terça-feira, 30 de agosto de 2016


ORDINARY DAYS 


(JAMAIS SUBSTIME

UM ESPETÁCULO

“OFF-BROADWAY”.

ou

OS DIAS PODEM SER NORMAIS;

OU NÃO.

ou

“O ACASO VAI ME PROTEGER,

ENQUANTO EU ANDAR DISTRAÍDO.”
– Sérgio Britto”)
 

 
 


            Infelizmente, no momento em que esta crítica está sendo publicada, o espetáculo aqui analisado não estará mais em cartaz. Alguns percalços pessoais fizeram com que eu não tivesse condições de escrever sobre ele antes, mas eu não me perdoaria, se não colocasse, no papel, um pouco do que ele representou para mim, na esperança de que retorne aos palcos, em outras temporadas.

É mais que sabido que vários espetáculos teatrais - musicais, principalmente - surgiram em território “off-Broadway” e acabaram indo parar nos palcos da meca do teatro norte-americano, a Broadway, em função da grande qualidade das montagens.

 

 
 

Poderíamos citar vários títulos. Com o luxuoso auxílio do meu amigo Luiz Buarque, experto em musicais, grande estudioso do assunto e que me refrescou a memória, pergunto: Quem não conhece “Hair” (um marco do teatro musical, de cuja primeira montagem, no Brasil, tive a honra e o imenso prazer de participar, como ator, em 1970/1971), “A Chorus Line”, “Urinetown” (“Urinal”, um dos maiores sucessos de São Paulo, no ano passado), “Avenue Q” (“Avenida Q”, brilhante montagem, no Brasil, uma das melhores dos “reis dos musicais”, Charles Möeller e Cláudio Botelho), “Spring Awakening” (“O Despertar da Primavera”, uma das obras-primas da, anteriormente, citada dupla M&B), “Fun Home” e “Hamilton” (o grande fenômeno musical da atualidade, que chega a cobrar até mil dólares por um ingresso, a atual sensação da Broadway, desde sua estreia, há pouco mais de um ano, e que faz a crítica norte-americana comparar seu autor, Lin-Manuel Miranda, um jovem de apenas 35 anos, aos grandes mestres dos musicais, com uma das maiores pré-vendas da história do maior mercado teatral do mundo)?


 


Todos mereceram um “up”, com vitoriosas montagens na Broadway, em temporadas longuíssimas, sucessos de crítica e de bilheteria, e, de lá, vários, ou quase todos, partiram para o mundo. “ORDINARY DAYS”, certamente, deverá seguir o mesmo caminho ou, pelo menos, o merece.


 
 

            Acho bastante oportuno acrescentar uma informação, muito curiosa, que reforça o primeiro subtítulo desta crítica (“JAMAIS SUBESTIME UM ESPETÁCULO OFF-BROADWAY”), também passada pelo Luiz: Nas últimas dezessete edições do Tony (2000-2016), dos vencedores de Melhor Musical, sete vieram do circuito off-Broadway. Comparando com o período anterior (1983-1999), apenas um, “Rent”, começou carreira no circuito ‘off’, o que indica uma mudança interessante na trajetória desses musicais no mercado teatral”.

            Em conversa com MAU ALVES, um dos responsáveis por nos apresentar esta maravilha de espetáculo, fiquei sabendo que o pontapé inicial, para esta montagem, foi dado por CAIO LOKI, após ter ouvido a trilha da peça, o que gerou nele uma paixão instantânea, levando-o a uma profunda pesquisa sobre o autor, o texto e o tema de que trata. Procurou, então, MAU e JÚLIA MORGANTI, sócios na produtora CEREJEIRA PRODUÇÕES, levando-lhes o projeto, que recebeu, logo depois, uma adesão do CEFTEM, na pessoa de REINER TENENTE, diretor do espetáculo.
 

 
 

Formada a parceria, as três empresas, LOKI ENTRETENIMENTO, CEREJEIRA PRODUÇÕES e CEFTEM deram-se as mãos e foram à luta, partindo para um financiamento coletivo, com o objetivo, primeiro, de angariar fundos, a fim de adquirir os direitos de montagem da peça. Infelizmente, o arrecadado só permitiu a compra dos referidos direitos para doze apresentações. Segundo MAU, “...nos apaixonamos pelo espetáculo de cara, por toda a contemporaneidade e questões nele abordadas; era sobre o que queríamos falar”.
 
O espetáculo foi produzido pela CEREJEIRA e, mesmo com as dificuldades de uma produção independente, sem qualquer patrocínio, os idealizadores do musical pretendem fazer uma nova temporada, contando com o apoio de patrocinadores ou, também, de outra campanha “crowdfunding”. NÃO PODEMOS DEIXAR DE COLABORAR!!!

            Esta é a primeira montagem profissional do musical na América Latina, motivo de grande orgulho para os brasileiros, principalmente pela garra, determinação e talento de todos os envolvidos no projeto.

 
 


            Graças ao “release”, a mim enviado por JULYANA CALDAS, que faz a assessoria de imprensa do espetáculo, pude ter acesso às informações da ficha técnica da peça, uma vez que as anotações feitas por mim, durante a sessão em que estive presente, no sábado, 13 de agosto, assim como o programa da peça estavam numa caderneta, que foi levada por ladrões, naquela mesma noite/madrugada.
 
 
 

 



 
SINOPSE:
 
“ORDINARY DAYS” conta a história de quatro nova-iorquinos, que têm seus caminhos cruzados, enquanto buscam “preenchimento”, um sentido para as suas vidas, felicidade, amor e táxis.
 
O relacionamento de JASON e CLAIRE, um casal de namorados, é testado, quando ele se muda para a casa dela e descobrem que seus problemas vão muito além de falta de espaço nas estantes e nos armários.
 
A amizade de WARREN e DEB, o outro casal de protagonistas, prova ser muito mais que apenas um encontro do acaso, depois que ele acha, numa praça, o caderno de anotações de DEB, contendo informações importantíssimas para uma tese que ela estava tentando escrever, sempre postergando o prazo de entrega.
 
Através de uma trilha vibrante e com canções emocionantes e memoráveis, esse musical é uma história para qualquer um que já tenha tentado, com ou sem sucesso, apreciar as coisas mais simples dentro da realidade complexa de uma vida urbana e cosmopolita.
 
Os quatro jovens, de vidas comuns, se conectam, de alguma forma, em Nova York, que também poderia ser outra grande metrópole, por relações afetivas ou pelo acaso.
 

 
 

 
 

 
 

            O musical é daquele tipo em que toda a história é contada, sem diálogos falados, apenas pelas letras da 21 canções originalmente escritas para ele, com variações, em alguns trechos, acrescidas de algumas vinhetas.

            O elenco é formado por oito excelentes atores, quatro homens (CAIO LOKI, HUGO BONEMER, MAU ALVES e VICTOR MAIA) e quatro mulheres (FERNANDA GABRIELA, GABI PORTO, JÚLIA MORGANTI e TECCA FERREIRA), que se alternam nos papéis dos protagonistas, em formações fixas de pares ou que se misturam – uma ideia genial da direção -, representando os seguintes personagens, aqui seguidos de suas características básicas:

CLAIRE: Quase na casa dos 30 anos, está embarcando em uma nova etapa de sua vida, com o namorado JASON. Para ela, a decisão de dividir um apartamento é o catalisador para enfrentar seu passado. Sua catártica “I’ll Be Here” (“Eu Estarei Aqui”) dá ao público a pista que conclui seu arco.

 
 
Gabi Porto / Claire.
 
 

JASON: Com idade regulando à de CLAIRE, é seu namorado. Um romântico inveterado, ele passa a maior parte do musical tentando consolidar a sua relação com ela. Em primeiro lugar, bem observado na canção “The Space Between” ("Os Espaços Entre"), enquanto também encara suas questões pessoais com a cidade onde moram, o que está registrado na canção “Favorite Places” (“Lugares Favoritos”). CLAIRE reluta, resiste, de forma consistente, às suas tentativas, presente em “I’m Trying” (“Estou Tentando”), culminando no conflito central da história do casal, em "Fine" (Bem).
 
 
 
Mau Alves / Jason.

 
DEB: Com vinte e poucos anos, é uma estudante de graduação, cínica e defensiva, que está, tanto quanto os outros, lutando para encontrar o foco em sua vida, talvez com um pouco mais de dificuldade para isso. Seu destino se cruza com o de WARREN, quando este encontra seu caderno de notas para uma tese em que ela estava trabalhando e que perdera, numa praça.

 
 
Tecca Ferreira / Deb.


WARREN: “Ajudante de um artista plástico” (O que seria isso? Qual o futuro de alguém com tal “habilitação”?), trata-se de um jovem extremamente alegre e, por vezes, irritantemente, otimista. Quase ingenuamente, ele vê beleza nas coisas simples da vida e é o responsável por passar, ao público, a grande mensagem do musical, no número final, "Beautiful" (“Bonito/a”).

 
 
Caio Loki / Warren.
 
 
Na sessão em que tive o inesquecível prazer de assistir ao espetáculo, atuaram, como protagonistas, HUGO BONEMER, como JASON; FERNANDA GABRIELA, como CLAIRE; VICTOR MAIA, como WARREN; e JÚLIA MORGANTI, como DEB. Os outros quatro fazem pequenas participações, como “coadjuvantes”, tecnicamente falando, dentro da trama, já que o octeto se equivale em talento. É evidente que eu gostaria de poder rever “ORDINARY DAYS” com outras formações de elenco, o que, até, era minha intenção, entretanto motivos alheios à minha vontade não o permitiram, razão pela qual só poderei tecer breves comentários sobre a atuação de HUGO, FERNANDA, VICTOR e JÚLIA, todos perfeitamente em harmonia com seus respectivos personagens.
 
A figura e a postura de HUGO BONEMER combinam bastante com a principal característica de JASON. O seu imenso romantismo e a vontade de acertar na escolha de um amor duradouro estão presentes na doçura expressa pelo ator, dentro do personagem. HUGO, além da boa atuação, canta muito bem, afinado e com um timbre bastante suave e agradável aos ouvidos.
 
 
 
Hugo Bonemer / Jason.
 
 
FERNANDA, com muita clareza e convicção, nos passa aquela incerteza que povoa a cabeça de todos, quando acham que encontraram a outra metade da laranja, e que é, realmente, um grande desafio: o deixar de ser o “eu”, para assumir a parte que lhe cabe no “nós”. A atriz, muito segura, no papel, encanta-nos com sua bela voz e detalhes na interpretação das canções, de vital importância para a compreensão do texto, explícito e implícito.


 
Fernanda Gabriela / Claire.
 
 
VICTOR é um dos mais tarimbados atores de musicais que conheço, pois, além de ser bom ator e ter uma voz vibrante, potente, leva a vantagem de ser bailarino e coreógrafo, o que lhe confere uma destacada agilidade e leveza em cena. Com uma bem explorada veia para o humor, é responsável por arrancar gargalhadas e aplausos em cena aberta.

 

Victor Maia / Warren.
 
 
JÚLIA MORGANTI encontrou o tom, na medida certa, para interpretar sua DEB. A personagem poderia se tornar desinteressante, se a atriz que a interpretasse carregasse nas tintas do humor, em contraste com a dor da perda de um objeto (caderneta) que lhe era tão caro, para a definição de um futuro, o que não acontece no trabalho de JÚLIA, o qual se destaca pelas interpretações vocais e pelas máscaras que constrói, quando não lhe cabe “falar/cantar”, até mesmo quando não faz parte, diretamente, da cena. Um primor de interpretação.
 

 
Júlia Morganti / Deb.
 
 
Seria um crime de lesa-verdade deixar de tecer os maiores elogios à pianista ARIANNA PIJOAN, cuja importância, para o sucesso deste musical, ocupa um percentual incalculável. Sem dúvida, seu trabalho é um dos maiores destaques nesta montagem. Sua responsabilidade é incomensurável, pois é ela quem, como uma exímia maestrina, vai conduzindo o fio de toda a trama. Um erro seu colocaria a perder o andamento da peça. Além de uma “virtuose”, exercita uma atenção plena, para que não ocorram “furos” e, em várias canções, demonstra uma agilidade nos dedos, própria dos grandes mestres do piano.
 
 
 
Ariana Pijoan.
 
 
A interação total da musicista com os atores, num pingue-pongue em alta velocidade, é, metaforicamente falando, um diálogo entre palavras e sons extraídos das teclas de seu piano elétrico. Ela fica, durante todo o tempo da peça, em cena, no centro do palco, um pouco mais para o fundo, e poderia ser considerada, sem nenhum exagero, um quinto personagem, na trama.
 
Para os que possam reclamar a presença de uma orquestra, ou mesmo de uma banda, em cena, como ocorre nos musicais tradicionais, achando que, pelos parcos recursos empregados na produção, optou-se por apenas um piano, é bom esclarecer que é assim que ADAM GWON quer que seja. Aliás, é uma exigência do autor, o que corrobora o que eu disse acima, a respeito da importância desse “quinto elemento/personagem” em cena.
 
 
 

Já que falamos da musicista, podemos, logo, associar seu brilhante trabalho à, sempre, competentíssina direção musical de MARCELO FARIAS, que deve ter tido muito trabalho, em função do grau de dificuldade que me parece, ainda que leigo no assunto, existir nas partituras originais.

 
 

Experiente em musicais, como ator, REINER TENENTE faz uma ótima direção. Se não fosse por esse trabalho, já merecia nosso maior respeito, por ter aceitado uma empreitada árdua, de pôr de pé um musical, abrindo mão de recursos financeiros, de que não dispunha, compensando isso com um fantástico exercício de criatividade, culminando num espetáculo que já é a grande sensação da atual temporada teatral, no Rio de Janeiro, e por cuja continuação, em outras longas temporadas, devemos orar aos DEUSES DO TEATRO ou implorar a algum mecenas patrocinador.
 
 
 
Hugo Bonemer, Caio Loki, Victor Maia e Mau Alves.
 
 
Creio que seu brilhante trabalho de direção deva ter contado muito com a colaboração dos atores e técnicos, no processo de montagem, mais do que em outras situações. Tudo é muito simples, na peça, mas de muita expressividade, bom gosto, relevância e criatividade, traduzido, metaforicamente, por exemplo, por dois andaimes, ao fundo, simbolizando as torres gêmeas, do World Trade Center, que foram destruídas pelo terrorismo, quase uma década e meia atrás (11/09/2001), causando centenas de vítimas fatais. Essa imagem dos destroços indo ao chão, paradoxalmente, é linda, do ponto de vista plástico, com os “flyers” que são atirados lá de cima, nos derradeiros momentos da peça. Representam a destruição de algo, para o surgimento do “novo”, exatamente o que procuravam os quatro protagonistas.
 
 
 

Da mesma forma, há uma simbologia no amontoado de caixas, no cenário, de dentro das quais são extraídos objetos visíveis ao público e onde permanecem outros, em “segredo”, “identificados” de acordo com a imaginação de cada espectador. Seriam os escaninhos nos quais guardamos nossas angústias, alegrias, frustrações, medos, esperanças, ali contidos e precisando de espaço para, uma vez expostos, serem analisados e trabalhados.
 
São soluções práticas e inteligentes, além de serem de baixo custo, que dão um toque de brasilidade ao espetáculo, que trazem, para o Centro do Rio de Janeiro, numa outra linguagem plástica, a pujança e o vigor da “cidade que não dorme” e que nos engole e devora, a cada minuto, como uma esfinge. Manhattan, pelas mãos de REINER TENENTE, teu nome é Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Fortaleza, Brasília...
 
 
 
 
 
            Um dos aspectos mais importantes, para uma boa montagem de “ORDINARY DAYS”, é o ritmo do espetáculo, que tem de ser mantido bem ativo, ágil, da primeira à última cena, com várias e repetidas entradas dos personagens, o que bem soube explorar e traduzir, concretamente, a direção de REINER.
            O cenário, assinado por CAIO LOKI e equipe, é simples, prático, sugestivo de um ambiente caótico. Pode-se dizer que representa o mar encapelado do interior dos personagens, um paralelo com o caos em que suas vidas estão mergulhadas, marcado pelas dezenas de caixas de papelão, de diversos tamanhos, empilhadas e espalhadas pelo palco, contando, ainda, com o já citado piano elétrico e as duas “torres gêmeas”, estilizadas, codificadas/decodificadas nos dois andaimes, também já mencionados. Além disso, uma pequenina estante, para os livros de DEB e bancos, também de papelão. Nas cenas que se passam nas dependências do Metropolitan Museum of Art, onde DEB e WARREN se encontram, descem molduras vazadas, para compor o ambiente. Ao fundo, um painel pintado, mostrando um pouco do cenário da “Big Apple”, traduzido em siluetas de arranha-céus. Nenhum luxo; total criatividade; acerto profissional.
 
 
 
 
 
Coube a RENAN MATTOS a criação dos figurinos do espetáculo, completamente fidedignos, ajustados, de acordo com o estilo dos personagens, suas idades, a época em que se passa a trama e, principalmente, dentro dos padrões da cultura norte-americana. São trajes simples, na linha “casual”, com a predominância, como não poderia deixar de ser de detalhes da “american fashion”. Seria impossível não utilizar “jeans”, “T-shirts”, jaquetas, coletes e casacos longos, à altura do joelho, no estilo de soldados norte-americanos, além, evidentemente de acessórios, como tênis, botas, gorros e cachecóis. Uma harmonia profissional.
 
 
 
Não há grandes detalhes a destacar, na iluminação, de RÚBIA VIEIRA, além de que se trata de um bom trabalho, que chega a valorizar algumas cenas, pela intensidade de luz e as cores utilizadas.
 
 
 
Infelizmente, não recebi o nome do(s) responsável(veis) pela coreografia e pela direção de movimento, tão importantes, num musical, mas creio que deva ter sido um trabalho em conjunto, muito bom, por sinal, do elenco e da direção.
 


Considerando-se que, em musicais, o som é fundamental, e custa muito caro, pelos modestos recursos utilizados por RODRIGO OLIVEIRA, no desenho de som, este merece um elogio, já que nada se perdeu, do texto, por conta de alguma falha técnica ou má distribuição das caixas acústicas.
 


            Li, não sei onde, o que não me permite tornar pública a fonte, uma citação que classifica o espetáculo, neologisticamente, como uma “dramédia”, termo que me parece bastante apropriado ao musical, escrito por um dos mais importantes e festejados autores do moderno teatro musical americano, ADAM GWON, cujo texto, assim como a montagem americana, recebeu vários e excelentes elogios de diversos dos mais importantes críticos americanos, o que foi um dos motivos para que os jovens produtores brasileiros, corajosamente, levassem adiante o projeto. O texto me pareceu muito bem traduzido, por CAIO LOKI e equipe.
 
            Creio que vale a pena transcrever uma pequena resenha, feita pelo crítico Charles Isherwood, do New York Times: “UM SHOW SUTILMENTE TOCANTE... ORDINARY DAYS introduz um novato promissor para o teatro musical americano, tão faminto por novos talentos. ADAM GWON escreve de maneira fluida e com exatidão, usando letras engraçadas, que refletem as mentes borbulhantes de quatro nova-iorquinos em uma nervosa busca por seus futuros imediatos. ORDINARY DAYS capta, com clareza pungente, esse momento desconfortável da juventude, quando as dúvidas começam a enevoar as esperanças de um futuro de possibilidades ilimitadas”.
 
 
 
 
 
            É difícil alguém assistir ao espetáculo e sair do teatro apenas com a sensação de que se divertiu e ouviu boa música. A atualidade do tema, presente no texto, e o fato de ele mostrar a dura e crua realidade de quem é apenas mais um na multidão, numa megalópole, de bocarra aberta, pronta a nos engolir, impele o espectador a uma reflexão e possíveis mudanças radicais em suas vidas. Para mim, sem dúvida nenhuma, o espetáculo ficará marcado, indelevelmente, na minha mente e no meu coração, principalmente pelo fato de eu, três ou quatro horas após ter deixado Teatro Serrador, ter sido vítima de um violento assalto e de ver minha vida ameaçada, sob a mira de três armas de fogo. Houve um renascer e passei, como os personagens da peça, a buscar novas motivações e rumos na minha vida.
            Fatos drásticos ou, às vezes, insignificantes, na aparência, como encontros “ao acaso”, a princípio, mas que se transformam e se solidificam, ao longo das nossas vidas, podem transformá-las consideravelmente, levando-nos a caminhos nunca antes pensados ou que não nos permitíamos, que podem sepultar vazios existenciais e abrir portas para a felicidade. Ou não.
 

            “ORDINARY DAYS” é mais uma prova de que não é necessário gastar milhões de dólares na produção de um musical, para se tocar o coração das pessoas, despertando-lhes o desejo de rever a peça e se incumbir de, por meio de um “de boca em boca”, encher de público um teatro, chegando à lotação esgotada, com a disputa ferrenha por um ingresso. Assim é na Broadway, assim é no circuito “off-Broadway”; assim é no Brasil, onde o talento e a criatividade dos artistas brasileiros compensam o baixo orçamento das produções.
 
 

 
FICHA TÉCNICA:


Texto (Letras) e Músicas: Adam Gwon
Tradução: Caio Loki e equipe
Direção: Reiner Tenente
Direção Musical: Marcelo Farias
Assistente de Direção: André Vieri

 
Elenco (em ordem alfabética): CAIO LOKI, FERNANDA GABRIELA, GABI PORTO, HUGO BONEMER, JÚLIA MORGANTI, MAU ALVES, TECCA FERREIRA E VICTOR MAIA.
 

Pianista: ARIANNA PIJOAN
Cenário: Caio Loki e equipe
Figurino: Renan Mattos
Iluminação: Rúbia Vieira
Design de Som: Rodrigo Oliveira
Produção: Cerejeira Produções e CEFTEM
Assistentes de Produção: Carmen Costa e Gabriela Tavares
Realização: CEFTEM
Idealização: Loki Entretenimento
Assessoria de Imprensa: JC Assessoria de Imprensa (Julyana Caldas)
 

 
 
 
 
 
 
 
 
(FOTOS: CLARISSA RIBEIRO)
 
 
 
 
 
 
 
 
 


 
 
 



 


 



 


 


 



 



 



 



 



 



 


 



 




 



 



 



 



 




 


 


 



 



 





















 

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