“O DIA EM
QUE
RAPTARAM
O PAPA”
ou
(UMA
COMÉDIA
ATEMPORAL
E
UNIVERSAL.)
Atemporal, universal e bem apropriada aos
nossos dias. Estou falando de uma das mais consagradas e bem recebidas COMÉDIAS
do TEATRO
BRASILEIRO: “O DIA EM QUE
RAPTARAM O PAPA”, em cartaz na SALA ROSAMARIA MURTINHO do TEATRO FASHION MALL. O espetáculo é
dirigido por CRISTINA BETHENCOURT,
filha do autor do texto, o dramaturgo JOÃO BETHENCOURT.
SINOPSE:
Em uma Nova Yorque chuvosa, Samuel
Leibowitz (CLAUDIO MENDES),
um taxista judeu do Brooklyn, decide — num gesto de impulso e idealismo —
sequestrar o Papa Alberto IV (fictício) (GIUSEPPE ORISTANIO), durante sua visita à cidade.
Mas o pedido de resgate foge a
qualquer clichê: Samuel quer apenas um dia de paz mundial.
A partir daí, desenvolve-se uma trama
espirituosa e tocante, marcada pela improvável convivência entre o líder
da Igreja e uma família judia, o desespero diplomático de autoridades
religiosas e políticas e um cardeal mal-humorado, determinado a controlar a
situação.
Com muito humor e um toque de crítica
social, “O DIA EM QUE RAPTARAM O PAPA”
é uma celebração do TEATRO como espaço de reflexão e riso — uma história ousada e atemporal
que continua mais atual do que nunca.
A história do TEATRRO BRASILEIRO
reserva um lugar de destaque para JOÃO BETHENCOURT,
considerado um dos maiores comediógrafos do nosso TEATRO.
JOÃO (1924 – 2006), o qual, além de
grande dramaturgo, foi diretor, roteirista e romancista. Reconhecido por seu humor
refinado, linguagem acessível e crítica social inteligente, ele se
destacou ao unir temas filosóficos e humanistas a situações cômicas e
universais. Ao longo da carreira, escreveu peças que transitaram entre o TEATRO
popular e a crítica sofisticada, sempre com sensibilidade e inventividade. Além
do sucesso nos palcos, BETHENCOURT também teve atuação
marcante na televisão e no cinema. Em Yale, nos Estados Unidos, fez mestrado
em dramaturgia, especializando-se em Molière, o “Pai
da COMÉDIA Mundial”, com cujas obras muitas das suas guardam boa
semelhança, na estrutura dramatúrgica.
Não é por acaso que “O DIA EM QUE RAPTARAM O PAPA” é a “comédia
brasileira da década de 1970 mais encenada no mundo”. A direção,
segura e criativa, houve por bem dar à atual montagem uma visão mais contemporânea,
que deu muito certo. A primeira vez que o texto foi encenado aconteceu em 1972,
no Teatro
Copacabana, com direção do próprio autor. A peça, em
mais de cinco décadas, vem cumprindo uma linda e vencedora trajetória, desde quando estreou, consagrou-se como a peça brasileira mais montada fora do
país, tendo sido encenada em mais de quarenta países, como Suíça,
Israel, Canadá,
Estados
Unidos, Alemanha, Áustria, França e diversas nações
escandinavas, consolidando-se como uma das mais expressivas obras do TEATRO
BRASILEIRO no cenário internacional, até os dias de hoje. Personalidades ilustres assistiram a montagens, entre elas a rainha Fabíola
da Bélgica
e o próprio Papa, em uma apresentação especial realizada no teatro do Vaticano.
Segundo a diretora CRISTINA BETHENCOURT, “Escrito em 1971, o texto surpreende pela
atualidade e capacidade de emocionar. Apesar das décadas, a humanidade ainda
não conseguiu se curar de uma questão essencial para sua sobrevivência: as
guerras.”.
A arquitetura dramatúrgica é assaz
interessante, em função do motivo do sequestro, que passa muito longe do que se
poderia esperar. O exótico e humanista sequestrador não praticou seu plano
pensando numa recompensa pecuniária para si. Passando bem longe do egoísmo
individualista, Samuel Leibowitz tinha uma visão coletiva e empática: tudo o
que ele exigia, para a soltura do sumo pontífice, seria um dia, exatas 24
horas, sem o registro de nenhuma morte, que não fosse natural, no planeta,
para o que entrariam em campo, em caráter pacificador, todas as autoridades
espalhadas pelo mundo, capitaneadas pela ONU. Tudo o que ele queria era um
único dia de paz mundial. “Com muito humor e humanidade, a peça conduz
o público a uma reflexão sobre temas como fé, convivência entre diferentes
culturas e religiões, utopias possíveis, e o papel da esperança em tempos de
crise.”.
Como crítica social, o texto é
brilhante, e vai até a fala final, do filho do sequestrador, a última da peça,
a qual bate muito forte no coração de cada espectador e provoca uma grande reflexão,
tão necessária quanto urgente. A trama explora, de forma muito interessante a
questão da intolerância religiosa, tão frequente em nossos dias, mormente
por parte de um segmento extremista de evangélicos, contra as religiões de
matriz africana, quando coloca o papa e um líder judeu convivendo pacificamente,
jogando xadrez.
Os elementos de suporte da peça, cenografia
(JOSÉ DIAS), figurinos (RONALD TEIXEIRA e PEDRO STANFORD) e iluminação (ROGÉRIO WILTGEN) cumprem suas respectivas funções e colaboram,
sobremaneira, para a boa qualidade da montagem. O mesmo se pode dizer com
relação à trilha sonora, assinada por CHICO BELTRÃO.
O elenco - GIUSEPPE ORISTANIO, CLAUDIO MENDES, ELISA PINHEIRO, BEATRIZ LINHALES, SAMUEL VALLADARES, GUSTAVO OTTONI e NANDO CUNHA, este em participação especial - atua de forma bastante
homogênea, com um destaque para os dois primeiros, respectivamente,
sequestrado e sequestrador.
FICHA TÉCNICA:
Texto: João Bethencourt
Direção:
Cristina Bethencourt
Assistência
de Direção: Renata Paschoal
Elenco:
Giuseppe Oristanio, Claudio Mendes, Elisa Pinheiro, Beatriz Linhales, Samuel
Valladares e Gustavo Ottoni
Participação
Especial: Nando Cunha
Cenário:
José Dias
Figurinos:
Ronald Teixeira e Pedro Stanford
Iluminação:
Rogério Wiltgen
Trilha
Sonora: Chico Beltrão
Voz dos
Locutores: Duaia Assumpção, Lucas Barbosa e José Beltrão
Voz do
Xerife: André Dale
Direção
de Movimento: Toni Rodrigues
Assistente
de Direção: Lucas Barbosa
Assistente
de Produção: Jovi Gonçalves
Cenotécnico:
Guilherme Tommasi
Assessoria
de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Fotos:
Guga Melgar
Produção:
Forte Filmes
Realização:
Dino Produções
SERVIÇO:
Temporada:
De 09 de maio a 22 de junho de 2025.
Local:
Teatro Fashion Mall – Sala Rosamaria Murtinho.
Endereço:
Estrada da Gávea, nº 899 – São Conrado – Rio de Janeiro.
Telefone
para informações: (21) 99857-8677.
Dia e Horários:
Sexta-Feira e Domingo, às 20h; Sábado, às 21h.
Valor
dos Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada).
Vendas: Plataforma Sympla.
Capacidade: 400 lugares.
Duração:
70 minutos.
Classificação
Etária: 12 anos.
Gênero:
COMÉDIA.
Já assisti a umas três ou quatro
montagens diferentes deste texto, do qual gosto muito, e acho que sempre
estarei pronto a rever a peça, sob um outro olhar de direção. Quanto a montagem
em tela, RECOMENDO-A, como um excelente
gatilho para boas risadas, sem maiores preocupações, apesar das críticas que
toda COMÉDIA
comporta.
FOTOS: GUGA
MELGAR
É
preciso ir ao TEATRO, ocupar todas
as salas de espetáculo, visto
que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir
sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o
que há de melhor no TEATRO brasileiro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário