sexta-feira, 25 de maio de 2018


A ORDEM NATURAL 
DAS COISAS



(A DESORDEM
NAS COISAS NATURAIS.
ou
O CAOS NOSSO
DE CADA DIA.
ou
REINVENTAR-SE, PARA CONTINUAR SOBREVIVENDO.)




Que alegria é fechar uma semana com um dos melhores espetáculos do ano, até agora, e um dos mais interessantes textos dos últimos tempos: “A ORDEM NATURAL DAS COISAS”, em cartaz no SESC Copacabana – Mezanino (VER SERVIÇO.)! Lamento não ter assistido a ele antes.

Antes de mais nada, é preciso dizer que escrever sobre este espetáculo é um grande desafio, uma vez que, a cada curva, nos deparamos com uma surpresa e uma revelação, explícita ou velada, e é preciso todo cuidado, para evitar “spoilers”, que poderiam subtrair, de quem ainda vai assistir à peça, o prazer da novidade.

Embora, no “release” da peça, haja a indicação de que ela dure 90 minutos, na verdade, excede esse tempo, aproximando-se das duas horas, se não me equivoco, as quais passam sem que o percebamos, de tão presos que ficamos ao magnífico texto, de LEONARDO NETTO, que também dirige, com mãos certeiras, o espetáculo, mais um, no meio de 204 produções teatrais que levaram o “calote” da atual prefeitura do Rio de Janeiro (fomento) e que só pôde se tornar uma realidade, graças ao esforço hercúleo de um grupo de abnegados profissionais do TEATRO, merecedores do nosso maior respeito, agradecimento e consideração. Não fossem eles, só teríamos o registro desse incrível texto num livro, editado pelo selo “Another Hot Books”, da Editora Livros Ilimitados, cujo lançamento se deu no dia 7 de maio, na Livraria Travessa, de Ipanema. Li-o, na 2ª feira, um dia após ter visto a peça, reli-o, no dia seguinte, e recomendo sua leitura.





SINOPSE:

A peça aborda o poder de interferência do outro sobre nossas vidas e até que ponto essas influências definem quem somos.

“A ORDEM NATURAL DAS COISAS” envolve quatro personagens, sendo que uma (VERÔNICA) não é materializada, em cena, porém é a grande detonadora de toda a trama, ou, pelo menos, o estopim para a grande explosão de um barril de pólvora.

LÚCIO (JOÃO VELHO) é um publicitário em crise, aspirante a escritor, às voltas com um bloqueio criativo. Abandonado pela noiva (VERÔNICA), a que não está em cena, no dia do casamento, como já dito, ele mergulha em mais dúvidas e questionamentos, em um processo que sofrerá a interferência de duas pessoas: o consultor de “Feng Shui” EMILIANO (CIRILLO LUNA), seu amigo e irmão da noiva, seu ex-futuro cunhado, portanto, e CECÍLIA (BEATRIZ BERTU), jovem formada em História da Arte, apaixonada pela cultura dos anos 60 e vizinha temporária de LÚCIO, muito bem articulada.

A partir das relações entre os três, após a desilusão de ter sido abandonado na hora do casamento, nota-se que muitas coisas estão fora da ordem, para LÚCIO, e daí vai surgindo e se desenvolvendo uma série de situações, as quais culminam com um final bastante surpreendente.








Este é o segundo texto assinado por LEONARDO NETTO, excelente ator, que acertou ao se permitir ser um dramaturgo. Ele já nos brindou, há três anos, com outra peça, também de excelente qualidade, “Para os que Estão em Casa”, encenada na Arena do próprio SESC Copacabana, grande sucesso de público e de crítica, à época, de cujo elenco fazia parte o trio escalado para o espetáculo aqui analisado. Foi durante a temporada daquela peça que surgiu a ideia de escrever esta. E já espero que venham muitas outras, que uma continue inspirando a criação de mais textos brilhantes do autor.

Mas não é apenas a qualidade do texto que não nos deixa sentir a passagem do tempo cronológico, tomados que ficamos pelo psicológico; a excelente interpretação do elenco é outro fator hipnotizante neste espetáculo. Mas, sobre isso, falarei adiante.

LEONARDO disse que “O quanto a gente tem controle sobre a própria vida e a interferência que o outro pode exercer sobre nós são questões que me motivaram a escrever esse texto”. Isso pode, até, parecer uma bobagem, algo não tão relevante assim, porém, realmente, as pessoas não se dão conta da extensão e dos estragos que estão correlatos a essa interferência. Por termos escolhido viver em sociedade, por sermos seres sociáveis, ela existe e nos sufoca, aos poucos, sem que possamos, às vezes, sequer, esboçar uma tentativa de nos livrarmos dos seus tentáculos. Quando percebemos, já, praticamente, não há uma saída, nem de emergência. E ela se dá por vários motivos e com as mais diversas intenções.


Leonardo Netto, o autor e diretor.


O que teria levado VERÔNICA a desistir do casamento no dia em que passaria a ser, oficialmente, a mulher de LÚCIO? Em momento algum, isso fica esclarecido, na peça, e é motivo de um constante questionamento, não só por parte do noivo abandonado (Mais por este, é claro!), mas também pelos outros dois participantes da trama. Essa ocultação do motivo é um elemento genial, no enredo, porque dá margem a várias especulações e ilações, que começam no palco e terminam na plateia. Todos se perguntam o porquê daquela “loucura” e as possíveis respostas são muitas. Eu tenho um palpite, mas não é recomendável revelá-lo (Que pena!!!), pois estaria ligado a detalhes que poderiam tirar a graça desta crítica. Na verdade, o motivo real do abandono no altar é o que menos interessa na trama; o que é matéria de intenso foco é a tal da interferência de terceiros na nossa vida e nos nossos destinos, assim como a solidão, sozinho ou acompanhado.

O ato de abandonar um quase cônjuge no altar não é frequente, entretanto acho que todos conhecemos, pelo menos, uma história semelhante, dentro e fora dos folhetins, de ambas as partes, porém sempre há uma justificativa, algo que serve de “desculpa” para aquele ato. Não foi o que aconteceu por parte de VERÔNICA. Ela desapareceu, sem deixar uma explicação. Nem o irmão sabia o motivo.

Além de o “plot” ser muito interessante e instigante, o seu desenvolvimento se dá por meio de cenas muito bem construídas, com a utilização de diálogos bastante naturais, sendo tudo tão verossímil e coerente, que o espectador não consegue se desligar da trama, um minuto sequer, buscando captar o que está nas entrelinhas e por trás de cada ação.







Parece-me que, na verdade, o ser abandonado pela noiva foi a gota que fez transbordar um copo que não tinha espaço para mais nada, um copo cheio de insatisfações, de toda a ordem, que esperava o momento de derramar, extravasar. Tudo indica que LÚCIO só enxergava o copo meio vazio.

Um aspecto muito favorável do texto são os cortes, entre cenas, durante os quais um dos atores se dirige, ostensivamente, à plateia, com falas que parecem estar fora do contexto, mas que devem ser ouvidas com muita atenção, porque, direta e indiretamente, contêm elementos que nos ajudam a entender o desenvolvimento da trama. Fica a dica!

Primeiro é EMILIANO, que, num tom nada didático, fala, logo no início da peça, sobre o que vem a ser o “Feng Shui” e seus benefícios para quem o segue. Trata-se de uma “arte milenar chinesa (...), que tem como função organizar a vida do ser humano, atraindo abundância, prosperidade, harmonia e sucesso para todos os aspectos da vida”. Consultor dessa arte, ele é pago para isso; é seu trabalho. Ele estaria ali, de graça, para ajudar o amigo a renascer, a ser uma Fênix. Segundo o “Feng Shui”, “a porta de entrada de uma casa é também a porta de entrada da energia vital. É pela porta de entrada que as coisas começam a viver”. Há uma mensagem subliminar de que EMILIANO está ali para abrir essa “porta de entrada”.

Depois, LÚCIO é quem nos fala das quatro ideias, “ilusórias, obviamente”, que norteiam o trabalho de um redator publicitário, para convencer o consumidor a desejar e sentir necessidade de um determinado produto ou serviço. Elas servem para vender tudo, qualquer tipo de objeto de desejo. A primeira delas é a de que o mundo é um lugar interessante e divertido. A segunda é a de que a pessoa pode ser poderosa ou sedutora. A terceira garante que o ser humano pode se sentir seguro. A quarta se sustenta na certeza de que qualquer um pode ser saudável. Fazendo uso das quatro, ao mesmo tempo, pode-se, até, chegar a convencer o indivíduo de que ele é feliz. Resumo da ópera: A Terra é cor de rosa; eu tenho a força e sou o cara; eu me sinto inatingível, dentro da minha fortaleza; tenho saúde física e mental. Resumindo: meu nome é Felicidade.  

Adiante, é a vez de CECÍLIA discorrer sobre uma técnica de pintura, chamada “dripping”, desenvolvida pelo artista plástico norte-americano Jackson Pollock, relacionada à criação de uma “teia de sentidos múltiplos”, a teia em cujo emaranhado os três estão presos.






Mais tarde, volta CECÍLIA a ser a protagonista de uma dessas falas, chamando a atenção para um meteorologista norte-americano, que, nos anos 60, descobriu que “os fenômenos mais simples se desenvolvem de forma tão complexa e caótica quanto a vida”. Tornar complexo o que é simples parece inerente ao ser humano.

Pulada uma cena, volta LÚCIO a tomar uma dessas falas, das mais interessantes, falando sobre seu estado emocional, “estar no fundo do poço”, chamando a atenção para o significado desta e de várias outras frases feitas, todas de origem bíblica. Isso é muito interessante, a ideia de que o poço pode não ser o fim, e sim o começo, o gatilho para uma tomada de consciência e atitude de reviravolta na vida de uma pessoa, um grande estímulo para se abandonar a inércia. Ou não!!!

Agora é a vez de EMILIANO discorrer sobre a felicidade, lembrando Aristóteles, que teria dito que “os humanos vivem para serem felizes”, o que ele não está enxergando em LÚCIO, mas, também, não aparenta estar, ele próprio, dentro do que pregava o filósofo grego, por boicotar o que lhe poderia trazer a felicidade.






Por último, volta CECÍLIA a assumir o foco, para falar sobre o amor, o que se vem dizendo sobre ele há cerca de três mil anos; ou melhor, para dizer que “é tudo um blá-blá-blá teórico, que não tem nada a ver com a realidade”. Muito se fala sobre o que parece não ser real, não existir; pelo menos, nos moldes em que desejamos.

Insisto em que prestem bastante atenção a essas intervenções “não-dramáticas” e totalmente a serviço da dramaturgia.

Há vários pontos e cenas, na peça, que considero geniais ou, pelo menos, marcantes, como, por exemplo, a primeira aparição de CECÍLIA. Quando ela toca a campainha, para travar contato com LÚCIO, a reação deste, que, de certa forma, será mantida até a última cena (Ou não?), é a de que VERÔNICA estava do outro lado da porta, arrependida e pronta a voltar e iniciar um casamento. A eterna espera...

A cena em que LÚCIO fala do medo de conviver com o “outro”, que é um ser malvado ou, até mesmo, um “monstro”, e trata, na sua visão, da evolução natural do grau de maldade do ser humano é emocionante. Primeiro, quase num momento de transe, guardadas as devidas proporções, ele confessa, de uma forma fantasiosa, seus medos; depois, disserta sobre a tal evolução do nível de maldade, usando, para isso, as causas pelas quais o homem aprendeu a matar, indo da necessidade de abater um “inimigo”, para se alimentar e se defender, chegando ao extremo de matar por divertimento, requintes de perversidade, ilustrando sua explanação com exemplos que todos conhecemos, tristes acontecimentos que estiveram, e ainda estão, expostos na mídia.




Quão bela é a cena em que EMILIANO, pisando em ovos, com todo cuidado, medindo as palavras, controlando a respiração, da forma mais sutil e pura possível, transpirando sensibilidade, faz, quase que indiretamente, uma confissão. Mérito do texto, mérito da direção, mérito dos atores, especialmente de CIRILLO LUNA. Ele comove a plateia.

A hora do que poderia ser uma “virada” ou, pelo menos, a preparação para uma, a última cena da peça (Será que ela acontece?), é de uma beleza ímpar, pelo sentimento de libertação que há nela, e a marcação, determinada pelo diretor, sugere um final aberto, que suscita muitas expectativas e faz o público sair discutindo o que pode representar a cena. De quem LÚCIO fica à espera?

Creio que dirigir um texto escrito pelo próprio diretor deva ser uma tarefa nem mais fácil, nem mais difícil do que se fosse concebido por outro dramaturgo, porém, certamente, mais gratificante, porque, ao escrever, o autor/diretor já vai, de certa forma, visualizando as cenas e, de posse do texto pronto e de um excelente elenco em suas mãos, já sabe bem mais o que deseja e como deve fazê-lo, para passar, ao público, as suas intenções. LEONARDO NETTO realizou um ótimo exercício de direção, sempre com o cuidado de trabalhar as tenuidades e requintes de seu próprio texto, sugerindo, com muita propriedade, mais do que escancarando. Durante os ensaios de mesa, acredito que direção e elenco tenham descoberto, juntos, detalhes sutis do perfil de cada personagem, trabalhando, com os atores, as idiossincrasias de LÚCIO, EMILIANO e CECÍLIA.    

 



Ter à sua disposição um ótimo elenco, com o qual se tem grande afinidade e para o qual o espetáculo foi escrito, também facilita bastante o trabalho da direção. E o que se pode dizer desse elenco? No mínimo, que é formado por um trio de excelentes atores, todos num grande momento de suas carreiras, com destaque, indiscutível, para JOÃO VELHO, que, fugindo a todos os personagens que já o vi representar (e foram muitos), realiza, neste espetáculo, seu melhor trabalho, sem desmerecer, em absoluto, o ótimo rendimento de CIRILLO LUNA e BEATRIZ BERTU.

O trio pratica, em cena, uma plena interação, uma troca tão grande de “generosidade cênica” (Criei uma expressão, para designar a “química”, a cumplicidade, o entrosamento entre atores num palco.), que só gera lucro para quem se encanta com as três atuações, bem naturalistas, o que me pareceu, salvo engano ou exagero, muito próximas ao método de Stanislavski, que não exclui a relação ator/texto, mas, acima de tudo, a atuação abandona o verossímil e se torna crível. O público, em função do excelente trabalho de interpretação, consegue acreditar no que está vendo, a ponto de a encenação se assemelhar a um acontecimento do dia a dia. Isso os três atores conseguem com muita naturalidade e verdade cênica, quando atingem a capacidade de, na interpretação, deixar claros vários subtextos. Tal prática os três dominam com muita propriedade.

JOÃO, surpreendentemente, para quem o conhece, como ator, é o retrato do convencimento, com relação ao personagem, quando representa LÚCIO, um homem, como ele mesmo se considera, “no fundo do poço”, totalmente subjugado a um processo de autopiedade, num estado fronteiriço à depressão, numa linha tênue entre o sadio e o doente, em função do abandono pela noiva, no altar. Ele considera sua vida sem sentido, está descrente de tudo e de todos e não esboça nenhuma reação ou vontade de sair daquela inércia e procurar oxigênio, para continuar a viver, até que alguém opera um ensaio de transformação no seu tedioso viver. Ou não!!! Está insatisfeito com seu trabalho, sua profissão de publicitário, não consegue ir além do quarto capítulo de um livro que está, há muito tempo, tentando escrever. Considera-se um derrotado. Mesmo nesse estado, ainda consegue ser bastante irônico e sarcástico com os dois que dele se aproximam. Talvez por um mecanismo de defesa, debocha de EMILIANO e desfaz de sua atividade profissional; faz piadinhas, algumas de mau gosto e, até mesmo, um pouco ofensivas, uma vez que “gato escaldado”, está sempre em posição de defesa, seguida de um ataque. LÚCIO, tanto quanto EMILIANO, também tem um quê de enigmático, um tempero raro, nesta cozinha, e que vai gerar excelentes sabores. 


LÚCIO: É mais fácil acreditar que, quando uma coisa ruim acontece, é porque tem um significado maior que a gente não consegue ver na hora...



 
João Velho - Lúcio.

Um bom trabalho de protagonista só existe quando o ator contracena com outros, que, por serem talentosos, iluminam as suas ações, funções que cabem a CIRILLO LUNA e BEATRIZ BERTU, os quais prestam o necessário suporte a JOÃO.

Ao dar vida ao personagem EMILIANO, CIRILLO LUNA ratifica seu grande potencial de ator, que consegue atribuir protagonismo a personagens coadjuvantes. Ex- futuro cunhado de LÚCIO, o consultor de “Feng Shui”, amigo de infância deste, parece estar mais presente na vida do amigo do que a própria ex-noiva. Sua personalidade é de um homem fino, educado, gentil e de uma enorme sensibilidade e generosidade, capaz de renunciar à sua felicidade em prol da alheia; de LÚCIO, em especial. Há um mistério sobre ele, que vai se revelando, de forma bem delicada e lenta, no decorrer da peça. Pela felicidade do amigo, é capaz, até, de incentivá-lo a encontrar uma nova companheira. Tenta, dentro da sua crença no “Feng Shui”, ajudar LÚCIO a se desfazer de tudo o que VERÔNICA levara para o apartamento, uma forma de tirá-la, de vez, de sua vida, e “arrumar harmoniosamente” o apartamento, mas não obtém êxito em suas intenções. É muito mais que um amigo para LÚCIO, pois se disponibilizou a se manter ao lado deste, servindo-lhe de “muleta”, após a inesperada queda. CIRILLO valoriza muito o lindo e riquíssimo personagem, criado por LEONARDO NETTO.
  

EMILIANO: Tem um monte de coisas que eu não quero que aconteçam e acontecem mesmo assim.



 
Cirillo Luna - Emiliano.

BEATRIZ BERTU atua, na trama, como CECÍLIA, para cumprir dois “scripts”, o do texto da peça e um “outro”, dentro deste. É o que se pode chamar, a princípio, de uma vizinha invasiva, que entra, na vida de LÚCIO, para, com muita dificuldade, sob forte resistência, movê-lo um pouco, tirá-lo do marasmo e apresentar-lhe uma nova possibilidade de viver intensamente. Aliás, não precisava nem ser “intensamente”. Esse é o único, porém importantíssimo, objetivo da personagem na trama. Ela assume atitudes e diz coisas a LÚCIO que fazem com que ele, pelo menos, aparentemente, esboce alguma reação positiva. Mas será que isso acontece de verdade? BEATRIZ representa, com muita dignidade e competência, o seu papel.
  

CECÍLIA: Acho que tudo tem um sentido, a gente é que nem sempre percebe. E não perceber pode ser uma grande tortura, eu admito, mas o sentido está lá, em algum lugar.



 
Beatriz Bertu - Cecília.

Uma montagem que não conta com muitos recursos financeiros, ou melhor, dispõe de poucos, precisa apelar para os melhores recursos humanos, ou seja, precisa se cercar de bons profissionais, capazes de executar seus trabalhos da forma mais correta possível, sem custos excessivos. Foi, exatamente, o caminho seguido, por exemplo, por ELSA ROMERO, ao conceber um ótimo cenário, simples, porém muito expressivo e totalmente dentro do que pedia o texto. Ela utilizou muitas caixas de papelão, de vários tamanhos, dentro das quais estariam os objetos pessoais da mudança de VERÔNICA, todas espalhadas, de forma caótica, pelo chão do apartamento de LÚCIO, assim como embalagens de presentes e alguns destes à mostra. O único móvel da casa é uma cadeira. Completa o conjunto uma luminária, creio que, propositalmente, bem simples e que, salvo engano, nem chega a ser acesa. Como o texto contém uma cena que deve ser passada num bar, a parede de fundo do apartamento é vazada, toda em ripas, com um espaço aberto, à esquerda do palco, como um enorme janelão, deixando-se ver, ao fundo, o ambiente de uma lanchonete, marcado, apenas, por uma mesa redonda e duas cadeiras.




Os figurinos, de MAUREEN MIRANDA, ajudam na composição dos três personagens. EMILIANO e CECÍLIA, ao longo da trama, vestem variações de figurinos do dia a dia, simples e despojados. LÚCIO, na primeira cena, está vestido com requinte, com roupa de noivo, da qual vai se libertando e passa a usar o que de mais simples e confortável há em seu guarda-roupa, totalmente dentro do seu clima de “jogado no mundo”.

Como sempre, é muito eficiente a luz de AURÉLIO DE SIMONI, sem grandes variações, como pede o texto e pondo em evidência a ação e/ou a fala de cada personagem, quando e quanto necessário.




Bem de acordo com o texto, por exigência deste, em algumas cenas, conta-se com uma boa trilha sonora, também assinada por LEONARDO NETTO, voltada para “hits” do “rock” da década de 60, uma das preferências de CECÍLIA, que, coincidentemente, eram, também, os preferidos por VERÔNICA, a dona dos vinis, os quais foram descobertos dentro de uma das caixas, bem como uma eletrola portátil. Destaque para os Beatles, com faixas do antológico álbum “Rubber Soul”.




Também agrega valores a esta montagem o bom trabalho de direção de movimento, a cargo de MÁRCIA RUBIN.






FICHA TÉCNICA:

Texto e Direção: Leonardo Netto

Elenco: Beatriz Bertu (Cecília), Cirillo Luna (Emiliano) e João Velho (Lúcio)

Cenário: Elsa Romero
Figurinos: Maureen Miranda
Iluminação: Aurélio de Simoni
Direção de Movimento: Márcia Rubin
Trilha Sonora: Leonardo Netto
Design Gráfico: Lê Mascarenhas
Fotos: Dalton Valério
Mídias Sociais: Rafael Teixeira
Direção de Produção: Luísa Barros
Produção Executiva: Alice Stepansky e Thaís Pinheiro
Mobilização de Recursos: Marcela Rosário
Realização: Sesc Rio e Fulminante Produções Culturais





SERVIÇO:

Temporada: De 03 de maio a 03 de junho de 2018.
Local: SESC Copacabana (Mezanino).
Endereço:  Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 20h.
Valor dos Ingressos: R$7,50 (associados do SESC), R$15,00 (meia entrada) e
R$ 30,00 (inteira).
Horário de Funcionamento da Bilheteria: 2ª feira, das 9h às 17h; De 3ª a 6ª feira, das 9h às 21h; sábado, das 13h às 21h; domingo e feriado, das 13h às 20h.
Informações: (21) 2547-0156.
Capacidade:  70 lugares.
Classificação Etária: 14 anos.
Duração: 90 minutos.
Gênero: Drama.



            Tive de me conter muito, para não adiantar e revelar o que merece ser descoberto só por quem assiste à peça.

“A ORDEM NATURAL DAS COISAS” é um espetáculo IMPERDÍVEL, daqueles de que jamais conseguiremos nos esquecer e só nos faz pensar, cada vez mais, na grande máxima de João Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso”. Mas também é um desafio bastante prazeroso.

Recomendo, com o maior empenho, o espetáculo e ainda pretendo revê-lo.

            E VAMOS AO TEATRO!!!

            OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

            COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O MELHOR DO TEATRO BRASILEIRO!!!



(FOTOS: DALTON VALÉRIO)



GALERIA PARICULAR:


Aplausos.


Aplausos.


Com Beatriz Bertu, Cirillo Luna e João Velho,


Com Leonardo Netto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário