quarta-feira, 22 de março de 2017


A BELA

E A

FERA


(NEM MELHOR, NEM PIOR; APENAS DIFERENTE,

MODESTO, BONITO...

...E BOM!)
 
 

 



            O “release” do musical infantil “A BELA E A FERA – UM MUSICAL SOBRE A VERDADEIRA BELEZA” é bem claro e elucidativo: não é uma reprodução da versão da Disney. Trata-se de uma boa adaptação de uma história que, há tanto tempo, quase três séculos, vem encantando crianças e adultos, sendo que muitos não conseguem atingir sua mensagem principal, que, felizmente, está exposta, da forma mais explícita possível, neste musical.

            Extraído do “release”: “Diferente da versão da Disney, queremos retratar a história o mais fiel possível ao conto original francês, mas com algumas surpresas, é claro”.

            Apesar de escrito, originalmente, em 1740, por GABRIELLE- SUZANNE BARBOT, o conto, e, obviamente, sua mensagem, permanecem atuais, “uma vez que ressalta a importância de se enxergar além das aparências físicas e rompe com os paradigmas de submissão da mulher e seu suposto desinteresse pela cultura”.

Um prato cheio para os dias de hoje, quando o senso estético domina os demais, muito em função de uma sociedade consumista, que incentiva o culto à beleza física, que não é, absolutamente, condenável, entretanto não é o tipo de beleza que mais importa.

            Além disso, o espetáculo se reveste de uma importância também quando apresenta a mulher dentro de uma visão moderna, de conquistar seu espaço fora do lar, exercitando o seu potencial de inteligência e força para o trabalho que não seja, apenas, o de se dedicar à casa. Procura-se, nesta versão, dar um “BASTA!” ao protótipo de mulher submissa, criada para servir ao marido e procriar, sem o direito de se interessar pela leitura, pela cultura, por adquirir saber. Esta BELA é uma digna representante da mulher do século XXI. Ponto para quem teve a feliz ideia!!!



 
 
 
 



 
SINOPSE:
 
Nesta montagem, um PRÍNCIPE (ANDRÉ RAYOL), arrogante e egoísta, é castigado, por uma FEITICEIRA (GIULIANNA FARIAS), com uma aparência horrível, ao expulsar uma pobre mendiga de seu castelo, sofrendo, assim, as consequências de seus próprios atos.
 
Apenas o despertar de um amor verdadeiro, que consiga vê-lo além do seu exterior, é capaz de romper com o feitiço.
 
No castelo, FERA (o mesmo ANDRÉ RAYOL), vive trancada, ao lado de seus serventes: a COZINHEIRA (GIULIANNA FARIAS), o MORDOMO GASTÓN (AUGUSTO VOLCATO), a ARRUMADEIRA (GIOVANNA RANGEL) e o CHEFE DOS EMPREGADOS (ED MUÑOZ), os quais, com a maldição, foram transformados em objetos encantados: BULE, CASTIÇAL, ESPANADOR e RELÓGIO, respectivamente.
 
BELA (JULIE DUARTE), uma jovem, inteligente e decidida garota, acaba indo parar no castelo amaldiçoado, à procura de seu PAI (ED MUÑOZ), desaparecido, porque foi preso pela FERA, e se torna prisioneira desta, em troca da liberdade do PAI.
 
Com muito humor, ação, drama e sensibilidade, o espetáculo conta uma instigante história em que apenas o amor é capaz de salvar o que precisa ser salvo.
 

 
 


 


            Em cena, apenas atores que já têm experiência em musicais, o que já é garantia de se ouvir boas vozes. Todos, sem exceção, além de atuarem bem, cantam, com o mesmo desembaraço, as lindas canções, compostas, especialmente, para o espetáculo, por BRUNO CAMURATI, que também assina a boa direção musical, ao lado de WAGNER MÔNACO.

            Além dos protagonistas, JULIE DUARTE e ANDRÉ RAYOL, o par romântico, há momentos de destaque para todos os outros do elenco, os quais, além dos personagens já apresentados, na sinopse, se desdobram, alguns, em outros, a saber: GIOVANNA RANGEL (IRMÃ), GIULIANNA FARIAS (IRMÃ), AUGUSTO VOLCATO, ED MUÑOZ e PEDRO THOMAS (CACHORRO e MORADOR DE RUA).
 
 
 
 
 
 



Fiquei impressionado com o potencial de voz de todos e com a maneira de cantar de cada um. Creio ser interessante acrescentar que todos do elenco ganharam seus papéis por meio de testes, em audições abertas.

            O Teatro Vannucci é famoso, por abrigar, simultaneamente, três ou mais espetáculos infantojuvenis, a maioria de qualidade duvidosa, porque não é possível trabalhar com um cenário mais elaborado, uma iluminação perfeita, pois, mal termina uma peça, entra, no palco, a equipe do espetáculo seguinte, para arrumar as coisas para o seu.

Felizmente, isso não ocorre em “A BELA E A FERA”, graças a uma excelente produção. Podemos dizer que se trata de uma feliz e agradável exceção. O espetáculo, além de ter um bom texto, de CARLA REIS, bem simples e ao nível de compreensão de qualquer criança, atingindo, obviamente os mais velhos, é muito bem cuidado, contando com uma correta direção, também de CARLA REIS, um elenco bastante afinado, bons cenários, de ANDRÉ GUERRA, e lindos e variados figurinos, de FERNANDA LIMA, além de poder utilizar uma boa luz, idealizada por ÉDER NASCIMENTO. Como musical, não poderiam faltar as coreografias, a cargo da autora e diretora CARLA REIS.
 
 







            A ideia de fugir ao original e de apenas se basear nele, para, por meio de outra trama, se chegar à mensagem original pareceu-me uma boa solução, para evitar a mesmice e fazer com que outras pessoas se interessem pelo espetáculo.

Durante o tempo em que permaneci no corredor que dá acesso ao Teatro Vannucci, completamente lotado, ouvi várias pessoas dizerem que estavam voltando, para rever a peça, ou que ali estavam por sugestão de “A” ou “B”, sinal de que a divulgação de boca em boca (“boca a boca” está errado, é outra coisa) está funcionando.

Fiquei feliz por ter visto o Teatro lotado, praticamente com a lotação esgotada, o que, fiquei sabendo, acontece a cada sessão, desde a estreia, contando que o espetáculo terá uma longa duração naquele Teatro, até o dia 25 de junho (2017).

Mas não deixem para ir nos últimos dias!

            Para mim, assistir a um espetáculo infantojuvenil e ter de ficar “fazendo hora”, até a o início do espetáculo da noite, é um sacrifício muito grande, entretanto, quando vejo um bom espetáculo, que respeita o público em formação, sinto-me bastante gratificado, como ocorreu no último domingo, 19 de março de 2017.

Recomendo o espetáculo e felicito a todos os envolvidos no projeto.
 
 

 
 
 
 




 
FICHA TÉCNICA:
 
Texto e Direção: Carla Reis
 
Elenco (por ordem alfabética): André Rayol, Augusto Volcato, Ed Muñoz, Julie Duarte, Giovanna Rangel, Giulianna Farias e Pedro Thomas
 
Trilha Sonora Original e Direção Musical: Bruno Camurati e Wagner Mônaco
Composições: Bruno Camurati
Arranjos Instrumentais: Wagner Mônaco
Cenografia: André Guerra
Figurinos: Fernanda Lima
Iluminação: Éder Nascimento
Sonorização: Fernanda Nanzali
Coreografia: Carla Reis
Fotos: Marcos Carvalho
Direção de Produção: Roberta Marinho Duarte
Produção Executiva: Erika Thomas
Realização: Setembro Produções
 

 
 


           
 
 
 
SERVIÇO:
 
Temporada: Até o dia 25 de junho de 2017.
Local: Teatro Vannucci.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52- Gávea – Shopping da Gávea – 3º piso – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: Sábados, domingos e feriados, às 17h.
Valor do Ingresso: R$60,00 (inteira), R$30,00 (meia entrada).
Classificação Etária: Livre
Duração: 50 min
 




 
 
 
 

 
 
 
 

(FOTOS: MARCOS CARVALHO.)
 
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 



 
 

 

 

 

 

 

 

 
 

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