quarta-feira, 1 de maio de 2019

TATÁ,
O TRAVESSEIRO



(POESIA EM FORMA DE TEATRO INFANTOJUVENIL.
ou
COMO LIDAR, NATURALMENTE, 
COM TABUS.
ou
SONHAR SÓ CUSTA UM DESEJO.)





            É sempre uma imensa alegria poder ver uma nova produção de ARTESANAL CIA. DE TEATRO. Tive a grata oportunidade e o prazer de ter assistido, numa sessão às 11h da manhã, numa Sexta-Feira Santa, no Teatro do SESI – São Paulo, à mais recente montagem da CIA., que, como eu já esperava, me encantou numa intensidade tal, que, embora em recesso temporário, na escritura de novas críticas, para atender a um projeto particular, não poderia deixar de escrever sobre o espetáculo “TATÁ – O TRAVESSEIRO” (VER SERVIÇO.).




           



SINOPSE:

A narrativa gira em torno de LIPE, um menino tímido e introspectivo, que tem como melhor amigo seu travesseiro, TATÁ.

Eles formam uma dupla inseparável, sempre pronta a viver diversas aventuras, nos sonhos mais empolgantes e divertidos.

Um dia, porém, TATÁ desaparece e LIPE acredita que ele foi sequestrado pelo PIRATA DOS SONHOS, um vilão clássico, que não consegue sonhar e rouba o travesseiro das crianças, já que acredita que é nos travesseiros que os sonhos residem.

LIPE empreende uma jornada de resgate ao melhor amigo, tendo que vencer seus medos e angústias, os quais apenas a sua imaginação será capaz de resolver.








          Divertido, lindo - esteticamente falando -, comovente e didático, nas entrelinhas e nas intenções e comportamentos dos personagens, o texto aborda, de uma forma muito profunda, sutil, delicada e natural, ao mesmo tempo, temas que nos dizem respeito, com os quais lidamos, no nosso dia a dia, alguns, ainda, infelizmente, cercados por preconceitos, chegando, por vezes, às raias dos tabus, como a adoção. LIPE é negro e adotado por um casal azul, que é como o menino enxerga o mundo

            Não é, explicitamente, levantada nenhuma bandeira, pelos autores do texto, mas o simples fato de uma criança negra ser adotada por um casal atípico, o qual lhe dedica todo amor e atenção, como se filho legítimo fosse, já é um aspecto positivo da dramaturgia e pode servir de exemplo, para que todos encarem qualquer tipo de adoção com naturalidade, visto que amor não tem cor, amor não vê cor; amor, ainda mais entre pais e filhos, quando pleno e verdadeiro, como deve ser, não enxerga nada, no ser amado, além de alguém que lhe proporciona a oportunidade e o prazer de poder exercitar o sublime sentimento de amar. Assim acontece na história, com aquela família.

            A peça pode ser considerada um poema em forma de TEATRO INFANTOJUVENIL, não especificamente voltado para os pequenos e adolescentes, já que a linguagem da peça não é infantilizada; trata as crianças como seres pensantes, atingindo, dessa forma, um público-alvo de uma faixa etária que vai dos 8 aos 80 anos.







          Nesta produção, a ARTESANAL contou, na escritura do texto, com a colaboração de ANDREA BATITUCCI e PATRÍCIA VON STUDNITZ, as quais se juntaram a GUSTAVO BICALHO, que, via de regra, é quem assina os textos da CIA. Um trio criador e criativo, teoricamente, pesa e vale mais que uma única cabeça; aqui, na prática, também.

            Esta encantadora e fascinante montagem também inaugura uma experiência nova da CIA., que existe, com estupendo sucesso, há 24 anos, sempre pronta a se dedicar a um trabalho de “pesquisa de convergência de linguagens”. Aqui, ela mergulha numa “linguagem do teatro de animação, usando apenas bonecos, máscara e teatro de sombras”. Outra novidade é que o texto é quase que totalmente narrado em “off”, com pouquíssimos diálogos. Assim se dá a narrativa, bem linear e simples, para atingir qualquer tipo de público. É uma peça de sons e silêncios, sendo que estes, por vezes, falam mais do que mil palavras. São hiatos muito significativos, que passam mensagens facilmente assimiláveis. Um grande acerto!!!





        Intencionalmente, os diretores do espetáculo, GUSTAVO BICALHO e HENRIQUE GONÇALVES, fizeram questão de assumir essa nova estética e explorá-la ao máximo, sabendo, evidentemente, que poderiam contar com o suporte de ótimos atores/manipuladores e uma equipe técnica, de criação, da maior competência, com os quais já vêm trabalhando em outras vitoriosas produções.

Extraído do “release” da peça, que me foi enviado por HENRIQUE GONÇALVES: “(...) são escolhas estéticas, que guiaram todo o pensamento e construção artística da peça. Também buscamos a simplicidade, reduzindo, ao mínimo necessário, os elementos de cena. Dessa forma, conseguimos colocar uma lente de aumento nas relações entre pais e filho, sem usar de efeitos que visam muito mais a ludibriar a audiência do que jogar uma luz sobre a urdidura dramática da trama”, diz o próprio HENRIQUE.




Uma das principais características da ARTESANAL, o que pode ser considerado um diferencial, em relação a tantas outras boas companhias brasileiras que se dedicam ao público infantojuvenil, é a mistura de linguagens inovadoras e contemporâneas, bem criativas e, melhor ainda, executadas, sempre aplicadas a trabalhos autorais. Num só espetáculo, são capazes de juntar o TEATRO de animação (bonecos, sombras e máscaras), canto, cinema e videografismo, “explorando a relação do ator - que é o principal elemento da encenação - com esses elementos”. Além disso, merece relevo a informação de que a ARTESANAL CIA. DE TEATRO é tanto uma referência nacional como internacional, com passagens em diversos festivais de TEATRO pelo Brasil, China e uma residência artística na Alemanha.

“A história é narrada através do jogo entre bonecos de manipulação direta, bonecos híbridos ou siameses – técnica em que parte do boneco é “vestida” pelo ator/manipulador –, máscaras, objetos e teatro de sombras”. Tudo contribui para a criação de um universo onírico, capaz de “hipnotizar” o espectador mais sensível.


 

“TATÁ - O TRAVESSEIRO” é um espetáculo de dificílima realização, em função do trabalho de cada ator/atriz, os quais têm de sincronizar, com perfeição, todos os movimentos dos bonecos (E são perfeitos mesmo!!!) com o que dizem ou é narrado, em “off”, até “dando vida” a um travesseiro de verdade. Todos do elenco, sem exceção, estão de parabéns, por suas brilhantes atuações, entretanto não posso deixar de jogar mais luz sobre TATÁ OLIVEIRA, responsável por “fazer viver” o LIPE, que manipula o melhor amigo do protagonista da história, praticamente – tenho quase certeza - sem sair de cena, durante toda a peça, e assumindo uma postura corporal cansativa e difícil de ser mantida.

A plasticidade do espetáculo é de uma riqueza estética deslumbrante, graças, dentre outros fatores, aos bonecos, confeccionados por alguém que não considero, apenas, um “bonequeiro”, mas, sim, um fantástico artista plástico, que é BRUNO DANTE. Todos os trabalhos de BRUNO ganham destaque pela beleza, criatividade e acabamento, o que contribui, sobremaneira, para o sucesso das peças de cujos projetos ele faz parte.




O cenário, assinado por KARLLA DE LUCA, também responsável pelos muitos adereços e objetos de cena, praticamente, se resume a uma cama do menino LIPE, à qual está acoplado um dossel. É nela que a maioria das aventuras acontece.

Os figurinos, criados por FERNANDA SABINO e HENRIQUE GONÇALVES, à exceção dos que vestem os bonecos, estes sob a responsabilidade de BRUNO DANTE, são especialmente confeccionados, de modo a permitir uma liberdade para que os atores/manipuladores realizem seu trabalho. São práticos e, além disso,  muito criativos e interessantes.

POLIANA PINHEIRO e RODRIGO BELAY são responsáveis por um desenho de luz irretocável, totalmente necessário, para que os efeitos desejados pela direção e uma atmosfera lúdica e poética sejam passados ao público, isso associado a uma trilha sonora meticulosamente escolhida, a cargo de GUSTAVO BICALHO.

Cabe a LUCIANO SIQUEIRA a tarefa de fazer com que todos os sons cheguem, nítida e claramente, ao público, por meio de um bem elaborado trabalho de desenho se soM.





Os elementos técnicos, um apoiado no outro, contribuem para um “up”, no espetáculo, valorizando-o ao extremo, e, neles, ainda merecem uma citação positiva todo o trabalho de direção de movimento dos bonecos e preparação técnica (MÁRCIO NASCIMENTO), direção de movimento dos atores e preparação corporal (PAULO MAZZONI), preparação técnica da máscara teatral e manipulação de objetos (MARISE NOGUEIRA) e preparação vocal (VERÔNICA MACHADO). É todo esse conjunto de profissionais de mãos dadas, com um objetivo comum: criar um lindo espetáculo de TEATRO.










FICHA TÉCNICA:

Texto e Dramaturgia: Andrea Batitucci, Gustavo Bicalho e Patrícia Von Studnitz
Direção: Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves

Elenco (por ordem alfabética): Lívia Guedes, Márcio Nascimento, Marise Nogueira e Tatá Oliveira
Narração: Cleiton Rasga

Concepção, Criação e Confecção de Bonecos, Sombras e Adereços: Bruno Dante
Direção de Movimento dos Bonecos e Preparação Técnica: Márcio Nascimento
Direção de Movimento dos Atores e Preparação Corporal: Paulo Mazzoni
Preparação Técnica da Máscara Teatral e Manipulação de Objetos: Marise Nogueira
Preparação Vocal: Verônica Machado
Trilha Musical: Gustavo Bicalho
Desenho de Som: Luciano Siqueira
Figurinos: Fernanda Sabino e Henrique Gonçalves
Figurinos Bonecos: Bruno Dante
Iluminação: Poliana Pinheiro e Rodrigo Belay
Cenário e Adereços: Karlla de Luca
Fotos: João Júlio Mello
Projeto Gráfico: Bruno Dante
Assessoria de Imprensa: Alexandre Aquino
Direção de Produção: Henrique Gonçalves
Idealização e Produção: Artesanal Cia. de Teatro
Equipe Artes Cênicas SESI-SP: Miriam Rinaldi, Flavio Bassetti, Anna Helena Polistchuk e Daniele Carolina.
Realização: SESI-SP

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA:

Assessoria de Imprensa Centro Cultural Fiesp: www.centroculturalfiesp.com.br
Raisa Scandovieri: +55 11 3549-4846
raisa.scandovieri@fiesp.com.br

Assessoria de Imprensa Artesanal Cia. de Teatro: www.artesanalciadeteatro.com
Alexandre Aquino: +55 21 98842-3199







 






SERVIÇO:

Temporada: de 11 de abril a 21 de julho de 2019.
Local: Teatro do Sesi-SP (Centro Cultural Fiesp).
Endereço: Avenida Paulista, nº 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô.
Horários: Sábados e domingos, às 14h; 5ªs e 6ªs feiras (exclusivo para escolas), às 11h.
Capacidade: 456 lugares.
Duração: 50 minutos.
Classificação Indicativa: Livre – Recomendado a partir de 3 anos.
Entrada Grátis. Reservas antecipadas de ingressos pelo site www.centroculturalfiesp.com.br
Cota para público espontâneo e remanescentes: 15 minutos antes, na bilheteria do Teatro, no dia da apresentação.
Acesso para pessoas com necessidades especiais.
Agendamentos escolares e de grupos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Mais informações: www.centroculturalfiesp.com.br




 



GUSTAVO BICALHO, no “release”, afirma que “Apesar do universo lúdico no qual a história é inserida, o texto lida com questões muito profundas, que, certamente, irão despertar, no público, uma identificação com o personagem principal”. Mais do que isso, GUSTAVO, o texto provoca reflexões, a partir das quais ficamos com a esperança de que ainda é possível tocar os corações mais empedernidos e transformar, para melhor, o mundo em que vivemos.

Vida longa ao espetáculo, o que, certamente, ocorrerá, e que ele chegue ao Rio de Janeiro, para receber o carinho e a aprovação dos cariocas, que nunca negaram aplausos aos trabalhos da ARTESANAL CIA. DE TEATRO!

RECOMENDO, COM MUITO EMPENHO, O ESPETÁCULO e não vejo a hora de poder revê-lo.


 







E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!


(FOTOS: JOÃO JÚLIO MELLO.)


GALERIA PARTICULAR:

 (Foto:Gilberto Bartholo)



Com os diretores e o elenco.









































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