terça-feira, 23 de julho de 2019


AMAR
É O CRIME
PERFEITO

(“QUANDO A SOCIEDADE CRIMINALIZA
O AMOR, SOMOS TODOS MARGINAIS.”)
(frase da peça)





            Não me canso de repetir: adoro ir ao Teatro e ser surpreendido por um espetáculo que supera as minhas expectativas, as quais, via de regra, são boas. Às vezes, maiores; outras, menores. Espero sempre voltar para casa na certeza de que valeu a pena ter visto aquela peça. Foi o que aconteceu, na última 4ª feira, dia 17 de julho / 2019, após a estreia de “AMAR É O CRIME PERFEITO”, cujo título considero muito interessante e instigante, em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, Rio de Janeiro (VER SERVIÇO.).




            Para mim, o sabor foi agradabilíssimo; para os envolvidos no projeto e, principalmente, para o seu idealizador, ISMAEL FIORENTIN, que também atua na peça, deve ter sido como o gosto de um manjar dos deuses, em função de o grande trabalho, a hercúlea luta, o imenso esforço, para que a peça pudesse sair do papel e ganhasse o palco, terem sido reconhecidos pelo público presente ao Teatro naquela noite.






            Para quem vai assistir à montagem sem maiores informações acerca da ficha técnica, com menos de dez minutos, já começa a gostar do texto, excelente, por sinal, e é levado a achar que se trata de uma tradução. Por quê? Nossos dramaturgos não são competentes para produzir bons textos? Nada disso!!! Muito pelo contrário!!! O fato, porém, é que a riqueza de detalhes de uma Inglaterra dos anos 50 e, principalmente, a arquitetura textual, os diálogos, a linguagem clássica de uma época, de cerca de setenta anos atrás, a sintaxe utilizada, o vocabulário parecem “ter a cara do texto de um escritor inglês”, por exemplo, muito bem “traduzido” para o idioma de Camões. Mas o fato é que o texto foi escrito por THALES PARADELA, autor premiado, por outra peça, no Concurso Nacional de Dramaturgia Seleção Brasil em Cena do CCBB (7ª edição – 2016) e, para ter ganhado forma, THALES mergulhou numa cuidadosa pesquisa, “na qual as referências históricas factuais interagem com as narrativas ficcionais dos personagens. Entrelaçam-se, na rede ficcional do espetáculo, a celebração do centenário de nascimento de Oscar Wilde, o ruidoso julgamento de Peter Wildblood, além da trágica morte do matemático Alan Turing. Acontecidos em 1954, todos os eventos relacionam-se à criminalização das relações homoafetivas na Inglaterra” (Trecho extraído do “release”, enviado por LUIZ MENNA BARRETO (ASSESSORIA DE IMPRENSA).


 





SINOPSE:

No contexto da criminalização das relações homoafetivas, o retorno de PHILIP (CLEITON MORAIS) a Londres, na semana do casamento de RICHARD CAMPBELL (ISMAEL FIORENTIN), desencadeia uma série de transformações na vida de ambos, impactando as relações familiares e seu entorno.
Os dois se conheceram durante a 2a Guerra Mundial, no Egito, como soldados, lutando, pondo suas vidas em risco, pela Inglaterra.
RICHARD está de casamento marcado com JULIET, quando PHILIP, após a morte da esposa, volta a Londres, à procura do “amigo”.
Um não sabia mais nada a respeito da vida do outro, depois que a Guerra terminou e eles se separaram.
PHILIP enviara dezenas de cartas a RICHARD, sem jamais ter recebido uma resposta. 
Em meio ao contexto histórico no qual DUCK (ALEXANDRE DANTAS), um grande amigo de RICHARD, está sendo investigado, por atentado ao pudor, os conflitos internos de RICHARD são amplificados pelos interesses familiares e pela cultura repressiva de seu tempo. 
Antes de tudo, e ao final também, trata-se de uma história de amor! O amor, como potência afetiva, a enfrentar e expandir os limites da percepção do ser humano sobre sua condição.






            Ampliando a sinopse, para que se possa entender melhor a trama, estamos na Inglaterra dos anos 50, mais propriamente, em 1954, quando o país, e o resto do mundo também, comemorava o centenário do genial escritor, poeta e dramaturgo Oscar Wilde, preso em 1895, por acusações de ter cometido “atos imorais com diversos rapazes”. Sua história de vida é mais do que conhecida, assim como são suas magníficas obras. Quando se deu o triste fato, Wilde estava com 40 anos e “gozava de grande prestígio, por conta de seus sucessos literários e no TEATRO, sendo uma das maiores figuras das artes britânicas em seu tempo”. Foi um grande escândalo. “Isso fez com que o julgamento atraísse enorme atenção do público. Sentenciado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados, sua saúde ficou seriamente comprometida e ele acabaria morrendo três anos depois de sair da prisão, com a saúde debilitada e em ruína financeira”. Hoje, no entanto, por ironia do destino, o grande Oscar é motivo e orgulho para os ingleses. Um dos maiores escritores do seu tempo, que se tornou eterno.






Está bem que a Inglaterra é um país, até hoje, bastante conservador, no geral, mas sempre o foi, e com muito mais potência discriminatória, purista, moralista, nos anos 50, em plena metade do século XX, depois de duas guerras mundiais. Foi, também, em 1954, que um novo ruidoso julgamento tomou conta dos noticiários e abalou o país, envolvendo um conhecido aristocrata, Lord Montagu, e um jornalista, Peter Wildblood, dois amantes. “O impacto foi tão grande, que, nesse ano, a Inglaterra constituiu uma comissão, para avaliar a pertinência do decreto datado do século anterior, que tipificava como criminosa a relação homoafetiva. Peter Wildblood assumiu, publicamente, sua condição homossexual, no tribunal, foi condenado a 18 meses de detenção e, quando saiu da prisão, tornou-se o primeiro ativista dos direitos humanos em questões homoafetivas”. (Também extraído do citado “release”.).




Como se não bastasse, também nesse ano, um outro caso, ligado a relações homoafetivas, escandalizou a Corte Inglesa e a seus súditos. “Ocorreu a morte do matemático Alan Turing, grande herói de guerra inglês, responsável por desvendar e traduzir os códigos de mensagens criptografadas alemãs, na 2ª Grande Guerra. Considera-se que este processo encurtou a guerra em alguns anos. Alan Turing também é considerado o pai da computação, por ter desenvolvido e colocado em funcionamento o dispositivo que permitiu essa decodificação. Para evitar sua prisão, por conta das acusações relacionadas à sua condição homossexual, Alan Turing aceitou passar por um torturante processo de castração química à base de hormônios. Foi encontrado morto, em sua casa, suspeito de suicídio, que teria como pano de fundo o sofrimento causado por todo o processo. O governo inglês fez um pedido público de desculpas a Alan Turing em 2009, o perdão da Rainha veio em 2013”. De forma bastante hipócrita, para se “redimir” de um incomensurável erro e uma injustiça atroz – um crime contra a Humanidade, acrescento -, a Coroa Britânica resolveu homenagear, neste ano, de 2019, o genial e ilibado cidadão inglês, com sua efígie estampada na nova cédula de 50 libras. O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou que o grande cientista vai estampar a nova cédula, que deverá entrar em circulação no fim de 2021. Ela mostrará a imagem de Turing e a frase: “Isso é apenas um aperitivo do que está por vir e apenas a sombra do que se tornará”. (?) Os mais sensatos dizem – e eu engrosso o coro, podendo estar, até, errado – que Sir Wiston Chruchil é o grande herói inglês, mas o verdadeiro grande herói foi, e é, Turing, sem cuja colaboração e atuação, Churchil não teria traçado suas estratégias, e o resultado final da 2ª Grande Guerra Mundial poderia ter sido outro, desastroso, para a Humanidade.










É no contexto desse ano negro, da implacável criminalização das relações homoafetivas, na Inglaterra, que o espetáculo promove o inesperado (fictício) reencontro de RICHARD e PHILIP, os quais haviam se conhecido, como soldados, durante a 2a Guerra Mundial, nas trincheiras do Egito. quando se apaixonaram e viveram uma relação homoafetiva, cercada de cuidados e ameaças, não podendo, em absoluto, deixar escapar aquele segredo. RICHARD, agora, está de casamento marcado com JULIET, totalmente sem sua aprovação e desejo, mas por insistência da avó MARGARETH CAMPBELL, uma aristocrata falida (MARIA ESMERALDA FORTE), que o criou, e ao irmão mais novo, PATRICK CAMPBELL (CLAUDIO PITANGA), capitão de uma equipe de rúgbi e homofóbico “de carteirinha”. MRS CAMPBELL tinha interesses econômicos no casamento do neto e passa a ser um obstáculo, para a felicidade dos dois rapazes, quando PHILIP volta a Londres. “As relações homoafetivas na Inglaterra, ainda que privadas, eram consideradas crime nesta época”.










Paralelamente a tudo isso, um grande amigo de RICHARD, o poeta e compositor, letrista de musicais, DUCK (ALEXANDRE DANTAS), cuja casa RICHARD frequentava com assiduidade, “está sob investigação policial e isso sublinha a interdição deste reencontro, amplificados pelos interesses familiares e pela cultura repressiva de seu tempo”.




O texto chama a nossa atenção (para) e nos questiona, indiretamente, sobre até onde somos capazes de reprimir nossos sentimentos, ou não, principalmente quando se trata do mais sublime de todos, o amor, ou até onde conseguimos ir pelo que amamos, mesmo em situações opressivas e extremamente ameaçadoras e perigosas “O espetáculo aborda este conflito da expressão do afeto em um contexto preconceituoso e, como isso, condiciona, mas não extingue, as possibilidades amorosas. Esta é uma peça sobre a potência de uma história de amor a enfrentar e expandir os limites da percepção do ser humano sobre sua condição”.




            O texto, inédito e brilhante, pode ser forte candidato a premiações, uma vez que é muito bem escrito, fruto, como já disse, de uma profunda e  criteriosa pesquisa do dramaturgo, que fundiu uma trama fictícia com fatos verídicos, profundamente deploráveis, mas que precisam, sempre, vir à tona, para que as pessoas de hoje, de todas as idades, ainda vivendo, em muitas partes do mundo, sob o forte impacto de uma homofobia inexplicável, inaceitável e perversa, alimentada, aqui, no Brasil, pelo ódio que vem da mais alta esfera da administração pública (Chega de eufemismos: por parte de um senhor que, para a desgraça do povo brasileiro, foi eleito Presidente da República, ainda que de forma democrática, pela maioria dos votos de uma gente “que ri, quando deve chorar” e não percebeu, ainda, a maioria, a grande bobagem que cometeu #prontofalei.), sejam obrigadas a entender que é preciso, mais que tolerar, respeitar todos os outros seres humanos e aceitá-los como são. E, acima, de tudo, nunca lhes reprimir ou proibir o direito à felicidade, ao amor pleno.






Produzido e idealizado por ISMAEL FIORENTIN, sem contar com patrocínios, o espetáculo vem sendo pensado e preparado há três anos, e a direção foi parar nas mãos de PAULO TRAJANO, “que aposta na universalização da empatia, através do mergulho profundo na construção dos afetos e suas tensões”. Gostei muito de seu trabalho, pelo fato de ter encontrado soluções muito interessantes e convincentes, para pôr em cena situações que se passam em diversas locações, de forma bem criativa, considerando-se os parcos recursos financeiros, para a construção de vários cenários que a peça exigiria. Com poucos elementos de cena, o diretor sugere e o público aceita, com facilidade, suas engenhosas sugestões. Com relação ao seu trabalho, na condução do elenco, pareceu-me que conseguiu levar cada um dos atores a conhecer bem o psiquismo de seus personagens, para que a representação se desse de forma natural e agradável. Na verdade, uns mais do que outros, ainda que uma estreia não seja o momento mais indicado para se fazer uma crítica. Tanto é assim que, por ter gostado do espetáculo, porém tendo verificado, no dia em que assisti a ele, pequenas falhas, facilmente reparáveis, no duplo sentido, de serem percebidas e consertadas, já estou com uma data agendada para rever a peça.




Falando da criação técnico-artística, que teve de “fazer milagres, para a obtenção de bons resultados, com pouca verba, a cenógrafa DÓRIS ROLLEMBERG chegou a confidenciar, em conversa informal, antes da sessão, que “Fiz o que pude”. Só que o que, para uma grande profissional, como ela, “pode fazer”, com muito ou pouco dinheiro, é sempre de muito bom gosto e qualidade técnica. São ótimas as resoluções para os tantos espaços físicos diferentes que a peça exige, num trabalho, evidentemente, em comunhão com o diretor. Assim, temos, nos dois extremos do palco, dois cômodos, um em cada: num deles, a sala de estar da família CAMPBELL, com poucos móveis, mas requintados - duas poltronas e uma mesinha (posteriormente, entra em cena um carrinho de chá; na outra extremidade do palco, o escritório de DUCK, com uma mesa grande, de trabalho, sobre a qual se espalham papéis e livros, uma mesinha, que serve de apoio para uma eletrola, e duas ou três cadeiras. No fundo, um telão, para receber projeções.




Creio que boa parte do orçamento da peça tenha sido empregada nos belos e finos figurinos da época, assinados por RONALD TEIXEIRA, todos com belos caimentos e acabamentos. Os figurinos dão um toque de requinte à montagem.




Estranhamente, para mim, a não ser que tenha havido falhas de operação, no dia da estreia, RENATO MACHADO, contrariando o que faz de genial, sempre, criou uma iluminação que não me pareceu condizente com a proposta, um pouco equivocada, em algumas cenas, principalmente quando lança muitas cores na parte baixa da tela do fundo do palco. Talvez tão deslumbrado com os outros elementos técnicos da montagem, eu não tenha entendido bem o que estava acontecendo com a luz, ideia que espero retificar, quando for reassistir à peça.




Um puxão de orelhas eu não poderia deixar de dar, na direção, ou sei lá em quem, quando resolveu que o elenco deveria utilizar microfones. O Teatro Clara Nunes não é tão grande e os atores precisam projetar corretamente a voz, desprezando o auxílio da tecnologia, que acabou falhando, em algumas cenas, sem que houvesse a menor necessidade de que aquilo tivesse acontecido. Causa desconforto e apreensão na plateia e, mais ainda, no elenco. Sugestão: não se pode trabalhar com apenas um microfone, para cada ator, e este equipamento tem de ser da melhor qualidade. Não havendo condições para isso, desprezem os microfones e que o elenco faça uso de suas vozes naturais, como era antigamente, até em Teatros muito maiores que o Clara Nunes. Perdão, mas não poderia deixar de fazer esse registro, porque isso muito me incomodou e roubou um pouco do brilho do ótimo espetáculo.




GUILHERME MIRANDA acertou, em cheio, na direção musical, selecionando canções que são do agrado de todos. Afinal de contas, quem não gosta de ouvir Cole Porter, por exemplo,além de outros compositores de semelhante talento, populares ou clássicos? A trilha sonora é excelente. Foi o próprio GUILHERME quem, a meu pedido, me enviou o “set list”. (Transcrevo-o como me foi enviado.):



Silêncio - Beethoven
F. Schubert - Ständchen (Serenade)
Barbara Hendricks singing Ständchen (Serenade)
Irving Aaronson - Let's Do It, Let's Fall In Love 1928 - Cole Porter Songs
Ella Fitzgerald - Night and Day
Elvis_Thats Alright_Mama First Release - 1954
CRUMB Vox Balaenae -Voice of the Whale
Música final original, composta por Guilherme Miranda (letra de Thales Paradela e arranjo de Victor Huggo), cantada pelo diretor PAULO TRAJANO.




           
Não faz parte da trilha, mas está no “teaser” da peça, nas redes sociais, uma canção que bem poderia lá estar. Trata-se de “I’ve Got You Under My Skin”, que eu adoro, de Cole Porter, em parceria com Nelson Riddle, cuja letra, em sua tradução literal, se encaixa, perfeitamente, no envolvimento do casal PHILIPP e RICHARD: “Eu o tenho sob a minha pele. / Eu o tenho no fundo do meu coração. / Tão fundo no meu coração, que você é uma parte de mim. / Eu o tenho sob minha pele. / Eu tentei tanto resistir. / Disse, para mim mesmo, que isso nunca iria bem, / Mas por que deveria resistir, quando eu sei, tão bem, / Que eu o tenho sob minha pele. / Eu sacrificaria qualquer coisa que fosse, / Pelo prazer de ter você por perto, / Apesar de uma voz de aviso, que vem durante a noite, / E repete, em meu ouvido: / Já não sabe, seu tolo, você não pode ganhar! / Use sua cabeça, acorde para a realidade! / Mas, sempre que tento, apenas o pensamento de você / Me faz parar, antes de eu começar, / Porque eu o tenho sob minha pele”.






         No elenco, há dois nomes que se destacam, na minha modesta visão: ALEXANDRE DANTAS e CLEITON MORAIS, a despeito de todos se aplicarem bastante nos seus personagens, e sobre os quais tecerei comentários posteriormente.




            Nem sempre o protagonista de um espetáculo é o que mais marca, para o espectador. Tenho certeza de que todos, ao se lembrar de “AMAR É O CRIME PERFEITO”, pensarão no personagem DUCK, tão bem interpretado por ALEXANDRE. Na trama, sem dúvida, é um ator em papel coadjuvante (o personagem, não o ator) que soube construir, com detalhes e na medida exata, o seu DUCK, aquele que, a toda hora, explica, de uma forma diferente e mais engraçada que a anterior, a origem do seu apelido. Aliás, nem me lembro de seu nome verdadeiro, se é que ele é dito, na peça. Homossexual assumido, o personagem demonstra isso sem afetação e representa uma válvula de escape, na trama, com suas ironias e provocações, via humor, para atenuar um pouco o peso das situações. Brilhante interpretação.




            Já com relação a CLEITON, o que tenho a dizer é que reconheci nele, naquela noite, um ótimo ator de TEATRO. Já o conhecia, de trabalhos anteriores, a saber: dois musicais e um espetáculo infantojuvenil. Neste, o conjunto da obra não ajudava e seu trabalho não tinha condições de ser bem avaliado. Nos musicais, ele era apresentado como um rapaz bonito, de corpo escultural, que dança muito bem e canta, quase na mesma proporção, e aparecia mais como um “performer” do que um ator de verdade, nos musicais “Constelation” e “Dzi Croquettes em Bandália”. Mas é um ator batalhador, m "operário do TEATRO", que investe na profissão, vem estudando, por um pouco mais de dez anos, para se aprimorar, e não para, sempre à procura de uma chance de mostrar seu potencial interpretativo, no palco, na pele de um bom personagem. E parece que esse momento chegou para ele. PHILIP encontrou um bom “cavalo”, para baixar naquele terreiro. O ator consegue passar o seu sentimento, pelo amor da sua vida, de forma discreta e, ao mesmo tempo, sensual, terna, com bastante verdade, tentando fugir ao pânico de ser descoberto “gay” e “pagar por seu crime”. Fiquei muito bem impressionado com seu trabalho.




            ISMAEL FIORENTIN, que encarna o outro protagonista, RICHARD, parece ter levado, para o palco, nos ombros, o peso e a grande responsabilidade pela produção do espetáculo e me pareceu um tanto nervoso, em determinados momentos, o que conseguia compensar em outras cenas, nas quais está bem no papel. Faltou uma regularidade, na interpretação, o que, certamente, será resolvido, à medida que o espetáculo vai se azeitando. Pareceu-me que ele não havia, ainda, descoberto a riqueza de seu personagem. Sim,  RICHARD é muito mais rico, por toda a sua história de vida, como personagem, do que PHILIP. Mas ISMAEL haverá de descobrir logo essa riqueza e profundidade e valorizar tudo de bonito e de sofrimento contido no interior de RICHARD.




            Nos demais papéis, a alegria de ver uma veterana e boa atriz, com 60 anos de carreira, MARIA ESMERALDA FORTE, como a avó, e outros atores, cujos trabalhos, salvo engano, eu não conhecia ou conhecia pouco: CLAUDIO PITANGA (PATRICK CAMPBELL), dando conta do seu personagem; e o também autor do texto, THALES PARADELA, como o implacável INSPETOR RUDOLPH.     


 







FICHA TÉCNICA:

Texto: Thales Paradela
Direção: Paulo Trajano

Elenco: Ismael Fiorentin (Richard Campbell), Cleiton Morais (Philip Green), Alexandre Dantas (Duck), Claudio Pitanga (Patrick Campbell) e Thales Paradela (Inspetor Rudolph).  Participação Especial: Maria Esmeralda Forte (Margareth Campbell)

Cenário: Dóris Rollemberg
Figurino: Ronald Teixeira
Iluminação: Renato Machado
Direção Musical: Guilherme Miranda
Fotos: Renato Neto (estúdio) e Marcelo Rodolfo (cena)
Produção Executiva: Marilha Galla
Idealização: Ismael Fiorentin
Produção: Artifiore




 





SERVIÇO:

Temporada: de 17 de julho a 08 de agosto de 2019 (Curta Temporada).
Local: Teatro Clara Nunes, Shopping da Gávea – 3º Piso.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52, Gávea, Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 2274-9696.
Dias e Horários: 4ªs e 5ªs feiras, às 21h.
Valor dos Ingressos: R$70,00 (inteira), R$35,00 (meia entrada) e R$25,00 (lista amiga).
Duração: 70 minutos.
Indicação Etária: 16 anos.
Gênero: Drama












É claro que não poderia deixar de recomendar o espetáculo e quero terminar esta crítica louvando a garra de uma equipe, a força de sua resistência, transcrevendo mais um trecho do “release”: “Em um contexto em que a própria arte vem sendo colocada como elemento desviante e, consequentemente, sendo atacada por setores e instituições importantes no Brasil, ousar produzir TEATRO é um ato tão complexo quanto necessário. Levantar, sem patrocínio, um projeto deste porte, com esta estrutura, com profissionais premiados nacionalmente, em todos as posições da ficha técnica, e, mais ainda, com uma temática que trata, de forma carinhosa, a questão da homofobia, é quase uma insanidade... Sim, amamos esta loucura! Nos (sic) lançamos com nossa coragem, nossos afetos, nossos recursos próprios, nossa loucura de trabalho e nossa confiança no alargamento dos ciclos afetivos e solidários. Vem...! Entra na roda conosco...!


Assino embaixo!!!










E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!
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PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!


 





(FOTOS: RENATO NETO - ESTÚDIO - 
e
MARCELO RODOLFO - CENA.)


















































































































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