domingo, 10 de março de 2024


“ORDINÁRIOS”

ou

(EXTRAORDINÁRIOS)

ou

(UMA BELA FÁBULA

SOBRE A GUERRA.)



          Está em cartaz, na Arena do SESC Copacabana, para uma curta temporada, “ORDINÁRIOS”, a mais recente produção da Cia. LaMínima, cujo trabalho admiro profundamente. Assisti ao espetáculo na última 5ª feira, dia 07 de março de 2023, e, de antemão, já recomendo a peça. A montagem tem roteiro de NEWTON MORENO, ALVARO ASSAD e LaMÍnima, com direção e preparação mímica de ALVARO ASSAD, trazendo, no elenco, FERNANDO PAZFERNANDO SAMPAIO e FILIPE BREGANTIM. O espetáculo é inédito no Rio de Janeiro e mistura linguagens - TEATRO, circo, mímica e mágica - tudo com muito bom humor.


 


SINOPSE:

Em algum lugar, três soldados – um valentão, outro atrapalhado e outro que quer desistir, antes de começar – formam um pelotão improvável e vivem a experiência de cumprir uma importante missão de guerra.

Na espera de um comando, esmeram-se em treinamentos, até, finalmente, receber a missão, “meio suicida”, de invadir o território inimigo, para resgatar um superior.

Apavorados e sem nenhuma estratégia, avançam.

Aos poucos, aparecem os segredos que um esconde do outro e o quanto os três são inadequados para o mundo da guerra.

Conforme avançam pelo território inimigo, entre tretas e tropeços, vai ficando evidente a inadequação do trio para o mundo da guerra.

 A COMÉDIA discute, de forma leve e bem humorada, os absurdos da guerra.

Afinal, quem é adequado para a guerra?

 



          Para a minha tristeza, parece-me que os cariocas, os quais, infelizmente, não cultivam muito o hábito de ir ao TEATRO – pelo menos são bem menos assíduos do que os paulistanos, por exemplo - não conhecem bem a Cia. LaMínima, com sede em São Paulo, ou têm a memória curta. Ela foi fundada há 27 anos, pelo saudoso DOMINGOS MONTAGNER e FERNANDO SAMPAIO, e já esteve várias vezes por aqui. Trata-se de um grupo circense e traz, em seu repertório, atualmente, 17 espetáculos, sendo detentora de muitos prêmios de TEATRO. É sempre muito prazeroso assistir a uma excelente COMÉDIA, ainda mais quando é apresentada por uma Cia. do quilate da LaMínima. O espetáculo funde as linguagens de TEATRO, circo, mímica e mágica, as quais, via de regra, agradam a todos, crianças e adultos. A propósito, julgo excessiva a indicação etária de 14 anos. Qualquer criança de hoje, que vive grudada às telas, pode, e deve, assistir a esta peça, talvez a partir dos 10 anos.


 

            O primeiro espetáculo da LaMínima foi montado em 1997, “LaMínima Cia. de Ballet”, “calcado no humor físico e nas clássicas paródias acrobáticas. (...) Seguindo a tradição circense, a busca de conhecimento e aperfeiçoamento técnico e artístico, continuou acompanhando a construção de seu repertório, atualmente com 17 espetáculos concebidos”, com uma bela trajetória em festivais de TEATRO e circo, nacionais e internacionais. O LaMínima é também fundador do Circo Zanni, coletivo que busca revitalizar a importância dos circos de pequeno e médio porte na vida cultural das cidades. Como sou apaixonado por circo, não perco nenhuma produção do grupo. Atualmente, a Cia. tem, em seu elenco e na equipe criativa, FERNANDO SAMPAIO, FERNANDO PAZ e FILIPE BREGANTIM


 

            É preciso que se diga que o tema da peça é atemporal e universal, e muito relevante e significativo, lamentavelmente, nos dias de hoje, quando somos testemunhas de tanta barbaridade, vendo verdadeiros crimes sendo cometidos, principalmente nas guerras entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e os membros do Hamas, ambas tirando a vida de inocentes da população civil, mormente mulheres e crianças. Uma estupidez inaceitável as duas! Aliás, qualquer guerra. Mas não podemos nos esquecer – e o “release” da peça, chegado a mim via STELLA STEPHANY (assessoria de imprensa), nos lembra muito bem – de que existem outros tipos de “guerra”, como a que vivenciamos, no Brasil, durante o período pré-eleitoral, iniciada em 2018 e que se estende até hoje, entre dois ‘países em guerra’, dentro no mesmo território”, uma polarização jamais vista no Brasil. E é aí que chega o LaMínima, para nos oferecer uma oportunidade de rir destes homens entregues a uma guerra que nem sabem quem começou nem por quê. “O riso é nossa arma política e nos permite atacar o incômodo, o ridículo da guerra, de uma forma divertida e poética. E no caso da peça, através de nossos três palhaços, seres ineptos, não vocacionados, engolidos pela máquina-guerra. São três soldados à espera de uma batalha que não é deflagrada. A tensão da espera nos faz refletir sobre que sociedade é esta que vive preparando-se para o ‘embate’, gastando recursos e tempo para o extermínio”, reflexão precisa de NEWTON MORENO. Isso faz com que uma temática tão dura, séria e sofrida, como a guerra, que tinha tudo para ser trágica e nos fazer deixar o Teatro “para baixo”, produza um efeito totalmente contrário, servindo de gatilho para risos e gargalhadas, provocadas pelos três “clowns”, os quais transformam o palco em picadeiro. O trio lembra muito “Os Três Patetas” e “Os Irmãos Marx”. Aqueles, no cinema; estes, no cinema, na televisão e no TEATRO. Também não há como não enxergar, nos três ARTISTAS do LaMínima, detalhes que lembram um pouco "Os Trapalhões", os quais faziam muitos esquetes com a temática do quartel e das guerras.


 

          A perceptível originalidade do espetáculo já começa no título. O vocábulo “ORDINÁRIOS” pode ser decodificado aqui de duas maneiras distintas, embora ainda comporte outras, não aplicáveis, no caso: no sentido de “tosco”, “desprezível”, “imprestável” ou “que não tem destaque algum nem a menor serventia”, em relação à a inépcia do trio para guerrear; ou pode remontar a uma interjeição, usada como voz de comando, para que as tropas marchem a passo regular, frequente – “Ordinários, marchar!”.



            Associada à ARTE de interpretar, do TEATRO, destaca-se, nesta montagem, tudo o que está relacionado à nobre ARTE da palhaçaria, que tanto me encanta e me faz voltar à infância, todas as vezes que vou a um circo. Confesso, sem a menor vergonha (E por que deveria ter?): o que mais me atrai a esse tipo de espetáculo é a atuação dos palhaços.

 


             Uma informação que pode servir de incentivo a que assistam à peça é que ela está em cartaz desde 2018, em São Paulo - capital e interior –, já tendo participado também dos festivais “Sesc Festclown” (Brasília/DF – 2021); “Janeiro Brasileiro da Comédia” (São José do Rio Preto/SP – 2020); “Festival Recife do Teatro Nacional” (Recife/PE – 2019); “Encontro de Palhaços em Todo Lugar”, Sesc Ribeirão Preto (SP/2019); “14º Festival Palco Giratório (Porto Alegre/RS – 2019); e “CIRCOS - Festival Internacional Sesc de Circo” (São Paulo/SP – 2019). Em todos os lugares a que chega, a Cia. LaMínima recebe elogios do público e da crítica local, porque são muito merecedores disso.

 


            A montagem é bem simples, provando que “o menos pode ser mais”, que é melhor o “menos” bem feito do que o “mais” “equivocado” (Um “eufemismozinho”, para combinar com o tom suave da encenação.) A narrativa é de fácil assimilação por qualquer pessoa. O texto, tanto o verbal quanto o não-verbal, fluiu sem encontrar obstáculos, e a interpretação do trio de artistas é formidável, assim como a direção do espetáculo. Sobre isso, notei o que acho ter sido uma preocupação do diretor, que funciona muito bem, nas marcações de várias cenas. Como os três atores/palhaços são de estaturas bem distintas – um bem alto, um baixo e outro mais baixo ainda -, parece-me ter havido o cuidado de colocá-los sempre em posição do maior para o menor, ou vice-versa, um detalhe tão simples, mas que já é engraçado naturalmente. Ademais, todos são grandes artistas e não encontro destaque em nenhum deles, uma vez que os três se comportam impecavelmente em suas atuações.


 

           Os artistas de criação, que estão na FICHA TÉCNICA abaixo (cenografia, figurinos, iluminação, adereços e visagismo) contribuem, bem positivamente, para a boa qualidade da montagem.


 

 

 FICHA TÉCNICA:

Concepção: Alvaro Assad, Fernando Paz, Fernando Sampaio e Filipe Bregantim 

Roteiro: Newton Moreno, Alvaro Assad e LaMínima
Direção e Preparação Mímica: Alvaro Assad 

 

Elenco: Fernando Paz, Fernando Sampaio e Filipe Bregantim 

 

Assistência de Dramaturgia: Almir Martines

Direção Musical e Música Original: Marcelo Pellegrini 

Cenografia: LaMínima

Figurino: Carol Badra

Iluminação: Marcel Alani

Adereços: Dario França, Juciê Batista e Reticências 

Visagismo: Carol Badra

Assessoria Técnica de Magia: Ricardo Malerbi

Operação de Som: Luana Alves

Operação de Luz: Marcel Alani

Direção de Produção: Luciana Lima

Produção Executiva: Priscila Cha

Produção e Administração: Chai Rodrigues

Assistência de Produção: Vanessa Zanola

Supervisão Geral: Fernando Sampaio 

Fotos: Carlos Gueller e Paulo Barbuto

Realização: Sesc RJ e LaMínima

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

 

 

 

 

 

 

 SERVIÇO: 

Temporada: De 1º a 24 de março de 2024.

Local: SESC Copacabana (Arena).

Endereço: Rua Domingos Ferreira, nº 160, Copacabana – Rio de janeiro.

Dias e Horários: De 5ª feira a domingo, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$ 7,50 (associado Sesc), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira).

Horário de funcionamento da Bilheteria: De 3ª a 6ª feira, das 9h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 14h às 20h.

Duração: 70 minutos.

Classificação Indicativa: 14 anos.

Gênero: COMÉDIA.

 

 


 

 

             Muito a contragosto, não posso deixar de registrar – pela primeira vez faço isso numa crítica, e espero que seja a única – que não saí totalmente feliz da Arena do SESC Copacabana por um motivo muito simples e deplorável: a plateia, embora reagisse magnificamente bem às piadas, era pequena, muito menos do que um grupo de excelentes artistas como os da Cia. LaMínima merece. A alegria de poder reencontrar a ARTE de FERNANDO & FERNANDO & FILIPE, um trio de magníficos representantes do circo e do TEATRO, compensou a minha decepção com o público carioca. Vou repetir: RECOMENDO MUITO O ESPETÁCULO.




Foto: João Pedro Bartholo




Foto: João Pedro Bartholo



FOTOS: CARLOS GUELLER

E

PAULO BARBUTO

 

 

 

 

VAMOS AO TEATRO!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E SALVA!

RESISTAMOS SEMPRE MAIS!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO TEATRO BRASILEIRO!






































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