terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

 “CANÇÕES

QUE EU GUARDEI

PRA VOCÊ”

ou

(UMA DELICIOSA COMÉDIA ROMÂNTICO-

MUSICAL, SABOREADA

COM MUITO PRAZER.)

 






Com bastante expectativa, positiva, fui, no último domingo, 02/02/2025, ao Teatro Clara Nunes, para assistir a “CANÇÕES QUE EU GUARDEI PRA VOCÊ”, uma COMÉDIA Romântico-Musical que homenageia grandes vozes femininas da música popular brasileira.



 

O espetáculo nasceu de um momento grave para seu idealizador, o ator e também produtor FELIPE HERÁCLITO LIMA, depois de se ver como um dos protagonistas do término de um relacionamento que lhe era caro.  FELIPE já vinha, de algum tempo, alimentando a vontade de fazer uma peça “leve e descomplicada, que falasse sobre amor, com humor e sensibilidade”. E o fez. Na verdade, o pontapé inicial surgiu, quando, após o fim do já citado romance, o apaixonado ouviu uma canção, cuja letra traduzia, exatamente, o que ele sentia naquele momento, afundado na sua dor, e que parecia potencializar o seu inconformismo por não haver a possibilidade de uma reversão daquela perda e nem existir mais a unidade “você e eu”, ainda que o amor continuasse latente, segundo ele (Não sei se era de ambas as partes.). E seu objetivo de montar um espetáculo como havia pensado foi alcançado? Sim, ele o conseguiu, contando, evidentemente, com muitas outras pessoas, para o desenvolvimento do projeto, a começar por MARCOS GRIESI, com quem divide a idealização do espetáculo.





 

SINOPSE:

Miguel (GEORGE SAUMA) e Malu (BRUNA GUERIN) moram juntos e vivem um relacionamento estável e duradouro.

Ele é um romântico convicto, que gosta dos prazeres cotidianos e deseja oficializar a união de ambos.

Mas ela, apesar de gostar da previsibilidade e do controle, anseia por novidades e aventura. 

Cozinheiro de mão cheia, todo mês Miguel promove um tradicional jantar para Renata (KAREN JUNQUEIRA) e Túlio (FELIPE HINTZE).

Porém, quando os amigos recebem novos convidados para esse jantar, Pietro (GUILHERME MAGON) e Bárbara (MARÍLIA LOPES), as relações entre esses dois casais serão abaladas.

Renata é amiga de longa data de Malu e sua união com Túlio é um bem-acabado exemplo de uma vida regrada e funcional: namoraram, noivaram, casaram-se e acabaram de ter um filho.

Pais de primeira viagem, o casal é, inteiramente, devotado ao bebê, que eles carregam consigo para aquele jantar. 

Naquela noite, o quarteto está prestes a receber para jantar um novo convidado, vindo diretamente do passado. 

Pietro foi o melhor amigo de juventude de Malu e namorado de Renata durante a adolescência e os anos de faculdade.

Desde então, Pietro se tornou um solteiro incorrigível e autocentrado, que mora há uma década fora do país, na Califórnia.

Ao retornar, porém, declara-se apaixonado e apresenta, a suas amigas do passado, Bárbara, sua nova namorada, a quem ele, por conta própria, estendeu o convite para o jantar.

Assim, a chegada dos dois vai abalar, irreversivelmente e de formas distintas, os relacionamentos de Malu e Miguel e de Renata e Túlio.

Em um carrossel de novos encontros e alguns desencontros, os seis personagens verão nascer sentimentos inéditos e insuspeitos, reviverão afetos do passado e descobrirão, cada um a seu modo, novas dimensões do sentimento amoroso.

 




 

“O musical acompanha três casais em uma divertida ciranda de desejos, surpresas, frustrações e algumas descobertas”, como consta no “release” que recebi de DOUGLAS PICCHETTI, assessor de imprensa da peça, exatamente como pensou o seu primeiro idealizador. Trata-se de um musical “diferente”, visto que as letras das canções não fazem parte, direta e estritamente, do texto, ou seja, não ajudam a contar a história nem aparecem em forma de falas dos personagens, entretanto complementam muito bem o teor de cada cena, têm tudo a ver com as situações a que estão atreladas. Isso significa dizer que a dramaturgia é costurada por vozes poderosas da música brasileira, com foco especial em canções dos anos 2000 que ficaram conhecidas nas vozes de cantoras, como Cássia Eller, Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Marina Lima, Zélia Duncan e Maria Gadú, as quais se destacam na MPB e estão vivas no imaginário do povo que aprecia esse tipo de música, como eu.



 



Não pude ir à sessão de estreia, para convidados, e ouvi, de umas três ou quatro pessoas as quais atenderam ao convite, que se tratava de um “delicioso espetáculo”, a despeito da dramaturgia, que, segundo eles, era “fraca”. Em face disso, fui ao Teatro Clara Nunes, no Rio de Janeiro, onde a montagem segue em cartaz até o dia 24 do mês em curso, preparado para, talvez, fazer coro aos que desaprovaram o texto ou, pelo menos, achavam que “poderia ser melhor”. Se me dizem que um espetáculo “X” é bom ou ruim, ou “médio”, por este ou aquele motivo, não deixo de assistir a ele, se for de meu interesse; ou seja, por mais que eu confie no gosto de outras pessoas, quero sempre ratificar ou retificar a impressão que aqueles comentários me causaram. Em outras palavras, incorporo São Tomé e quero ver, para crer. A minha opinião não se faz com a influência de ninguém. E, se não fosse assim, eu teria deixado de assistir a um grande número de espetáculos que me agradaram, e não a alguns, condição primeira para que eu decida escrever sobre eles.




 

Respeitando, como não poderia deixar de ser, o que pensam outrem, gostei do texto, levando em consideração aquilo a que ele se destina. É leve e, sem ser “raso”, cumpre, em 100%, o seu propósito: divertir, sem nenhum tipo de apelação, e falar, com muito bom humor, de situações e sentimentos pelos quais qualquer pessoa pode passar. Particularmente, ri a bandeiras despregadas, com os diálogos ágeis e bastante engraçados, porém também exercitei a minha porção empática e consegui me colocar no lugar dos seis personagens, incluindo as três mulheres. E confesso que foi um delicioso e agradável exercício, que até penso em repetir, no último dia da temporada. Há, de certa forma, no texto, algumas situações previsíveis? Sim, não posso negar, o que não o diminui em qualidade. Mesmo assim, diante de certas situações pelas quais eu já esperava, muita gente da plateia reagia como se lhes estivessem apresentando uma grande surpresa. Nenhum problema com relação a isso. Em tempo, o registro dos nomes dos dois autores do texto: BERNARDO MARINHO e VALENTINA CASTELLO BRANCO, os quais contaram com a supervisão de RAFAEL GOMES.




 

Embora estivesse preparado para encontrar, talvez, no palco, menos do que eu esperava, sabia que não sairia do Teatro totalmente insatisfeito, uma vez que era um espetáculo com uma excelente FICHA TÉCNICA, formada por artistas desconhecidos para mim, alguns, mas que trazia muitos nomes de peso, os quais aprendi a admirar e aplaudir muito, ao longo do tempo, a começar pela direção, exercida, nada mais, nada menos, por ZÉ HENRIQUE DE PAULA, para quem tiro todos os chapéus que couberem na minha cabeça. Nunca desaprovei nenhuma de suas assinaturas como diretor. E mais: guardo detalhes de cada uma das peças conduzidas por ele, desde as primeiras. Aqui, mais uma vez, seu dedo foi certeiro no ofício que abraçou. Sempre achei que não é preciso ser, antes, ator para se dar bem dirigindo, no entanto penso que o diretor que também é ator, como é o caso do , leva uma certa vantagem, ao dirigir, pois pode se colocar, com conhecimento de causa, no outro lado. ZÉ HENRIQUE DE PAULA carrega consigo uma digital que o distingue dos colegas. Como em todos os demais espetáculos que dirigiu, ele se coloca com muita inteligência, criatividade e originalidade. Como também é um dos cenógrafos, deve ter pensado, simultaneamente, nas duas funções. São geniais as suas marcações e extremamente interessante o desmanche de uma cena para dar lugar a outra. As emendas são surpreendentes e interessantíssimas.




 

Todos os artistas de criação contribuem, de forma precisa e funcional, para o nível de excelência da peça. A harmonia, que sempre deve haver, entre cenografia, figurinos e iluminação é uma das ótimas presenças neste espetáculo. Digo que se trata de uma feliz convergência, apoiada em muitas cores e formas. Os cenógrafos, CÉSAR COSTA e ZÉ HENRIQUE DE PAULA, optaram por um espaço cênico bem livre, no qual só há uma meia dúzia de peças de mobiliário - algumas imóveis e três cadeiras -, que ajudam na construção de algumas cenas. Gosto disso - que está parecendo uma tendência do momento - de deixar o palco o mais amplo e vazio possível. Ao fundo e nas laterais, uma parede, na qual há uma porta, ao funcho, e outra entrada/saída em um dos lados; duas cortinas e o revestimento em papel de parede, tudo muito colorido e lúdico.




Na mesma linha de cores e formas alegres e multicoloridas, de ludicidade predominante, MARIANA SUED assina os muitos figurinos, que levam os atores a fazer várias trocas de roupas, confeccionadas em cores fortes, quentes; resumindo: alegres e divertidas.



 

Os mínimos detalhes da cenografia e dos figurinos se tornam mais evidentes e interessantes sob o desenho de luz proposto, a quatro mãos, por FRAN BARROS e TULIO PEZZONI.



 

Parceira profissional constante de ZÉ HENRIQUE DE PAULA, para a nossa alegria, mais uma vez, FERNANDA MAIA nos brinda com seu talento e sensibilidade, na condução dos arranjos das canções e na direção musical. Foi ela quem, contando com os préstimos de um dos coautores do texto, BERNARDO MARINHO, com muita acuidade, observando a trajetória da narrativa, selecionou a “set list” do musical, com destaque para as seguintes composições, que se tornaram “hits”, além de outras que fazem parte do chamado “lado B”: “O Tom do Amor”, “Confesso”, “Louca Tempestade”, Sinais de Fogo”, “Fullgás”, “Depois de Ter Você”, “A Canção Tocou na Hora Errada”, “Nada pra Mim”, “Por Enquanto”, e “Pra Terminar”. São belíssimos e muito originais os arranjos de FERNANDA, até mesmo por conta da alteração de andamento de algumas canções. Seu trabalho de direção musical é precioso e nele está incluída a participação, ao vivo, acompanhando os atores/cantores, de um grupo de cinco excelentes músicos, que mostram seu trabalho, tocando piano, baixo, violino, violoncelo e bateria, não necessariamente nesta ordem: BIA D’ÁVILA, GIULLIA ASSMANN, MAYARA ALENCAR, RODOLFO SCHWENGER e SAMUEL PASSOS.




 

Mesmo considerando o trabalho de todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para esta ótima montagem, afirmo que a grande “cereja do bolo” está representada por um elenco afinadíssimo, com muita cumplicidade, em que todos são, ao mesmo tempo, protagonistas e “escadas” para os colegas de cena, grupo formado por um sexteto de comprovada excelência profissional: (em ordem alfabética) BRUNA GUERIN, FELIPE HINTZE, GEORGE SAUMA, GUILHERME MAGON, KAREN JUNQUEIRA e MARÍLIA LOPES. Nivelo a atuação de todos muito por cima, além da última posição que possa atingir o sarrafo, entretanto não poderia deixar de mencionar as máscaras faciais, o gestual e os silêncios expressivos de BRUNA e SAUMA.


 

 

FICHA TÉCNICA:

Idealização: Felipe Heráclito Lima e Marco Griesi

Texto: Bernardo Marinho e Valentina Castello Branco 

Supervisão: Rafael Gomes

Direção: Zé Henrique De Paula

Assistente de Direção e Direção Residente: Davi Tápias

Arranjos e Direção Musical: Fernanda Maia

Assistência de Direção Musical: Rodolfo Schwenger

Preparação de Elenco: Inês Aranha

 

Elenco (em ordem alfabética): Bruna Guerin, Felipe Hintze, George Sauma, Guilherme Magon, Karen Junqueira e Marília Lopes

 

Músicos:  Bia D’ávila, Giullia Assmann, Mayara Alencar, Rodolfo Schwenger e Samuel Passos

 

Cenário: César Costa e Zé Henrique de Paula

Cenotécnico: André Salles

Figurino: Mariana Sued

Assistência de Figurino: Fabiana Almeida

Iluminação: Fran Barros e Tulio Pezzoni

Assistência de Iluminação: Queque Peixoto

“Designer” de Som: João Baracho 

“Design” Gráfico e Criação: Carlos Nunes 

Direção de Produção: Ana Paula Abreu e Renata Blasi

Fotografia e Criação: Ale Catan

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio Assessoria de Comunicação (Douglas Picchetti e Helô Cintra)

Apresentado por Porto. Patrocínio: Manserv. Transporte Aéreo Oficial: Gol.

Produção: Diálogo de Arte Produções Culturais

Realização: Sevenx Produções / Palco 7 Produções / Brisa Filmes / Lei Rouanet, Ministério da Cultura, Governo Federal – Brasil: União e Reconstrução


 





 

 

SERVIÇO:

Temporada: De 17 de janeiro a 24 de fevereiro de 2025.

Local: Teatro Clara Nunes.

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52, 3º Piso - Shopping da Gávea - Gávea, Rio de Janeiro.

Dias e Horários: De sexta-feira a segunda-feira, às 20h.

Valor dos Ingressos: Entre R$ 21 e R$ 150, dependendo da localização do assento.

Venda “on-line”https://bileto.sympla.com.br/event/101798/d/294786 (com taxa de comodidade).

Bilheteria Física do Teatro Clara Nunes (sem taxa de comodidade).

Horário de Atendimento da Bilheteria: De segunda-feira a domingo, das 14h às 20h.  

Informações pelos Telefones (21) 2274-9696 ou (21) 97531-5514. 

Classificação Etária: 12 anos.

Duração: 120 minutos, com intervalo.

Capacidade: 742 lugares.

Acessibilidade: 7 (sete) espaços para cadeirantes.

Gênero: COMÉDIA Romântico-Musical.


 


 

         Penso que, com estas minhas considerações, posso motivar pessoas a uma ida ao Teatro Clara Nunes (Ver SERVIÇO.), a fim de que possam constatar, “in loco”, tudo o que eu escrevi, saído de quem admira, profundamente, uma boa COMÉDIA e sabe atribuir elogios a quem os merece.



 

O espetáculo só é possível graças ao apoio e participação de Sevenx Produções, Palco 7 Produções e Brisa Filmes, apresentado pela Porto, com patrocínio da Manserv, por meio da Lei Rouanet, Ministério da Cultura, Governo Federal - Brasil - União e Reconstrução.



 

 

 

FOTOS: ALE CATAN

 

 

GALERIA PARTICULAR

(Fotos: Ana Cláudia Matos)

 





É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais.

Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO brasileiro!











































































































































Nenhum comentário:

Postar um comentário