sexta-feira, 10 de maio de 2024


“CABARET”

ou

(NEM MELHOR, NEM PIOR:

APENAS UMA LEITURA

DIFERENTE; E ÓTIMA!!!)



 

         Esqueça todas as versões do musical “CABARET” que você conhece, seja nos palcos, seja no cinema, e corra ao “O33 Rooftop”, em São Paulo, onde está em cartaz, infelizmente apenas até o próximo domingo, 12 de maio de 2024, uma montagem totalmente diferente de tudo quanto já se fez, até hoje, em encenações do musical, um dos mais festejados, no mundo, desde seu lançamento, na Broadway, em 1966. O responsável maior por esta releitura, totalmente inovadora, de “CABARET” é KLEBER MONTANHEIRO, um multiartista dos palcos, que, nesta encenação, assina a direção geral, a cenografia e os figurinos.

 

 

 

         Com músicas originais de JOHN KANDER, letras de FRED EBB e libreto de JOE MASTEROFF, “CABARET” já está perto de completar seis décadas de existência, um quase “sexagenário” que não envelhece, com montagens em várias partes do mundo. Esta é a terceira vez que o musical é encenado no Brasil. A primeira aconteceu em 1989, no Teatro Procópio Ferreira, dirigido por Jorge Takla (Não assisti, infelizmente.). A segunda, dirigida por José Possi Neto, ficou em cartaz durante dois anos, de 2011 a 2013, percorrendo todo o país (Assisti a esta e achei que ninguém conseguiria fazer igual ou melhor. Ledo engano! O espetáculo aqui comentado não é melhor nem pior; apenas uma leitura diferente; e ÓTIMA!). Atualmente, além da produção brasileira, outra está sendo exibida em Londres e parece que está sendo preparado um “revival”, ainda para este semestre, na Broadway, onde, como já mencionado, estreou em 1966, tornando-se, logo, um estupendo sucesso de público e de crítica. “CABARET” migrou para a tela, em 1972, numa excepcional versão do diretor e coreógrafo Bob Fosse, estrelada por Liza Minelli, a qual teve sua carreira de atriz catapultada pelo filme. O musical foi baseado na peça “I Am a Camera”, que, por sua vez, já era uma adaptação do romance “Goodbye to Berlin”. A história se passa em 1931, enquanto os nazistas estão chegando ao poder, e foca na vida noturna no “Kit Kat Klub”, principalmente na relação de Sally Bowles, uma cantora britânica, com o jovem escritor norte-americano Cliff Bradshaw, na peça em tela vividos, respectivamente, por FABI BANG e ÍCARO SILVA.

 

 

 

         Paralelamente à relação do casal, corre uma espécie de subenredo, girando em torno do romance entre uma mulher alemã, dona de uma pensão, Fräulein Schneider, representada por ANNA TOLEDO, e seu pretendente judeu, Her Schultz (EDUARDO LEÃO), um comerciante de frutas. Destaca-se, ainda, no enredo, um Mestre de Cerimônias do “Cabaret”, Emcee, papel de ANDRÉ TORQUATO, “que atua como metáfora para o estado de ameaça vivido durante a República de Weimar, ante a opressão e a ameaça de domínio dos nazistas.

 

 

 


SINOPSE:

A trama acompanha a vida noturna no “Kit Kat Klub”, um cabaré falido de Berlim, que assiste ao terrível surgimento e pronta ascensão do nazismo na Alemanha, então República de Weimar, no começo da década de 1930.

É lá que a cantora e dançarina inglesa Sally Bowles (FABI BANG) se apaixona por um jovem escritor estadunidense, chamado Cliff Bradshaw (ÍCARO SILVA).

 


 

 

         A ideia da direção deste espetáculo foi tornar o mais realista possível a participação do público, para o que surgiram, e foram, postas em prática, propostas simples, criativas e que funcionam, para que tal objetivo seja alcançado. A primeira delas foi conceber a encenação no formato de arena. A segunda, que faz toda a diferença, criar uma ambientação que leve o espectador, tão logo deixe o elevador que o conduz ao “033 Roof Top”, a se deparar com um espaço que possa lembrar uma casa noturna “para divertimento”, já encontrando um grupo de exóticos bailarinos se exibindo, como se ensaiassem uma coreografia. Estes não perdem a oportunidade de circular também entre as mesas e interagir com algumas pessoas. Com relação a isso, nunca escondi de ninguém que não me agrada esse tipo de interatividade, uma vez que não me sinto confortável sendo objeto dos risos de outrem, principalmente quando a “brincadeira” descamba para o mau gosto e a falta de respeito, o que não é raro acontecer e já me aborreceu mais de uma vez. Confesso que, ao ocupar o lugar que me foi destinado – privilegiado, diga-se de passagem -, temi por ser abordado, o que já me preocupou um pouco. Essa inquietação tomou corpo, depois que o diretor, KLEBER MONTANHEIRO, ao passar por mim, cumprimentou-me e, em tom jocoso, me disse algo como: “Que lugar ótimo! Vai se surpreender muito!”. Pura bobagem da minha parte. Ninguém, do elenco, pratica qualquer tipo de desrespeito para com a plateia, um detalhe que me leva a parabenizar o grupo e a direção, a qual deve ter orientado seus artistas nesse sentido.

 

 

 

E, para coroar a sensação de estar num cabaré do século passado, o espectador que desejar ainda pode viver uma interessante experiência gastronômica, já que, uma hora antes do início do espetáculo, quem quiser pode saborear um dos três pratos, assinados pelo Chef Mário Azevedo, do “033 Rooftop”, inspirado pelo clima de Berlim, no início da década de 1930: pratos tipicamente alemães, que contam, ainda, com drinques e sobremesas. Trata-se, pois, de uma encenação totalmente imersiva, que pode, e deve, ser imitada, sempre que possível.

 

 

 

         Cada pessoa que colocou um dedinho que seja neste projeto está de parabéns, entretanto, a despeito do talento de todos, julgo primorosa a participação de KLEBER MONTANHEIRO nesta produção, pela dinâmica e surpreendente proposta de direção, pelos figurinos, de uma criatividade inquestionável, e pela cenografia, engenhosa e supre funcional. A exuberância e o exotismo são a marca registrada das dezenas de figurinos, com detalhes minuciosos, que podem ser observados melhor por quem está mais próximo aos atores. Todas as peças me chamaram a atenção, porém, as que mais merecem os meus aplausos são os trajes que vestem o ator ANDRÉ TORQUATO e lhe dão, associados à uma onírica maquiagem, um tom andrógino. Em todas as montagens que tive a oportunidade de assistir, assim como na versão cinematográfica, o seu personagem veste trajes clichês, para um mestre de cerimônias. MONTANHEIRO fechou os olhos a isso e desenhou figurinos ímpares e excêntricos para o personagem. Com relação à cenografia, o talento do artista também voou alto. A maior parte das cenas - pareceu-me - acontecem sobre o palco redondo, montado no centro da arena, de baixo do qual, por meio de alçapões, surgem atores e objetos de cena, entretanto plataformas móveis, “pilotadas” pelos próprios atores, unem esse centro a dois outros palco menores, em extremidades postas, criando um contagiante dinamismo e fazendo surgir interessantes surpresas cênicas aos olhos atentos e brilhantes da plateia. Ideias geniais, as quais não sei como podem caber, todas, numa só cabeça pensante de um artista criador.

 

 

 

         No alto do palco redondo, há uma geringonça de ferro, que gira, como um carrossel, em algumas cenas, nas quais atores e bailarinos nela se dependuram, contorcendo-se, num efeito circense de nos fazer arregalar os olhos. Agora, imaginem tudo isso muito bem iluminado, por um magnífico desenho de luz, frenético e supercolorido, criado por GABRIELE SOUZA. Sob os refletores da iluminadora, toda a beleza plástica do espetáculo se potencializa.

 

 

 

         A parte musical é impecável, não tivesse assumido a batuta FERNANDA MAIA, responsável pela corretíssima direção musical, regência e execução de teclados, à frente de uma banda formada por 10 mulheres. Todas as canções do original foram mantidas, com letras vertidas para o português por MARIANA ELISABETSKY, que também versionou todo o texto.   

 

 

         A maioria dos que me leem conhece esta obra mais no cinema do que nos palcos e não consegue esquecer a estupenda e icônica coreografia criada pelo mestre Bob Fosse. Isso significa que, para BARBARA GUERRA, a quem coube a criação do desenho coreográfico da peça, isso seria uma tarefa para lá de desafiadora, contudo, por sua competência e profissionalismo, e por ter liberdade para criar uma nova leitura coreográfica, não há como não gostar dos números de dança.  

 

 

 

         Já assisti a vários musicais no “033 Rooftop” e, em algumas vezes, constatei algum probleminha de som, numa cena ou outra, talvez pela singularidade do espaço, e, pela primeira vez, não deixei de ouvir absolutamente nada, dito ou cantado, graças ao ótimo desenho de som, obra de JOÃO BARACHO e FERNANDO AKIO WADA.

 

 

 

Valorizo muito, numa montagem teatral, o visagismo, aqui criado por LOUISE HELÈNE, a qual bebeu na fonte do “vaudeville” e do “burlesque”, para criar os desenhos nos rostos dos personagens.

 

 

 

         Para a formação do elenco, o diretor lançou mão de convites, creio que para os principais papéis, e audições. Não tenho dúvidas de que, pela sua peneira, passaram e ficaram os melhores candidatos que se submeteram aos testes. O elenco é de primeiríssima qualidade – e aqui não me refiro apenas aos artistas encarregados dos principais personagens. Há uma homogeneidade incrível entre todos. É evidente que os aplausos mais efusivos vão para FABI BANG, sobre quem qualquer adjetivação registrada em dicionários é insuficiente para qualificar seu trabalho; ÍCARO SILVA, um ator completo, moldado para musicais e que, por conta disso, deveria ser mais presente em produções desse gênero; e ANDRÉ TORQUATO, que, a cada novo trabalho, me encanta e me convence mais de que não pode deixar de fazer parte da Ficha Técnica de qualquer musical equivalente a este, em qualidade. Mas, por oportuno, não posso me furtar a dizer que ANNA TOLEDO, BRUNO SIGRIST e EDUARDO LEÃO também se apresentam com muita firmeza e verdade cênica em seus personagens.

 

 

 

         Para erguer um espetáculo do porte de “CABARET”, como se pode ver, na Ficha Técnica, um batalhão de profissionais se faz necessário. Seria eu injusto, se não fizesse uma devida alusão a toda a equipe de produção, que garante que cada sessão se torne realidade, sem problemas, lembrando que o espetáculo “é fruto da colaboração entre a produtora MARILIA TOLEDO e o diretor KLEBER MONTANHEIRO, dois grandes nomes do teatro nacional”.

 

 


FICHA TÉCNICA:

CRIATIVOS:
Libreto: José Masteroff
Música: John Kander
Letras: Fred Ebb

Baseado na peça de teatro de John Van Druten e Christopher Isherwood

Versão: Mariana Elisabetsky
Direção Geral, Cenário e Figurinos: Kleber Montanheiro
Direção Musical: Fernanda Maia
Coreografia: Barbara Guerra
Preparação de Elenco: Erica Montanheiro
Diretor Musical Assistente e Preparador Vocal: Rafa Miranda
Diretora Assistente e Diretora Residente: Daniela Stirbulov
Diretora Assistente: Ana Elisa Mattos
“Dance Captain”: Tiago Dias
Produção de Elenco: Daniela Cury
“Designer” de Luz: Gabriele Souza
“Sound Designers”: João Baracho / Fernando Akio Wada
“Sound Designers” Associados e Consultoria: Beatriz Passeti / Zelão Martins / Guilherme Ramos
Visagismo: Louise Helène
Figurinista Assistente, Gerência de Ateliês e Chefe de Camarim: Marcos Valadão
Assistente de Figurinos: Thaís Boneville
Pintura Artística de Cenário e Figurino: Victor Grizzo
Perucaria: Malonna
Criação de Bonecos: Dante
Direção Cenotécnica: Evas Carretero
Cenotécnicos: Isaac Tibúrcio e Alício Silva
“Production Stage Manager”: Rafael Reis
“Stage Manager”: Juliana Imperial
“Stage Managers Assistentes”: JV Costa e Wallace Félix

 

ELENCO: Fabi Bang (Sally Bowles), Ícaro Silva (Clifford Bradshaw), André Torquato (Emcee), Anna Toledo (Fräulein Schneider), Bruno Sigrist (Ernst Ludwig), Eduardo Leão (Herr Schultz), Carla Vazquez (Fräulein Kost), Maria Clara Manesco (Ensemble e Cover de Sally Bowles), Marisol Marcondes (Ensemble e Segunda Cover de Sally Bowles), Hipólyto (Victor, Ensemble e Cover de Clifford Bradshaw), Alvinho de Pádua (Ensemble e Cover de Emcee), Ana Araújo (Ensemble e Cover de Fräulein Schneider), Moira Osório (Ensemble e Cover de Fräulein Kost), Daniel Caldini (Bobby, Ensemble e Cover de Ernst Ludwig), Gabriel Malo (Marinheiro 01 e Ensemble), Bruno Albuquerque  (Marinheiro 03 e Ensemble), Larissa Noel (Ensemble), Mari Saraiva (Ensemble) e Tiago Dias (Marinheiro 02 e Ensemble)

 

PRODUÇÃO:
Direção de Produção: Marilia Toledo
Coordenação de Produção: Patrícia Figueiredo
Produção: Camila Sartorelli, Eddye Vieira e Jota Rafaelli
Produtores Associados: Kleber Montanheiro, Marília Toledo e Erica Montanheiro
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Fotos: Caio Gallucci
Idealização do Projeto: Kleber Montanheiro e Erica Montanheiro
Produtora Associada: Domínio Público Produções
Idealização: Da Revista Arte e Entretenimento
Realização: Lolita & La Grange Produções Artísticas

 

 

 



SERVIÇO:

Temporada: De 08 de março a 12 de maio de 2024.

Local: 033 Rooftop.
Endereço: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 2041 - Vila Olímpia, São Paulo.
Capacidade: 342 lugares.
Dias e Horários: sextas-feiras, às 20h30min; sábados, às 15h e 20h30min; e domingos, às 15h e 19h30min.
Valor dos ingressos: Variam em função da localização dos assentos e mesas (Setores): De R$ 39,60 (preço popular) a R$ 300 (Há descontos, para meia-entrada. Favor consultar o “site” do “Teatro Santander”.) 
Vendas “on-line” em: https://bileto.sympla.com.br/event/89608 (com taxa de conveniência)
Classificação indicativa: 16 anos. Menores de 12 anos acompanhados dos pais ou responsáveis legais.
CANAIS DE VENDAS OFICIAIS:
Sem taxa de serviço: Bilheteria do Teatro Santander - Todos os dias, das 12h às 18h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação. A bilheteria do Teatro Santander possui um totem de autoatendimento, para compras de ingressos, sem taxa de conveniência, 24h por dia. Endereço: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 2041.
Internet (com taxa de conveniência): https://site.bileto.sympla.com.br/teatrosantander/
Formas de pagamento: Dinheiro, Cartão de débito e Cartão de crédito.

Duração do Espetáculo: 165 minutos (com 15 minutos de intervalo).

Indicação Etária: 16 anos.

Gênero : Musical.

 

 

 

 

         Não preciso dizer que RECOMENDO O ESPETÁCULO e que gostaria muito de assistir a ele mais uma vez, acrescentando que lamento, profundamenmte, que a temporada tenha sisdo tão curta e que, ao que me parece, ele não virá para o Rio de Janeiro.

 


Marília Toledo e Kleber Montanheiro
(Foto: Fonte desconhecida.)

 

 

 

 

 

FOTOS: CAIO GALLUCCI






 “GALERIA PARTICULAR 

(Fotos: Carlos Eduardo Sabbag Pereira.)

 

 







(Com Kleber Montanheiro.)










 

 

 

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