terça-feira, 29 de março de 2022

 

“RESPIRA”

ou

(UMA CELEBRAÇÃO

À VIDA.)

ou

(UMA DOCE CATARSE.)

ou

(“RESPIRA” É

SOBREVIVER,

SOBRE VIVER.

ou

(UMA IMERSÃO

NUMA NOVA VIDA.

ou

(SIMPLESMENTE,

RES-PI-RA!)




    

    Sou crítico de TEATRO e escrevo apenas sobre os ESPETÁCULOS TEATRAIS que me agradam; e logo após ter assistido a eles. Aqui, estarei fazendo algo muito raro: escrever sobre uma experiência que não é, propriamente, TEATRO, tradicional, embora haja uma relação muito estreita com ele, e que, infelizmente, já saiu de cartaz no último domingo, 27 de março de 2022. Se o trabalho será transferido para outro espaço (Eu gostaria muito, até mesmo para revê-lo.), ou não, se voltará a ser mostrado ao público, não sei, entretanto não poderia deixar de fazer o registro de sua passagem pela Arena do SESC Copacabana, porque eu e, acho que, todos os brasileiros, estávamos muito necessitados daquilo. Saí do SESC Copacabana tão leve, tão feliz, tão crente de que AINDA “há luz no fim do túnel” e de que estamos nos aproximando, cada vez mais, dela, que, tão logo cheguei a casa, eufórico, tratei de fazer uma postagem numa rede social, que vai, aqui, na sua íntegra: A PESSOA VAI AO SESC COPACABANA, PARA ASSISTIR A UMA PEÇA DE TEATRO E SE DEPARA COM ALGO FANTÁSTICO, UM “HAPPENING”, UMA CELEBRAÇÃO À VIDA: “RESPIRA”, UMA NOVA “DOCE LOUCURA”, UMA EXPERIÊNCIA INDESCRITÍVEL, DO QUERIDO AMIGO E GRANDE ARTISTA, RENATO ROCHA. VIVA A VIDA!!! RESPIRA!!! PARABÉNS, RENATO, VALÉRIA MARTINS, TODOS OS ENVOLVIDOS, PRINCIPALMENTE OS “PERFORMERS” CAMILA DORING, CAROL DUNHAN, CAROL PUCU, CLAUDIA WER, DANI BARBOSA, DANIEL BOUZAS, EDUARDO IBRAIM, GABRIELLE NOVELLO, MARIA CÂNDIDA PORTUGAL, MIGUEL KALAHARY, NINA ROSENTHAL, RAQUEL POLISTCCHUCK, RENAN FIDALGO, TATYANE MEYER E THAYSA SANTOTH!




       Creio que não precisaria escrever mais nada, porém, como recebi um excelente “release”, enviado por NEY MOTTA (Assessoria de imprensa), acompanhado de belas fotos, resolvi aprofundar, neste meu blogue, aquelas palavras.



         O título dessa experiência, “RESPIRA”, não poderia ter sido outro. É, exatamente, do que estamos precisando: voltar a RESPIRAR; fundo, e sair, de vez, desse estado de apatia, de imobilização, de confinamento, que uma pandemia, QUE AINDA NÃO TERMINOU, MAS ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS, nos obrigou a deixar de viver, ainda em vida, e nos castigou, principalmente fazendo com que tantas queridas pessoas, parentes e amigos, DEIXASSEM DE RESPIRAR, no sentido lato e denotativo da expressão, um eufemismo para MORRER.




    Como definir “RESPIRA”? Simplesmente como uma instalação performativa, de RENATO ROCHA”. E, se vem dele, estejamos preparados para tudo, inclusive para fazer parte dela, copartícipes de uma “doce loucura”, de um “happening”, de uma FESTA. Ainda que a vontade fosse enorme, não pude me misturar aos artistas e às pessoas da plateia que foram para a Arena, cantar e dançar, celebrar, todos juntos, integrados, porque não tenho mais condições físicas para isso (Seria difícil, custoso, o meu deslocamento até lá.), mas o fiz sentado, lá no alto, dançando no meu lugar, cantando muito, o mais alto possível, e festejando bastante, mais por dentro do que por fora, o RENASCER DA VIDA; a “Fênix” se manifestando em todos nós.



   Segundo o “release” mencionado, trata-se de uma performance”“uma experiência imersiva, interdisciplinar e intercultural, que transformará a Arena do Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro, numa instalação performativa, convidando os espectadores para uma experiência sensorial”. E transformou, de verdade!!! Mas é “só” isso? Esse “isso” é muito mais. O que pretenden RENATO ROCHA e seus companheiros de criação com aquilo? Qual é a proposta do renomado multiartista? O que ele pretende provocar nas pessoas que lá vão? Que mensagem deseja passar? Uma só resposta atende a todas essas perguntas: “‘RESPIRA’ é sobre viver, buscar o ar, olhar em volta, seguir adiante, se manter vivo, em movimento, trocar de pele. É sobre abrir os caminhos, ocupar os espaços e tomar a alegria de volta. É sobre celebrar a existência, transformar os escombros de outrora em uma pulsão de vida, beleza e poesia. É sobre reinventar memórias e habitats. É sobre a criação de lugares possíveis, sobre renascimento e semeadura, no atravessamento do poema ‘Jardins’ de Ericson Pires, como material dramatúrgico. É sobre a estética carnavalizada e o espírito libertário do carnaval de rua do Rio de Janeiro”. Sobre todo o texto supra, retirado, também, do “release” confesso, humilde e sincero, que gostaria de tê-lo escrito, pois foi, exatamente, dessa forma que senti o passar daqueles 60 minutos do um início de noite de um sábado quente, no Rio de Janeiro.




  Essa experiência, comandada por RENATO ROCHA, convida as pessoas a olhar para dentro de si mesmas e se perguntarem por que tivemos de passar por tudo o que aconteceu nos últimos dois anos (Eu já incluo mais um – TRÊS -, se nos deslocarmos para a política, desde o fatídico dia 1º de janeiro de 2019.); por que quase perdemos a fé (Alguns, infelizmente, embarcaram nessa.); por que sepultamos, a contragosto, a graça de viver; por que embotamos nossos sorrisos; porque nos tornamos opacos? Por quê? Por quê Por quê?...



 Aí, chega o NAI (NÚCLEO DE ARTES INTEGRADAS)“um núcleo de pesquisas continuadas, criado pelo diretor RENATO ROCHA, com o intuito de desenvolver, no Brasil, o processo artístico que vinha implementando em Londres e no cenário internacional. Ou seja, criar plataformas multidisciplinares e multiculturais, por meio das quais, a partir do conceito de antropofagia, que o diretor vem chamando de ‘processo criativo antropofágico’, fundamentar estruturas de processo criativo, capazes de produzir dispositivos, ferramentas e fundamentos para pesquisas de possíveis dramaturgias, corporeidades, estados sensórios e afetivos e linguagens estéticas. Dessa forma, proporciona o terreno ideal para aflorar as ‘autoralidades’ de cada artista e ‘performer’ do grupo, num processo de atravessamentos íntimos e pessoais, de retroalimentações, digestões, ruminações e regurgitofagias, que voltam para o processo e determinam cada obra”.




   Agora, “em língua de gente” (VIVA MESTRE ARIANO SUASSUNA! VIVA DIAS GOMES!): RENATO e seus “cúmplices” veem ARTE em tudo e, de tudo, a tiram. Utilizando toda sorte de materiais, incluindo, ou principalmente, sucatas, o grupo parte para experimentar. Sempre experimentar, extraindo resultados a partir de uma liberdade de criação e improvisação dos artistas, explorando o próprio corpo e os dos outros pares, partindo, fundo, para decodificar tudo o que nos cerca, por meio da investigação pelos cinco sentidos. (Às vezes, penso que, para eles, existem mais do que os conhecidos e experimentados por nós.).



   Aí, chega o NAI e nos sacode, nos acorda para a vida, faz, com cada um de nós, uma “respiração boca a boca”, e dá a ordem: “RESPIRA!”. E quem se atreve a não a cumprir, diante de tantos estímulos sonoros, visuais e táteis?




 “Assim, o NAI abre novas possibilidades de interações, especulações, mudanças de perspectivas e pontos de vistas, amadurecendo sua pesquisa artística e sua relação com o espectador, e ainda percorre novos caminhos, interagindo e ocupando diferentes arquiteturas da cidade do Rio de Janeiro, e percebendo como isso afeta e transforma seu trabalho.” Desta vez, serviu-se da Arena do SESC Copacabana, mas já ocuparam tantos espaços públicos, deixando os transeuntes, a princípio, intrigados com “aquela maluquice”, a qual, em pouco tempo os atrai e os mobiliza. Podem não estar entendendo o que estão vendo acontecer diante de seus olhos, mas, em pouco tempo, percebem que aquilo faz algum sentido, que eles estão sendo alertados para algum tipo de reflexão. E transformação.



    Os “performers” criam suas maneiras pessoais de expressão, muitas bastante inusitadas, fugindo aos padrões convencionais do que, para tantos, ou a maioria, possa ser considerado ARTE, e levam o espectador ao abandono de um “entendimento lógico”, “trazendo-o para o centro da experiência, imerso na ação dramatúrgica, uma vez que é preciso dar sentido ao que se vê o tempo todo. Assim, o espectador tem a tarefa de construir sua própria obra, a partir de como ele se afeta, especula e se relaciona com o que vê, experienciando, ao final da noite, uma obra final única e efêmera”. Isso significa que todos somos criadores num processo em que a espontaneidade, a emoção, a sensibilidade e a criatividade afloram em cada um de nós.



(Foto: Valéria Martins.)


    A “instalação performática” é um regalo para os olhos e para os ouvidos. Que som! Que luz! Quantos excelentes artistas de criação, envolvidos na construção de um ambiente propício àquele trabalho! Há uma linda instalação, fixa, pendurada no teto da Arena, dentro de outra, móvel, que toma conta de todo o espaço cênico.



   O grupo de 15 “performers”, artistas criadores de diferentes disciplinas, são, em ordem alfabética CAMILA DORING, CAROL DUNHAM, CAROL PUCU, CLAUDIA WER, DANI BARBOSA, DANIEL BOUZAS, EDUARDO IBRAIM, GABRIELLE NOVELLO, MARIA CÂNDIDA PORTUGAL, MIGUEL KALAHARY, NINA RODRIGUES, RAQUEL POLISTCHUCK, RENAN FIDALGO, TATYANE MEYER e THAISA SANTOTH, todos integrantes do NAI.



(Foto: Valéria Martins.)


     Eu poderia transcrever o riquíssimo currículo de RENATO ROCHA, que também está no corpo do já tão citado “release”, falar do seu trabalho, premiado, ao redor do mundo, mas, de tão extenso, poderia vir a se tornar monótono e cansativo. Quem não o conhece, quem ainda não teve a oportunidade de conferir algum de seus trabalhos torça, para que “RESPIRA” volte à cena ou, então, “dê um Google” e, também, vá assistir, no CCBB do Rio de Janeiro, a uma outra experiência concebida e dirigida por ele, a qual irei conferir no próximo final de semana: “Urutu”. Mas, só para aguçar um pouco a curiosidade dos que ainda não o conhecem, digo-lhes que RENATO “criou espetáculos para a Royal Shakespeare Company, The Roundhouse, Lift, Circolombia, para a Bienal Internacional de Artes de Marselha, o National Theatre of Scotland, o Festival Internacional de Leicester, a União Européia e Unicef. Dirigiu projetos na Índia, Berlim, Tanzânia, Quênia, Egito, Paris, Nova Iorque, Edimburgo, Estocolmo, Budapeste e Colômbia. Foi diretor artístico da Organização Street Child United e do Circus Incubator, colaboração entre França, Finlândia, Suécia, Espanha, Canadá e Brasil. Em 2016, fundou o NAI (Núcleo de Artes Integradas), no Brasil.  Nos anos 1990, montou espetáculos, com elencos numerosos, que fizeram temporadas em espaços ao ar livre. Integrou a Intrépida Trupe e o Grupo Nós do Morro, experiências que o catapultaram para trabalhos na Europa, Ásia e África. Em 2021, desenvolveu o projeto “Casa Comum”. Financiado pelo British Council, o projeto aconteceu no coração da Amazônia, com o povo indígena Sateré Mawé, entre rios, floresta e cidade, onde os 10 artistas amazônicos, juntamente com o diretor artístico RENATO ROCHA, o estúdio londrino SDNA, os cineastas Takumã Kuikuro e Rafael Ramos e o artista sonoro Daniel Castanheira, criaram vídeos, performances que refletiram sobre a cosmovisão indígena do planeta, como uma casa comum, iluminada por Ailton Krenak. O projeto fez parte, também, da programação artística do Casa Festival em Londres, da COP26 em Glasgow, e do Festival Amazônia Mapping, no Pará, e contou com as parcerias da Pipe Factory, The Theatre of the Opportunity, The Necessary Space e LABEA. Aplaudamos, de pé, lancemos, ao ar, muitos gritos de “BRAVO!” e curvemo-nos diante desse estupendo artista!!!



(Foto: Gilberto Bartholo.)

 

 

 

FICHA TÉCNICA:

Direção: Renato Rocha
Assistência de Direção: Carol Pucu

Artistas Criadores / Performers: Camila Doring, Carol Dunham, Carol Pucu, Claudia Wer, Dani Barbosa, Daniel Bouzas, Eduardo Ibraim, Gabrielle Novello, Maria Cândida Portugal, Miguel Kalahary, Nina Rodrigues, Raquel Polistchuck, Renan Fidalgo, Tatyane Meyer e Thaisa Santoth.

Instalação Sonora: Daniel Castanheira
Direção de Movimento: Valéria Martins
Iluminação: Renato Machado
Direção de Arte: Renato Rocha
Produção de Objetos Artísticos: Claudia Wer
Vídeos: Breno Buswell
Direção Técnica do Audiovisual: Rico Villarouca
Direção de Produção: Gabrielle Novello e Renan Fidalgo
Produção Executiva: Nina Rosenthal
Assistência de Produção: Camila Doring
Coordenação Geral de Produção: Renato Rocha
Colaboração Artística: Valéria Martins
Colaboração no Conceito de Figurinos: Tarsila Takahashi
Colaboração na Pesquisa de Conteúdo: Daniel Castanheira
Colaboração Textual: Marcio Vito
Participação Textos em Off: Carolina Virguëz
Máscaras Eletroluminescentes: O Aramista (@oaramista)

Fotos: Bruna Zaccaro
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Comunicação Visual: Ian Guerra
Redes Sociais: NAI - Núcleo de Artes Integradas
Produção e Realização: NAI - Núcleo de Artes Integradas





Pelo fato de a “experiência” já ter encerrado a temporada, não faz sentido adicionar o SERVIÇO.



   Termino por aqui, feliz, por ter conseguido um tempo para escrever sobre algo que não é do meu domínio técnico, mas que eu admiro profundamente e já firmo um compromisso, comigo mesmo, de voltar a CELEBRAR A VIDA, na possibilidade de uma nova temporada de “RESPIRA”.

 

 

 


FOTOS: BRUNA ZACCARO

 





E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

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