sexta-feira, 3 de janeiro de 2014


OS GIGANTES DA MONTANHA   -   UMA RARA E AGRADABILÍSSIMA VISITA DO GRUPO GALPÃO.
 

Foi num domingo, 13 de outubro do recém-finado ano de 2013, que tive a grande alegria de assistir a mais uma montagem do fantástico GRUPO GALPÃO (há anos, não perco uma), de Belo Horizonte, que, de vez em quando, na sua eterna caminhada pelo Brasil, levando o que há de mais representativo do TEATRO popular, no melhor dos sentidos, aparece por esta cidade, ex-maravilhosa. 

Desde cedo, o público ocupa as cadeiras e as escadas do Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial.
 

No cenário encantador, a marca registrada: GRUPO GALPÃO.
 
E quase que ficamos sem poder receber essa bendita visita, a de OS GIGANTES DA MONTANHA, graças à falta de inteligência e de sensibilidade por parte do governo municipal, que parece ter feito de tudo para dificultar a vinda do grupo ao Rio, segundo várias fontes. 

Público ainda se acomodando.  Não parava de chegar gente.
 
Como os espetáculos do trupe são gratuitos, apresentados em logradouros públicos, a Prefeitura “não conseguia” encontrar um local para que fossem apresentadas as quatro sessões a que se propunha o GRUPO GALPÃO, um dos melhores do Brasil, em todos os tempos. 

O diretor (Gabriel Villela) cuidando dos últimos retoques.
 
Elenco e parte da equipe de produção.
 
Parece que o acordo para que a encenação ocorresse na frente do Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial teve de ser fechado com as Forças Armadas, que, ao que tudo indica, administra aquele espaço e foi mais sensível do que a Prefeitura do Rio de Janeiro.

Parece irreal.
 
Enfim, o Rio de Janeiro ganhou, mais uma vez, a oportunidade de assistir a uma verdadeira aula de TEATRO, a uma obra-prima. 

Sonho de uma noite de primavera.
 
É desnecessário dizer o que, de fantástico, de grandioso, representa o GRUPO GALPÃO, para as artes brasileiras.  Reconhecido internacionalmente, desta vez, o espetáculo, sob a direção de GABBRIEL VILLELA, escrito por LUIGI PIRANDELLO e traduzido por BETI RABETTI, com dramaturgia de EDUARDO MOREIRA e GABRIEL VILLELA, se chama OS GIGANTES DA MONTANHA, uma fábula inacabada, uma alegoria sobre o valor do TEATRO e, por extensão, da poesia e da arte, e sua capacidade de comunicação com o mundo moderno, cada vez mais empenhado nos afazeres materiais.

Magia pura.
 
O embate entre o pragmatismo dos que “vivem a vida” (os Gigantes) e a poesia dos que “vivem a arte” (os atores da companhia da Condessa) terá consequências trágicas. 

Música, uma das grandes atrações do Grupo Galpão, integrando-se à dramaturgia.
 
No meio desses extremos, existe o mundo da Vila, governado pelo mago COTRONE, que defende a supremacia da imaginação sobre a realidade, numa espécie de delírio místico, em que todos “vivem numa contínua embriaguez celeste”.

Mais música.
 
O resultado disso tudo é muita poesia e uma transbordante alegria, que contagia o público, estimado em duas mil pessoas, em cada sessão (eu acho que havia mais, quando eu assisti, no último dia).

METATEATRO: representando dentro da representação.
 
Não há tempo nem espaço, aqui, para comentar o trabalho de cada um dos doze atores/atrizes que formam o elenco, a não ser que o pior de todos, em termos de atuação, está fantástico no seu papel.  Ou seja, o pior de todos é, simplesmente ÓTIMO!

Graça e leveza.
 
Lindo o figurino.  Lindo o cenário.  Linda a luz.  Linda a música.  TUDO MUITO LINDO!  TUDO MUITO MÁGICO!  É UM ESPETÁCULO PARA TODAS AS IDADES.  As crianças ficam hipnotizadas pelo colorido do rico  figurino e com o cenário e as luzes, mesmo sem entender a história.  Os adultos voltam a ser crianças e se deixam levar numa viagem de sonho e fantasia, porém atentos à mensagem crítica que o texto carrega consigo.

Beleza de plasticidade.
 
Um detalhe muito importante, que pude observar neste espetáculo, é o quanto os artistas do GALPÃO vêm se aprimorando na execução de instrumentos musicais e no canto, marca registrada de seus trabalhos.  Muito boa a direção musical.

Não precisa de legenda.
 
As pessoas, de todas as idades, viram crianças diante de um espetáculo do GRUPO GALPÃO, tal a capacidade de eles trabalharem com o lúdico, os elementos mágicos, que, no TEATRO que fazem, se avolumam, se multiplicam e se tornam palpáveis, “reais”.

Detalhes das riquíssimas e belas maquiagens.
 
Tomara que, das próximas vezes que, generosamente, desejarem vir ao Rio de Janeiro, para nos brindar com o seu incomensurável talento, o GRUPO GALPÃO não encontre tanta má vontade por parte das “autoridades” municipais e que lhes sejam facilitadas muitas outras apresentações nesta cidade, a qual temos a esperança de que volte a ser maravilhosa. 

O GRUPO GALPÃO MERECE.

O RIO DE JANEIRO MERECE.

NÓS MERECEMOS.
 
Não precisa de legenda.
  
Que expressões!

Mais uma vez, a música se mistura à dramaturgia.
 
Quase fim de festa.

Público aplaude de pé.  Delírio da plateia!

Não precisa de legenda.

Idem.

Em estado de graça.  E não era para ficar?!

 

O espetáculo começa com a luz do sol e termina com a luz da lua.
Plateia ocupando toda a escadaria do Monumento aos Pracinhas. 

Todo artista tem de ir aonde o povo está.  Passando a sacolinha.

Integração e confraternização com os simpaticíssimos artistas do espetáculo.

 
(FOTOS DE DIVULGAÇÃO, DO "SITE" DO PRÓPRIO GRUPO GALPÃO E DE MARISA SÁ.)

(Parte do conteúdo deste texto foi extraída do lindo e completo programa do espetáculo.)

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