sábado, 11 de novembro de 2017

A PEÇA
AO LADO


(METALINGUAGEM 
QUE DIVERTE MUITO.)





            Em agosto deste ano (2017), assisti a um espetáculo bastante interessante, na Sede das Cias, chamado “A PEÇA AO LADO”.

Ainda que tenha gostado bastante da montagem, não escrevi sobre ela, pois só consegui vê-la no último dia da temporada, quando todos os envolvidos no projeto já sonhavam com uma segunda. Preferi, então, aguardar, e o espetáculo, realmente, depois de um bom tempo, voltou ao cartaz, agora no Teatro Café Pequeno (VER SERVIÇO).

Contrariado, porém, pelo fato de ser inoportuna a publicação de uma crítica, à época, logo na manhã do dia seguinte, fiz uma postagem, numa rede social, um chamado “textão”, para registrar o meu contentamento, depois de ter assistido ao espetáculo. Aqui, vai ele, reproduzido e sem alterações:






"TEXTÃO" QUE VALE A PENA SER LIDO; MERECE SER LIDO:

Ontem, consegui assistir (era o último dia) a um espetáculo pelo qual tinha grande curiosidade e uma imensa expectativa.

Foi na SEDE DAS CIAS.

Casa superlotada, ingressos esgotados, gente espalhada pelo chão.

A peça se chama “A PEÇA AO LADO”, texto inspirado em JEAN TARDIEU, adaptado por DELSON ANTUNES, VICTOR LÓSSO e a CIA AO LADO, com ótima direção de DELSON.

Trata-se do primeiro trabalho da CIA AO LADO(*) e é, simplesmente, excelente.

Fico extremamente aborrecido, quando digo que vi ou, ainda, verei uma determinada peça e a ignorância de muitas pessoas se manifesta em forma de perguntas como estas: “Tem gente conhecida no elenco”? Quem, da Globo, está fazendo a peça”? Você vê peça sem gente famosa no elenco”?

São dois sentimentos que, logo, me vêm a cabeça. Aliás, um sentimento e uma vontade. 

Sentimento de pena. Vontade de virar as costas, dar um soco na cara do(a) imbecil, mas não sou violento, ou mandá-lo(a) à MERDA, que não seria a saudação de “boa sorte”, que fazemos no TEATRO.

Em “A PEÇA AO LADO”, não há “gente conhecida”; ninguém é contratado da Globo, nem da Record ou do SBT, o que, para alguns, já servia; ninguém, do elenco, é “famoso”

E eu fui, como vou SEMPRE, aonde quer que seja, na expectativa de assistir a uma boa peça, porque, para ser bom, num palco, ninguém precisa ser “celebridade global”

Aliás, já vi muitos desses “Vips” se darem mal num palco.

O bom ator é bom ator no TEATRO, principalmente.

Com raríssimas exceções (Glória Pires é uma delas, porque NUNCA ATUOU EM TEATRO e é ótima atriz), o ator de TV ou de cinema só mostra que domina o ofício, quando pisa num palco e mostra que tem talento.

Pois bem, OS CINCO ATORES QUE ESTÃO NO ELENCO DE “A PEÇA AO LADO”, sem exceção, SÃO EXCELENTES, PROFISSIONAIS DO PRIMEIRO NÍVEL.

São eles; JOÃO TELLES, LUÍZA SURREAUX, MARCOS GUIAN, MILLA FERNANDEZ E VALÉRIA FREIRE, além dos músicos DANI RUHM e PEDRO BOTAFOGO.






Não estou exagerando: SÃO EXCELENTES!!!

E, se não o fossem, DELSON, um grande diretor, não teria aceitado dirigi-los nem grandes profissionais de TEATRO, como DANIELA CARMONA, LUIZ PAULO NENEN, JOSÉ DIAS, DESIRÉE BASTOS, KIKO DO VALLE, RAFAEL TELLES e outros também não teriam aceitado fazer parte do projeto.

Foi uma noite agradabilíssima e eu saí da SEDE DAS CIAS, em plena 2ª feira, quando já passava das 22h, na Lapa, lugar que eu DETESTO, para dirigir um pouco mais de 30km, até o Recreio dos Bandeirantes, como dizia o inesquecível Odorico Paraguaçu, “com a alma lavada e enxaguada”, de tanta alegria.

Parece que haverá uma segunda temporada, no Teatro Café Pequeno, daqui a pouco. Fiquem atentos!

Não vejo a hora de rever esse magnífico espetáculo.

VAMOS AO TEATRO E PRESTIGIEMOS QUEM PRECISA, E MERECE, SER RECONHECIDO!







Praticamente, a crítica já havia sido feita naquela postagem. Vou, aqui, fazer, apenas, alguns acréscimos, que julgo pertinentes.
           









           
SINOPSE:

Um grupo de teatro mambembe se apropria de JEAN TARDIEU, realizando uma reflexão jocosa sobre o fazer teatral.

Durante uma noite chuvosa, um grupo de atores mambembes ocupa um teatro público, no intuito de se proteger da tempestade.

Encantados com o local, os atores encontram, no meio de figurinos empoeirados, textos do dramaturgo francês JEAN TARDIEU e inicia encenações divertidíssimas.







         (*) Houve um engano na postagem. Confiram-no no início do parágrafo seguinte.

            O espetáculo é uma montagem inédita, marcando a primeira parceria entre a CIA AO LADO e o diretor DELSON ANTUNES, que também assina a adaptação do texto, ao lado de VICTOR LÓSSO e dos atores da CIA AO LADO.  A peça conta, ainda, com a pesquisa de Clown e Bufão, detalhe muito importante na montagem, orientada por DANIELA CARMONA. A peça traz, no elenco, ARTHUR IENZURA (substituindo JOÃO TELLES), LUÍZA SURREAUX, MARCOS GUIAN, MILLA FERNANDEZ e VALLÉRIA FREIRE, acompanhados por dois multimusicistas: DANI RUHM e PEDRO BOTAFOGO.

            O texto é recheado de muito humor ácido, crítico e autorreferências, tudo regido por uma metalinguagem, que predomina, praticamente, durante toda a duração do espetáculo.

            De acordo com o “release” da peça, enviado pela assessoria de imprensa (MINAS DAS IDEIAS), “A Peça ao Lado é um espetáculo construído com diversas referências da comédia universal, como a ‘Commedia dell’art’, o melodrama e a farsa. O roteiro é o resultado de uma pesquisa de linguagens, com um grupo de jovens atores. É uma comédia aparentemente despretensiosa, mas, além de divertir, aos poucos, se torna uma reflexão crítica sobre o teatro e sobre alguns valores da nossa sociedade. Uma homenagem aos artistas que dedicaram as suas vidas a essa arte milenar e seu poder de comunicar, emocionar e transformar o homem”. Essas são palavras do diretor, DELSON ANTUNES.






            Podemos dizer que o texto é bastante atual, uma vez que, nele, estão presentes ingredientes da “culinária teatral” do momento que estamos vivendo: três xícaras de “falta de lugares para se apresentar”, duas colheres, das de sopa, de “emparelhamento da máquina pública”, um punhado de “não reconhecimento de artistas mambembes” e muitas pitadas de “outras crítica sociais” contemporâneas.

Não se trata de coincidências; são propositais, para levar o público a uma reflexão e, se possível, uma reação.

Ainda diz o “release” que “A peça reflete sobre a profissão do teatro, fora do ‘glamour’ dos palcos e do audiovisual. Do grupo mambembe, de rua, que se alimenta puramente do amor à arte”.

Para chegar ao texto final da peça, os atores e a direção trabalharam em cima de muitas improvisações e debates, em busca de uma “crítica à seletividade artística e a criminalização da arte, tão presente atualmente. Não é à toa que os personagens são inspirados em bufões, que são, em sua essência, dejetos, perdedores sociais. Ao mesmo tempo, celebra-se e promove-se o enaltecimento ao teatro”, acrescenta VICTOR LÓSSO, que divide, com DELSON, a adaptação.

            Acho desnecessário falar mais do texto, da ótima direção e da excelente atuação do elenco.
Resta-me, apenas tecer comentários, elogiosos, como não poderia deixar de ser, à cenografia, de JOSÉ DIAS; aos figurinos, de DESIRÉE BASTOS; à iluminação, de LUIZ PAULO NENEN; e à direção musical, de JOÃO TELLES. Todos comprovam sua competência, em mais um trabalho.






 





FICHA TÉCNICA:

Texto: Inspirado em Jean Tardieu
Adaptação: Delson Antunes, Victor Lósso e Cia Ao Lado
Tradução de "Uma Peça por Outra": Grupo Tapa
Direção: Delson Antunes

Elenco: Arthur Ienzura, Luíza Surreaux, Marcos Guian, Milla Fernandez e Valléria Freire
Músicos: Dani Ruhm e Pedro Botafogo

Pesquisa de Clown e Bufão: Daniela Carmona
Iluminação: Luiz Paulo Nenen
Cenografia: José Dias
Figurino: Desirée Bastos
Direção Musical: João Telles
Assistentes de Direção: Kiko do Valle e Rafael Telles
Figurinista Assistente e Costura: Bruna Falcão
Cenotécnico: Pará Produções e Eventos
Operador de Luz: João Pedro Meirelles
Voz em "off": Kiko do Valle
Programação visual: Letícia Moraes
Fotógrafa: Elisa Mendes
Assessoria de Imprensa: Minas das Ideias
Produção: Valléria Freire
Direção de Produção: Renata Campos
Realização: Valléria Freire










SERVIÇO:

Temporada: De 31 de outubro a 22 de novembro
Local: Teatro Municipal Café Pequeno
Endereço: Avenida Ataulfo de Paiva, 269 - Leblon - Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2294-4480
Dias e Horários: 3ªs e 4ªs feiras, às 20h
Classificação Etária: 12 anos
Valor dos Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia-entrada)
Duração: 60 min.
Gênero: Comédia







            Aos que confiam no meu gosto e na minha isenção, quando analiso um espetáculo, fica, aqui, uma recomendação, que vale muito a pena.

E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS OS TEATROS!!!



(FOTOS: ELISA MENDES.)




























Um comentário:

  1. Olá. Concordo contigo sobre fazer arte no teatro, local que não tem como regravar a cena e sinto vergonha quando escuto as indagações sobre a fama dos atores. Passa uma msg que apesar de frequentar um local de cultura, a pessoa se prende a culturas tipo revista Caras, nunca vai conseguir uma análise de interpretação.

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