segunda-feira, 9 de março de 2020


O QUE SÓ
PASSARINHO

ENTENDE

(O TEATRO TRANSBORDANDO POESIA E BRASILIDADE.)







           
            Tenho muito a agradecer ao TEATRO, inclusive pelas dezenas e dezenas de queridos amigos que ele sempre vem colocando no meu caminho e pelos quais tenho grande carinho e respeito. Por meio de uma querida amiga comum, AGATHA DUARTE, este ano, incorporei mais dois importantes e caríssimos nomes ao meu rol de seletas amizades: SAMUEL PAES DE LUNA e THIAGO BECKER, ambos pertencentes à CIA ARTÍSTICA COBAIA CÊNICA, de Rio do Sul/SC, a qual já nos brindou, muito recentemente, com o belíssimo espetáculo “Benjamin, Filho da Felicidade”, no SESC Copacabana, e, agora nos dá a oportunidade de conhecer “O QUE SÓ PASSARINHO ENTENDE”, em cartaz no Teatro Cesgranrio (VER SERVIÇO.). Da mesma forma como me encantei com aquele, agora, vivo o mesmo sentimento, com relação a este.






            O QUE SÓ PASSARINHO ENTENDE” é um espetáculo teatral de rara beleza e poesia, em que o ator pernambucano SAMUEL PAES DE LUNA conta a história de uma personagem que vive no Vale do Jequitinhonha, no interior do estado de Minas Gerais, mesclando a narrativa com memórias de sua própria história, em sua terra natal, Limoeiro, interior de Pernambuco. Temas como pertencimento, valor à terra e amor à natureza são abordados nesta peça. Só pela temática, já vale a pena assistir a ela. Mas ainda há, como motivação para isso, o lindo texto, de AGATHA, a boa direção, de THIAGO, e a ótima interpretação de SAMUEL.









SINOPSE:

“O QUE SÓ PASSARINHO ENTENDE” é um espetáculo que apresenta, de maneira lúdica e poética, a singularidade de uma mulher, que, apesar de marcada pelas intempéries da vida, carrega a convicção de que o real valor e beleza de sua existência estão no conhecimento empírico, diretamente ligado à natureza.








            Boa parte da beleza e da leveza do espetáculo reside no fato de ele amalgamar TEATRO, poesia, depoimento e um intensa e constante interação com o público.





            A dramaturgia, de AGATHA DARTE, apoia-se no conto “Totonha”, o qual faz parte do livro “Contos Negreiros”, do autor pernambucano MARCELINO FREIRE, e é inspirada na obra de MANOEL DE BARROS, questionando "os reais valores do ser humano, aquilo que, realmente, é necessário para estarmos em harmonia, onde e com quem vivemos, e faz um contraponto necessário ao comportamento do homem contemporâneo”. É preciso estar atento aos regionalismos presentes no texto, de fácil alcance, porém, mesmo para os que os ouvem pela primeira vez, já que acabam se tornando auto-explicáveis, dentro de um contexto maior.





            O espetáculo chega ao Rio de Janeiro, depois de já ter feito muitas apresentações, desde 2018, tendo passado por Rio do Sul, onde estreou e está situada a sede da CIA., Recife e por 24 cidades do estado de Santa Catarina, sempre com grande sucesso de público e crítica.






            A montagem é de uma simplicidade, singeleza, delicadeza e poesia tais, que mexe com a sensibilidade do espectador, despertando, em muitos, recordações de sua infância e juventude, do que sou um exemplo. Vendo a movimentação de SAMUEL, em cena, e ouvindo o que ele dizia, vinham-me, à memória, imagens boas e marcantes da minha vida.






            O espetáculo é dirigido por THIAGO BECKER, que consegue extrair o máximo do ator, “transpondo, para a cena, um cotidiano simples, explorando a poesia, de uma maneira singela de se viver, sem deixar de mergulhar fundo numa realidade que diz respeito a toda sociedade, abordando questões como a solidão, o abandono, a seca e o conhecimento popular, em contraponto ao erudito” (Trecho extraído do “release”, que me foi enviado pelo próprio SAMUEL PAES DE LUNA, na pele de um assessor de imprensa.). Num espaço cênico mínimo, o diretor utiliza boas marcações, aproveitando-o ao máximo, e propõe uma saudável integração com o público, seja interpelando-o, do próprio palco, seja representada por uma por duas pessoas, que são chamadas ao palco, para uma rápida cena com o ator/protagonista - uma, para rer benzida, contra mau-olhado, e outra, para dividir um cafezinho - e, ao retornar a seus lugares, levam um fio de lã, que sai da roca e lhes é atado, a um dos punhos, por TOTONHA. É o símbolo da ligação, da simbiose entre palco e plateia. Detalhe muito interessante da direção.  




            SAMUEL, ator, bailarino, contador de histórias e produtor cultural, cujo trabalho de interpretação eu não conhecia e do qual me tornei grande admirador, revela-se um excelente intérprete, um ator completo, que é capaz de representar uma velha, sem artifícios de maquiagem, utilizando, para isso, apenas seu talento em trabalhar corpo e voz. Suas máscaras faciais são tão perfeitas, que eu "vi" TOTONHA na minha frente. Da mesma forma como nos faz rir, também nos emociona, com suas memórias.





            Numa CIA. de pequeno porte, em termos de recursos financeiros, a atividade teatral se mostra, realmente, como um fazer coletivo, em que todos dão um pouco de si e jogam em mais de uma posição, para que o “jogo” aconteça. Sendo assim, em “O QUE SÓ PASSARINHO ENTENDE”,  a cenografia também caiu nas mãos de THIAGO BECKER, que executou uma obra muito criativa, para representar o interior - um misto de sala/cozinha - de uma humilde casinha, com poucos móveis e utensílios toscos, apresentando dois destaques: uma roca, no meio do espaço cênico, muito utilizada, durante a peça e objeto de uma bela e agradável surpresa, no final, e uma parede, de fundo, com uma janela, perenemente aberta, feita de “retalhos”, ou melhor, emendas de diversos tipos de texturas e materiais, um pouco difícil de ser descrita, mas linda de se ver (As fotos não deixarão dúvidas.). Do lado esquerdo, fora da casa, porém totalmente integrada a ela, uma árvore seca, na qual há um pequeno oratório e um ninho de pássaro. A seu pé, um monte de folhas secas. Todo o ambiente passa a ideia de pobreza e agreste.






            CISSA GUERRA é responsável por um figurino simples, porém adequado aos personagens. Disse “personagens”, porque, antes de se transformar em TOTONHA, SAMUEL se apresenta como ele mesmo, cena em que traja uma bermuda, de alfaiataria, e uma camisa de linho, de manga comprida, em tons pastéis. Quando se traveste na velha, agrega, ao figurino, apenas uma espécie de casacão, feito de retalhos, com alguns bordados em alto relevo, passando um pouco de mistério e misticismo, a meu juízo. Será que estou exagerando ou “enxergando” demais?  





            Como é linda a luz, de THIAGO BECKER (Mais uma e suas funções, na CIA..) com sua variedade de cores e matizes!!! Nem consigo fazer uma análise técnica de sua funcionalidade, que, de qualquer forma, é muito acertada, tão embevecido fiquei com sua beleza plástica





            Uma boa trilha sonora, criada por RODRIGO FRONZA, embala as cenas, contribuindo para a delicadeza do espetáculo. Música de raiz e sonoplastia para criar os sons do interior.







FICHA TÉCNICA:

Dramaturgia: Agatha Duarte
Conto “Totonha”: Marcelino Freire
Direção: Thiago Becker

Atuação: Samuel Paes de Luna

Cenografia: Thiago Becker
Iluminação: Thiago Becker
Cenotécnico: Edolino Neza Sabino
Figurino: Cissa Guerra
Trilha Sonora: Rodrigo Fronza
Fotos: Thiago Amado
Produção: Cia Cobaia Cênica


 



SERVIÇO:

Temporada: De 06 a 29 de março de 2020.
Local: Teatro Cesgranrio.
Endereço: Rua Santa Alexandrina, 1011 - Rio Comprido, Rio de Janeiro - RJ.
Telefone: (21) 2103-9682.  
Dias e Horários: 6ª feira e sábado, às 20h; domingo, às 19h.
Valor dos Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia entrada).
Duração: 70 minutos.
Classificação Indicativa: 10 anos.
Contatos: (21) 979616647 / (47) 996011115.
Gênero: Comédia Dramática.









            Depois de ter assistido a “Benjamin, Filho da Felicidade”, idealização e realização da mesma CIA., e de, mais uma vez, ter a certeza de que o BOM TEATRO não se restringe ao eixo Rio-São Paulo e que, por esse Brasil afora, há excelentes companhias de TEATRO, que merecem ser conhecidas nos grandes centros irradiadores de ARTE, tomei o rumo do Teatro Cesgranrio, convicto de que reviveria o prazer daquela noite, há cerca e um mês. E foi, exatamente, o que aconteceu.






            Gostaria muito de poder rever a peça, o que acho que não será possível, em função de uma agenda já saturada, mas a vontade há de continuar, caso, não consiga, mesmo, realizar meu desejo.

            Recomendo, sem pestanejar, “O QUE SÓ PASSARINHO ENTENDE”, torcendo para que você também entenda e se sinta recompensado, como eu entendi e me senti.



 (FOTOS THIAGO AMADO.)



GALERIA PARTICULAR.
FOTOS: GILBERTO BARTHOLO,
AGATHA DUARTE
e
THIAGO BECKER.)





 



Com Samuel Paes de Luna.


Com Thiago Becker.


Com Agatha Duarte.








E VAMOS AO TEATRO!!!


OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!


A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!


RESISTAMOS!!!


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PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR

O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO!!!






























































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