terça-feira, 17 de maio de 2022

                       “A HISTÓRIA

É UMA ISTÓRIA”

ou

(MILLÔR

SENDO MILLÔR.)

ou

(“O HOMEM É

O ÚNICO ANIMAL

QUE RI.”)


 

 

       Sempre é meu desejo escrever sobre todas as peças a que assisto e das quais gosto (Se não me agradam, se não me dizem nada, ignoro-as apenas, com muita tristeza.), porém vivo numa luta constante contra o tempo. Esta peça, da qual gostei bastante, não estava programada para merecer uma crítica, por total falta de tempo. Se meu dia tivesse 48 horas... Mas o que posso fazer? Ficar me culpando, por não ter escrito sobre ela? Isso nunca! Durmo menos, trabalho mais, mas o prazer de poder escrever tudo de bom que o espetáculo me proporcionou supera e compensa tudo. Ainda mais quando se trata de escrever sobre uma COMÉDIA, gênero tão desacreditado, desprestigiado, no Brasil, e, geralmente, com textos de mau gosto, sem a menor graça, ou apelativos, e, pior, ainda, quando são mal montados. Uma BOA COMÉDIA, como esta é um “oásis no deserto”.



       Será uma análise que foge ao meu padrão, de dar um “mergulho abissal”, com toda a parafernália que esse tipo de “mergulho” requer, mas procurarei traduzir, em palavras, os motivos que me levaram a me sacrificar, em termos de tempo e de vida pessoal, para dar forma a esta crítica.




    Fui ao Teatro 2, do SESC Tijuca, para assistir, a convite de MARIO CAMELO (PRISMA ASSESSORIA DE IMPRENSA), a uma COMÉDIA do velho e bom MILLÔR FERNANDES, um de seus textos clássicos e bastante encenado, desde a primeira vez, em 1976, “A HISTÓRIA É UMA ISTÓRIA”, que, de saída, já recomendo.



  

SINOPSE:

“A HISTÓRIA É UMA ISTÓRIA” aborda a evolução do homem, de forma crítica e reflexiva, com a derrubada dos mitos, questionando os ídolos e ridicularizando os “grandes” feitos da humanidade, contados pela ótica dos excluídos, explorados e derrotados.

MILLÔR FERNANDES faz isso com muito sarcasmo e acidez, mantendo, sempre, o velho e bom humor, instigante e inteligente.

O poder de atração do espetáculo tem sua maior força no encontro com o espectador, diante do reconhecimento de seu próprio processo histórico.

Esta montagem se propõe a trabalhar a partir de um texto narrativo e de conteúdo político-filosófico e trata de temas atuais, como corrupção e exploração do sexo, tudo com muito sarcasmo e ironia, alimentados pelo impagável humor milloriano.

A peça, ao contrário do que muitos podem pensar, é uma ode à humanidade e suas pequenezas!

É uma vontade enorme de refletir sobre o homem!

 



     O Homem tende a acreditar em todos os fatos relatados pelos historiadores, porém muitos o fazem de forma meio cética, uma vez que quem escreve a História não estava presente, na hora em que o fato histórico se deu. E, como “quem conta um conto aumenta um ponto”, nunca se pode ter a certeza da veracidade daqueles fatos. Isso é bem diferente – que fique bem claro - de não acreditar na CIÊNCIA, aquilo que pode, e é, provado. Chega de negacionistas estúpidos; aliás uma redundância!!!




   Sobre este seu tão festejado texto, uma COMÉDIA muito inteligente, como tudo o que ele escrevia, e seus pensamentos, construída em cima de fatos históricos e colocando em questão a posição do homem na sociedade, MILLÔR, falecido em 2012, dizia que se trata de “um pequeno apanhado de ideias, razoavelmente, idiotas, ou, relativamente, tolas, que se foram formando em mim, em volta de mim, acima de mim, e por aí afora, nestes últimos quatro ou cinco mil anos”.




     Fato é que tudo o que MILLÔR escreveu, principalmente este texto, com algumas adaptações, abarcando as mazelas do momento que estamos vivendo no Brasil, numa “nau sem rumo”, nas mãos do pior indivíduo da face da Terra que poderia comandar tal embarcação, nunca perde a sua contemporaneidade. Quem assina esta nova montagem é o competente e premiado diretor ERNESTO PICCOLO, que contou com KATTIA HEIN, como sua assistente direção.




Diz o “release”, que CAMELO me enviou, que “a comédia ‘histórico-histérica’ traz, ao palco, de forma descontraída e cheia de ironia, uma linha do tempo, que começa na pré-história e segue até os dias atuais, abordando a evolução do homem, de forma crítica e reflexiva”. É, exatamente, isso, o que vemos no aconchegante e intimista espaço do Teatro II, do SESC Tijuca. E, para ressaltar a contemporaneidade do texto, PICCOLO, o nosso querido NECO, afirma: “Um espetáculo feérico, como propôs o mestre MILLÔR FERNANDES. Uma retrospectiva da história, cheia de humor e aventuras, num ritmo alucinante. Um deleite que não perde a força nem a atualidade”. Não há como não concordar com o diretor. No que ele chama de “ritmo alucinante”, então, com a maior certeza, já que o trio de atores é exigido, fisicamente, ao extremo, movimentando-se freneticamente, terminando cada sessão “aos cacos”, mas felizes, pelo excelente trabalho executado.




        É completamente desnecessário falar mais qualquer coisa sobre a delícia de texto, que arranca gargalhadas do público durante todo o espetáculo. Novidade alguma: COMÉDIA boa é para isso mesmo: texto, direção e elenco afinadíssimos. Melhor, então, é passar a falar da direção, da forma mais “enxuta” possível. Além da imensa inventividade do diretor, fruto de uma mente muito fértil e aberta, capaz de "tirar, da manga ou da cartola", soluções simples e muito interessantes, para cada momento histórico, merece um crédito especial o trabalho do elenco. NECO propôs uma maneira vertiginosa mesmo, de forma bem proposital, para contar a história da Humanidade, sintetizada em 60 minutos, e isso requer um dinamismo e um preparo físico de atletas, para BRUNO AHMED, BRUZO SUZANO e PAULA BARROS.




    O trio de atores tem um desempenho excelente e bastante nivelado, por cima, demonstrando grande entrosamento, merecendo um louvor maior o ator BRUNO SUZANO, o qual, ficamos sabendo, após a sessão, ensaiou o espetáculo em apenas três semanas, enquanto seus colegas de cena já vinham trabalhando no projeto há bastante tempo. É bom que se diga que o texto é longo e só funciona como um “jogo de pingue-pongue”, no qual “um saca e outro defende”, ou como num jogo de futebol, em que a jogada vai sendo construída, dos pés de um jogador aos de outro, até a bola “morar no ninho da coruja”. Gostei muito mesmo do trio. Eu só conhecia o trabalho de BRUNO SUZANO, se a memória não me falha, mas, de agora em diante, topo, com muito gosto, rever qualquer um dos três, em outras produções.




      Como estamos vivendo “tempos bicudos” e como, dinheiro, para se fazer TEATRO, sempre “não existe”, se ficarmos na dependência do poder público, em detrimento de fortunas roubadas, desviadas dos cofres públicos e do que deveria ser gasto em prol da população, ou aplicada indevidamente, em outros projetos, que rendem votos, a montagem é bem modesta, mas, nem por isso, não deixa de ser muito interessante.




     O cenário, de DIOGO VENTURIERI, se resume a cabides, onde estão pendurados acessórios que ajudarão a caracterizar os personagens históricos evidenciados, três baús, dentro dos quaais também estão acondicionados outros objetos de cena, e três banquinhos.





      Os atores vestem peças básicas, quase uma “roupa de baixo” e vão acrescentando, a elas, os detalhes, acessórios, que cada personagem exige, em sua composição. Por várias vezes, algo tão simples, adereços de carnaval, comprados na “Casa Turuna” ("Dá um Google", se não entender.). É tudo muito criativo, descomplicado, entendível, transparente e facilmente identificável; de bom gosto, contudo. MARCELA TREIGER é a responsável pelos figurinos.




     GABRIEL PRIETO não criou uma luz sofisticada, porque a peça a dispensa. Ele foi parcimonioso e preciso, como se fazia necessário ser, no seu desenho de luz, que funciona perfeita e adequadamente.




   A peça exige, para contribuir com o seu dinamismo, uma sonoplastia, que reúne trechos de canções a muitos e diversos sons, o que contribui bastante, no reforço ao humor. O responsável por isso é CYRANO DALES, que também assina a direção musical.




   Um profissional da maior importância, nesta montagem, é ANTÔNIO NEGREIROS, responsável por tudo o que se movimenta em cena, ou seja, os atores, aplicando o seu talento numa excelente direção de movimento.



       



FICHA TÉCNICA:

 

Texto: Millôr Fernandes

Direção: Ernesto Piccolo

Assistência de Direção: Kattia Hein 

Direção de Movimento: Antônio Negreiros

 

Elenco (por ordem alfabética): Bruno Ahmed, Bruno Suzano e Paula Barros

 

Cenografia: Diogo Venturieri
Figurinos: Marcela Treiger 

Iluminação: Gabriel Prieto

Diretor Musical e Sonoplastia: Cyrano Sales

Direção de Produção: Bruno Ahmed e Paula Barros

Produção Executiva: Ricardo Fernandes

Assistente de Produção: Paula Trovão e Aline Monteiro

“Design”: Igor Ribeiro

Fotografia: Delmiro Júnior e Victor Senra 

Idealização: Bruno Ahmed e Paula Barros

Realização: B&A Empreendimentos e Cultura

 

 




SERVIÇO:


Temporada: de 05 a 29 de maio de 2022.

Local: Teatro II - Sesc Tijuca.

Endereço: Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca - Rio de Janeiro.

Telefone: (21)4020-2101.

Dias e Horários: de quinta-feira a sábado, às 19h; domingo, às 18h.

Bilheteria - Horário de Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 9h às 19h.

Valores dos Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia entrada), R$7,50 (Credencial Plena) e Grátis (PCG).

Duração: 60 minutos.

Capacidade: 44 lugares.

Indicação Etária: 16 anos.

Gênero: COMÉDIA.

 

 




       Sou um dos maiores entusiastas, incentivadores e admiradores da COMÉDIA, porque ainda acredito que “rir é o melhor remédio”, principalmente quando aprendemos a rir de nós mesmos. A COMÉDIA, como já repeti, várias vezes, é um gênero teatral de extrema complexidade, para poder funcionar, seja para quem escreve, dirige ou interpreta. Nada mais terrível do que estar sentado numa plateia, assistindo a algo que se propunha a ser uma COMÉDIA, porém não tem a menor graça; não critica, não propõe reflexões nem evidencia nossos defeitos. Por outro lado, nada mais gostoso do que assistir a uma boa COMÉDIA, exatamente o contrário do que acabei de dizer, o que encontramos, à farta, na peça aqui analisada.


Paula Barros.

Bruno Ahmed

Bruno Suzano.


        Prestigiem o trabalho dessa equipe e boas gargalhadas para todos!




FOTOS: 

DELMIRO JÚNIOR 

e

VICTOR SENRA

 

E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

COMPARTILHEM ESTE TEXTO,

PARA QUE, JUNTOS,

POSSAMOS DIVULGAR

O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO!









































































































































Nenhum comentário:

Postar um comentário