terça-feira, 11 de fevereiro de 2020


BENJAMIN
– FILHO DA
FELICIDADE


(NÃO BRINQUEMOS 
DE SER FELIZES. 
SEJAMOS!!!
ou
CARISMA PESA MUITO,
NO TEATRO.)




           

            Quando os DEUSES DO TEATRO “estão atacados”, de bom humor, e nos oferecem, ao mesmo tempo, uma enxurrada de boas peças, isso é ótimo, por um lado, porém, para um crítico de TEATRO, acaba gerando um problema: como conseguir escrever sobre tantas peças boas, se as 24 horas do dia não são elásticas e as minhas outras obrigações e necessidades pessoais e particulares continuam reclamando seu tempo, seu espaço? Dá no que está dando agora, e que já aconteceu algumas outras vezes; ou seja, o espetáculo sai de cartaz, mas eu, por ter gostado dele, não me sinto confortável, em paz comigo mesmo, se não escrever, pouco que seja, sobre a peça. Vai até que ela possa voltar ao cartaz!!! Poderia estar ajudando (pretensão a minha) a divulgá-la, numa nova temporada. Foi por isso, aproveitando um intervalinho de “folga”, entre uma crítica e outra, de peças ainda em cartaz, que resolvi dedicar algumas horas a escrever sobre “BENJAMIM – FILHO DA FELICIDADE”, que cumpriu, recentemente, uma curtíssima temporada na Sala Multiuso do SESC Copacabana.






            Não consigo me conformar com o fato de alguém, algumas pessoas, uma companhia de TEATRO gastar meses num processo, com pesquisas mil e exaustivos ensaios, para, depois, a montagem estrear e fazer doze apresentações; às vezes, menos ainda. Essa “lógica” é ilógica, não faz o menor sentido. Quando o espetáculo é bom, a minha tristeza é maior ainda. Às vezes, até, flerta com a revolta.

Tendo assistido ao “BENJA” (Criei intimidade.) no antepenúltimo dia da meteórica temporada, deixei o Teatro com um misto de muita alegria, pela oportunidade de poder ter visto uma linda peça teatral, e tristeza, por saber que não teria a oportunidade de revê-la, que é o que faço, quando gosto de um espetáculo, além do simples gostar, e por ter a certeza de que, como o espaço em que estavam sendo feitas as apresentações comporta pouquíssimos espectadores, poucos puderam assistir a ele, e muita gente perdeu aquela oportunidade ímpar de ser feliz.




Um hábito que trago da adolescência e do qual jamais me afastarei é, imediatamente, após ter lido um bom livro, ter ouvido um bom disco ou ter assistido a um bom filme ou a uma boa peça de TEATRO, sair à procura de parentes e amigos, insistindo na recomendação daquela obra de ARTE que me fez tão feliz, que me causou tanto prazer. E olha que insisto mesmo! Tudo o que desejo é repartir a minha felicidade com as pessoas que me são caras. A alguns, tenho a certeza de que acabo vencendo pelo cansaço. Depois, vêm me agradecer pela indicação. Naquela mesma noite, ou na manhã seguinte, não tenho certeza, fiz uma postagem numa rede social, recomendando a peça. Era o mínimo e, ao mesmo tempo, o máximo que eu poderia fazer naquele momento, sabendo que não teria condições de escrever sobre ela, de imediato.






Sem pouca, ou quase nenhuma divulgação, por falta de recursos para isso, "BENJAMIM..." não ocupou espaços consideráveis na mídia. Tomei conhecimento da montagem por intermédio de uma querida amiga, a atriz Agatha Duarte, após ter visto uma postagem, sobre a peça, que ela havia feito, numa rede social. Antes, alguns amigos já haviam feito comentários positivos, ainda que superficiais, sobre a peça. Surgiu, então, o meu interesse e Agatha serviu de ponte, para que a produção do espetáculo me formalizasse um convite. E eu fui, numa expectativa muito grande, bastante curioso. E não é que valeu a pena?!









SINOPSE:

        BENJAMIM (THIAGO BECKER) traz, ao palco, uma reflexão sobre a busca incessante da felicidade, sobre o que, realmente, ela importa.

É um recuo poético, para olhar a cidade e suas agitações passageiras, uma tentativa de não deixar a felicidade atrelada a uma constante necessidade de leveza, mas aceitá-la como uma efeméride impossível de ser aprisionada numa tela.

O espetáculo aborda os sonhos, desafios e escolhas de um homem simples, construindo o sentido da sua felicidade.








Tendo sido contemplado pelo Prêmio Municipal Nodgi Pellizzetti – 2016 - de Incentivo à Cultura, da Fundação Cultural de Rio do Sul, o espetáculo chegou, para a temporada carioca, trazido pela COMPANHIA ARTÍSTICA COBAIA CÊNICA, do interior de Santa Catarina, depois de já ter já circulou por importantes festivais daquele estado, como “Rosa dos Ventos”, da Federação Catarinense de Teatro, e “Cena Rio do Sul Embaixo da Ponte”, em Rio do Sul, onde fica situada a sede da CIA.. É a primeira vez que a COBAIA se apresenta no Rio de Janeiro.




BENJAMIM...” é mais um solo de qualidade, dos muitos que vêm tomando conta dos Teatros cariocas, nos dois últimos anos, apresentado, este, pelo ator THIAGO BECKER, também o autor do texto, sob a direção de RICARDO ROCHA, da Multifoco Companhia de Teatro, do Rio de Janeiro. Que excelente intercâmbio de Companhias!




THIAGO, RICARDO e SAMUEL PAES DE LUNA, que também é COBAIA, se conheceram, no Rio, quando alunos na Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Pena, há alguns anos, e se juntaram, não faz muito tempo, para esta montagem. A proposta dos três não é fingir ser; é ser de verdade. Feliz. E isso é possível, pelo menos, durante 60 minutos, naquele espaço. Depois, é uma opção de cada um o continuar sendo.





          Extraído do “release” a mim enviado por SAMUEL PAES DE LUNA: “O ator e dramaturgo THIAGO BECKER narra a história de um personagem, da infância à velhice, construindo o sentido de sua felicidade. O espetáculo é um jogo contra o tempo: 60 minutos, para contar toda a trajetória de vida de BENJAMIM. É uma história contada através do encontro entre ator e público - uma história de encontros.”. Para mim, foi um delicioso e inesquecível encontro. Quero crer que para todos os que assistem à peça.






            Poesia, no sentido mais amplo da palavra, a relação com o que é poético, e não o que se refere a uma forma literária, no aspecto estrutural, e TEATRO caminham de mãos dadas, neste encantador espetáculo, lindo, da primeira à última cena. A montagem nos é apresentada sob a forma de uma narrativa, que aproxima ator (narrador) e público (ouvintes), como se ambos já fossem amigos de infância, graças ao transbordante carisma de THIAGO, aliado ao talento de um jovem ator, cujo ótimo trabalho tive o privilégio de conhecer, além do seu lado dramaturgo, também.

O texto, muito simples e belo, surgiu de uma costura de respostas, fruto de vivências individuais de gente comum, como nós, por depoimentos retirados de um questionário feito a pessoas de diversas idades. A idosos, crianças e adultos, foram formuladas algumas perguntas: O que os faz feliz? Quais os momentos mais felizes das suas vidas? Como foram suas paixões? Já podem imaginar qual não tenham sido a riqueza e a diversidade de respostas, as quais, de uma forma muito delicada, original e poética, THIAGO reuniu no seu texto final.

“‘Benjamim...’ é uma experiência teatral em roda.”. O público, formado por poucos espectadores, ao adentrar a plateia, que se confunde com o espaço cênico (Ou ambos se complementam.), encontra cadeiras dispostas em círculos, sendo recebido, de forma generosa, gentil e respeitosa, pelo ator, ao centro do círculo, onde há poucos objetos, o cenário: um despertador, no chão, iluminado por um foco de luz, e quatro baús, se não me falha a memória, de tamanhos diferentes, dentro dos quais estão guardadas algumas surpresas da peça, em forma de material de cena, que BENJAMIM vai utilizando, à medida que as lembranças lhe vêm à mente.






Nunca fiz segredo, para ninguém, de que não gosto de TEATRO interativo. É algo que me aborrece e, em determinadas situações, me irrita, profundamente, uma vez que ninguém pensa em ir ao Teatro para ser exposto, muitas vezes, infelizmente, de forma indelicada, jocosa, debochada, até mesmo. Nesta peça, isso não ocorre e a participação do público, de algumas pessoas, principalmente, escolhidas/convidadas pelo ator, é da maior importância, e não me incomodou nem um pouco; muito pelo contrário. E a justificativa é simplicíssima: quem é convidado a participar de uma cena ou outra é tratado com o maior carinho, respeito, afeto e dignidade. Eu, por exemplo, fui escolhido para, na pele de um certo Senhor Murilo, jogar uma partida de dominó, com o BEN (A essa altura, a intimidade já me permitia mandar para o espaço as duas últimas sílabas do nome do protagonista.). Segundo ele, numa aposta, para a qual não fui consultado (KKKKKKKK), antes do início da partida, o perdedor teria de tirar toda a roupa, o que, evidentemente, era só uma brincadeira (“Não se preocupe, Seu Murilo, que eu sempre perco!”). E eu ganhei, mesmo, a partida; sem trapaças. E foi uma delícia!!! Seria capaz de passar horas e horas naquela situação, real/fictícia, contracenando – sim, contracenando – com THIAGO/BENJAMIM, uma vez que é possível, e, até mesmo, aconselhável, que o espectador escolhido improvise, e o ator também o faz, podendo a cena render mais ou menos (Por mim, teria durado muito mais.), o que prova a total integração/interação entre ator/personagem/espectador.






Ainda retirado do já citado “release”: “Um círculo, com o público em volta. São os ciclos da vida, os elos que fazemos na nossa criação. Uma roda de amigos, de família, de união. É uma inspiração na tradição de se formar uma roda à sombra de uma árvore, reunir o povoado e contar uma história. A estética do espetáculo é pensada e preparada para criar uma atmosfera convidativa, em que o público se sinta à vontade de contar essa história, junto com o ator.”.






Duas preocupações, já citadas na sinopse, marcam a trajetória do personagem, em sua vida, como a de qualquer outra pessoa: a busca incessante da felicidade e a importância, o peso, dela no dia a dia de cada um. Mais ainda, ensina-nos BENJAMIM que ela pode estar nas coisas mais simples e pueris, como, por exemplo, observar o voo de uma borboleta (A imagem é por minha conta.).

“BENJAMIM...” é um espetáculo de texto e ator (de, com e para público), sem desfazer de nenhum dos outros artistas criadores, para a concretização da projeto, como a delicada e sensível direção, de RICARDO ROCHA, que também se incumbiu da iluminação; a cenografia, de ROCHA e BECKER; a supervisão de figurino, a cargo de FLÁVIO SOUZA; e a trilha sonora, assinada por RODRIGO FRONZA.








FICHA TÉCNICA:

Dramaturgia e Atuação: Thiago Becker

Direção e Iluminação: Ricardo Rocha
Trilha Sonora: Rodrigo Fronza
Cenografia: Ricardo Rocha e Thiago Becker
Cenotécnico: Edolino Neza Sabino
Supervisão de Figurino: Flávio Souza
Operação de Luz: Samuel Paes de Luna
Operação de Som: Ana Cristina Gaebler
Comunicação: Kakau Zambon
Fotos: Karoline Zambon e Divulgação
Produção: Cia. Cobaia Cênica

Gênero: Comédia Dramática.








            Como eu gostei de “BENJAMIM...”!!!

            Que espetáculo sensível, delicado e poético!!!

            Oxalá volte ao cartaz!!!

BENJAMIM pode ser qualquer um.

Somos todos BENJAMINS.




(FOTOS: KAROLINE ZAMBON
e
DIVULGAÇÃO.)





(Foto: Gilberto Bartholo.)



E VAMOS AO TEATRO!!!



OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!



A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!



RESISTAMOS!!!



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PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR


O QUE HÁ DE MELHOR NO


TEATRO BRASILEIRO!!!















































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