quarta-feira, 18 de maio de 2022

 

“VIAGEM

AO CENTRO

DA TERRA”

ou

(VIAGEM AO

CENTRO DE NÓS.)


 


      O CCBB – Rio de Janeiro vem prestando uma justa homenagem ao grande escritor JÚLIO VERNE, na forma de exibição de uma trilogia teatral, chamada “Viagens Extraordinárias”, com peças infantojuvenis, encenadas pela excelente CIA. SOLAS DE VENTO, de São Paulo.




    A primeira das três, “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, uma OBRRA-PRIMA, já cumpriu sua temporada e, no momento, está em cartaz, no Teatro II, a segunda da tríade, que consegue, a meu juízo, ser, ainda, melhor que a primeira, a qual tanto me encantou e que deu origem a uma crítica, cujo “link” aqui está, para quem quiser conhecer um pouco daquele espetáculo: http://oteatromerepresenta.blogspot.com/2022/04/a-volta-ao-mundo-em-80-dias-ou.html .



     As três montagens teatrais convidam o público infantojuvenil e os adultos, também, a embarcarem, juntos, no universo fantástico de JÚLIO VERNE e, também juntos, imergirem em uma cenografia fantástica, que mistura vertentes das artes cênicas e da tecnologia.




 

SINOPSE:

A divertida trama de “VIAGEM AO CENTRO DA TERRA” se passa em 1863 e apresenta o jovem AXEL (RICARDO RODRIGUES) e seu tio OTTO LINDENBROCK (BRUNO RUDOLF), um geólogo, professor, apaixonado pelos mistérios do planeta, que, juntos descobrem um caminho que os levará até o centro da Terra.

Apesar do medo, AXEL é promovido a assistente do pesquisador e acompanha seu tio nessa aventura. 

A dupla é auxiliada por HANS (ANDRÉ SCHULLE), um engraçado guia islandês, que os protege dos perigos do mundo subterrâneo.

Tempestades, florestas, dinossauros, erupções e outros obstáculos fazem parte dos desafios e descobertas que transformarão, para sempre, a vida destes aventureiros.

Desejoso de também atingir o feito, já anteriormente realizado por outrem, o de descer ao centro da Terra, OTTO LIDENBROCK descobre que quem desce a cratera do vulcão Sneffels, situado na Islândia, antes do início de julho, consegue chegar àquele ponto do planeta.

Assim ele e seu sobrinho AXEL, um jovem órfão, que mora com ele e mantém um romance com sua afilhada, GRAÜBEN (BRUNO RUDOLF), partiram para a Islândia, com o intuito de penetrar no interior da crosta terrestre.

Depois da chegada à Islândia, o Professor LIDENBROCK contratou um caçador de gansos islandês, HANS BJELKE, para servir-lhes de guia, até o vulcão, e de ajudante, na sua longa jornada no interior da Terra.

Já abaixo da superfície terrestre, os três homens desceram corredores e galerias, passando por vários obstáculos e empecilhos, como, por exemplo, falta de água, falta de comida, a perda de AXEL, entre outros, até que chegaram a uma galeria de dimensões colossais, que continha, no seu interior um oceano, ilhas, nuvens e, até mesmo, luz, gerada por um fenômeno elétrico desconhecido.

Para além destas características, ainda possuía outra mais chocante: existia vida naquele mundo paralelo ao mundo superficial, vida que, na superfície, era considerada já extinta, há muitos milhares de anos, que ia desde dinossauros ao homem das cavernas.

Tudo isto a milhares de metros de profundidade, os três exploradores tiveram de construir uma jangada, para viajar naquele oceano, que parecia não ter fim.

Nele, encontraram vários tipos de animais, que nunca tinham visto anteriormente. Resistiram a uma tempestade, de vários dias, que os levou à margem oposta do oceano, onde encontraram a passagem para o centro da Terra, mas estava bloqueada por um desabamento de terras recente.

Foi colocada, então, pólvora, em torno da passagem, e foi explodido o obstáculo, mas essa explosão foi de tal ordem, que fez com que a jangada onde os três estavam fosse puxada para uma chaminé de um vulcão, onde, em consequência de uma erupção, foram expelidos para a superfície terrestre.

Quando estabeleceram contato com os habitantes locais, descobriram que tinham saído no vulcão Stromboli, localizado a norte da Sicília.

Ou seja, percorreram mais de cinco mil quilômetros nesse mundo paralelo e doentio.


 



           A peça, marcada por intenso dinamismo, uma das melhores maneiras de se conseguir a atenção do público infantojuvenil, se propõe a contar, da forma mais criativa possível, uma espetacular aventura, repleta de descobertas fantásticas, convidando o público a exercitar a imaginação e embarcar naquela viagem, acompanhando os três aventureiros. Propõe-se e consegue, com a maior facilidade, porém à custa de muito trabalho e talento de quem está em cena e nos bastidores.




             Por me faltar tempo, para, também, ir com eles ao “centro da Terra”, serei obrigado a procurar uma passagem que me leve, apenas, a uma pequena profundidade, entretanto, mesmo dessa forma, procurarei analisar os elementos que entram nesta excepcional montagem, uma adaptação do livro homônimo de JÚLIO VERNE (“Voyage au Centre de la Terre), de ficção científica, lançado em 1864 e considerado como um dos clássicos do gênero. No original, a obra conduz o leitor a uma emocionante aventura, narrada em primeira pessoa, por AXEL. O livro é um exemplo de como um escritor pode transitar pelo real e pelo ficcional, de forma muito bem estruturada, e, com isso, deixar solto, no ar, ideias, para o leitor pensar no que pode acontecer na realidade.



      Ao fazer a adaptação da consagrada obra para o TEATRO, ou seja, a dramaturgia, seus responsáveis, BOBBY BAQ, em colaboração com o diretor e o elenco, tiveram a preocupação de que isso se mantivesse, talvez até em dose maior, o que leva a plateia do Teatro, completamente lotado, a um frenesi só, não apenas por parte dos pequenos, como também pelos adultos. Já vi, muitas vezes, por força de algo parecido, adultos se manifestarem como os pequenos, em plateias de espetáculos infantojuvenis, libertando a criança neles adormecida, porém, como neste espetáculo, nunca vi coisa igual. A participação, a interatividade plateia/palco atingiu um nível total, contagiante, esbanjando emoção. Fiquei, absurdamente, impressionado com o que vi. Creio que nem os atores esperavam tanto do brilhante resultado de seus trabalhos.



        Para a adaptação teatral, alguns personagens da história original foram deixados de lado, permanecendo, apenas os três já citados e GRAÜBEN, como já disse, a jovem paixão de AXEL e afilhada do professor LIDENBTOCK.



        Como na primeira peça da trilogia, “os atores utilizam técnicas acrobáticas, teatro físico e manipulação de objetos e bonecos. Há, também, o uso de recursos de vídeo-projeção, ao vivo, para captar e projetar, no fundo do palco, formas e ações criadas pelos atores e por autômatos, que compõem os cenários dessa aventura. São 5 câmeras, espalhadas pelo palco, que trazem perspectivas e dimensões fantásticas aos episódios dessa história. A combinação dos elementos visuais, somada à manipulação de peças de madeira, proporciona uma transformação constante do espaço cênico, compondo transportes, cavernas e outras surpresas, que convidam o público a desbravar um mundo intraterrestre, repleto de perigos, emoções e aventuras”. Esses mesmos recursos foram aplicados, de forma surpreendente, ímpar, na montagem anterior, repito, e o resultado é magnífico. A tecnologia a serviço do TEATRO



          Parece-me que, quando um espetáculo, para mim, atinge a classificação de OBRA-PRIMA, torna-se muito mais difícil escrever sobre ele, uma vez que precisaria de dezenas de adjetivos diferentes, para qualificar cada um dos elementos da montagem. Sendo assim, vou tentar me utilizar de poucas palavras e concentrar nelas tudo de encantador que esta encenação representou para mim.



             Com relação ao texto, nada a acrescentar, além de que os que se propuseram a transpor, para as tábuas, uma história narrativa acertaram, em cheio, na adaptação, em forma de diálogos. Texto leve, engraçado, com piadas, por vezes, até meio ingênuas, como a de alguns palhaços num picadeiro. Adoro isso.



          A idealização do projeto, por parte da CIA. SOLAS DE VENTO, é merecedora de muitos aplausos e premiações. Gostaria de que viessem, muito mais vezes, ao Rio de Janeiro, mas já estou feliz, no aguardo da terceira peça, que estreará no dia 4 de junho próximo (2022), “20.000 Léguas Submarinas”, sobre a qual já ouvi os maiores elogios.



        Estão de parabéns os donos das cabeças criadoras do espetáculo, cinco mentes férteis e vibrantes, de gente muito competente e de grande sensibilidade: ANDRÉ SCHULLE, BOBBY BAQ, BRUNO RUDOLF, ERIC NOWINSKI e RICARDO RODRIGUES.



           Nem saberia encontrar um adjetivo, novo e diferente, para atribuir a ERIC NOWINSKI, responsável pela direção da peça. Haja inteligência, criatividade e bom gosto, para bolar tantas soluções e ideias, a fim de conseguir os efeitos mais mirabolantes, pouquíssimas vezes presentes numa montagem teatral, principalmente dentro do nicho TEATRO INFANTOJUVENIL, abusando da tecnologia, de pouca sofisticação, mas de bastante inventividade, a fimn de atingir os efeitos que são vistos em cena. Trabalho de um mestre!!!



       O elenco é de um talento incomensurável. ANDRÉ SCHULLE, BRUNO RUDOLF e RICARDO RODRIGUES, todos com formação circense, além de excelentes atores, têm uma capacidade de interagir com o público, que extrapola o que possa ser considerado “normal”, nesse sentido. Os três apresentam um excelente trabalho de interpretação, explorando, por inteiro, o corpo e a voz. São atores completos e viscerais, que demonstram uma entrega total no exercício do ofício que abraçaram. Não poderia destacar nenhum dos três, pois incorreria em, no mínimo, fugir à verdade – um eufemismo sempre cai bem -, visto que todos mereciam premiações, em qualquer prêmio de TEATRO que abarcasse a categoria TEATRO INFANTOJUVENIL, o que, infelizmente, é muito raro neste país, que pouca importância reserva a esse gênero teatral.



            No que diz respeito aos demais elementos que concorrem para uma boa montagem teatral, falando dos chamados “artistas de criação”, cada um deles trouxe, para este espetáculo, o melhor de si, representados pela direção de arte, incluindo os figurinos (ISABEL TELES), o desenho de luz (ROSELI MARTTINELY), a trilha sonora original (ANDRÉ VAC), a cenografia (CIA. SOLAS DE VENTO e LUANA ALVES), objetos de cena (NONON CREATURAS), eletrônica de adereços (MARCEL ALANI GILBER) e preparação vocal e corporal (BEATRIZ MENTONE). Para não gastar muito tempo, em função de tanto trabalho que tenho, à frente, para dar conta, pensei em selecionar apenas alguns desses, para lhes direcionar um foco maior, porém não encontrei um meio de fazer isso.



        A direção de arte, incluindo os figurinos, é um primor; tudo, impecavelmente, necessário e de ótimo acabamento. O desenho de luz nos presenteia com algumas surpresas agradabilíssimas. A trilha sonora é, incrivelmente, perfeita, apresentando, além de canções, um festival de sonoplastia, que funciona, sincronicamente, de acordo com algumas ações e movimentos dos atores, sem nenhuma falha, o que muito me impressionou. Quanto à cenografia, talvez fosse ela a “cereja do bolo”, dentro do campo de que estamos tratando, por ser tão inventiva, quanto simples, inovadora e funcional, ganhando o maior destaque algumas peças de madeira, as quais se prestam, quando encaixadas umas às outras, à construção de meios de transportes e outros fins. Os objetos de cena nos surpreendem por suas belas confecções. A eletrônica de adereços dá margem a efeitos especiais que chamam muito a nossa atenção. A preparação vocal e corporal, sobremaneira, permite condições especiais, ao trio de atores, na construção dos personagens. Como numa seleção de futebol que representa qualquer país, para esta montagem, só foram convocados aqueles que são grandes “craques”, a “nata dos profissionais de TEATRO”  

       

   


 

 

FICHA TÉCNICA: 

Idealização: Cia. Solas De Vento

Criação: André Schulle, Bobby Baq, Bruno Rudolf, Eric Nowinski e Ricardo Rodrigues

Dramaturgia: Bobby Baq (em colaboração com o diretor e o elenco)

Direção: Eric Nowinski

 

Elenco: André Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues

Direção de Arte: Isabela Teles
Desenho de Luz: Roseli Marttinely e Eric Nowinski
Trilha Original: André Vac
Cenografia: Cia. Solas De Vento e Luana Alves
Figurinos: Isabela Teles
Objetos de Cena: Nonon Creaturas
Eletrônica de Adereços: Marcel Alani Gilber

Preparação Vocal e Corporal: Beatriz Mentone

Assessoria de Imprensa: Ney Motta

Fotos de Divulgação: Mariana Chama

Operação de Luz: Marcel Alani Gilber

Operação de Som: Luana Alves

Operação de Video: Bobby Baq

Produção de Arte: Sandra Miyazawa

Realização: Cia Solas de Vento


 

 

 


 

  

SERVIÇO:

Temporada: de 07 a 29 de maio de 2022.

Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro II.

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66, Centro - Rio de Janeiro.

Informações: Telefone: (21)3808-2020.

Dias e Horários: sábados e domingos, às 16h.

Indicado para maiores de 5 anos.

Duração: 70 minutos.

Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada), à venda na bilheteria do CCBB ou, antecipadamente, pelo site https://www.eventim.com.br/artist/viagensextraordinarias-ccbbrj/

 

SESSÕES COM LIBRAS: No dia 28/05, a apresentação será com intérprete de Libras.

 

O Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro funciona, de 2ª feira a sábado (NÃO ABRE ÀS 3ªs FEIRAS.), das 9h às 21h, e, no domingo, das 9h às 20h.

Não é necessária a retirada de ingresso para acessar o prédio.

Os ingressos para os eventos podem ser retirados, previamente, no site eventim.com.br ou, presencialmente, na bilheteria do CCBB.

Gênero: Teatro Infantojuvenil.





 

            O espetáculo “VIAGEM AO CENTRO DA TERRA” foi criado, e estreou, em 2015, tendo recebido indicações a prêmios, em São Paulo, vencendo em algumas categorias. Trata-se de uma “história de superação e coragem, uma viagem intrigante, divertida e quase existencial, já que o mundo subterrâneo sempre foi pleno de mistérios para os homens”, como consta no “release” que me foi enviado por NEY MOTTA (Assessoria de Imprensa).



        Quem assistiu à primeira peça da trilogia, como eu, com certeza, também o fez agora e já aguarda a próxima e, infelizmente, a última.



        Eu recomendei, com muito empenho a primeira, recomendo, mais ainda, esta “VIAGEM AO CENTRO DA TERRA” e já me preparo, para assistir à terceira e recomendá-la também.






 

FOTOS: MARIANA CHAMA

 

  

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