domingo, 20 de dezembro de 2015


O LIVRO DOS MONSTROS GUARDADOS
 
 
 
 
 

(A HORA DE CADA UM
“SAIR DO ARMÁRIO”
E SE OLHAR NO ESPELHO.)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
               
            No Centro Cultural da Justiça Federal, para uma “longa” temporada, se considerarmos que, infelizmente, hoje em dia – pelo menos, no Rio de Janeiro – um espetáculo conseguir emplacar um mês em cena já é considerado uma grande vitória, está em cartaz uma peça surpreendente, hilária e bastante interessante: “O LIVRO DOS MONSTROS GUARDADOS”.
 
            A peça já foi encenada, em São Paulo, com outro elenco e direção, em 2009, e ganhou o Prêmio Shell São Paulo, de Melhor Texto, em 2010, conferido a seu autor, RAFAEL PRIMOT.
 
            Na verdade, o texto é uma adaptação, do próprio autor, para os palcos, de seu livro, do mesmo título, que reúne onze contos, os quais se entrecruzam, resumidos a sete monólogos, na peça.
 
 

Erom Cordeiro e Carolina Pismel.
 
 
            O “armário” não serve apenas para ocultar a sexualidade de muitas pessoas. É, também, um lugar seguro, para cada um esconder a sua porção “monstro”, que nunca deve ser revelada, para que esse mesmo “monstro” possa ter liberdade de agir, quando achar conveniente o momento. Ou você acha que foi privilegiado, nascendo sem essa sua parte? Ou já conseguiu se livrar dela, pagando penitências a esta ou àquela igreja ou seita? Ou, ainda, que estará imune à ação do “monstro” ao seu lado. Ou, então, não sabe que não dorme com um e convive com todos?
 
De acordo com o “release” da peça, enviado por JSPontes Assessoria de Imprensa, “partindo do mote de revelar os detalhes sórdidos e secretos de cada um, RAFAEL PRIMOT reúne, na peça, sete monólogos, de personagens com seu próprio universo e particularidades, que se entrecruzam, como em um caleidoscópio.”
 
MAGALI, MADÁ, MAURÍCIO, MAX, MÍLTON, MESTRE M e MOJO. Sete “monstros”, os sete “MONSTROS DA LETRA M”.
 
Ainda, do “release”: “Sete personagens, em cena, narram, em primeira pessoa, as suas histórias pessoais. Nem vilões, nem mocinhos; são tipos urbanos, solitários, perdidos e em busca de uma redenção para suas vidas. O que os liga é a exposição de suas intimidades. Sufocados por situações-limite, acabam expondo seus lados menos nobres, revelando, de maneira humana e crível, seus comportamentos por vezes ‘monstruosos’”.
 
Continuando: “Ao contrário de uma estrutura convencional, não há ação presente. São depoimentos dos personagens sobre seus sentimentos e ações passadas. Todas as falas são intercaladas, ligando os fatos apresentados pelos personagens, sem que, no entanto, eles se encontrem.”
 
 
Visão geral do cenário.
 
 
E segue: “Constrói-se, assim, um microcosmo da sociedade urbana contemporânea, com seus desvios, neuroses, perversões - uma pequena fábula sobre o mal que habita dentro de todos nós.”
 
Conclusão do “release”: “‘O LIVRO DOS MONSTROS GUARDADOS’ é um espetáculo sobre a precariedade humana, mas também uma declaração de amor ao ser humano: Na sociedade contemporânea, evitamos, a todo custo, aprofundar relações, olhar, realmente, para dentro do outro e perceber suas incertezas, inseguranças, defeitos, vontades em comum.”, afirma o autor.
 
RAFAEL PRIMOT, além do bom ator que é, escreve com uma fluência invejável. Os detalhes e requintes dos depoimentos dos personagens da peça não param de me impelir a comprar e ler, imediatamente, o livro, o que espero fazer no mais breve espaço de tempo. A peça gera esse desejo no espectador. E tenho certeza de que a leitura será feita de uma tacada só, pois o livro deve ser daqueles que nos fazem adiar, ao extremo, até mesmo as precisões mais urgentes. Um livro “devorável”, como é a peça.
 
Durante o espetáculo, nem pisquei, tão atento permaneci aos “bifes” de cada personagem, de repente, interrompidos pelo de um outro, as histórias entrecruzando-se, dialogando, entre si, de forma espetacular. Ficamos, sempre, na expectativa de quem será o próximo a interromper uma fala, qual será a continuidade do relato interrompido e que “monstruosidade mais monstruosa” ainda estará por vir.
 
 
Troca de espaços.
 
 
A peça se apresenta num formato já explorado muitas vezes, porém de forma bastante interessante, do ponto de vista da ligação ator/público, palco/plateia. Não precisa dizer quão dinâmico e surpreendente é o espetáculo.
 
O texto é atemporal e os personagens, amorais – creio não estar cometendo nenhum engano -, cada um mais natural que o outro, expondo seus segredos e intimidades, confessando suas tortuosidades, como uma autoconfissão, que vazasse, dando margens a julgamentos, os quais, no fundo, no fundo, ficam só nas intenções, no desejo de fazê-lo, por parte dos espectadores, uma vez que o telhado de vidro de cada um é fino demais, frágil, sujeito a “acidentes”. É como se cada um de nós fosse aquela mosquinha, que consegue entrar no confessionário, mas ninguém consegue jogar a primeira pedra. Se não se vê projetado em um ou mais personagens, conhece alguém, “muito chegado”, que é “meio monstro” como aquele(s).
 
Poucos autores conseguem explorar o humor, sempre crítico, é claro, como RAFAEL PRIMOT, ao tratar de temas áridos e “proibidos”, como insanidade, solidão, sordidez, pedofilia, assassinatos, crimes e violência, para não falar de outros.
 
Discordo dos que dizem que o texto de “O LIVRO DOS MONSTROS GUARDADOS” fala “daquilo que não se vê”. Na verdade, FALA DAQUILO QUE NÃO SE QUER VER, MAS QUE SE SABE SER.
 
Para quem não o conhece, DANIEL GALERA, em quem RAFAEL PRIMOT se baseou para criar dois dos personagens da peça, é um escritor e tradutor literário brasileiro, um dos precursores do uso da internet para a literatura, editando e publicando textos em portais e fanzines eletrônicos, ainda muito jovem, entre 1997 e 2001. Já traduziu treze livros, predominantemente das novas gerações de autores ingleses e norte-americanos. Publicou, até então, quatro livros, além de ter participado em algumas antologias de contos e de já ter ganhado alguns prêmios por suas obras.
 
Na peça, PRIMOT cita, também, pequenos trechos de James Joyce e Nietzsche, muito bem encaixados ao texto final.
  
Falar do elenco e dos personagens é o meu próximo objetivo.
 
O elenco (da esquerda para a direita):
Carolina Pismel, Guilherme Gonzalez, Rafael Primot,
Erom Cordeiro, Laila Zaid, Jefferson Schroeder e Leandro Daniel.
 
 
Os sete atores se equivalem nas suas respectivas atuações. É claro que cada espectador pode manifestar suas preferências, por um(uns) ou por outro(s), o que acredito se dê, muito mais, por uma maior identificação com o(s) personagem(ns) por ele(s) representado(s) e, talvez pela história de cada um.
 
Não nego que desejo rever o espetáculo, logo no início do ano, por ele, em si, é claro, mas, também, para rever e aplaudir, mais ainda, os trabalhos de alguns atores.    
 
LAILA ZAID é MARIA DAS DORES, conhecida como MADÁ, uma alma “bondosa” (cada um escolhe a máscara que deseja, para esconder o seu “monstro”), que trabalha, voluntariamente, num órgão como o CVV (Centro de Valorização da Vida), cujo objetivo é demover pessoas do extremo ato do suicídio.
Na peça, a instituição é o Centro de Ajuda à Vida (CAV), como se fosse a “vida” que precisasse de ajuda, e não as pessoas, para saberem vivê-la.
O que a leva se envolver nesse trabalho é seu enorme desejo de ajudar, a todo custo, os semelhantes. É, exatamente, no “a todo custo” que mora o perigo, já que isso pode representar as mais “monstruosas” transgressões.  
Em sua jornada obsessiva de benevolência, se transforma numa justiceira, às avessas, uma “serial killer“, e acaba matando pessoas, para beneficiar outras. É a pessoa errada, agindo errado, numa função certa. É brilhante a atuação da atriz, um dos destaques da peça!
 
 

Laila Zaid e Carolina Pismel.
 
 
CAROLINA PISMEL se transforma em MAGALI, uma menina, de oito ou nove anos, filha de pais separados, que mora com a mãe e uma “amiga” desta, a quem, carinhosamente, chama de “TIA”.
MAGALI relata as agruras de uma pré-adolescente, bem “ingênua”. É nessa “ingenuidade” que mora o perigo.
Através de pequenas artimanhas, manipula os adultos e toma decisões importantes para sua vida. Tenta se proteger de uma espécie de “fogo cruzado”, entre o pai e a mãe, com intervenções descabidas da “TIA”.
Os motivos desse “fogo” a plateia percebe, logo nas primeiras palavras da personagem, mas só ela “não percebe”.
Vive na indecisão de que partido tomar, avaliando, sempre, o proveito material que pode tirar de cada lado. CAROLINA, que, daqui a quatro ou cinco meses, será mãe, na vida real, dá uma aula de interpretação e representa um dos personagens mais carismáticos da peça, assim como ela o é, como pessoa.
Uma de suas mais engraçadas preocupações é a fixação em esconder dos adultos sua primeira menstruação, por temer o uso de absorventes, a partir de uma analogia que a menina faz com um vibrador, pertencente à mãe, que MAGALI descobrira no quarto da mãe e da “TIA”. Excelente atuação!
 

 
Raro momento de encontro de todos os personagens.
 
 
ERON CORDEIRO, um dos meus prediletos atores de TEATRO, por sua total entrega aos personagens que representa, interpreta MOJO, surgido a partir de um conto de Daniel Galera.
O personagem trabalha numa videolocadora (Alguém se lembra deste arcaísmo?) e se utiliza de um método nada convencional, menos ainda compreensível, para aliviar o tédio e as tensões, provocadas pelo estresse urbano: ele, simplesmente, dedica-se, deliberadamente, a atropelar cachorros, no centro da cidade, o que lhe provoca um prazer quase orgásmico, “sem motivo aparente”.
Essa “falta de motivo” é que é o perigo. Mais um bom personagem na galeria de sucessos do ator!
 
RAFAEL PRIMOT faz o personagem MAX, também criado a partir de um conto de Daniel Galera.
O “monstro” do MAX vive, há anos, em um sanatório, crendo ser um indivíduo são, mas opta por “guardar sua sanidade em sigilo”, pois prefere permanecer internado a viver as “loucuras” do macrocosmo exterior.
Vive criando personagens e histórias, que consigam mantê-lo ali, como louco, o que o mostra duplamente “monstro”.
Uma ou duas vezes, por ano, recebe a visita de sua mãe.
É um dissimulado por excelência, e essa “dissimulação” é que representa perigo para quem o cerca.
“Monstros” dissimuladores, por si, já representam um pleonasmo. O adjetivo “dissimulado”, então, no caso, potencializa sua “monstruosidade”. Rafael cobra o escanteio e corre, para marcar o gol, numa bela cabeçada!
 
            Ao ator LEANDRO DANIEL, cabe o papel de MESTRE M (não confundir com o mágico “fake” Mister M), um alto executivo, viciado na internet.
Entre uma teclada e outra, o inquestionável e exemplar pai de família declara, a um desconhecido, sua prática sexual e defende sua opção excêntrica, cujo ápice é representado pela prática do “fisting”.
É o que se chamaria de um “pervertido sexual”, se é que tal termo pode, ou deve, ser aplicado a alguém que apresenta fixação por práticas não-convencionais, no sexo, sente prazer, ao executá-las, e não faz mal a ninguém, nem mesmo a quem aceita ser parceiro(a), em tais práticas, o que se justifica pela consensualidade. Essa “perversão” é que seria perigosa. Ou não?!
Com relação a este personagem, há uma grande revelação/surpresa, ao final da peça, que faz com que a plateia não consiga reprimir algumas onomatopeias de espanto, já que boa parte das “barbaridades” ditas pelo personagem não saíram das teclas do computador de RAFAEL PRIMOT, mas da pena de um consagrado escritor.
 
 
 
“Cada um no seu quadrado”.
 
 
Quem me conhece sabe o quanto abomino, não tolero mesmo, escatologia, recurso muito utilizado pelo personagem, nesta peça. E eu adorei ter ouvido tudo o que ele disse. Como assim?!
 
Já havia descoberto que a escatologia - não a barata, a vulgar, a sem-propósito - também pode ser “poética”, pelas palavras de um certo João Ubaldo Ribeiro, por exemplo, em “A Casa dos Budas Ditosos”. Foi a primeira vez que a aceitei e, com ela, me diverti muito, graças, bastante, ao talento do escritor, quando li o livro, e de Fernanda Torres, quando assisti à peça, por três vezes.
 
Em “O LIVRO DOS MONSTROS GUARDADOS” (Por que será que, toda vez que tenho de escrever o nome desta peça, ou, até mesmo, pronunciá-lo, tenho de me policiar, para não substituir o “GUARDADOS” por “SAGRADOS”? Com a palavra o espírito do Dr. Freud!), aplaudi, bastante, a escatologia do MESTRE M, um “mestre”, mesmo, no assunto e no ofício de representar. Parabéns ao ator LEANDRO DANIEL!
 
 
Laila Zaid, Guilherme Gonzalez, Erom Cordeiro e Leandro Daniel.
 
 
            MAURÍCIO é o personagem que coube a GUILHERME GONZALEZ. Sempre que MAURICIO sai da escola, às quartas-feiras, se depara com a figura de uma velha, na janela, a observar algo que ele não consegue ver. Essa “falta de percepção” chama-se “perigo”.
Com o passar dos dias, essa imagem acaba perturbando o garoto, que decide ir ao encontro da tal senhora.
Confira o “perigo” que representa o “monstro” que habita MAURÍCIOBom trabalho do ator!
 
            Não foi de propósito que deixei para falar de JEFFERSON SCHROEDER (MÍLTON) por último. Foi, nada mais, nada menos, apenas, do que uma coincidência freudiana. É que sou um grande admirador do seu trabalho.
MÍLTON é maníaco por limpeza, assim como sua esposa e grande paixão, com quem vive uma vida feliz e asseada. Conheci um “milton”, do Humaitá, e, posteriormente à sua morte, entendi a sua “mania de higiene”. E é nesse “asseio exacerbado” que se concentra o perigo.
Mas, um dia, é despedido de seu emprego e, ao voltar para casa mais cedo, tem uma surpresa desagradável. Não vou revelá-la.
JEFFERSON é um dos melhores atores de sua geração, e já o demonstrou em grandes trabalhos anteriores, quase todos dirigidos por Inez Viana, na Cia. OmondÉ. A cada novo personagem, o ator demonstra um amadurecimento, próprio de quem é dedicado ao ofício.
Uma de suas maiores habilidades está em criar vozes engraçadas, para seus personagens e em pequenos vídeos, que grava, de brincadeira, e os publica em redes sociais. Nesta peça, ele criou, não só um sotaque mineiro/paulista, do interior, como também uma postura corporal, para o personagem, que já faz o público começar a rir, sempre que é a sua vez de falar. O personagem, apesar de “monstro”, é hilário e penso ser o que mais agrada ao público, assim como o de CAROLINA PISMEL. Foi o que notei. Grande trabalho!
 
 
 
A posição dos personagens em destaque fala por si.
 
 
            O espetáculo foi dirigido, a quatro mãos, por JOÃO FONSECA e RAFAEL PRIMOT, este neófito na função.
 
Nada a destacar, a não ser o fato de terem conseguido um excelente resultado, utilizando fórmulas simples e descomplicadas dentro do formato já mencionado.
 
Gosto da ideia de todos os atores em cena, o tempo todo, não interagindo, mas “autoagindo”, “cada um no seu quadrado”, sendo que, às vezes, a falta de texto, “concreto”, de um chama mais a atenção do espectador do que aquele que está dizendo o seu texto, evidenciado pela boa iluminação de ADRIANA ORTIZ. O comportamento de CAROLINA PISMEL serve como um dos melhores exemplos disso. Ao final da peça, preste atenção ao que ela faz com as duas bonequinhas, despidas, que manipula, durante todo o espetáculo.
           
Cada personagem ocupa o seu espaço, delimitado por uma plaquinha, na qual está escrito o seu nome. Raramente, trocam de espaços, embora as plaquinhas permaneçam no mesmo lugar. É uma bela e simples maneira, não só de mostrar que as histórias apresentam relação entre si, como também de revelar que todos nós temos um pouco de cada uma daquelas monstruosidades. Ao ocupar o espaço do outro, ninguém se modifica, os “monstros” lá continuam, com suas idiossincrasias. E nós com as nossas.
 
 
Trocando de espaços.
 
 
            Os cenários e figurinos são de NELLO MARRESE. Simples e previsíveis, num espetáculo de baixo custo, em que o foco está mais voltado ao texto e ao trabalho dos atores.
 
            A cenografia é constituída de poucos elementos em cena, com destaque para um balanço, pilastras com lâmpadas e assentos destinados aos personagens. O resto fica por conta da imaginação do espectador.
 
 
Panorâmica do cenário.
 
             
            Recomendo o espetáculo, com um conselho (“Ouça um bom conselho, que lhe dou de graça...” – Chico Buarque de Holanda):
 
Não tente negar que também tem um “monstro” dentro de si e aprenda a conviver com ele! Dói menos!
        
 
 
FICHA TÉCNICA:
 
Texto: Rafael Primot
Direção: João Fonseca e Rafael Primot
 
Elenco / Personagem: 
Carolina Pismel - MAGALI
Erom Cordeiro - MOJO
Guilherme Gonzalez - MAURÍCIO
Jefferson Schroeder - MÍLTON
Laila Zaid - MADÁ
Leandro Daniel - MESTRE M
Rafael Primot - MAX
 
Cenários e Figurinos: Nello Marrese
Iluminação: Adriana Ortiz
Diretor de Palco: Leandro Carvalho
Produção: Giba Ka
Administração: Letícia Napole
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
 
 
 
 
 
 
 
SERVIÇO:
Temporada: Até 04 de fevereiro de 2016.
Local: Teatro do Centro Cultural Justiça Federal  Av. Rio Branco, 241 – Centro - Rio de Janeiro (Próximo à estação do metrô Cinelândia).
Telefone: 21 3261-2550.
Dias e Horários: 4ªs e 5ªs feiras, às 19h
Duração: 70 minutos
Gênero: Drama
Ingressos: 
R$30,00 e R$15,00 (meia-entrada)
Classificação Indicativa
: 16 Anos

 
 
 
 
 
 
(FOTOS: LEO VIANA.)

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