segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

“MOSTRA CARROÇA

DE MAMULENGOS:

TRÊS GERAÇÕES

DE ARTE

BRINCANTE”

ou

(A FAMÍLIA

QUE BRINCA UNIDA

PERMANECE UNIDA.)

 



         De saída, tenho que registrar a minha grande alegria, por ter assistido a um, dos três, espetáculos que fazem parte da “MOSTRA CARROÇA DE MAMULENGOS: TRÊS GERAÇÕES DE ARTE BRINCANTE”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro (CCBB-RJ): “O BABAUZEIRO”, no dia 01 de fevereiro passado. Infelizmente, não pude assistir ao primeiro espetáculo da trinca, “HISTÓRIAS DE TEATRO E CIRCO”, e não sei se terei disponibilidade de tempo para conferir “JANEIROS”, a terceira peça da “MOSTRA...”, contudo, se não o conseguir, espero poder fazê-lo, mais adiante, em São Paulo, para onde a trupe seguirá, após o encerramento da linda e vitoriosa temporada carioca. Acredito que os dois espetáculos, o primeiro e o terceiro, sejam tão fascinantes quanto aquele ao qual assisti e sobre o qual escrevo agora.




         Sou dos que têm certeza de que a ARTE não existe, tão somente, no eixo Rio-São Paulo, mas sim que o talento artístico do brasileiro se desenvolve em qualquer rincão deste país. Em muitas ocasiões, aplaudi grandes produções que chegam ao Rio de Janeiro oriundas de outras partes do Brasil. Desta feita, pude ovacionar e me deliciar (com) o trabalho de um grupo brasiliense, a “COMPANHIA CARROÇA DE MAMUILENGOS”, criada em 1977, pelo ator, compositor, artesão e bonequeiro CARLOS GOMIDE (BABAU). O que de excepcional existe nessa trupe itinerante é que se trata de uma companhia formada, exclusivamente, por membros de uma só família, abarcando três gerações. Isso, porque, em 1980, CARLOS conheceu a atriz brasiliense SCHIRLEY FRANÇA e, juntos, constituíram família, que, há 47 anos, perto de completar 48, percorre o país, convivendo com diversos brincantes da cultura popular. Em todo esse tempo, o grupo se fez, e ainda faz, representar em turnês e festivais, de norte a sul e de leste a oeste deste país, compartilhando, com outros artistas, seu talento e criatividade, ministrando diversas oficinas e vivências, apresentando-se em teatros, praças, feiras e ruas. A verdadeira ARTE POPULAR - o Brasil na sua essência -, desprezada por alguns, porém aclamada pela grande maioria dos públicos. Particularmente, sou apaixonado por ela, em qualquer modalidade em que se apresente.



 

“O grupo reúne, em seu repertório, as seguintes montagens: “O Benedito” (1980), “Mamulengo É Terno Divino” (1981), “O Palhaço Alegria” (1982), “Barraca da União” (1984), “A Engenhosa História da Vida” (1990), “Os Quatro Elementos” (1992), “Histórias de Teatro e Circo” (1996), “Afilhados do Padrinho” (2002), “Felinda” (2010), “Pano de Roda” (2012), “Janeiros” (2015), “Plantão de Utilidade Lúdica” (2022) e “Babauzinha” (2023) (extraído de “release” que recebi de PAULA CATUNDA, assessora de imprensa do espetáculo.



 

         Para marcar a sua passagem pelo Rio de Janeiro, escolheram três trabalhos de seu acervo, ao qual batizou como “MOSTRA CARROÇA DE MAMULENGOS: TRÊS GERAÇÕES DE ARTE BRINCANTE”, reunindo os títulos já citados no primeiro parágrafo. Chegam aqui, após grande sucesso obtido com tal proposta em duas outras praças do CCBB: Belo Horizonte e Brasília. Os três espetáculos que integram a mostra representam diferentes recortes históricos da “CIA CARROÇA DE MAMULENGOS”, formada por três gerações da família Gomide-França: “O BABAUZEIRO” remete à origem, “HISTÓRIAS DE TEATRO E CIRCO” consagra o nascimento dos filhos, e “JANEIROS” representa a passagem da condução da companhia aos filhos.



 

 Quem nos proporciona a oportunidade de conhecer o rico e belo trabalho da companhia é o Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a tão, injustamente, criticada pelos ignorantes, que não conhecem como ela funciona, porém tão útil e necessária, a Lei Rouanet.



 

 Desde quando foi criada, há 47 anos, o casal CARLOS e SHIRLEY vive na estrada, com seus oito filhos e netos, os quais nasceram e cresceram em cena. Todos são brincantes, atores, músicos, bonequeiros, contadores de histórias e palhaços. Pais, mães, filhos, netas, noras e genros vivem o desenvolvimento de uma arte que dialoga com a cultura popular do Brasil e do mundo. Isso não tem preço.



 

 

SINOPSE DE “O BABAUZEIRO”:

         Este espetáculo representa a origem do grupo, trazendo os primeiros bonecos recebidos por CARLOS GOMIDE das mãos do mestre paraibano Antônio do Babau.

Essa encenação pode ser considerada o ponto de partida da tradição do mamulengo contemporâneo brasileiro.

João Bondade contratou Benedito para cuidar do seu pomar, onde as frutas eram cultivadas e distribuídas, gratuitamente, para a comunidade.

João não queria que suas frutas, cultivadas com tanto cuidado e amor, fossem vendidas.

Mané Vou-lá-Hoje, que “gosta de levar vantagem em tudo”, vê uma boa oportunidade para ganhar dinheiro fácil, colhendo as frutas, como se fosse para consumo próprio, mas que se destinavam a ser comercializadas.

Sabirinho é um passarinho raro (mistura de sabiá com canarinho), e, com Mané por perto, está correndo perigo.

Em cena, CARLOS GOMIDE revive o Babau, dando vida a bonecos que foram recebidos das mãos de mestres desse folguedo.

No Babau, um dos nomes dos bonecos do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste, todas as relações de uma sociedade estão representadas, em formas de bonecos: o político e o Estado, o coronel e seus privilégios, o padre e a igreja, o vaqueiro e seu boizinho, o médico e sua influência, o doido e suas loucuras, o policial e o abuso do poder, os empregados e desempregados, deuses e diabos, criando todos os ingredientes para encenações de dramas, comédias, romances e tragédias.


 

 



 

SINOPSE DE “JANEIROS” (Não sei se terei a oportunidade de assistir.):

Em “JANEIROS”, o público acompanha o momento em que os filhos assumiram a condução da companhia, para contar suas próprias histórias, recriando linguagens e convidando outros artistas para contribuir com suas criações.

Em cena, estão os irmãos Maria, João, Isabel e Matheus.

Com lirismos e brincadeiras, o espetáculo conta a história de um homem que plantou seu sustento por onde passou.

Em suas andanças, ele encontrou a velha mais velha da terra: a Mãe Coragem, que ousou domar o Boi Bravo do Tempo.

Entra janeiro, sai janeiro, e os artistas andantes estão na beira de um caminho, decidindo o que fazer da vida, buscando encontrar, entre caixas, memórias e sonhos, o presente que a velha plantou na terra.


 


 

  É uma pena mesmo que eu não tenha conseguido disponibilidade de tempo para assistir ao espetáculo considerado “a grande pérola da mostra”, “HISTÓRIAS DE TEATRO E CIRCO”, que reúne cenas que existem há mais de 30 anos. Mesmo assim, julgo oportuno registrar a sua SINOPSE:



 

 

SINOPSE DE “HISTÓRIAS DE TEATRO E CIRCO” (Não assisti.)

‘HISTÓRIAS DE TEATRO E CIRCO’ surgiu a partir do nascimento dos filhos de CARLOS GOMIDE e SCHIRLEY FRANÇA.

Traz cenas que já existem há mais de 38 anos, como a da burrinha Fumacinha, que, neste momento, está sendo interpretada pela décima quinta brincante do clã.

A montagem traz toda a família Gomide-França para a cena: avós, filhos, noras, genros e netas.

Mais que um espetáculo, nele, o público se vê diante de uma tradição rara de se ver, uma trupe de artistas que, com quase meio século de vida e arte, segue uma tradição familiar.

É fino e delicado, mas traz a força de uma família determinada a preservar uma das raízes da cultura brasileira.


 


 

  As três montagens trazem a ancestralidade e a tradição de toda a família Gomide-França para o palco, totalizando 23 pessoas e muitos bonecos. A “MOSTRA...” é admirável, pela oportunidade que dá ao grande público de conhecer uma tradição rara de se ver: uma trupe de artistas que seguem uma tradição familiar, um modo de vida que atravessa o tempo e a memória, que, em muito, lembra a lida dos artistas de circo.



 

            Simultaneamente à “MOSTRA...”, “CIA. CARROÇA DE MAMULENGOS” também oferece, aos interessados, gratuitamente, duas atividades: uma oficina e um seminário. Daquela, infelizmente, quem me lê não poderá participar, visto que já aconteceu quando estra crítica se tornar pública, entretanto quem tiver interesse poderá se inscrever para o seminário “DIÁLOGOS SOBRE PEDAGOGIA BRINCANTE: A CULTURA DE ENSINAR E APRENDER DENTRO DAS TRADIÇÕES POPULARES”, ministrado por SCHIRLEY FRANÇA e MARIA GOMIDE, mãe e filha, no dia 25/02, às 11h, no Teatro II do CCBB. Procurem a informação de como participar no “site” do CCBB: bb.com.br/cultura.



 

           Como eu já esperava, assisti a um belo e divertido espetáculo, que atraiu espectadores suficientes para ocupar todos os assentos do Teatro II do CCBB – RJ – lotação esgotada -, conforme vem ocorrendo desde o dia da estreia da “MOSTRA...”. Os espetáculos da “CARROÇA DE MAMULENGOS” são destinados às famílias. O público era formado por muitas crianças e adultos; estes as acompanhavam ou iam por conta própria, como eu. O que percebi, de tão interessante, e que jamais esperava ver, é como os grandes reagiam, tanto quanto os pequenos. À minha frente, por exemplo, havia um homem que atendia, alto e bom som, a todas as perguntas e provocações lançadas do palco ao auditório. Um fato curiosíssimo, que merece ser destacado. Não sei se o fazia “para aparecer” ou se, realmente, estava libertando a criança que habita aquele corpo. Pela espontaneidade e empolgação como agia, prefiro acreditar na segunda hipótese. Detalhe: ele estava acompanhado de uma mulher, a qual, vez por outra, lhe seguia os passos.



 

         Antes do início da apresentação, uma das filhas do casal SCHIRLEY / CARLOS fez uma breve apresentação daquilo a que o público iria assistir, contando a origem do grupo, o que considero uma profícua ideia. E, ao final, os que atuaram se colocam à disposição do público, para responder a perguntas, e mostram, um a um, os bonecos que entraram na representação e como são manipulados. Muito interessante esse momento.



 

      Por se tratar de um espetáculo de TEATRO “diferente”, não farei considerações sobre elementos de criação, como figurino, iluminação e outros, que funcionam a contento, mas julgo pertinente um comentário sobre a cenografia. Tudo se passa dentro de um enorme cubo, construído com material de sustentação, revestido de tecido colorido. Os brincantes se colocam dentro dele e expõem os bonecos por cima, por uma parte vazada. Um simples detalhe, mas que é digno de todo destaque, é uma bandeira nacional, exposta bem acima do cubo, ao fundo, para deixar bem registrado que se trata de um espetáculo genuinamente brasileiro, digno representante da cultura popular e ao povo dedicado.



 

         Merece um elogio maior CARLOS GOMIDE, por sua capacidade de se expressar em várias vozes, atribuídas a cada um dos personagens representados pelos bonecos que manipula.



 

 

FICHA TÉCNICA:

“HISTÓRIAS DE TEATRO E CIRCO”

Concepção: Carroça de Mamulengos

Direção e Roteiro: Maria Gomide

Direção Musical: Beto Lemos

 

Brincantes: Carlos Gomide, Schirley França, Maria Gomide, Francisco Gomide, João Gomide, Matheus Gomide, Pedro Gomide, Isabel Gomide, Luzia Gomide, Idália Campos, Gabriela Carneiro, Luiza Silvino, Iara Gomide, Ana Gomide, Helena Gomide, Naiá Gomide, Liana Gomide, Luna Gomide e Amari Gomide

 

Cenário: Carroça de Mamulengos

Figurinos: Isabel Gomide

Desenho de Luz: João Gioia

Criação e Construção dos Bonecos: Carlos Gomide

Cenotécnica e Adereços: Carroça de Mamulengos

 

 

“O BABAUZEIRO”

Direção, Dramaturgia, Cenário, Cenotécnica e Adereços: Carlos Gomide

 

Brincantes: Carlos Gomide, Maria Gomide, Francisco Gomide, João Gomide, Matheus Gomide e Isabel Gomide

 

Figurinos: Isabel Gomide

Desenho de Luz: João Gioia

Criação e Construção dos Bonecos: Carlos Gomide e mestres da tradição

Fotos: Davi Mello

 

 

“JANEIROS”

Concepção: Carroça de Mamulengos

Dramaturgia: Raysner de Paula e Maria Gomide

Direção: Rodolfo Vaz

Direção Musical: Beto Lemos

 

Brincantes: Maria Gomide, João Gomide, Matheus Gomide e Isabel Gomide

Cenário e Figurinos: Wanda Sgarbi

Desenho de Luz: João Gioia

Criação e Construção dos Bonecos: Carlos Gomide

Assistência de Direção: Fernanda Vianna e Juliana Pautilla

Sonoplastia: Francisco Gomide

Contrarregra: Gabriela Carneiro

 

 

FICHA TÉCNICA DE PRODUÇÃO:

Direção de Produção: Silvio Batistela

Coordenação de Produção: Ártemis (Ártemis Produções Artísticas)

Coordenação Administrativo-Financeira: Alex Nunes

Produção Executiva: João Gomide

Coordenação Geral: João de Barro Produções

Arte Gráfica: Zé Maia


 

FOTOS DE BABAUZEIRO:


 






















 

SERVIÇO:

Temporada: De 18 de janeiro a 23 de fevereiro de 2025.

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro – Teatro II.

Endereço: Rua Primeiro de Março, nº 66 – Centro (Candelária) – Rio de Janeiro.

Informações: (21) 3808-2020 - ccbbrio@bb.com.br

Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). (Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia-entrada.)

Bilhetes disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura  

 

“HISTÓRIAS DE TEATRO E CIRCO”: Datas e Horários: 18, 19, 25 e 26/01 - Sábados, às 16h e 19h; domingos, às 15h e 18h.

 

“O BABAUZEIRO”: Datas e Horários: 01, 02, 08 e 09/02 - Sábados, às 16h e 19h; domingos, às 15h e 18h.

 

“JANEIROS”: Datas e Horários: 15, 16, 22 e 23/02 - Sábados, às 16h e 19h; domingos, às 15h e 18h.

 

“OFICINA DE CANTOS E CANTIGAS POPULARES” (Já aconteceu.):

Dia: 01/02, às 11h, no Teatro II.

Entrada franca.

 

“SEMINÁRIO DIÁLOGOS SOBRE PEDAGOGIA BRINCANTE: A CULTURA DE ENSINAR E APRENDER DENTRO DAS TRADIÇÕES POPULARES:

Dia 25/02, às 11h, no Teatro II

Entrada franca

Informações para a participação divulgadas no site bb.com.br/cultura.

 

Capacidade do Teatro II: 153 lugares

Classificação: Livre.

 

Funcionamento CCBB: De quarta a segunda, das 9h às 20h (fecha às terças).   

 ATENÇÃO: Domingos, das 8h às 9h - horário de atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes, conforme determinação legal (Lei Municipal nº 6.278/2017).

 

Assessoria de Imprensa do CCBB RJ: Giselle Sampaio

gisellesampaio@bb.com.br - 21 3808-0142

Assessoria de imprensa do espetáculo: Paula Catunda


 

 


 

         É emocionante o trabalho em família desse grupo. Tive a oportunidade de adentrar o auditório antes do público e constatei o clima de amor, alegria e fraternidade que reinava entre muitos dos componentes da trupe, adultos e crianças, que, por não atuarem em “O BABAUZAIRO”, já estavam na plateia, acomodando-se para assistir ao espetáculo, o qual, para mim, já começou ali. RECOMENDO ESTE ESPETÁCULO E O PORÓXIMO.


 

          

FOTOS: DAVI MELLO ("O BABAUZEIRO") e retiradas da internet (Sem fontes discriminadas.)

 

 

 

É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais.

Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO brasileiro!









































































































































































































































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