terça-feira, 22 de abril de 2014


CONCRETO ARMADO

 

 

(Projeto-mais-que-TEATRO)

 

 

 

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            Fui assistir ao espetáculo CONCRETO ARMADO, no Espaço SESC Copacabana, e saí de lá com a alma lavada, porque, muito oportunamente, duas pessoas, DIOGO LIBERANO e KELI FREITAS, disseram por mim, e por milhões de pessoas, tudo que desejaríamos dizer, se tivéssemos oportunidade para, com relação ao absurdo de se patrocinar uma Copa do Mundo no Brasil.  Não pelo fato em si, mas por todas as implicações de prejuízos, de toda sorte, que tal evento trouxe, está trazendo e ainda trará a nós, brasileiros, que não fomos consultados se era nosso desejo trocar esse absurdo por escolas bem equipadas, hospitais “padrão FIFA”, habitação para todos, saneamento básico, transportes coletivos de boa qualidade, valorização do ser humano, do cidadão...

           

 

 Espetáculo faz crítica às obras da Copa do Mundo 2014

 

 

 O espetáculo é da companhoia Teatro Inominável

 

 

Do site oficial da companhia do TEATRO INOMINÁVEL e de outras fontes, extraí a sinopse do projeto, que vai, aqui, adaptada:

 

 
Quinto espetáculo da companhia do TEATRO INOMINÁVEL, CONCRETO ARMADO visa a dar continuidade à pesquisa que vem se tornando assinatura da jovem companhia: a busca pelo encontro com a cidade do Rio de Janeiro, por meio de uma obra artística.
 
Com CONCRETO ARMADO, o encontro entre cidade e obra deseja se manifestar mais diretamente.  Um dos mais importantes elementos da arquitetura do século XX, o concreto armado é um material da construção civil que, por aglutinar, em si, elementos diversos, adquire força suficiente para sustentação de edifícios e arquibancadas.  Como mote inaugural da criação deste espetáculo, escolhemos o contexto da Copa do Mundo de 2014 para nos encontrarmos – ficcionalmente – com nossa cidade.
 
O título CONCRETO ARMADO, nessa configuração, acaba sugerindo outras acepções menos comuns.  Afinal, não seria a Copa, também, uma obra fruto de muitos braços e mãos?  Não seria este evento um projeto resultante de um vastíssimo somatório de energias e esforços distintos?  Se sim, o que aconteceria, então, caso aqueles que ergueram estádios não conseguissem fazer parte da celebração para a qual destinaram seus esforços?
 
(Por oportuno, aqui, abrimos parênteses, para lembrar uma velha marchinha de carnaval, de Wilson Batista e Roberto Martins, que dizia: Você conhece o pedreiro Waldemar? Não conhece?  Mas eu vou lhe apresentar. De madrugada, toma o trem da Circular.  Faz tanta casa e não tem casa pra morar.”)
 
Em cena, uma dramaturgia, a ser criada colaborativamente, apresenta o encontro acidental de seis cariocas, que, durante a Copa do Mundo de 2014, no Rio de Janeiro, se veem excluídos do evento que ajudaram a construir.  Em cena, a nossa maneira de expressar que, talvez, o que esteja em jogo, neste megaevento, seja muito mais complexo do que, simplesmente, a paixão do brasileiro pelo futebol.
 
Neste novo trabalho, seguimos, tentando não fazer da experiência teatral um espaço de refúgio e omissão de nossas responsabilidades, enquanto cidadãos, mas sim, justamente um espaço-tempo privilegiado de aproximação e encontro.  Eis a nossa principal busca: utilizar-se da ficção não para se distanciar da nossa realidade, mas justamente para lhe oferecer novas formas de sutura e movimento.
 
CONCRETO ARMADO começou a ser gestado em novembro de 2011.  Não é só uma peça de teatro; é, também, um programa de performances que teve início em maio de 2013 e se encerrou em janeiro de 2014.
 
A tragédia carioca CONCRETO ARMADO encena a história de MANUELA, professora de arquitetura, que, aos 43 anos, promove uma mudança radical em sua pedagogia, tendo em vista a truculência que assola a realidade do Rio durante a Copa do Mundo de 2014.
 
A peça fala, discute e, acima de tudo, reivindica o que deve e pode sobre a paixão pelo futebol, a indignação com o poder público, a Copa do Mundo, a FIFA, a falta de transparência do governo e a falta de participação popular, o desrespeito aos cidadãos, a lei de exceção recorrente, a elitização do espaço urbano, o superfaturamento, a repressão, a truculência, o endividamento, a especulação imobiliária...
 
No espetáculo, alunos de arquitetura estudam a preservação e restauração de um patrimônio público, tombado pelos órgãos “competentes”, e, depois de vários acontecimentos, são levados a pensar as contradições em torno do Maracanã, desde a sua construção até a reforma mais recente.
Eles estão discutindo Copa do Mundo e os nosso investimento de tantos milhões na sua realização; a maneira como somos afetados pela violência que acontece aqui, na esquina, ou na Síria; as repercussões das ações do governo no Rio de Janeiro; a repressão policial, os tempos de ditadura, que ainda não foram embora.  Uma montagem que trouxe à cena o ranço coronelista da nossa política.
 

 



            Gostei bastante da ideia, de quão oportuna ela é, e respeito, profundamente, os ideais dos envolvidos no projeto, assim como todo o esforço de pesquisa nele envolvido.  Do ponto de vista de um espetáculo teatral, porém, excluindo-se o impactante cenário, que parece meio estranho, quando se adentra a arena do Espaço SESC Copacabana, mas que, a partir da metade do espetáculo se revela genial, e da atuação satisfatória do elenco, com pequenos destaques para um ou outro, nesta ou naquela cena, esperava ver mais.  Não sei exatamente o quê.  A verdade é que o espetáculo me pegou por ser uma espécie de meu porta-voz, mas não sei explicar o que faltou nele. 

 

            De qualquer forma, não posso deixar de recomendá-lo, principalmente pelo diferencial que deu origem à sua montagem e por todo o processo desenvolvido para que fosse levado à cena, não sendo eu dono da verdade, e, considerando que poderia não estar vivendo um bom momento no dia em que assisti ao espetáculo (talvez fosse melhor revê-lo).  Mas uma coisa é certa: do ponto de vista dramatúrgico, na minha modesta opinião, não tem o mesmo peso de um MARAVILHOSO, LABORATORIAL, VERMELHO AMARGO e FLUXORAMA, todos da lavra desse jovem e talentoso dramaturgo, de apenas 26 anos: DIOGO LIBERANO.

 

 


 

 

Concreto armado, espetáculo do Teatro Inominável, estreou no Festival de Curitiba. Foto: Pollyanna Diniz

 

 

 

Apresentações foram no Teatro Paiol

 

 

 


 

 

EQUIPE DE CRIAÇÃO:

 

Direção: DIOGO LIBERANO

Dramaturgia: DIOGO LIBERANO e KELI FREITAS

Diretora Assistente: MARCELA ANDRADE

Estagiária de Direção: TAÍS FEIJÓ

Elenco : ADASSA MARTINS (RIANE), ANDRÊAS GATTO (PAOLO), CAROLINE HELENA (ANTONISIA),  FLÁVIA NAVES (VIRGÍLIA), GUNNAR BORGES (ALEXANDRE), LAURA NIELSEN (GLÓRIA) e MARINA VIANNA (MANUELA)

Trilha e Direção Musical: Luciano Corrêa

Música incidental “Sobre Canecas e Chá”: Léo Fressato

Cenário: Elsa Romero

Figurinos e Visagismo: Marina Dalgalarrondo

Iluminação: Renato Machado

Assistente de Iluminação: Lívia Ataíde

Preparação Corporal > Paisagens Afetivas: Maíra Gerstner

Assessoria de Imprensa: Bianca Senna > Astrolábio Comunicação

Mídias Sociais: Teo Pasquini

Fotos: Paula Kossatz

Vídeos de divulgação: Philippe Baptiste

Projeto Gráfico: Lebre Azul

Operação de luz: Lívia Ataíde

Operação de som: Philippe Baptiste

Cenotécnico: Derô Martins

Contrarregras: Érica Lemos de Souza e Fabiana da Silva

Costureira: Selma da Silva

Assistente de Produção: Ramon Alcântara

Produção: Dani Carvalho e Tamires Nascimento

Artistas-Pesquisadores (UFRJ): Bruno Marcos (pesquisa “Poéticas da

negação”); Natã Lamego (pesquisa “O Trágico e a Cena Contemporânea”)

Realização: Teatro Inominável

 

 


Keli Freitas e Diogo Liberano

 

 

(FOTOS: PRODUÇÃO / DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO)

 

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