sexta-feira, 12 de agosto de 2022

 “MARYLIN,

POR TRÁS

DO ESPELHO”

ou

(ASCENSÃO E QUEDA

DE UM MITO.)

ou

(O QUE O ESPELHO

NÃO REVELA.

 


 



        A crítica a este espetáculo já estava escrita, faltando, apenas, inserir as fotos, quando, por uma imperícia de minha parte, o mais provável, ou uma falha do computador (Eu não consigo ter um bom relacionamento com esta máquina “malbendita”.), perdi tudo o que já havia produzido, durante dois dias de pesquisa e muito trabalho. Não vou conseguir, evidentemente, me lembrar de tudo o que já havia escrito e, consequentemente, não será a mesma coisa, entretanto vou tentar chegar próximo àquilo que, modéstia à parte, achei que estava muito bem escrito.



        As pessoas da minha faixa etária ou com um pouco menos de idade, certamente, poderiam mais se interessar por assistir a um monólogo em que a personagem MARYLIN MONROE se “desnuda”, corajosamente, e reparte, com o público, suas aventuras, seus momentos de glória e todo o sofrimento que marcaram sua breve vida. Por outro lado, gostaria muito de que os mais jovens, depois de ler estes escritos, também fossem ao Teatro 2, do SESC Tijuca, onde o espetáculo está em cartaz, para conhecer um pouco da vida - ascensão e queda - dessa mulher, um dos maiores mitos do cinema universal. Vale muito a pena e, de saída, considerem isso uma sincera recomendação.



        Para não lhes roubar o prazer das surpresas que encontrarão nesta montagem e, também, porque, praticamente, ninguém gosta de “spoilers”, vou me limitar a poucos detalhes sobre a vida e a morte de MARYLIN, e me dedicarei mais, como deve ser, numa crítica teatral, a abordar os elementos técnico-artísticos presentes nesta produção. Antes, porém, digo-lhes que, como de hábito, pesquiso bastante, antes de começar a escrever sobre uma peça e, ao procurar informações sobre a vida da personagem protagonista deste solo, deparei-me com muita coisa, na internet, e confesso que quase me perdi e tive de fazer um esforço hercúleo, para pinçar, apenas, algumas informações, que considerei as mais importantes. A base, mesmo, para esta escrita, foi o material, “release”, que a mim foi enviado por STELLA STEPHANY (JSPONTES COMUNICAÇÃO) e, obviamente, o belo espetáculo que vi ser encenado.



          MARYLIN MONROE era o nome artístico de Norma Jeane Morteson, nascida em Los Angeles, Estados Unidos, em 1926, e falecida na mesma cidade, em 1962. Brilhou, mas também sofreu muito, por apenas 36 anos. Foi encontrada morta, pelo seu psiquiatra, avisado pela empregada, Eunice, muitas vezes citada no texto da peça, e a causa da morte foi intoxicação por barbitúricos, uma “overdose”.



     Além de atriz, numa carreira que durou uma década, MARYLIN também foi modelo e cantora. É considerada um dos maiores símbolos sexuais do século XX, imortalizada pelos cabelos loiros e suas “formas voluptuosas”, com destaque para os seios. Em pouco tempo de vida artística, seus filmes arrecadaram mais de duzentos milhões de dólares, até sua morte. Ainda hoje, passados 60 anos daquele fatídico 4 de agosto de 1962, continua sendo considerada um dos maiores ícones da cultura popular. Como curiosidade, a estreia deste espetáculo se deu, exatamente, no dia do seu 60º aniversário de morte.



   MARILYN passou a maior parte de sua infância em lares adotivos e num orfanato. Casou-se, pela primeira vez, aos 16 anos de idade. Nos anos 1940, trabalhou numa companhia de aviação, que fabricava drones, na Segunda Guerra Mundial, quando foi descoberta por um fotógrafo da “First Motion Picture Unit” e iniciou uma carreira como modelo “pin-up”, palavra da língua inglesa, que designa “uma pessoa bastante atraente, retratada em um pôster, e, também, o próprio pôster”, daqueles muito encontrados, por exemplo, em borracharias e afins, voltados a agradar aos homens e a atraí-los a negócios e vendas. No início dos anos 50, já era uma das estrelas mais bem-sucedidas de Hollywood. O filme “O Pecado Mora ao Lado” (“The Seven Year Itch”) (1955) foi um dos maiores sucessos de bilheteria de sua carreira. MARILYN fundou sua própria empresa de produção cinematográfica, a “Marilyn Monroe Productions” (MMP). Buscando aprimorar seu desempenho, como atriz, dedicou-se aos estudos dos métodos de interpretação no famoso “Actors Studio”, de Nova Iorque. Depois de seu desempenho ser aclamado, pela crítica, em “Nunca Fui Santa” (“Bus Stop”) (1956), e de ter atuado na primeira produção independente da MMP“The Prince and the Showgirl” (“O Príncipe e a Dançarina”) (1957), ganhou o “Globo de Ouro”. de Melhor Atriz, por “Some Like It Hot” (“Quanto Mais Quente Melhor”) (1959). Seu último filme completo foi o drama “The Misfits” (“Os Desajustados”) (1961).





 A conturbada vida particular de MARILYN MONROE sempre despertou interesse, principalmente para a imprensa sensacionalista. Durante a carreira, lutou contra o vício, a depressão e a ansiedade. Além disso, teve dois casamentos midiáticos - com o jogador de beisebol Joe DiMaggio e com o dramaturgo Arthur Miller, ambos terminados em divórcio. A atriz também provocou controvérsia, por ter sido cogitada como amante do, então, presidente dos Estados UnidosJohn F. Kennedy, apesar de nada ter sido provado. Reza a lenda que também teria dividido a cama com o ex-Procurador Geral dos Estados Unidos e, também, senador, Robert (Bobby) F. Kennedy, irmão do presidente americano, assassinado.



        O espetáculo foi idealizado pela atriz ANNA SANT’ANA, que, desde 2010, vinha se aprofundando, em livros, filmes e reportagens, sobre a vida da personagem retratada, numa minuciosa pesquisa, que ganhou uma excelente dramaturgia, de DANIEL DIAS DA SILVA, com direção da portuguesa ANA ISABEL AUGUSTO, a qual veio ao Brasil, especialmente, para trabalhar nesta direção, supervisionada por ROBERTO BOMTEMPO.




 



SINOPSE:

O espetáculo revisita a vida de MARILYN MONROE (1926-1962).

Através da história da mítica estrela do cinema, a peça convida a uma reflexão sobre a solidão e depressão, temas atuais e urgentes, no mundo contemporâneo, e sua, cada vez maior, presença na vida da população mundial, especialmente com o advento da pandemia de COVID-19.

 

 


 


   “MARILYN, POR TRÁS DO ESPELHO” investiga uma MARILYN menos conhecida, para além do “glamour”, muitas vezes, falso e forçado, que a eternizou. A mulher por trás do espelho, com que muitas mulheres se identificam. E, curiosamente, podemos estender isso, também, aos homens. Tirando o desejo de ser mãe, inerente, de forma óbvia, às mulheres, questões como o medo, a solidão, a luta pelo reconhecimento na carreira, o abandono, os relacionamentos abusivos e a baixa autoestima também podem acometer os homens, sendo temas universais, que se conectam com o público.



  Vale a pena dividir, com os que me leem, um interessante depoimento da diretora, ANA ISABEL AUGUSTO, sobre o espetáculo, o qual considero bastante pertinente: “O que me apaixona, neste projeto, é a possibilidade de ver refletidas, em nós, tantas questões que fizeram parte da vida de um dos maiores ícones da nossa geração. Com um foco marcado no que significou - e ainda significa - ser mulher. Ser mulher com as complexidades e sonhos e expectativas que nos atravessam e puxam em todas as direções, deixando-nos, tantas vezes, com a sensação de frustração e falha. ‘MARILYN, ATRÁS DO ESPELHO’ é uma viagem ao interior desta personagem criada por Norma Jean, nos seus maiores momentos de fragilidade. Uma incursão que obriga a questionar se ser MARILYN não são todas essas escolhas que me deixam a mim, e a ti, e a todos nós, a fabricar uma persona que não passa de um eco do que verdadeiramente somos.”.



  Faz coro a essas palavras a idealizadora do projeto e intérprete de MARYLIN, no palco, ANNA SANT’ANA: “Percebi que, atrás de uma artista tão controversa, considerada símbolo de ‘glamour’ e sensualidade, havia uma mulher como qualquer uma de nós, que tinha desejos, medos, frustrações, inseguranças e, principalmente, uma solidão que a acompanhava.”.



   Foi muito feliz DANIEL DIAS DA SILVA, ao dar forma a um texto teatral, tomando por base a pesquisa de ANNA SANT’ANA. Geralmente, um monólogo tem a duração de 60 minutos. Via de regra, mais do que isso começa a entediar o espectador comum, entretanto o solo pode durar mais tempo – no caso, aqui, são 90 minutos, 1 hora e meia – e fazer com que o espectador fique ligado, o tempo todo, a quem está em cena. Foi assim que me senti: hipinotizado por ANNA / MARYLIN, “sem piscar”. Para isso, porém, é preciso que, antes de tudo, o tema seja bastante interessante, provoque o interesse dos assistentes, o texto seja bem escrito e dinâmico, o que, geralmente, dá margem a uma boa direção, e que o/a intérprete não economize no talento. Tudo isso existe nesta produção, de excelente qualidade, para o que também contribuem os corretíssimos trabalhos de outros artistas de criação.



  Poder contar, numa ficha técnica, como o nome de NATÁLIA LANA, assinando a cenografia, é garantia de muitos elogios. Não importa se o espetáculo pede um cenário de grande porte ou algo mais “simples”, de pequena proporção, o talento da artista se adapta a qualquer proposta. Com pouquíssimos elementos cênicos, NATÁLIA LANA nos encanta apenas com uma cortina, que salta aos nossos olhos, e mais duas ou três peças, como um canapé – tipo de sofá -, uma clássica cadeira estofada e um cabideiro, o suficiente para que a atriz possa explorar todo o espaço cênico, contando, evidentemente, com o trabalho de direção e o de direção de movimento, ótima proposta de SUELI GUERRA. Não sentimos o tempo cronológico, de 90 minutos; o dinamismo da peça, resultado de um conjunto de fatores, deixa-nos com a sensação de que tudo aconteceu muito rapidamente, e sentimos o desejo de ver mais ações acontecendo, o famoso “gostinho de quero mais”.



   Outros nomes são bastante importantes, nesta produção, como o de RENATO MACHADO, o qual, com bastante simplicidade, assina uma bela luz, utilizando cores exigidas pelas variadas situações que desfilam aos nossos olhos; JOANA SEIBEL, criadora dos vários e belos figurinos usados pela atriz, todos com um foco no aspecto do “sex appeal”, e, também, responsável pela caracterização, a transformação, externa, da atriz na personagem, associada ao trabalho da dupla CAMILA PIO e fERNANDA PIO; ROSE GONÇALVES é a responsável pela preparação vocal de ANNA; e TIBOR FITTEL reuniu, numa ótima trilha sonora, canções e ritmos que marcaram as décadas de 1940 e 1950, principalmente, fazendo com que nos transportemos àquela época.



   Quanto a ANNA SANT’ANA, não preciso de muitas palavras, para dizer que seu trabalho é extremamente correto, convincente, condizente com seu talento e empenho, na construção da icônica personagem. Adorei “ver” a MARYLIN a menos de dois metros de distância, na primeira fila, e me deliciei com o trabalho da atriz.

 

 




FICHA TÉCNICA:

Idealização: Anna Sant’Ana

Argumento: Anna Sant’Ana

Dramaturgia: Daniel Dias da Silva  

Direção: Ana Isabel Augusto

Assistente de Direção: Letícia Reis

Supervisão de Direção: Roberto Bomtempo 

 

Atuação: Anna Sant’Ana

 

Cenografia: Natália Lana

Iluminação: Renato Machado

Figurinos: Joana Seibel

Caracterização: Joana Seibel

Direção de Movimento: Sueli Guerra

Preparação Vocal: Rose Gonçalves

Trilha Sonora: Tibor Fittel

“Design” Gráfico: Carol Fanjul

Social Mídia: Gabriela Ridolfi

Fotos: Andrea Rocha/ZBR

Filmagem e Edição de Vídeos: Alyrio Tkaczenko

Visagismo: Camila Pio e Fernanda Pio

Costureiras: Nice Tramontin

Cenotécnico: André Salles e Equipe

Fisioterapeuta: Alessandro Costa

Preparação Física: Gustavo Bassan

Operação de Som: Bruno Jahú

Operação de Luz: Kadu More e Augusto Faustino

Contrarregra / Camarim: James Simão

Produção Executiva: Maira Cibele e Bruno Jahú 

Direção de Produção: Anna Sant’Ana

Realização: Sesc Rio, Movimento Carioca e Sant’Ana Produções & Artes

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

 

 


 




 

SERVIÇO:

Temporada: De 04 a 28 de agosto de 2022.

Local: Sesc Tijuca - Teatro 02.

Endereço: Rua Barão de Mesquita, nº 539 – Tijuca – Rio de Janeiro.

Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 19h; aos domingos, às 18h.

Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia entrada), R$7,50 (credencial plena) e grátis (PCG).

Horário de Funcionamento da Bilheteria: De 3ª feira a domingo, das 9h às19h.

Classificação Indicativa: 16 anos.

Duração: 80 minutos.

Capacidade: 44 lugares

Gênero: Monólogo Dramático.

 

 




 


   Sempre digo que não existe pequeno ou grande projeto; existe, sim, bom ou mau projeto, bem ou mal executado. “MARYLIN, ATRÁS DO ESPELHO” é uma montagem de “pequeno porte”, porém de excelente execução, o que me faz, mais uma vez, recomendá-la como uma ótima proposta de lazer e, também, de reflexão.

 

 




Marylin Monroe
(Foto: Autor desconhecido.)





Marylin Monroe
(Foto: Autor desconhecido.)

 


FOTOS: ANDREA ROCHA/ZBR

 

 

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