segunda-feira, 19 de maio de 2025

“O DIA EM QUE

RAPTARAM

O PAPA”

ou

(UMA COMÉDIA

ATEMPORAL

E UNIVERSAL.)

 


            Atemporal, universal e bem apropriada aos nossos dias. Estou falando de uma das mais consagradas e bem recebidas COMÉDIAS do TEATRO BRASILEIRO: “O DIA EM QUE RAPTARAM O PAPA”, em cartaz na SALA ROSAMARIA MURTINHO do TEATRO FASHION MALL. O espetáculo é dirigido por CRISTINA BETHENCOURT, filha do autor do texto, o dramaturgo JOÃO BETHENCOURT.


 

 


SINOPSE:

Em uma Nova Yorque chuvosa, Samuel Leibowitz (CLAUDIO MENDES), um taxista judeu do Brooklyn, decide — num gesto de impulso e idealismo — sequestrar o Papa Alberto IV (fictício) (GIUSEPPE ORISTANIO), durante sua visita à cidade.

Mas o pedido de resgate foge a qualquer clichê: Samuel quer apenas um dia de paz mundial.

A partir daí, desenvolve-se uma trama espirituosa e tocante, marcada pela improvável convivência entre o líder da Igreja e uma família judia, o desespero diplomático de autoridades religiosas e políticas e um cardeal mal-humorado, determinado a controlar a situação.

Com muito humor e um toque de crítica social, “O DIA EM QUE RAPTARAM O PAPA” é uma celebração do TEATRO como espaço de reflexão e riso — uma história ousada e atemporal que continua mais atual do que nunca.


 


     

         A história do TEATRRO BRASILEIRO reserva um lugar de destaque para JOÃO BETHENCOURT, considerado um dos maiores comediógrafos do nosso TEATRO. JOÃO (1924 – 2006), o qual, além de grande dramaturgo, foi diretor, roteirista e romancista. Reconhecido por seu humor refinado, linguagem acessível e crítica social inteligente, ele se destacou ao unir temas filosóficos e humanistas a situações cômicas e universais. Ao longo da carreira, escreveu peças que transitaram entre o TEATRO popular e a crítica sofisticada, sempre com sensibilidade e inventividade. Além do sucesso nos palcos, BETHENCOURT também teve atuação marcante na televisão e no cinema. Em Yale, nos Estados Unidos, fez mestrado em dramaturgia, especializando-se em Molière, o “Pai da COMÉDIA Mundial”, com cujas obras muitas das suas guardam boa semelhança, na estrutura dramatúrgica.



          Não é por acaso que “O DIA EM QUE RAPTARAM O PAPA” é a “comédia brasileira da década de 1970 mais encenada no mundo”. A direção, segura e criativa, houve por bem dar à atual montagem uma visão mais contemporânea, que deu muito certo. A primeira vez que o texto foi encenado aconteceu em 1972, no Teatro Copacabana, com direção do próprio autor. A peça, em mais de cinco décadas, vem cumprindo uma linda e vencedora trajetória, desde quando estreou, consagrou-se como a peça brasileira mais montada fora do país, tendo sido encenada em mais de quarenta países, como Suíça, Israel, Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Áustria, França e diversas nações escandinavas, consolidando-se como uma das mais expressivas obras do TEATRO BRASILEIRO no cenário internacional, até os dias de hoje. Personalidades ilustres assistiram a montagens, entre elas a rainha Fabíola da Bélgica e o próprio Papa, em uma apresentação especial realizada no teatro do Vaticano.



Segundo a diretora CRISTINA BETHENCOURT, “Escrito em 1971, o texto surpreende pela atualidade e capacidade de emocionar. Apesar das décadas, a humanidade ainda não conseguiu se curar de uma questão essencial para sua sobrevivência: as guerras.”.



         A arquitetura dramatúrgica é assaz interessante, em função do motivo do sequestro, que passa muito longe do que se poderia esperar. O exótico e humanista sequestrador não praticou seu plano pensando numa recompensa pecuniária para si. Passando bem longe do egoísmo individualista, Samuel Leibowitz tinha uma visão coletiva e empática: tudo o que ele exigia, para a soltura do sumo pontífice, seria um dia, exatas 24 horas, sem o registro de nenhuma morte, que não fosse natural, no planeta, para o que entrariam em campo, em caráter pacificador, todas as autoridades espalhadas pelo mundo, capitaneadas pela ONU. Tudo o que ele queria era um único dia de paz mundial. “Com muito humor e humanidade, a peça conduz o público a uma reflexão sobre temas como fé, convivência entre diferentes culturas e religiões, utopias possíveis, e o papel da esperança em tempos de crise.”.



     Como crítica social, o texto é brilhante, e vai até a fala final, do filho do sequestrador, a última da peça, a qual bate muito forte no coração de cada espectador e provoca uma grande reflexão, tão necessária quanto urgente. A trama explora, de forma muito interessante a questão da intolerância religiosa, tão frequente em nossos dias, mormente por parte de um segmento extremista de evangélicos, contra as religiões de matriz africana, quando coloca o papa e um líder judeu convivendo pacificamente, jogando xadrez.



     Os elementos de suporte da peça, cenografia (JOSÉ DIAS), figurinos (RONALD TEIXEIRA e PEDRO STANFORD) e iluminação (ROGÉRIO WILTGEN) cumprem suas respectivas funções e colaboram, sobremaneira, para a boa qualidade da montagem. O mesmo se pode dizer com relação à trilha sonora, assinada por CHICO BELTRÃO.



       O elenco - GIUSEPPE ORISTANIO, CLAUDIO MENDES, ELISA PINHEIRO, BEATRIZ LINHALES, SAMUEL VALLADARES, GUSTAVO OTTONI e NANDO CUNHA, este em participação especial - atua de forma bastante homogênea, com um destaque para os dois primeiros, respectivamente, sequestrado e sequestrador.



 

FICHA TÉCNICA:

Texto: João Bethencourt

Direção: Cristina Bethencourt

Assistência de Direção: Renata Paschoal

 

Elenco: Giuseppe Oristanio, Claudio Mendes, Elisa Pinheiro, Beatriz Linhales, Samuel Valladares e Gustavo Ottoni

Participação Especial: Nando Cunha

 

Cenário: José Dias

Figurinos: Ronald Teixeira e Pedro Stanford

Iluminação: Rogério Wiltgen

Trilha Sonora: Chico Beltrão

Voz dos Locutores: Duaia Assumpção, Lucas Barbosa e José Beltrão

Voz do Xerife: André Dale

Direção de Movimento: Toni Rodrigues

Assistente de Direção: Lucas Barbosa

Assistente de Produção: Jovi Gonçalves

Cenotécnico: Guilherme Tommasi

Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti

Fotos: Guga Melgar

Produção: Forte Filmes

Realização: Dino Produções


 




 

SERVIÇO:

Temporada: De 09 de maio a 22 de junho de 2025.

Local: Teatro Fashion Mall – Sala Rosamaria Murtinho.

Endereço: Estrada da Gávea, nº 899 – São Conrado – Rio de Janeiro.

Telefone para informações: (21) 99857-8677.

Dia e Horários: Sexta-Feira e Domingo, às 20h; Sábado, às 21h.

Valor dos Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada).

Vendas: Plataforma Sympla.

Capacidade: 400 lugares.

Duração: 70 minutos.

Classificação Etária: 12 anos.

Gênero: COMÉDIA.


 




         Já assisti a umas três ou quatro montagens diferentes deste texto, do qual gosto muito, e acho que sempre estarei pronto a rever a peça, sob um outro olhar de direção. Quanto a montagem em tela, RECOMENDO-A, como um excelente gatilho para boas risadas, sem maiores preocupações, apesar das críticas que toda COMÉDIA comporta.

 

 


 

FOTOS: GUGA MELGAR

 

 

É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO brasileiro! 

 

 

 

 

 

 

 

 
















































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