“MARYLIN,
POR TRÁS
DO ESPELHO”
ou
(ASCENSÃO E QUEDA
DE UM MITO.)
ou
(O QUE O ESPELHO
NÃO REVELA.
A crítica a este espetáculo
já estava escrita, faltando, apenas, inserir as fotos, quando, por uma
imperícia de minha parte, o mais provável, ou uma falha do computador (Eu
não consigo ter um bom relacionamento com esta máquina “malbendita”.),
perdi tudo o que já havia produzido, durante dois dias de pesquisa e muito
trabalho. Não vou conseguir, evidentemente, me lembrar de tudo o que já havia
escrito e, consequentemente, não será a mesma coisa, entretanto vou tentar
chegar próximo àquilo que, modéstia à parte, achei que estava muito bem
escrito.
As pessoas da minha faixa etária ou com um pouco menos de
idade, certamente, poderiam mais se interessar por assistir a um monólogo
em que a personagem MARYLIN MONROE se “desnuda”,
corajosamente, e reparte, com o público, suas aventuras, seus momentos
de glória e todo o sofrimento que marcaram sua breve vida. Por outro lado, gostaria
muito de que os mais jovens, depois de ler estes escritos, também fossem ao Teatro
2, do SESC Tijuca, onde o espetáculo está em
cartaz, para conhecer um pouco da vida - ascensão e queda - dessa
mulher, um dos maiores mitos do cinema universal. Vale muito a pena
e, de saída, considerem isso uma sincera recomendação.
Para não lhes roubar o prazer das surpresas que encontrarão
nesta montagem e, também, porque, praticamente, ninguém gosta de “spoilers”,
vou me limitar a poucos detalhes sobre a vida e a morte de MARYLIN, e me
dedicarei mais, como deve ser, numa crítica teatral, a abordar os elementos
técnico-artísticos presentes nesta produção. Antes, porém, digo-lhes
que, como de hábito, pesquiso bastante, antes de começar a escrever sobre uma peça
e, ao procurar informações sobre a vida da personagem protagonista deste
solo, deparei-me com muita coisa, na internet, e confesso que
quase me perdi e tive de fazer um esforço hercúleo, para pinçar, apenas, algumas
informações, que considerei as mais importantes. A base, mesmo, para esta
escrita, foi o material, “release”, que a mim foi enviado por STELLA
STEPHANY (JSPONTES COMUNICAÇÃO) e, obviamente, o belo espetáculo que
vi ser encenado.
MARYLIN MONROE era o nome artístico de Norma
Jeane Morteson, nascida em Los Angeles, Estados
Unidos, em 1926, e falecida na mesma cidade, em 1962. Brilhou,
mas também sofreu muito, por apenas 36 anos. Foi encontrada morta, pelo
seu psiquiatra, avisado pela empregada, Eunice, muitas vezes
citada no texto da peça, e a causa da morte foi intoxicação
por barbitúricos, uma “overdose”.
Além de atriz, numa carreira que durou uma década,
MARYLIN também foi modelo e cantora. É considerada um
dos maiores símbolos sexuais do século XX, imortalizada pelos
cabelos loiros e suas “formas voluptuosas”, com destaque para os seios.
Em pouco tempo de vida artística, seus filmes
arrecadaram mais de duzentos milhões de dólares, até sua morte. Ainda
hoje, passados 60 anos daquele fatídico 4 de agosto de 1962, continua
sendo considerada um dos maiores ícones da cultura popular. Como
curiosidade, a estreia deste espetáculo se deu, exatamente, no dia do seu
60º aniversário de morte.
MARILYN passou a maior
parte de sua infância em lares adotivos e num orfanato. Casou-se, pela
primeira vez, aos 16 anos de idade. Nos anos 1940, trabalhou numa
companhia de aviação, que fabricava drones, na Segunda Guerra Mundial,
quando foi descoberta por um fotógrafo da “First Motion Picture Unit” e
iniciou uma carreira como modelo “pin-up”, palavra da
língua inglesa, que designa “uma pessoa bastante atraente, retratada em
um pôster, e, também, o próprio pôster”, daqueles muito encontrados,
por exemplo, em borracharias e afins, voltados a agradar aos homens e a atraí-los
a negócios e vendas. No início dos anos 50, já era uma das estrelas mais
bem-sucedidas de Hollywood. O filme “O Pecado Mora ao Lado”
(“The Seven Year Itch”) (1955) foi um dos maiores
sucessos de bilheteria de sua carreira. MARILYN fundou sua própria empresa
de produção cinematográfica, a “Marilyn Monroe Productions” (MMP).
Buscando aprimorar seu desempenho, como atriz, dedicou-se aos estudos
dos métodos de interpretação no famoso “Actors Studio”,
de Nova Iorque. Depois de seu desempenho ser aclamado, pela crítica,
em “Nunca Fui Santa” (“Bus Stop”) (1956), e de ter
atuado na primeira produção independente da MMP, “The
Prince and the Showgirl” (“O Príncipe e a Dançarina”) (1957),
ganhou o “Globo de Ouro”. de Melhor Atriz, por “Some
Like It Hot” (“Quanto Mais Quente Melhor”) (1959). Seu
último filme completo foi o drama “The Misfits” (“Os Desajustados”) (1961).
A conturbada vida particular de MARILYN MONROE sempre despertou
interesse, principalmente para a imprensa sensacionalista. Durante a carreira,
lutou contra o vício, a depressão e a ansiedade. Além disso, teve dois
casamentos midiáticos - com o jogador de beisebol Joe
DiMaggio e com o dramaturgo Arthur Miller,
ambos terminados em divórcio. A atriz também provocou controvérsia, por
ter sido cogitada como amante do, então, presidente dos Estados Unidos, John
F. Kennedy, apesar de nada ter sido provado. Reza a lenda que também teria
dividido a cama com o ex-Procurador Geral dos Estados Unidos e, também,
senador, Robert (Bobby) F. Kennedy, irmão do presidente
americano, assassinado.
O espetáculo foi idealizado pela atriz
ANNA SANT’ANA, que, desde 2010, vinha se aprofundando, em livros,
filmes e reportagens, sobre a vida da personagem retratada, numa
minuciosa pesquisa, que ganhou uma excelente dramaturgia, de DANIEL
DIAS DA SILVA, com direção da portuguesa ANA ISABEL
AUGUSTO, a qual veio ao Brasil, especialmente, para trabalhar
nesta direção, supervisionada por ROBERTO BOMTEMPO.
SINOPSE:
O espetáculo revisita a vida
de MARILYN MONROE (1926-1962).
Através da história da mítica
estrela do cinema, a peça convida a uma reflexão sobre a
solidão e depressão, temas atuais e urgentes, no mundo
contemporâneo, e sua, cada vez maior, presença na vida da população mundial,
especialmente com o advento da pandemia de COVID-19.
“MARILYN, POR TRÁS DO ESPELHO” investiga uma MARILYN
menos conhecida, para além do “glamour”, muitas vezes, falso e
forçado, que a eternizou. A mulher por trás do espelho, com que muitas mulheres
se identificam. E, curiosamente, podemos estender isso, também, aos homens.
Tirando o desejo de ser mãe, inerente, de forma óbvia, às mulheres,
questões como o medo, a solidão, a luta pelo reconhecimento na
carreira, o abandono, os relacionamentos abusivos e a baixa
autoestima também podem acometer os homens, sendo temas universais,
que se conectam com o público.
Vale a pena dividir, com os que me
leem, um interessante depoimento da diretora, ANA ISABEL AUGUSTO,
sobre o espetáculo, o qual considero bastante pertinente: “O que
me apaixona, neste projeto, é a possibilidade de ver refletidas, em nós, tantas
questões que fizeram parte da vida de um dos maiores ícones da nossa geração.
Com um foco marcado no que significou - e ainda significa - ser mulher. Ser
mulher com as complexidades e sonhos e expectativas que nos atravessam e puxam
em todas as direções, deixando-nos, tantas vezes, com a sensação de frustração
e falha. ‘MARILYN, ATRÁS DO ESPELHO’ é uma viagem ao interior desta personagem criada
por Norma Jean, nos seus maiores momentos de fragilidade. Uma incursão que
obriga a questionar se ser MARILYN não são todas essas escolhas que me deixam a
mim, e a ti, e a todos nós, a fabricar uma persona que não passa de um eco do
que verdadeiramente somos.”.
Faz coro a essas palavras a idealizadora
do projeto e intérprete de MARYLIN, no palco, ANNA
SANT’ANA: “Percebi que, atrás de uma artista tão controversa,
considerada símbolo de ‘glamour’ e sensualidade, havia uma mulher como qualquer
uma de nós, que tinha desejos, medos, frustrações, inseguranças e, principalmente,
uma solidão que a acompanhava.”.
Foi muito feliz DANIEL DIAS DA
SILVA, ao dar forma a um texto teatral, tomando por base a pesquisa
de ANNA SANT’ANA. Geralmente, um monólogo tem a duração de 60
minutos. Via de regra, mais do que isso começa a entediar o espectador
comum, entretanto o solo pode durar mais tempo – no caso, aqui,
são 90 minutos, 1 hora e meia – e fazer com que o espectador fique
ligado, o tempo todo, a quem está em cena. Foi assim que me senti: hipinotizado
por ANNA / MARYLIN, “sem piscar”. Para isso, porém, é
preciso que, antes de tudo, o tema seja bastante interessante, provoque
o interesse dos assistentes, o texto seja bem escrito e dinâmico, o
que, geralmente, dá margem a uma boa direção, e que o/a
intérprete não economize no talento. Tudo isso existe nesta produção,
de excelente qualidade, para o que também contribuem os corretíssimos
trabalhos de outros artistas de criação.
Poder contar, numa ficha técnica,
como o nome de NATÁLIA LANA, assinando a cenografia, é garantia
de muitos elogios. Não importa se o espetáculo pede um cenário de
grande porte ou algo mais “simples”, de pequena proporção, o
talento da artista se adapta a qualquer proposta. Com pouquíssimos elementos
cênicos, NATÁLIA LANA nos encanta apenas com uma cortina, que
salta aos nossos olhos, e mais duas ou três peças, como um canapé –
tipo de sofá -, uma clássica cadeira estofada e um cabideiro, o suficiente para que a atriz possa explorar todo o espaço
cênico, contando, evidentemente, com o trabalho de direção e o de direção
de movimento, ótima proposta de SUELI GUERRA. Não sentimos o tempo
cronológico, de 90 minutos; o dinamismo da peça, resultado de
um conjunto de fatores, deixa-nos com a sensação de que tudo aconteceu muito
rapidamente, e sentimos o desejo de ver mais ações acontecendo, o famoso “gostinho
de quero mais”.
Outros nomes são bastante importantes, nesta produção, como o de RENATO MACHADO, o qual, com bastante simplicidade, assina uma bela luz, utilizando cores exigidas pelas variadas situações que desfilam aos nossos olhos; JOANA SEIBEL, criadora dos vários e belos figurinos usados pela atriz, todos com um foco no aspecto do “sex appeal”, e, também, responsável pela caracterização, a transformação, externa, da atriz na personagem, associada ao trabalho da dupla CAMILA PIO e fERNANDA PIO; ROSE GONÇALVES é a responsável pela preparação vocal de ANNA; e TIBOR FITTEL reuniu, numa ótima trilha sonora, canções e ritmos que marcaram as décadas de 1940 e 1950, principalmente, fazendo com que nos transportemos àquela época.
Quanto a ANNA SANT’ANA, não
preciso de muitas palavras, para dizer que seu trabalho é extremamente
correto, convincente, condizente com seu talento e empenho, na construção
da icônica personagem. Adorei “ver” a MARYLIN a menos
de dois metros de distância, na primeira fila, e me deliciei com o trabalho da atriz.
FICHA TÉCNICA:
Idealização: Anna Sant’Ana
Argumento: Anna Sant’Ana
Dramaturgia: Daniel Dias da Silva
Direção: Ana Isabel Augusto
Assistente de Direção: Letícia Reis
Supervisão de Direção: Roberto
Bomtempo
Atuação: Anna Sant’Ana
Cenografia: Natália Lana
Iluminação: Renato Machado
Figurinos: Joana Seibel
Caracterização: Joana Seibel
Direção de Movimento: Sueli Guerra
Preparação Vocal: Rose Gonçalves
Trilha Sonora: Tibor Fittel
“Design” Gráfico: Carol
Fanjul
Social Mídia: Gabriela Ridolfi
Fotos: Andrea Rocha/ZBR
Filmagem e Edição de Vídeos: Alyrio
Tkaczenko
Visagismo: Camila Pio e Fernanda Pio
Costureiras: Nice Tramontin
Cenotécnico: André Salles e Equipe
Fisioterapeuta: Alessandro Costa
Preparação Física: Gustavo Bassan
Operação de Som: Bruno Jahú
Operação de Luz: Kadu More e Augusto
Faustino
Contrarregra / Camarim: James Simão
Produção Executiva: Maira Cibele e
Bruno Jahú
Direção de Produção: Anna Sant’Ana
Realização: Sesc Rio, Movimento
Carioca e Sant’Ana Produções & Artes
Assessoria de Imprensa: JSPontes
Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
SERVIÇO:
Temporada: De 04 a 28 de agosto de
2022.
Local: Sesc Tijuca - Teatro 02.
Endereço: Rua Barão de Mesquita, nº
539 – Tijuca – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 5ª feira a
sábado, às 19h; aos domingos, às 18h.
Valor dos Ingressos: R$30,00
(inteira), R$15,00 (meia entrada), R$7,50 (credencial plena) e grátis (PCG).
Horário de Funcionamento da
Bilheteria: De 3ª feira a domingo, das 9h às19h.
Classificação Indicativa: 16 anos.
Duração: 80 minutos.
Capacidade: 44 lugares
Gênero: Monólogo Dramático.
Sempre digo que não existe pequeno ou
grande projeto; existe, sim, bom ou mau projeto, bem ou mal executado. “MARYLIN,
ATRÁS DO ESPELHO” é uma montagem de “pequeno porte”,
porém de excelente execução, o que me faz, mais uma vez, recomendá-la
como uma ótima proposta de lazer e, também, de reflexão.
FOTOS: ANDREA ROCHA/ZBR
E VAMOS AO TEATRO,
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OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
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CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
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