terça-feira, 9 de agosto de 2022

 

“DUETOS”

ou

(QUEM NÃO GOSTAR

DESTA COMÉDIA

BOM SUJEITO NÃO É.)


 

 




     Está, cada vez mais, difícil encontrar, em cartaz, uma boa COMÉDIA, no Rio de Janeiro, que faça jus à sua importância, como gênero teatral. Tropeçamos em monturos de textos muito ruins, montagens idem, de péssimo gosto, apelativos, os quais, muito longe de agradar a um público e atraí-lo, embora haja, sim, quem goste dessas coisas horrendas, afasta, do TEATRO, as pessoas de bom gosto, que apreciam um texto cômico inteligente, com o propósito de, apenas e simplesmente, divertir ou, além disso, provocar reflexões, uma vez que TODO HUMOR É CRÍTICO. Estou, aqui, escrevendo esta crítica com muito prazer, com uma satisfação incomensurável, sobre uma das melhores COMÉDIAS a que assisti, nos últimos tempos. O espetáculo de que falo é “DUETOS”, em cartaz no Teatro das Artes” (VER SERVIÇO.).



      “Um é pouco, DOIS É BOM, três é demais”. Esse “aforismo” se aplica, muito bem, ao espetáculo aqui analisado. Apenas DOIS, PATRICYA TRAVASSOS e MARCELO FARIA, dão conta do recado. E como dão!!! Aliás, para se fazer a devida justiça, ao olhar para a FICHA TÉCNICA desta COMÉDIA, com todas as letras maiúsculas, qualquer pessoa que conheça, não só o trabalho dos atores, mas, também, todos os artistas de criação envolvidos no projeto, não poderá afirmar outra coisa, mesmo antes de assistir ao espetáculo, a não ser esta frase: “NÃO HÁ COMO ISSO NÃO DAR CERTO”. Ratifico a frase e afirmo: Deu, está dando e ainda dará, por muito tempo. “DUETOS” é o tipo da produção que, a despeito de todas as dificuldades para que as pessoas resolvam, ou possam, ir a um Teatro, tem tudo para ficar em cartaz por muito tempo, a julgar pela casa lotada, no segundo dia da temporada, quando assisti à peça, e pela reação do público. Todos deixaram o Teatro das Artes felizes, leves, fazendo comentários elogiosos ao que viram e dizendo que irão indicar o espetáculo a Fulano, Beltrano, Sicrano... A divulgação espontânea, de uma pessoa a outras, é o melhor meio de difusão de uma montagem teatral e de se fazer lotar um Teatro. Eu já decidi que quero assistir, de novo, a “DUETOS”, porque É UM ESPETÁCULO MUITO BOM. E já tratei de espalhar isso aos quatro cantos do mundo.



       COMÉDIA ruim é das coisas que mais me irritam, quando vou a um Teatro, e me provocam um tremendo arrependimento, por ter empregado tão mal o meu tempo. Infelizmente, é o que acontece, na maioria das vezes. Por outro lado, quando, “no meio do deserto”, encontramos um “agradabilíssimo oásis”, como “DUETOS”, eu me sinto tão recompensado, tão feliz e não vejo a hora de divulgar a peça, escrever sobre ela e recomendá-la, como estou fazendo agora.



“DUETOS”, do premiado dramaturgo britânico PETER QUILTER, já foi encenada em mais de 20 países e traduzida para 10 idiomas, e recebe, agora, sua primeira montagem no Brasil. QUILTER é dramaturgo do West End londrino e da Broadway. Isso não é pouca coisa, e suas peças foram traduzidas para 30 idiomas e apresentadas em mais de 40 países. Atualmente, o autor tem mais de 14 produções ativas, acontecendo pelo mundo, totalizando mais de 30 espetáculos realizados.



Sim, o texto é excelente, entretanto sinto o dever, ou a obrigação, de citar o nome de quem trabalhou na tradução da obra para a língua portuguesa: JOÃO POLESSA DANTAS, que traz, no nome, um DNA “poderoso”. É ótima a sua tradução, uma vez que há incomensuráveis diferenças entre o senso de humor dos ingleses e o dos brasileiros. É necessário um trabalho de “carpintaria” muito atento, para manter a essência do texto original, das piadas, tudo voltado para a nossa realidade, ainda que possamos considerar “DUETOS” atemporal, sem o menor compromisso com alguma “geografia”, para que os fatos e as ações se realizem, ou com diferentes classes sociais e culturais, porque envolve situações do dia a dia de qualquer ser humano. Qualquer um, do público, pode se ver naqueles oito personagens.



   Como consta, no “release”, a mim enviado por STELLA STEPHANY (JSPONTES ASSESSORIA DE IMPRENSA), O texto de QUILTER examina o mundo caótico do amor e dos relacionamentos modernos, onde ‘a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa’”. Não tenho o hábito de fazer alusão aos patrocinadores, porém cheguei à conclusão de que não seria correto, justo, de minha parte, omiti-los. “DUETOS” é apresentado e patrocinado pela Brasilcap, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com produção geral e realização da Inova Brand, sem o que tenho a impressão de que a concretização do projeto seria inviável. 



 

SINOPSE:

A peça retrata, de forma cômica, os encontros e desencontros da vida amorosa contemporânea, através de quatro histórias de uma mulher e um homem – não necessariamente casais –, às voltas com seus próprios desejos e traumas, em busca do amor, e enfrentando a solidão.

As quatro histórias, são, pela ordem:

“ENCONTRO ÀS CEGAS”: JONATHAN e WANDA marcam um encontro, através de um aplicativo de relacionamento. Ambos se esmeram para “agradar”, um ao outro, mas, claro, nada sai como o esperado. Eles esperam, desta vez, acertar. Será que vai acontecer?

“QUASE CASADOS”: JANE prepara uma festa de aniversário para seu chefe, ARY. Ele não se interessa por mulheres, um” eufemismo”, para dizer que ele é, assumidamente, “gay”, mas ela não vê isso como empecilho, para um possível casamento. “A esperança é a última que morre”. Será que morreu?

“DIVÓRCIO AMIGÁVEL”: SHIRLEY e BETO decidiram passar férias na Espanha, para finalizar seu divórcio. Enquanto se afogam nos drinques, vão entendendo que estão longe de ser o “ex-casal bem resolvido”, que pensavam ser. Será que o divórcio se concretizará mesmo?

“MAIS UMA VEZ NOIVA”: ÂNGELA está se casando pela terceira vez, para desgosto de seu irmão, TOBIAS. Pouco antes da cerimônia, uma sucessão de incidentes leva-a a crer em mau presságio. Confusa, não sabe mais se quer casar. Haverá, ou não, casamento?

 

 




      Todas as perguntas, em negrito, que aparecem no final do resumo de cada história, foram acréscimos meus, com a intenção de criar a curiosidade e o interesse em quem me lê. Quando fiz referência aos artistas de criação do espetáculo, não estava sendo exagerado, visto que poucas produções conseguem reunir um “time” tão competente, homogêneo, em qualidade, num projeto só. Isso me leva a fazer um comentário particular sobre o trabalho e a responsabilidade de cada um, nesta montagem.



        Nada mais tendo a acrescentar sobre o texto, a não ser o fato de que nunca é desperdício de tempo, nem redundância, lembrar que “humor + inteligência têm que caminhar juntos” – o que não falta aqui -, senão “o leite desanda”, começarei a fazer comentários sobre o excelente cenário, assinado por J.C. SERRONI, o que, convenhamos, não é nenhuma novidade, atendendo à concepção do diretor. Em cada lateral do palco, há um pequeno camarim, onde a atriz e o ator farão as trocas de roupa, para cada cena, às vistas do público. De acordo com a luz, obra do mestre AURÉLIO DE SIMONI, estes camarins estarão ora visíveis, ora invisíveis. Os demais elementos não são fixos, e são mudados, de cena para cena, por um casal de contrarregras. A maior parte do espaço cênico serve de base para todos os ambientes.



        Além da preocupação com a intensidade da luz, nos momentos de troca de figurinos, visto que as paredes dos camarins são diáfanas, AURÉLIO, como já era de se esperar, regula a iluminação de acordo com os estados emocionais dos personagens ou de acordo com o nível de exigência de cada história, com variações bem ajustadas.







     Contar com o concurso de CLAUDIO TOVAR, assinando os figurinos de um espetáculo de TEATRO, é garantia de acerto total. Grande artista plástico que é, TOVAR canaliza, para os modelos que assina, em todas as peças com as quais colabora, sua digital, traduzida por uma paleta variadas de cores, assim como – detalhe que muito me agrada – seus bordados e aplicações. Todos os figurinos são fabulosos, com destaque para o vestido de noiva, na última história, que é um dos gatilhos mais acionados na cena. Está mais para o "bolo da noiva". E os atores, principalmente PATRICYA, exploram-no de uma forma que nos leva a gargalhar muito. O figurino é uma grande piada, de extremíssimo bom gosto. Na primeira história, apesar de a intenção ser mostrar roupas de fina elegância e bom gosto, estas se tornam “desajustadas”, por conta do “desajuste” do casal “estranho”, para dizer o mínimo. Na segunda, o tom de “elegância exagerada”, e para o personagem de FARIA “dar pinta”, fica por conta dos "detalhes" do figurino masculino, embora o exagero também se faça presente nos da roupa usada por PATRICYA. Na terceira, ambos os personagens, para “entrar no clima da proposta criada pelos próprios”, vestem-se com trajes típicos mexicanos, muito engraçados, por conta da total falta de “adequação”, por parte dos personagens que os vestem. Quanto à última “aventura”, creio já ter falado o suficiente. Falta acrescentar que gargalhei à farta, acho que, até, de forma “deselegante”. Que fazer? Não consegui me conter. Mas, se tiverem de apontar o dedo para alguém, por causa disso, que não seja só para mim, mas para uma plateia inteira.



    Humor se faz por meio de palavras e, também por gestos corporais, de toda ordem. A postura corporal também pode, e deve, ser explorada, numa boa COMÉDIA, o que ocorre aqui, graças ao trabalho de preparação corporal, feito por DANI VISCO.



     Cabem, ainda, elogios à acertada trilha sonora, a cargo de RODRIGO PENNA, e ao visagismo, que transforma, completamente, por fora, os atores em personagens bem diferentes, um do outro, trabalho de RAFAEL SENNA.

    ERNESTO PICCOLO, que, de “piccolo” - “pequeno”, em italiano -, não tem nada, quando o convidam para dirigir uma COMÉDIA – poderia enumerar muitas, dirigidas por ele, todas elas grandes sucessos, de público e de bilheteria, como, por exemplo, “Divã”, “Doidas e Santas” e “A História de Nós Dois” -, mostra que tem grande talento para esse fazer. Às vezes, tenho a impressão de que ele é quem mais se diverte com o que faz. Suas direções são sempre inteligentes, criativas e dinâmicas, todos os adjetivos mais que necessários, para fazer o espetáculo “render” bastante e corresponder às expectativas dos assistentes. Não foi diferente aqui.



       Já comecei a gostar do espetáculo, antes mesmo de ele começar, quando é projetada uma peça de propaganda dos patrocinadores, mostrando um encontro do casal de atores num camarim, de verdade, do Teatro, num “bate-papo” bem descontraído, e, durante o diálogo, ambos falam da satisfação de estarem retornando ao trabalho, aos palcos, com os Teatros voltando à ativa e, achei da maior importância – não sei de quem foi a ideia, mas aplaudo-a bastante – falarem da importância do TEATRO para a economia de um país, ao desfilar todas as atividades econômicas ligadas a ele, direta e indiretamente, e sobre a quantidade de profissionais empregados, empenhados num trabalho que, aparentemente, é de apenas duas pessoas num palco. Quantas famílias dependem do TEATRO para a sua sobrevivência!!! Achei essa iniciativa belíssima e, ao final da projeção, “fiz o louco que aplaude sozinho”. Parabéns pela brilhante ideia!



   As vezes que tive a oportunidade de ver PATRICYA TRAVASSOS num palco são superiores às que assisti a MARCELO representar pessoalmente. Acompanho o trabalho de PATRICYA, desde os remotos anos da década de 70, quando, sob a influência do excelente humor dos britânicos do Monty Python, fez parte do grupo de TEATRO “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, ao lado de gente do gabarito de Hamilton Vaz Pereira, Regina Casé, Perfeito Fortuna, Patrícia Pillar, Luís Fernando Guimarães, Evandro Mesquita, Nina de Pádua e Cazuza, entre outros, em grandes sucessos, como “Trata-me Leão” e “Aquela Coisa Toda”. Em mais de 40 anos de carreira, com 35 novelas, 10 filmes, 9 peças de TEATRO, 3 livros publicados, mais de 30 músicas compostas, em seu currículo, além de atriz, é excelente roteirista e dramaturga. Admiro muito seu jeito de fazer humor, trabalhando, com maestria, a voz e as máscaras faciais. Nesta peça, às vezes, com seu silêncio, uma boa pausa e uma caprichada “máscara”, ela consegue provocar gargalhadas, no público, sem dizer uma palavra. Difícil seria afirmar em qual das quatro personagens ela mais se destaca, porém, observando melhor, acho que é nas duas últimas histórias que ela explora melhor sua veia humorística, de considerado calibre.



        Fazia tempo que não via MARCELO em cena. Sempre o tive na conta de um ator, como tantos, de boas possibilidades, entretanto confesso que ele me surpreendeu, positivamente, em grande escala, em todas as cenas, com o destaque para o personagem da primeira história. Acho que ele nem precisava falar. Sua figura, sua postura e seu comportamento cênico já seriam suficientes para nos fazer rir. Os tiques nervosos do personagem e o seu “desconforto”, presentes, também, nas suas falas e pausas, são perfeitos. O “timing”, para o humor, de PATRICYA já era meu grande e velho conhecido, mas ele existe, no mesmo grau, em MARCELO FARIA, que se tornou famoso pelos seus mais de 30 anos de carreira, 35 novelas, 5 filmes e 10 peças de TEATRO, entre elas “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, que ficou 5 anos em cartaz, e “Razões para Ser Bonita”, ao lado de Ingrid Guimarães, durante 3 anos. Que excelente dupla de atores comediantes!!! Que “química” ótima há entre os dois, sempre um “lançando a bola” na medida certa, para o companheiro de equipe, não para um “adversário”.



Ernesto Piccolo (o Neco).
Foto: Montenegro Talents.



   São quatro histórias distintas, com um mesmo enredo: encontros e desencontros, solidão e a busca pelo amor e por um/a companheiro/a ideal. Isso representa um grande desafio para PATRICYA e MARCELO, o que só faz valorizá-los como intérpretes.

        Passo a transcrever umas interessantes palavras do diretor: “A peça, na sua essência, fala de solidão, mesmo, e de uma forma muito divertida. Das relações mais diversas que o ser humano experimenta, para tornar a solidão menos dolorosa. São os encontros às escuras; a secretária e o patrão que têm uma relação de amor, em que só não casam, não transam; o casal que vai separar, vai experimentar a solidão, mas não consegue; e, por fim, a noiva que está casando pela terceira vez e dá tudo errado. É uma lente de aumento, uma sátira dessas situações”.

 



 

FICHA TÉCNICA:

Texto: Peter Quilter

Tradução: João Polessa Dantas

Adaptação: Patricya Travassos e Ernesto Piccolo

Direção: Ernesto Piccolo

Assistente de Direção: Kattia Hein

 

Elenco: Patricya Travassos e Marcelo Faria

 

Cenário: J.C. Serroni

Figurino: Claudio Tovar

Iluminação: Aurélio de Simoni

Preparação Corporal: Dani Visco

Trilha Sonora: Rodrigo Penna

Visagismo: Rafael Senna

Registro Fotográfico: André Wanderley e Felippe Costa

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany

Diretor de Produção: Claudio Tizo

Produtora Administrativa: Filomena Mancuzo

Produção Geral e Administração: Sérgio Lopes – INOVA BRAND

Produção Geral e Marketing: Mauricio Tavares – INOVA BRAND

Realização: INOVA BRAND, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo

 

 



 

SERVIÇO:

Temporada: De 05 de agosto a 02 de outubro de 2022.

Local: Teatro das Artes.

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52 – Shopping da Gávea – 2º piso - Gávea – Rio de Janeiro.   

Telefone: (21)2540-6004.

Dias e Horários:  Sextas-feiras e sábados, às 21h; domingo, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$100,00 e R$50,00 (meia entada); Ingresso popular (10% capacidade) R$50,00 e R$25,00 (meia entrada).

VENDAS: bilheteria e www.duetosacomedia.com.br

Duração: 90 minutos.

Classificação Etária: Livre.

 

 


 

     Não percam esta rara oportunidade de se deliciar com uma verdadeira COMÉDIA, que, muito longe de ser uma “arte menor”, como, infelizmente, alguns desinformados consideram, é um trabalho dificílimo de ser executado, em todas as etapas, para merecer os nossos mais sinceros aplausos.

 


 

 


FOTOS: ANDRÉ WANDERLEY

e

FELIPPE COSTA

 

 

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