domingo, 2 de junho de 2019


BILLY ELLIOT
– O MUSICAL

(UMA OBRA-PRIMA QUE ENCANTA,
EMOCIONA E FICA, 
PARA SEMPRE,
NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO
DE QUEM ASSISTE A ELA.)









            Há momentos que marcam a nossa vida, para sempre, e é muito bom relembrá-los. Pessoas passam pelo nosso caminho, fatos acontecem, e, dentre tantos, minha vida está marcada, indelevelmente, por um espetáculo de TEATRO. Na verdade, um musical, ao qual assisti, duas vezes, em Londres, há quatro anos, creio, e sonhava com a hora de vê-lo encenado em palcos brasileiros. Para mim, era apenas um sonho, uma quase utopia, que posso explicar de forma muito simples e resumida. Além de um espetáculo que demanda um altíssimo orçamento, o protagonista é um menino, cuja idade deve girar em torno de onze anos, podendo o ator que o representa ter um pouco menos ou um pouquinho mais. Além dele, também o elenco deve contar com outro menino, com, mais ou menos, a mesma idade, além de várias meninas, todos bailarinos, com a complicada tarefa de executar uma coreografia difícil e sofisticada, além, é claro, de, por se tratar de um espetáculo de teatro musical, ter de interpretar bem e cantar, da mesma forma. Bons atores mirins, e que cantam muito bem, temos aos montes. E quem, no Brasil – crianças - dançaria como era exigência do espetáculo?
 





            Saí do Victoria Palace Theatre muito feliz e emocionado – chorei litros, nas duas vezes, e até passei mal, de tanta emoção, na primeira -, porém um tanto frustrado, porquanto sabia que, em terras brasileiras, há grandes e talentosos artistas, adultos, capazes de segurar bem uma difícil montagem, como a de “BILLY ELLIOT”, representando, cantando e dançando, entretanto jamais poderia imaginar que, por aqui, houvesse crianças com tanto talento, comparáveis, sem nenhum exagero, àquelas dos dois elencos que vi atuando, na capital inglesa, no que, felizmente, estava redondamente enganado, já que uma das maiores atrações da montagem em cartaz, atualmente, no Teatro Alfa, em São Paulo (VER SERVIÇO.), é, exatamente, o elenco infantojuvenil e, em especial, os meninos que interpretam os personagens BILLY, o protagonista, e MICHAEL, seu melhor amigo. E olha que, por conta de uma legislação vigente, é preciso haver três meninos para cada personagem, revezando-se, nas sessões, e todos presentes, a cada apresentação, prontos a substituir um colega, numa eventual necessidade, antes ou durante o espetáculo. Além dos que atuam, ficam, sempre, dois, para cada personagem, em “stand-by”.




            Graças ao carinho e à generosidade da querida amiga CÉLIA FORTE (MORENTE FORTE COMUNICAÇÕES), que faz a competente assessoria de imprensa do musical, tive a oportunidade e a felicidade de, também, ter assistido à montagem brasileira, em duas sessões seguidas, no Domingo de Páscoa, com parte do elenco diferente, embora só agora tenha encontrado tempo e condições, para escrever sobre o espetáculo, uma verdadeira obra-prima.




            Não é a primeira vez que essa história é contada no Brasil, mas é a primeira montagem nacional. Em 2013, a turnê mundial, do original, passou por três semanas, apenas, salvo engano, em São Paulo, no Credicard Hall, mas não tive a oportunidade de assistir a ela, na época, por estar fora do país.









SINOPSE:

            Embalada por canções de rara beleza, compostas por Sir Elton John, a inspiradora história é ambientada numa pequenina cidade, que vive de mineração carvoeira, County Durham, no nordeste da Inglaterra, entre os anos de 1984 e 1985, durante a greve dos mineiros britânicos, ocorrida no governo da Primeira-Ministra Margareth Thatcher, a “Dama de Ferro”, fato que interfere, totalmente, no dia a dia da família do menino BILLY, já que seu pai e seu irmão, bem mais velho, ambos mineradores, estão envolvidos no movimento grevista.

  O roteiro do espetáculo foi inspirado no romance de A. J. Cronin, de 1935. A canção “The Stars Look Down”, na abertura do musical, presta homenagem ao livro. O enredo é uma celebração inspiradora da jornada de um menino, que troca suas luvas de boxe pelas sapatilhas de balé, em incansável busca por superar obstáculos.

         A narrativa gira em torno de BILLY ELLIOT, um menino de onze anos, que se apaixona pala dança e passa a construir um ousado sonho, que é o de vir a se tornar um grande bailarino, indo, totalmente, de encontro às tradições e aos costumes da pequena cidade, principalmente com relação ao futuro que seu pai queria para ele. Seu desejo era quase que uma ofensa ao machismo exacerbado do pai e do irmão.

JAKIE ELLIOT (CARMO DALLA VECCHIA), o pai de BILLY matricula-o, contra a sua vontade, numa academia, para aprender boxe, esporte pelo qual o menino não tinha o menor interesse; mais que isso, detestava-o. Certo dia, por obra do acaso, o pequeno BILLY se vê, acidentalmente, no meio de uma aula de balé, que estava acontecendo no ginásio, enquanto seu estúdio estava, temporariamente, sendo usado como uma cozinha, para a preparação de sopa, oferecida aos mineiros em greve.

Sem o conhecimento do pai, BILLY se inicia nas aulas de balé, utilizando, para pagar à professora, a SRA. WILKINSON (VANESSA COSTA), o dinheiro que JAKIE lhe dava, destinado a remunerar o instrutor de box, GEORGE (MARCELO NOGUEIRA).

  Quando JACKIE descobre isso, proíbe o filho de retornar às aulas de balé, porém, apaixonado pela dança, o menino, já totalmente consciente do que desejava, para a  sua vida, continua, secretamente, a participar das aulas, contando com a ajuda e “acobertamento” de sua professora de dança, que acabou se tornando, para ele, uma espécie de segunda mãe, uma vez que a verdadeira havia morrido. O menino vivia com o pai, o irmão TONY (BETO SARGENTELI) e a AVÓ, (INAH DE CARVALHO).

         A SRA. WILKINSON descobre, em BILLY, um potencial para a dança, um talento inato, e propõe que ele faça um “up grade”, em seus estudos, ingressando, por meio de uma audição, na Royal Ballet School, em Londres.

Ocorre que seu irmão, TONY, por conta da greve, é preso e isso faz com que BILLY, envolvido, emocionalmente, com os problemas da família, perca o teste.




A SRA. WILKINSON discute com JACKIE, sobre a oportunidade perdida, acusando-o de responsável por cortar o futuro promissor do menino, mas JACKIE e TONY estão irredutíveis e indignados, com a perspectiva de BILLY vir a se tornar um bailarino profissional, e não se abalam com o ocorrido.

Durante o Natal, BILLY descobre que seu melhor amigo, MICHAEL, é homossexual. Apesar de o protagonista não o ser, ele apoia o amigo e se diverte muito com este, um garoto extremamente extrovertido.

Surge o momento em que JACKIE flagra BILLY dançando, na academia, e percebe que seu filho é, realmente, talentoso e decide fazer o que for preciso, para ajudá-lo a alcançar seu sonho.

A SRA. WILKINSON tenta convencer JACKIE a deixá-la pagar, para BILLY viajar a LONDRES, numa segunda tentativa e oportunidade de se aprovado no Royal Ballet School, mas ele responde que BILLY é seu filho e que isso ficaria a seu cargo.

JACKIE tenta cruzar a linha de piquete, para voltar a trabalhar e ganhar dinheiro, a fim de ter como pagar a viagem do filho a Londres, mas TONY, de forma bem radical, o impede de furar a greve. Em vez disso, seus colegas mineiros e vizinhos levantam algum dinheiro e, ainda, JAKIE utiliza joias da mãe de BILLY, para cobrir o custo, e pai e filho vão a Londres, para uma tão desejada audição na Royal Ballet School. O pai não tinha tanta certeza de que o menino pudesse ser aprovado e isso deixa BILLY bastante inseguro.

Embora altamente nervoso, BILLY executa bem os passos que lhe são exigidos, demonstra sua vocação, mas se desentende com um outro menino e lhe dá um soco, em razão de sua frustração com a audição, que ele julgara não ter sido boa, e o medo de ter arruinado a sua chance de alcançar o seu sonho.

BILLY é severamente repreendido pelos examinadores, mas, quando é questionado sobre o que sentia quando estava dançando, surpreende-os e encanta-os com uma resposta poética e extremamente expressiva.

Na certeza de ter sido rejeitado, BILLY retorna a casa, com seu pai, porém, algum tempo depois, recebe uma carta, aceitando-o para o Royal Ballet School , para onde ele vai, até se tornar rapaz e um grande bailarino, realizando, assim, um sonho de infância.









Mesmo lendo a detalhada sinopse acima, antes de ver o musical, ninguém consegue imaginar o impacto que o espetáculo proporciona a quem assiste a ele, até mesmo o menos sensível e que não tenha intimidade com o universo da dança. Trata-se, antes de tudo, de uma história que passa uma mensagem de superação, de determinação, de coragem de um ser humano, para romper todas as barreiras e chegar a um objetivo, ao sonho quase impossível. Sim, “quase”, porque não existe sonho impossível, para quem sabe o que quer e acredita no que deseja. O céu é o limite para essas pessoas, gente como o pequeno BILLY, que me faz chorar muito, e sempre. Acredito que quase todos os que assistem ao musical se identificam, de alguma forma, com o personagem, por este ou aquele detalhe.




A peça foi baseada num filme, de 2000, um dos meus “DVDs de cabeceira”, que me despertou grande interesse, desde quando assisti a ele pela primeira vez. Também existe um outro DVD, da montagem teatral de Londres, a que eu assisti. Delicio-me com ambos. Sim, “BILLY ELLIOT” é, sem a menor dúvida, uma delícia de musical, porque mistura ingredientes que tocam o coração de todas as pessoas. Mas até nem poderia ser esse o resultado, se o conjunto da obra não fosse totalmente coeso, harmonioso, se não houvesse sintonia total entre todos os elementos do espetáculo, partindo do texto, passando peças canções, os intérpretes e todos os artistas de criação. Eu ouso dizer, e assumo, que a nossa montagem, a que está sendo motivo desta crítica, só não se trata de um espetáculo 100%, mas chega a 99,9999999999...%, por conta de um pequeno detalhe, que deveria sofrer um ajuste e sobre o qual falarei adiante. “BILLY ELLIOT” é um dos exemplos em que, praticamente, não se notam diferenças entre o espetáculo teatral e o filme.



Por outro lado, tenho muitas razões para recomendar, com o maior empenho, esta obra-prima, as quais passo a discriminar, de forma bem detalhada.

O texto é bom? Não! É ótimo, muito valorizado pela versão brasileira de MARIANA ELISABETSKY e VICTOR MÜNLETHALER, uma tarefa que considero hercúlea. Digo isso com convicção, porque conheço o idioma inglês e o texto original. Apesar de ser um drama, há falas e algumas ações que me parecem, de forma bem ajustada, fazer parte no roteiro, para torná-lo menos árido. E tudo funciona muito bem, abordando temas bastante diversos e extremamente opostos, como lutas de classes e homossexualidade, sendo que esta não entra como destaque do enredo, porém é abordada com um tratamento muito natural e respeitoso, e, ainda, a meu juízo, um assunto totalmente necessário, uma vez que a aceitação, por parte de BILLY, da homoafetividade de seu melhor amigo, é um “toque”, para que todos aprendam a aceitar as diferenças e a conviver com elas. Impressiona-me, sobremaneira, constatar como um tema considerado, ainda, infelizmente, por muitos, um tabu seja abordado, ligado a uma criança, e o público reage favoravelmente, naturalmente, sem achaques de puritanismo, mesmo quando vemos, na plateia, a predominância de gente mais velha, de idosos e, muito provavelmente, conservadores, como os ingleses, principalmente. Não há um segredo por trás disso; trata-se, apenas, de como o tema é brilhantemente tratado. 




Há dois grandes e distintos conflitos paralelos em jogo: um externo, mais amplo, de classe, afeito a muitas pessoas, representado pela luta dos mineiros, por melhores condições de trabalho; e um interno, particular, de um menino lutando contra a família, para a realização de um sonho pessoal. O que me fez refletir bastante, nessa história, é que um ano de greve, para a garantia da sobrevivência de uma classe trabalhadora, algo mais concreto, palpável, não adiantou nada, não gerou ganhos, não tornou os bravos grevistas vitoriosos, entretanto a persistência de BILLY por algo onírico fez dele um vencedor e, curiosamente, foi a dança a responsável por unir uma família e uma comunidade pouco esclarecida, preconceituosa, por pura ignorância. A partir de um determinado momento, tudo fica em segundo plano e são todos por um: BILLY ELLIOT. Isso é uma das provas de que a arte salva.




A parte musical é boa? Não! É excelente!!! E poderia ser diferente, se quem assina as canções é ninguém mais do que um gênio: ELTON JOHN? As melodias são belíssimas e nelas se encaixam letras muito bem escritas, fortes e líricas, dependendo de cada cena, que emocionam por demais. A canção “Solidariedade” pode ser considerada “chiclete” (Ninguém consegue tirá-la da cabeça.), mas daqueles que mantêm o sabor, eternamente, na nossa boca; não se trata de um sabor efêmero, mas para toda a vida. Que delícia de composição e que força ela contém, no sentido de incentivar, pôr qualquer um para a frente e para o alto!




A equipe de criação - tanto os estrangeiros quanto os brasileiros - reúne a nata de profissionais dos mais premiados em suas respectivas atividades.




A direção é boa? É!!! O comando geral é do competente e reconhecido diretor JOHN STEFANIUK, um canadense, de Toronto, que já dirigiu os maiores musicais de todos os tempos, ao redor do mundo, com muitos prêmios em seu currículo; mas muitos aplausos devem ser destinados, também, a FLORIANO NOGUEIRA, o diretor associado.




A cenografia é boa? Pergunta desnecessária. Embora tenha sido criada, especialmente, para a versão brasileira, pelo premiado cenógrafo norte-americano MICHAEL CARNAHAN, o cenário, em muito, se assemelha ao da versão de West End. É formado por estruturas de grandes proporções, representando vários lugares, que vão se formando, com a entrada e o acréscimo de alguns elementos, numa base comum a todos. Assim temos a casa da família de BILLY, com seu pequeno quarto, num jirau, e uma cozinha, na parte de baixo; a sala de ensaios de dança; a academia de box; e outros locais, como a entrada da mina e uma sugestão de interior desta, ao fundo. Mecanismos de içar e fazer descer peças do cenário e atores também estão presentes nesta complexa e muito rica, do ponto de vista artístico, engrenagem de carpintaria cênica. Merece citação AMÉLIA BRANSKI, como cenógrafa associada.




LÍGIA ROCHA e MARCO PACHECO assinam as dezenas de figurinos, os quais “remetem à década de 1980, com modelagens, estamparias, sobreposições e envelhecimento artístico, com pintura de tecido feita a mão, para trazer a pobreza e decadência da comunidade mineira, que batalha contra as ações do governo Thatcher”. Um trabalho de mestres, fruto de uma detalhada pesquisa, certamente.




A direção musical do espetáculo está muito bem entregue a DANIEL ROCHA, detentor de vários prêmios e presença marcante nos maiores musicais montados, no Brasil, nos últimos tempos, mormente em São Paulo. DANIEL comanda uma excepcional orquestra, formada por 17 exímios músicos. Segundo o “release”, “as músicas de ELTON JOHN são reproduzidas na formação original de orquestra, como realizado em Londres e em Nova Iorque. Destaca-se, ainda, o poder vocal dos números de coro e dos solistas.”.




É muito bonito e funcional o desenho de luz, feito por MIKE ROBERTSON, “um dos maiores nomes para a iluminação de TEATRO MUSICAL da atualidade”, que contou com o trabalho de TOM MULLINER, como “designer” de luz associado. “Seu projeto é criado em conexão com a composição das músicas, do cenário e das movimentações do elenco, no texto e nas coreografias, construindo momentos emocionantes.”.




O som é perfeito, nítido e cristalino, graças à perícia de GASTON BIRSKI, “designer” de som e de ALEJANDRO ZAMBRANO, “designer” de som associado. Tanto as letras das canções como os textos declamados são captados, em toda a sua essência, pelo público, esteja o espectador acomodado em qualquer setor do Teatro.




CAIO MALFATTI, que aparece, na ficha técnica, como diretor técnico, que penso ser o mesmo a que chamamos de diretor de palco, no Brasil, é uma pessoa da maior importância, no comando de, praticamente, tudo, no “backstage”, naturalmente contando com um batalhão de auxiliares, para que tudo possa dar certo.




A cada dia, torna-se mais importante o trabalho de visagismo, no TEATRO, principalmente quando se trata de uma peça de outra época e passada, no caso, numa cidadezinha do interior da Inglaterra, aqui executado por ELISEU CABRAL. Associando e combinando os figurinos a acessórios e maquiagem, ELISEU consegue passar um “physique du rôle” perfeito para cada personagem, do protagonista ao menos importante, na trama, o que ajuda muito a passar a verdade que o musical deseja que fique perpetuada na memória afetiva de cada espectador.



Não deve ter sido nada fácil organizar as audições e fazer a produção de elenco, tarefa que se torna menos difícil, porém de grande responsabilidade, quando esse trabalho é executado por uma experiente profissional do ramo, MARCELA ALTBERG




“BILLY ELLIOT – O MUSICAL” é um “bolo com duas cerejas”, a coreografia e o elenco, e os comentários sobre ambos, como não poderia deixar de ser, ficaram reservados para o final deste trabalho.




Com relação à coreografia, elemento obrigatório em qualquer musical, neste, especialmente, ela se reveste de uma importância extrema, visto que a metade do enredo, e a mais importante, sem dúvida, gira em torno dela. Assinada por PETER DARLING e vencedora do Tony Awards e do Olivier Awards, a coreografia foi especialmente licenciada para a produção brasileira e contou com os nomes de BARNABY MEREDITH e NIKKI BELSHER, como coreógrafos associados, indicados pelo próprio DARLING, e ainda recebeu o reforço de ANELITA GALLO, como coreógrafa residente.




A coreografia, neste espetáculo, é protagonista, e não coadjuvante, como já disse, por ser o cerne do enredo, e reúne balé clássico, dança contemporânea, muito sapateado e acrobacias, o que exige, e muito, o talento e a dedicação de todos, principalmente do elenco infantil. Cada número coreográfico surpreende mais que o outro, sendo que o momento máximo se dá na emblemática cena do voo de BILLY ELLIOT, no número “Electricity”, dividido com um excepcional bailarino, GUILHERME PIVETTI. Para essa cena, foi necessária a assessoria de um norte-americano, diretor de voo, R.J. SCALA, “envolvido nas produções de ‘O Rei Leão’, ‘Mary Poppins’, ‘Wicked’, entre tantos outros espetáculos musicais da Broadway...”. Nesse voo, é utilizado um “sistema automatizado, importado da produção original de ‘BILLY ELLIOT’, junto à empresa Fly By Foy’. É quase impossível não se chegar às lágrimas (E eu já estou me segurando aqui, só de me lembrar.), durante essa cena, por sua beleza plástica, sua leveza e o que ela representa para o enredo; o simbólico voo do menino BILLY ao encontro do seu futuro.








Todos os atores que dançam são muito exigidos e executam seus números com o máximo de perfeição, entretanto não há como não se apaixonar pelo talento dos meninos. Dá vontade de aplicarmos beliscões, em nós mesmos, para termos a certeza de que não estamos sonhando. Sim, aquilo é verdade; os meninos dançam como gente grande. É de fazer chorar mesmo, até nas coreografias mais leves e alegres, chegadas ao humor, como a da cena em que BILLY e MICHAEL, vestidos de meninas, dançam, acompanhados por uns “vestidos gigantes”.








Falemos, agora, do elenco. Como assisti ao musical em duas sessões seguidas, tive a oportunidade de ver os trabalhos de diferentes elencos infantis. Quanto às meninas, todas excelentes, por serem muitas, não tenho como me lembrar de cada uma delas; são todas, porém, ótimas naquilo que fazem. Já com relação aos meninos, na primeira sessão, atuaram, respectivamente, como BILLY e MICHAEL, RICHARD MARQUES (14 anos, o mais velho) e TAVINHO CANALLE. Na segunda, também respectivamente, PEDRO SOUSA (10 anos, o mais novo) e FELIPE COSTA. Pretendo voltar a São Paulo, na última semana da temporada, e queiram os Deuses do Teatro, que, numa das duas sessões a que pretendo assistir, possa conhecer os trabalhos de TIAGO FERNANDES (12 anos), como BILLY, e de PAULO GOMES, como MICHAEL, que, também, já me disseram serem tão sensacionais quanto os dos outros quatro colegas. É muito importante dizer, - importantíssimo - que este é o primeiro trabalho, em musicais, do sexteto. Que alegre e agradável surpresa foi ver esses meninos atuando!!!









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Para interpretar BILLY, o ator mirim se apresenta em dois números de balé, quatro de sapateado, dois de dança contemporânea, além de diversas acrobacias. Acrescente-se a isso o fato de o personagem ter quatro solos e permanecer, em cena, durante a maior parte do “show”.





Todos me encantaram ao extremo, todavia as imagens que mais ficaram guardadas na minha retina são as de PEDRO SOUSA, creio que por sua pouca idade e maior leveza em cena, em função sua compleição física. É impressionante ver como aquele “pinguinho de gente” se agiganta em cena.


O pai "machão", preconceituoso, raivoso, brutalizado de BILLY é vivido por CARMO DALLA VECCHIA, um excelente ator, que compõe muito bem o personagem, deixando, apenas, a desejar, a meu juízo, na parte musical. É aquele 0,00000000001...%, que, se não existisse, me impediria de apresentar um único senão a esta montagem. É uma pena, porém seu solo perde um pouco de brilho, pelas limitações do ator, para o canto, o que, felizmente, não compromete tanto o espetáculo. Repito, e faço questão disso, que o trabalho de ator de DALLA VECCHIA é excelente, muito bem perceptível na transformação do personagem, ao longo da trama.





Que bela e acertada escolha o nome de BETO SARGENTELLI (ator convidado), para representar TONY, o irmão de BILLY, com as mesmas características do pai; no fundo, ambos, produtos do meio em que nasceram e vivem. Ator versátil, já tendo participado dos maiores musicais montados no Brasil, nos últimos anos, faltava-lhe um personagem como TONY, um desafio para o grande ator, completo, que ele é.






VANESSA COSTA é outro grande acerto deste elenco. Além de grande atriz e uma bailarina de intermináveis recursos, também canta muito bem e empresta seu carisma pessoal à personagem que representa, a Sra. WILKINSON, a qual ganha a simpatia do público logo em sua primeira aparição, quando interpreta, num tom meio debochado, a canção “Brilhar”, apesar de alguns momentos em que perece ser dura, rabugenta, tudo da boca para fora. A personagem é o esteio, serve de sustento, para BILLY e é a responsável maior por encorajar o menino a encontrar a sua realização pessoal e profissional. Que grande profissional é VANESSA COSTA!




INAH DE CARVALHO completa a família de BILLY. É a sua AVÓ, já meio senil, que se embaraça com tudo, mas não deixa de apoiar o neto, a despeito de, em alguns momentos, chegar perto de pensar parecido com o pai e o irmão do menino. Junto com o personagem MICHAEL, a AVÓ serve de contraponto à aridez, própria, da peça, com um humor meio britânico, porém bem adaptado, para a compreensão dos brasileiros. Outro grande acerto no elenco!




Em poucas aparições, de forma bem generosa, SARA SARRES, surge, o seu espectro, como a mãe falecida de BILLY, uma espécie de anjo protetor para o garoto. SARA, um dos maiores nomes femininos do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, já tendo protagonizado tantas vitoriosas produções, tem uma participação pequena, no musical, mas suas cenas são muito marcantes. Suas intervenções são um bálsamo para a plateia, por sua presença física e por sua bela e inconfundível voz. SARA, muitas lágrimas você arrancou de mim, e arranca, de quase todos os espectadores, na cena da carta (Não darei “spoiler”.).





MARCELO NOGUEIRA interpreta, com muita propriedade, GEORGE, o professor/técnico de boxe. Já tendo atuado em muitos musicais de sucesso, parece-me ter chegado a hora de sua grande decolagem, como ator, nesse gênero teatral. É dono de uma belíssima e possante voz, é um ótimo ator e dá conta, quando lhe é cobrada a dança. É o alternante de CARMO DALLA VECCHIA, como JACKIE, e é meu desejo vê-lo no papel, uma vez que, certamente, cobrirá, com sobra, a falta do canto no personagem, observada e já comentada.






Tirando os demais participantes, que formam os grupos de “ensemble” e “swing”, os quais cumprem seus papéis com correção total, ainda fazem parte do elenco ANDRÉ LUIZ ODIN (SR. BRAITHWAITE) e MARCELO GÓES (BIG DAVIS), ambos também com boas atuações.  








FICHA TÉCNICA:

Letras e Libreto de Lee Hall
Músicas de Elton John
Originalmente, dirigido por Stephen Daldry
Direção Geral: John Stefaniuk
Versão Brasileira: Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethaler
Diretor Associado: Floriano Nogueira

ELENCO: Richard Marques, Pedro Sousa e Tiago Fernandes (Billy Elliot); Carmo Dalla Vecchia (Jackie); Beto Sargentelli (Tony); Vanessa Costa (Sra. Wilkinson); Sara Sarres (Mãe); Inah de Carvalho (Avó); André Luiz Odin (Sr. Braithwaite); Marcelo Nogueira (George) e Marcelo Góes (Big Daves)

ENSEMBLE: Afonso Monteiro, Dino Fernandes, Fabrício Negri, Fernando Marianno, Guilherme Pivetti, Gustavo Della, Lucas Cândido, Otávio Zobaran, Rodrigo Garcia, Sandro Conte, Carla Vazquez, Marisol Marcondes, Luciana Artusi, Vanessa Mello, Clarty Galvão, Danilo Martho (swing), Vittor Fernando (swing) e Mari Saraiva (swing)

CRIANÇAS: Felipe Costa, Tavinho Canalle e Paulo Gomes (Michael Caffrey); Dudda Artese e Isabella Daneluz (Alison Summers); Anabê Drummond e Martha Nobel (Keeley Gibson); Maria Clara Mascellani e (Ana Júlia Santaniello (Angela Robson); Júlia Berlim e Thaís Morello (Julie Hope); Helô Aquino e Luísa Bresser (Debbie Wilkinson); Milena Blank e Gigi Patta (Susan Parks); Mel Hendriksen e Isa Pagnota (Tracey Atkinson); Laura Daguer e Giulia Mattiello (Sharon Percy); Anna Beatriz e Lia Botelho (Tina Harmer)

Diretor Musical: Daniel Rocha
Coreógrafo: Peter Darling
Coreógrafos Internacionais Associados: Barnaby Meredith e Nikki Belsher
Coreógrafa Residente: Anelita Gallo
Cenógrafo: Michael Carnahan
Cenógrafa Associada: Amélia Branski
Figurinista: Lígia Rocha e Marco Pacheco
Designer de Luz: Mike Robertson
Designer de Luz Associado: Tom Mulliner
Designer de Som: Gaston Birski
Designer de Som Associado: Alejandro Zambrano
Visagista: Eliseu Cabral
Diretor Técnico: Caio Malfatti
Produtora de Elenco: Marcela Altberg
Produtores Associados: Cleto Baccic, Carlos A. Cavalcanti e Vinícius Munhoz
Fotos: João Caldas
Apresentado por: Ministério da Cidadania e Brasilprev
Patrocínio: Alelo, Furnas e Vivo
Apoio: Boa Vista
Hotelaria Oficial: Radisson Paulista e Vila Olímpia
Realização: Atelier de Cultura e Governo Federal










SERVIÇO:

Temporada: De 15 de Março a 30 de junho de 2019.
Local: Teatro Alfa (1.100 lugares).
Endereço: Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro – São Paulo.
Dias e Horários: 6ªs feiras, às 20h30min; sábados, às 15h e às 20h; domingos, às 14h e às 18h30min.
Horário de funcionamento da Bilheteria: De 2ª feira a sábado, das 11h às 19h; domingos, das 11h às 17h. Em dias de eventos, até o início dos mesmos. Aceita cartões de crédito (Amex, Visa, Credicard e MasterCard), cartões de débito (Visa Electron e Redeshop) ou dinheiro. Ar condicionado. Acessibilidade. Estacionamento terceirizado, com manobrista. Vendas “online”: www.ingressorapido.com.br
Valores dos ingressos: De R$75,00 a R$310,00, dependendo da localização da poltrona.
Duração: 170 minutos (com 20 de intervalo).
Classificação Etária: Livre.
Gênero: Musical.









            “BILLY ELLIOT – O MUSICAL” é uma das maiores superproduções de TEATRO que já passaram por palcos brasileiros. Conta com 49 atores, 17 músicos e mais de 80 técnicos.  Teremos de ser, eternamente, gratos ao ATELIER DE CULTURA (“O Homem de La Mancha”, “Annie” e “A Noviça Rebelde”, por exemplo.), nas pessoas de CLETTO BACCIC, CARLOS A. CAVALCANTI e VINÍCIUS MUNHOZ, pela coragem de trazer, ao Brasil, esta obra-prima, recordista de premiações (Na sua primeira produção, de 2006, em Londres, ganhou 5 Laurence Olivier Awards e, em 2009, na montagem da Broadway, ganhou nada menos que 10 Tony Awarsds, 10 Drama Desk Award e 7 Critics Circle.), licenciada pelo MTI (Music Theatre International), de Nova Iorque.








            O musical já foi assistido por mais de oito milhões de pessoas, em todo o mundo, um fenômeno teatral raro, arrebatando tanto o público quanto a crítica, e jamais deixará de ser encenado.








            É com um enorme prazer e uma incontida emoção que escrevo sobre este espetáculo, já me programando para vê-lo, por mais duas vezes, na última semana desta temporada, que, sem a menor dúvida, representa um marco para o TEATRO MUSICAL BRASILEIRO: antes e depois de “BILLY ELLIOT – O MUSICAL”.






E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!






(FOTOS: JOÃO CALDAS.)

































































































































































Um comentário:

  1. Tiago Fernandes como Billy e seu companheiro Paulo como Michael simplesmente arrasam. No meu entender são os melhores.

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