sexta-feira, 21 de julho de 2023

“ELEFANTE”

ou

(UM ELEFANTE

QUE NÃO INCOMODA

MUITA GENTE.) 

 


        Está em cartaz, para uma curta temporada, no Teatro Sergio Porto (Centro Cultural Municipal Sergio Porto), um espetáculo infantil, muito especial, chamado “ELEFANTE”, com texto e interpretação de FLÁVIO SOUZA. E por que ele é “especial”? Simplesmente, porque ele não existe apenas para divertir o público infantil. Seu propósito vai muito além disso.




“UM ELEFANTE QUE NÃO INCOMODA MUITA GENTE” foi o que escolhi como subtítulo para esta crítica. Na verdade, o elefante em tela não incomoda ninguém; muito pelo contrário, ele alegra todas as pessoas que vão conhecê-lo, agradando a crianças e adultos.  




 

 SINOPSE:

Através de um rico jogo de sombras, luzes e projeções, FLAVIO SOUZA, sozinho, em cena, cria um mundo de planícies, montanhas, oceanos e manadas de elefantes. 

Uma experiência lúdico-sensorial, conduzida por um narrador - um curioso, um cientista ou um historiador - investigando a viagem de um elefante que se separou de seu grupo, em busca do sonho de conhecer o mar. 

A peça fala da importância do “sonhar e desejar”, para encontrar seus próprios caminhos e produzir novos futuros.

E, também, da beleza a ser desvendada na singularidade e na diversidade.


 




        A SINOPSE pode parecer um pouco “vaga”, mas isso pode ter sido pensado propositalmente, a fim de estimular as pessoas a que assistam à peça, para saciar sua curiosidade. É um bom recurso de mídia. Mas também esse resumo da peça, que não é para ser lido de qualquer maneira, sem valorizar as palavras nele contidas, apresenta detalhes muito importantes.



        O primeiro deles diz respeito ao modelo de espetáculo que é vendido, muito em prática em várias partes do mundo, porém ainda não muito explorado e valorizado entre nós, que é o TEATRO que faz uso de “sombras, luzes e projeções”, o qual, quando bem feito, como é o caso de “ELEFANTE”, tem um grande valor. TEATRO voltado para os pequenos tem que explorar muito o lúdico, o que não falta nesta produção.



          O segundo detalhe a ser destacado é a dualidade verbal, aqui substantivada, por ter sido antecedida por um artigo definido: “sonhar e desejar”. “Sonhar” não é proibido; muito pelo contrário, tem que ser estimulado. E “desejar”, na medida certa, sem que isso se torne uma obsessão e sem prejudicar a ninguém, ou a si próprio, é algo inerente à condição humana. Uma pessoa, em qualquer idade, que não sonha e não deseja é digna de pena, embora este sentimento seja algo que não devemos alimentar. “Sonhar e desejar” é um sinal, mais que comprovado, de que um ser humano está vivo, porque, a partir do momento em que essas duas aspirações não façam mais parte do dia a dia de alguém, este se torna um ser “vegetativo” e, por consequência, triste e inútil. Mas a concretização do meu sonho está na mesma proporção da intensidade do meu desejo.




         “Last, but not least”, o espetáculo foi apresentado, por mim, no primeiro parágrafo destes escritos, como “especial”, porque está voltado para a “singularidade / diversidade”. Ou seja, ele traz uma mensagem de filantropia e, até mesmo, de altruísmo, no sentido de que o idealizador do projeto e todos os que compraram a sua ideia se mostram preocupados com o importantíssimo aspecto da inclusão. Em cena, tudo o que é representado e criado é dito pelo ator, acompanhado de uma tradução em LIBRAS e, em algumas cenas, ouve-se uma voz, ocupando-se de uma audiodescrição.




          É importante dizer que FLAVIO, que já está em cena, quando o público vai adentrando o local da representação e ocupando seus lugares, depois de cumprimentar a todos e agradecer-lhes pela presença, começa mostrando tudo o que compõe a cenografia, que eu achei linda, muito mais pelos símbolos do que pelos elementos nela contidos, mostrando como ele vai produzir as imagens que encantarão os presentes. Ali vai ocorrer uma representação, que não corresponde, evidentemente, à realidade. “ELEFANTE” é muito lúdico, adjetivo que teve origem no latim “ludos”, que se refere a brincadeira, jogos, música e dança, como forma de aprendizado. O lúdico é uma forma de desenvolver a criatividade e o aprendizado de uma forma prazerosa, o indivíduo se divertindo e interagindo com o outro. Então é bastante válido mostrar, principalmente aos bem pequenos, como serão criadas aquelas ilusões. Ser verdadeiro com as crianças é dever de todos os adultos, até no TEATRO, onde reina o "faz de conta"




        O espetáculo é de uma pureza, de uma poesia e de um lirismo desmedidos. Em apenas 50 minutos, sozinho, em cena, FLAVIO SOUZA vai contando a história de um elefante que resolve abandonar a mesmice em prol da realização de seu sonho, que parece tão simples, mas, para ele, se tratava de algo que implicava um sacrifício enorme, muita coragem e determinação, sem o que ninguém consegue atingir seus objetivos. Sua atuação é digna de muitos aplausos, já que, além de narrador, é o próprio FLAVIO que, mexendo nas suas “traquitanas”, vai produzindo lindos efeitos de sombras, projetados num vasto telão branco, ao fundo, as quais criam os cenários em que se passam as ações do elefante rumo ao seu sonho, numa floresta, num deserto e numa cidade grande, até chegar a uma praia.



       FLAVIO SOUZA assina a cenografia e o figurino da peça. Sobre aquela, já fiz os comentários que julgo pertinentes. Quanto a este, muito acertadamente, o ator veste um macacão, de manga curta, em cor neutra, um discreto tom de azul, de corte muito confortável, para facilitar os seus movimentos e ações.



        A luz, a cargo de DJALMA AMARAL, é um elemento de vital importância nesta montagem, uma vez que dela dependem as imagens que são projetadas. Para chegar ao resultado das excelentes projeções e sombras, imagino ter sido posta em prática uma cuidadosa pesquisa. Ainda sobre a luz, como prova de que tudo, nesta encenação, foi, milimetricamente, pensado e calculado, para atender às necessidades especiais de quem delas carece, cumpre dizer que, pensando no público neurodivergente - pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), dislexia e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), por exemplo -, a iluminação da peça se mantém estável e aberta, sem “blackouts”. Além disso, FLAVIO contou com a consultoria e assessoria de profissionais gabaritados no trato com indivíduos “especiais” (VER FICHA TÉCNICA).


 

 

 FICHA TÉCNICA:

Criação: Flavio Souza

Dramaturgia: Flavio Souza

Direção: Flavio Souza

Diretor Assistente: Ricardo Rocha

 Direção de Movimento: Denise Stutz

Direção Musical: Guilherme Miranda

 

Performance: Flavio Souza

 

Cenário: Flavio Souza

Figurino: Flavio Souza

Iluminação: Djalma Amaral

 Interlocução criativa em Dramaturgia: Flavio Cafiero

Pedagogia Decolonial: Cléa Maria

Criação Multidisciplinar: Moira Braga

 Fotografia: Daniel Debortoli

Mídia Social: Viviane Dias

"Design": Marcos Corrêa

Consultorias em Acessibilidade: Moira Braga, Bruna Gosling, Rosana Prado

Produção Executiva: Camille Aboud

Realização: Rainha Produções Artísticas LTDA

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany

Direção de Produção: Liliana Mont Serrat / Bloco Pi

 

 

 

 



 



SERVIÇO:


 

Temporada: De 08 a 30 de julho de 2023.

Local: Teatro Sergio Porto (Espaço Cultural Municipal Sergio Porto). (Teatro com acessibilidade.)

Endereço: Rua Visconde de Silva, s/nº (ao lado do nº 292) – Humaitá- Rio de Janeiro.

Dias e Horários: Sábados e domingos, às 16h.

Valor dos ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada).

Duração: 50 minutos.

Classificação Indicativa: Livre (Recomendada a partir de 3 ANOS.)

Gênero: Teatro Infantil.

  

 

 

 

 

 “‘ELEFANTE’” fala da capacidade que nosso imaginário tem de produzir futuros e nos libertar de caminhos pré-definidos ou impostos. Da importância do sonho e do desejo, como ferramenta de transformação da nossa história.” E não há limites nem obstáculos para que isso seja alcançado. A peça prima pelo otimismo. Querem motivo melhor para que eu recomende este lindo espetáculo, sem falar na forma como ele foi projetado, criado e é apresentado? Não percam essa oportunidade ímpar de conhecer um dos melhores espetáculos infantis em cartaz, no momento, no Rio de Janeiro!

 

 

 



FOTOS: DANIEL DEBORTOLI

 

 

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