fritzen

Colaboração: Mario Neto

Direção: Marcos Ácher

 

Elenco: Dani Fritzen e Mario Neto

 

Cenografia: Dani Fritzen, Mario Neto e Marcos Ácher

Figurino: Lú Victer (Ateliê2)

Iluminação: Raphael Grampola

Trilha Sonora: Mario Neto, Dani Fritzen, Marcos Ácher e Renato Badeco

Som: Renato Badeco

Produção Executiva: Angélica Crispino

Produção: Mariana Curvelo

Produção e Mídias Sociais: Reny Oliveira

Assessoria de Imprensa: Lyvia Rodrigues (Aquela Que Divulga)

Fotos: Bruno Araújo e Roberto Cardoso

Realização: Amado Produções


 




        Faço votos para que o espetáculo consiga realizar novas temporadas e, caso isso venha a acontecer, não percam a oportunidade de assistir a uma peça de TEATRO, uma boa COMÉDIA, ainda que dramática, coisa rara de se encontrar, nos dias de hoje, que merece, por isso mesmo e pelo esforço dos que se empenharam para erguê-la, ser prestigiada. EU A RECOMENDO.

 




FOTOS: BRUNO ARAÚJO

e ROBERTO CARDOSO (oficiais) 

REGINA CAVALCANTI (particulares)

 

GALERIA PARTICULAR:

 


Com Dani Fritzen e Mario Neto


 

E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

COMPARTILHEM ESTE TEXTO,

PARA QUE, JUNTOS,

POSSAMOS DIVULGAR

O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO!

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