quinta-feira, 13 de dezembro de 2018


PEQUENA
MISS
SUNSHINE


(QUANDO O HUMOR NEGRO
E O 
“POLITICAMENTE INCORRETO”
DIVERTEM E FAZEM RIR.)






            Não só admiro as práticas de montagem do CEFTEM (CENTRO DE FORMAÇÃO DE ESTUDOS EM TEATRO MUSICAL), o qual, como diz o próprio nome, tem como objetivo preparar pessoas, de todas as idades, para a atuação em musicais, ou não – alguns batem à sua porta por outras razões -, como também assisto a todas as suas produções, a mais recente das quais foi “PEQUENA MISS SUNSHINE”, em cartaz no Teatro Cesgranrio (VER SERVIÇO.), em curtíssima temporada.

            Trata-se de uma hilariante história, bem conhecida do público, que surgiu como filme, em 2006, tendo sido um grande sucesso de bilheteria, inclusive no Brasil, e aclamado pela crítica. Foi indicado a quatro categorias, no Oscar, vencendo em duas indicações: Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante. É considerado um clássico da comédia e uma das maiores surpresas cinematográfica por ter sido feito por um casal de diretores e roteiristas ambos iniciantes.









SINOPSE:

O sonho da pequena OLÍVIA (MARINA MALFACINI / ANAIS WAUCAMPT) é participar do concurso da “PEQUENA MISS SUNSHINE”, para pré-adolescentes.

Ela embarca, então, em uma divertida e comovente viagem, denotativa e conotativamente falando, com o PAI, RICHARD (JOÃO TELLES), a MÃE, SHARON (FERNANDA GABRIELA / ARIANE ROCHA), o AVÔ (MURICI LIMA), o TIO, FRANK (NANDO BRANDÃO / NANO MAX) e o IRMÃO, DAVID (JOÃO PEDRO CHASELIOV / BRENNO NEGRELLOS).

A família tem que correr contra o tempo, para que OLÍVIA chegue no horário e possa fazer a apresentação (coreografia) criada pelo seu AVÔ.

Durante três dias, eles tentam deixar as diferenças de lado e viajam, numa velha e enferrujada Kombi amarela, de sua cidade ao local do concurso, cortando o país por mais de mil quilômetros, do Novo México, onde moram, à Califórnia.

Muitas situações hilárias e imprevistas dão o toque maior do humor contido na peça.







            O espetáculo, com texto, para o TEATRO, de JAMES LAPINEletras e músicas de WILLIAM FINN, baseado no filme, escrito e dirigido por MICHAEL ARNDT e sua mulher, VALERIE FARIS, conta com a tradução de LEONARDO ROCHA e a versão de BRUNO CAMURATI, com direção musical de MIGUEL SCHÖNMANN e TONY LUCCHESI, coreografia e direção de movimento de CLARA DA COSTA, os elementos fundamentais do TEATRO MUSICAL, e direção geral de SÉRGIO MÓDENA, além da coordenação geral de REINER TENENTE.

            Segundo REINER, "Este musical (...) leva o espectador a uma reflexão sobre o estigma de vencedores e perdedores, sugerindo que a vida não é um concurso permanente. A vida é fracassar, perder, cair, e, por fim, levantar-se para, novamente, ‘empurrar aquela velha kombi no caminho certo’ (Grifo meu: uma delícia de metáfora.) E o sucesso, talvez, não seja uma coleção de conquistas, mas, sim, de todas as tentativas. É uma obra sobre otimismo e resiliência, valores essenciais para qualquer pessoa. É de imensa importância disseminar uma mensagem de aceitação e superação com potencial cômico. A peça nos faz refletir sobre questões sérias, com diálogos poderosos e pungentes. Montar “PEQUENA MISS SUNSHINE” é importante, quando vivemos numa sociedade com uma realidade de culto à beleza e à estética".

            Os elencos, com exceção de JOÃO TELLES e MURICI LIMA, se alternam e os destaques, em vermelho, na sinopse, correspondem aos atores que participaram da sessão a que assisti.






            Toda a história envolve uma família, HOOVER, igual às demais. Embora possa ser o desejo de todas, nenhuma é verdadeiramente normal, sendo que a da nossa história extrapola os padrões do que seja o não ser “politicamente correta”. A heroína é ingênua e desajeitada, passando muito ao largo dos padrões de beleza; pelo menos, os que a credenciassem a participar de um concurso relativo à estética. O pai desenvolveu um estranho método de autoajuda, “para quem quer ser um vencedor”, que tenta passar aos demais da casa, mas que é um fracasso. O filho, que é mais velho que a protagonista da trama, fez voto de silêncio, até conseguir entrar para o quadro de pilotos da Força Aérea, e tem um ataque de nervos, mudando de comportamento, ao saber de um fato (É daltônico.) que o impossibilitaria, para sempre, de realizar seu sonho. O tio, irmão da mãe, é “gay”, professor, e cortou os pulsos, na tentativa de cometer suicídio, depois de ter sido trocado por outro “bofe”, pelo antigo namorado, tendo sido, por isso mesmo, por não ter estabilidade emocional, aconselhado a se juntar à família. O avô é o oposto do protótipo do que conhecemos como tal, uma vez que adora pornografias, usa um vocabulário chulo e foi expulso de uma casa de repouso, por usar drogas. A mãe, que valoriza a honestidade, mas pratica o oposto, é uma espécie de esponja, absorvendo toda aquela loucura, alternando momentos de “pacifismo e guerra”, histérica, em determinados momentos.





            Por ser uma prática de montagem de uma escola de formação de atores para musicais, que não dispõe de muitos recursos financeiros, o espetáculo é bastante franciscano, como têm sido os anteriores, em termos de estrutura material, o que é compensado pela criatividade, a garra e o talento de todos os envolvidos no projeto. Dessa forma, trabalhando pesado, em esquema de equipe, as soluções, corretas ou, então, aceitáveis, vão aparecendo e o espetáculo vai tomando forma, sendo construído.

            A mim, agradou-me muito. Diverti-me à farta, porque é uma ótima história, bem contada em cena, contando com o profissionalismo de SÉRGIO MÓDENA, na direção geral, muito criativa, levando-se em consideração os recursos que tinha às mãos. Com poucos elementos cênicos, cria um delicioso e interessante espetáculo.

            Ótimos profissionais participam, com sua experiência, para o sucesso da montagem, como FERNANDA MANTOVANI, na iluminação; NELLO MARRESE, na cenografia, genial, por sinal (as soluções); e YASMIN TOZZI, nos discretos e adequados figurinos. O único senão, que, em algumas cenas, comprometeu um pouco o trabalho, corresponde ao desenho e operação de som, com algumas pequenas falhas, as quais, vale a pena dizer, não chegaram a atrapalhar, no todo, o espetáculo, mas precisam ser reparadas.

            Quanto ao elenco, em todas as suas práticas de montagens, o CEFTEM coloca alguns profissionais, misturados aos incipientes, como forma de dar um sustento, um apoio às produções, ideia que acho ótima, vendo pelo lado dos iniciantes. Nesta, estão presentes, FERNANDA GABRIELA, NANDO BRANDÃO e JOÃO TELLES, todos em bons trabalhos, com um destaque para o de JOÃO, considerando a “cancha” maior dos outros dois. A alternante de FERNANDA GABRIELA é ARIANE ROCHA e o de NANDO BRANDÃO é NANO MAX. Gostaria de poder assistir à peça com os dois elencos.




            Infelizmente, só posso analisar o trabalho dos que vi atuando. Sendo assim, começo por MARINA MALFACINI, que sustenta bem o papel da protagonista, com graça e se mostrando candidata a um futuro promissor no TEATRO MUSICAL. MURICI LIMA também se sai muito bem, como o desajustado VOVÔ (Salvo engano, o personagem não é chamado por seu nome próprio, em cena.), sendo responsável por muitas das muitas gargalhadas que damos durante a peça. JOÃO PEDRO CHASELIOV, durante boa parte da encenação, fica mudo, porém se comunica bem, por meio de expressões faciais e sua mudez, entretanto, a partir do momento em que começa a falar, passa por momentos de altos e baixos, bem próprios de quem está começando na carreira e tem muito o que aprender, principalmente a utilizar a voz. Tenho quase certeza de que vem a ser neto da saudosa e talentosíssima, e querida amiga, Ada Chaseliov. Sem pressão e sem cobranças, menino, mas como orientação e incentivo, não perca o foco e vá em busca de fazer jus a seu sobrenome. Está no caminho certo. Seu alternante é BRENNO NEGRELLOS.






Ainda completam o elenco, em papéis menores ou meteóricas aparições, FLÁVIO MORAES (LARRY, BUDDY e KIRBY), um pouco “over”, em todos os personagens, a meu juízo (Seria melhor um pouco de parcimônia, na interpretação.), e DANIEL DE MELLO (JOSHUA, BUDDY e JEFF), este em pequenas, porém boas, atuações. Ainda temos CÍNTIA PAREDES (MISS CALIFÓRNIA, LINDA e GPS), GLEDY GOLDBACH (MISS CALIFÓRNIA e LINDA), YASMIN TOZZI (GAROTA MALVADA e MISS SÃO PEDRO), BEATRIZ RUFFO (GAROTA MALVADA, MISS SANTA MÔNICA e GPS), MARIA SOUZA (GAROTA MALVADA e MISS GARDEN GROVE), JOANA NUNES (GAROTA MALVADA e MISS LONG BEACH) e MARINA MORETZSOHN (GAROTA MALVADA e MISS COSTA MESA).

            Embora leigo no assunto – pode ser que eu esteja falando bobagem –, acho bem complexa, difícil, a partitura musical da peça, o que exige muito dos atores. Há bons momentos e outros ainda precisando de uma lapidação, quando o assunto é canto, à exceção de alguns mais experientes.









FICHA TÉCNICA:

Texto: James Lapine
Baseado no filme escrito por Michael Arndt
Versões: Bruno Camurati
Tradução: Leonardo Rocha
Direção Artística: Sérgio Módena
Assistência de Direção: Ariane Rocha e Daniel de Mello
Direção Musical: Tony Lucchesi e Miguel Schönmann
Coreografia e Direção de Movimento: Clara da Costa
Assistência de Coreografia: Bella Mac

Elenco (em ordem alfabética): Anais Waucampt, Ariane Rocha, Beatriz Ruffo, Brenno Negrellos, Cíntia Paredes, Daniel de Mello, Fernanda Gabriela, Flávio Moraes, Gledy Goldbach, Joana Nunes, João Pedro Chaseliov, João Telles, Maria Souza, Marina Malfacini, Marina Mortzsohn, Murici Lima, Nando Brandão, Nano Max e Yasmim Tozzi

Banda: Miguel Schönmann (piano e regência), Cleison Rodrigues (teclado), Gabriel Quinto (violão e guitarra), Eduardo Simões (baixo) e Pedro Paulo dos Santos (bateria)

Cenografia: Nello Marrese
Assistente de Cenografia: Flávio Moraes e Nano Max
Cenotécnica: André Salles
Iluminação: Fernanda Mantovani
Figurino: Yasmin Tozzi
Desenho e Operação de Som: Thiago Silva
Microfonista: Eduardo Trindade
Direção de Produção: Joana Mendes e Reiner Tenente
Produção Executiva: Brenda Monteiro
Programação Visual: Leonardo Rocha
Assessoria de Imprensa: Ribamar Filho (MercadoCom)
Mídias Sociais: João Pedro Chaseliov, Maria Souza, Brenno Negrellos, Yasmin Tozzi e Flávio Moraes
Coordenação Geral: Reiner Tenente
Fotos: Bernardo Santos
Produção: CEFTEM (Centro de Estudos e Formação em Teatro Musical)










SERVIÇO:

Temporada: de 04 a 19 de dezembro de 2018.
Local: Teatro Cesgranrio.
Endereço: Rua Santa Alexandrina, 1011 – Rio Comprido – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: 3ªs e 4ªs feiras, às 20:00 (com Elencos Alternantes).
Valor: R$40,00 (inteira), R$20,00 (meia entrada)
Duração: 120 minutos, com intervalo.
Classificação Etária: 12 anos.
Gênero: Musical








            Neste apagar das luzes de 2018, “PEQUENA MISS SUNSHINE” é uma excelente pedida, para quem está à procura de diversão boa e barata. Pena que a temporada é tão curta, para um espetáculo que merece ser visto por um público grande!

            Recomendo bastante o espetáculo, sem falar que uma ida ao Teatro Cesgranrio é sempre motivo de grande prazer e alegria.


E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!




(FOTOS: BERNARDO SANTOS)
































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