CÁLCULO
ILÓGICO
(UMA CATARSE IMPRESCINDÍVEL.
ou
(UM DESABAFO VITAL.)
ATENÇÃO: TEMPORADA PRORROGADA ATÉ O DIA 02 DE JUNHO DE 2019.
Muitos
amigos já me haviam falado, gente que faz TEATRO,
que gosta, entende e vive de TEATRO:
“Você
não pode deixar de assistir a ‘CÁLCULO ILÓGICO’, com a JÉSSIKA MENKEL, no porão
do Laura Alvim. É muito bom!”.
“Porão”,
para mim, chega a soar quase depreciativamente, não é próprio, para designar a
aconchegante antiga Sala, agora, Teatro Rogério Cardoso, dentro da Casa de Cultura Laura Alvim, e “muito bom” é o mínimo que se pode
dizer do espetáculo. Ele, na verdade, é ótimo! Já esperava
mesmo que o fosse, mas só pude constatar no último sábado, 3 de maio de 2019,
quando, infelizmente, seria o penúltimo dia da primeira temporada, naquela sala
(VER SERVIÇO). Que bom que, devido
ao grande sucesso de público e de crítica, a TEMPORADA FOI PRORROGADA POR MAIS UM MÊS.
Por motivos
vários, não havia conseguido assistir, ainda, a um dos melhores espetáculos, de tudo o que vi, desde o início do ano,
no Rio de Janeiro. Simples e
comovente, daquelas montagens que marcam o amante das artes cênicas. Fui
com uma grande expectativa, superada por um texto primoroso, uma direção
inventiva e impecável e uma interpretação
que me desafia a encontrar, no meu
vocabulário, palavras especiais e incomuns, para adjetivar JÉSSIKA MENKEL, a atriz deste solo.
SINOPSE:
Sob direção de DANIEL HERZ,
a atriz JÉSSIKA MENKEL leva ao palco uma dor pessoal, causada pela perda do
irmão, Douglas, morto por
atropelamento, aos 21 anos de idade,
num Dia de Ano Novo.
Em cena, sua personagem, ELLA, busca uma nova perspectiva, para ver o mundo, a partir de fórmulas matemáticas.
A matemática é utilizada, em metáforas,
no espetáculo em que a atriz se apropria de uma dor
pessoal e tenta entender esse sofrimento, por meio de fórmulas e cálculos.
Misturando ficção e
realidade, o solo apresenta o
sentimento de inquietação, que cerca a nós, humanos, quando nos deparamos com o
fim.
A peça se apresenta, ao público, com um potente trabalho corporal e
um texto intrigante e instigante,
por meio do qual a plateia embarca em emoções desmedidas.
Antes
que alguém possa pensar que vai sair do Teatro
deprimido(a), já que o tema em torno
do qual gira o texto, uma perda, uma inaceitável perda, com todas as suas consequências, principalmente
quando essa perda é representada
pela morte, e de um ente querido,
muito próximo, vou logo dizendo que, durante o espetáculo, qualquer pessoa, com um mínimo de sensibilidade, vai
dividir, com a atriz/personagem, a
sua dor, vai vivenciar o seu drama, na medida do possível, exercitando o sempre
fundamental sentimento de empatia. Vai engolir em seco, poderá chorar, até;
sentir o ar faltar, ficar com a musculatura retesada, como ocorreu comigo (O
pescoço e os ombros enrijeceram.), porém, ao final da peça,
vai soltar a respiração, relaxar, vai transcender todo aquele “aperto” e
levará, para casa, uma lição de como superar e aliviar - não esquecer - aquele sofrimento e tocar a vida, focando no futuro
e em tudo o que ele poderá, ainda, nos trazer de bom.
Não
resta a menor dúvida de que a homenagem ao irmão, Douglas, além de muito justa, é prestada de uma forma belíssima,
utilizando, como “vetor”, já que a matemática está presente,
metaforicamente, da primeira à última fala da peça, o TEATRO.
“CÁLCULO ILÓGICO” é uma prova mais do que concreta de que é possível
se fazer um TEATRO de altíssima qualidade, com poucos recursos financeiros. O que não poder faltar é garra, talento e uma boa proposta de um espetáculo modesto e bastante intimista, no caso deste.
A garra já começa na iniciativa de JÉSSIKA, que não teve medo nem pudor de
abrir seu coração, dividir sua dor com gente que ela, na grande maioria, nem
conhece e exorcizar suas sombras de um passado dorido, que começou quando ela
tinha apenas 10 anos. Ao saber de
que se tratava a peça, antes de ter
ido assistir a ela, por meio do “release”,
enviado por CATHARINA ROCHA (ASSESSORIA
DE IMPRENSA), já comecei a imaginar como se daria essa catarse, essa confissão de amor pelo irmão falecido, e o relato
fiel de como tudo se deu e o que adveio de lá. Já fui ao Teatro na certeza de que iria gostar do solo e me emocionar muito, pelo espetáculo, em si, e pelo trabalho
magistral da atriz, que eu já conheço e admiro, há alguns anos, desde 2014, salvo engano, quando ela,
paulista de nascimento (Sorocaba),
no Rio há 10 anos, estreou, aqui, mais propriamente, na Casa da Gávea, de saudosa lembrança, então, na época com 23 anos, ao lado de outro jovem e
grande ator, da mesma idade, Arthur Ienzura, encenando a peça “Meu Nome É Ernesto”, seu primeiro trabalho profissional, no qual
os dois interpretavam, impecavelmente, um casal octogenário. Ali, iniciou-se o
meu respeito e admiração pelo trabalho de JÉSSIKA,
corroborados em outros que se seguiram àquele. A montagem fez várias temporadas, viajou bastante e, por ela, JÉSSIKA ganhou alguns prêmios e recebeu
muitas indicações a outros.
A sua participação em muitos festivais teatrais fizeram-na se interessar por um tipo específico
de TEATRO, o TEATRO DOCUMENTÁRIO, a AUTOFICÇÃO,
o que deu origem à peça aqui comentada.
Neste “CÁLCULO ILÓGICO”, todos os aplausos
para JÉSSIKA devem ser dobrados:
para a atriz brilhante e visceral, na falta de um adjetivo mais
próprio, de uma força interior de impressionar, e para a grande revelação de dramaturga, que já se inicia no ofício
com o pé direito e marcando terreno. Seu texto
é direto, com um vocabulário do dia a dia, sem rebuscamentos linguísticos;
contundente, profundo, emocional, nos detalhes dos momentos infelizes de sua
vida; e poético, por exemplo, nas lembranças da infância, nos dias passados na
casa da avó, quando transforma, a bem dizer, uma mangueira em personagem de uma puerícia que ficou na
memória, como um referencial positivo do irmão Douglas, que, embora mais velho, era seu companheiro de travessuras e brincadeiras.
Na matemática, espera-se que todos os cálculos estejam
apoiados na lógica, contudo, na “matemática
da vida”, a morte é um “CÁLCULO
ILÓGICO”, por si só, e, mais ainda, quando nos atinge de perto, e com tanta
“agressividade”.
O texto começou a ser escrito há, mais ou
menos, um ano e meio, e foi por meio de Thiago
Herz, a quem JÉSSIKA conheceu,
no Festival de TEATRO de Cabo Frio,
que a autora chegou ao grande e
premiado diretor DANIEL HERZ – escolha acertadíssima –, para que este assumisse a encenação do espetáculo.
O texto é ótimo, e, curiosamente,
porque JÉSSIKA nunca estudou,
profundamente, matemática, assim como o irmão também nunca tivera qualquer
ligação maior com a disciplina, ela, a matemática
é utilizada, o tempo todo, por meio de metáforas
interessantíssimas, na construção da dramaturgia.
JÉSSIKA atua num marcante e comovente
trabalho de corpo e voz, uma interpretação de entrega total, na pele
de uma personagem, cujo nome não foi
escolhido à toa: ELLA. “Busquei,
na matemática, uma forma de contar, também, a história da perda do meu irmão.
Todo o mundo já perdeu alguém. Quis transformar dor em arte, ressignificar meu
olhar para os acontecimentos da minha vida.”, revela a atriz, extraído do já citado “release”. “Em cena, a personagem relembra,
revive, calcula acontecimentos e expõe, em números, a eliminação errada de seu
irmão D+ 1.” ,
chamado, precocemente, na flor da idade, pelo Senhor Superior Positivo Neutro, como ela se refere a Deus. “ELLA enxerga (o mundo), por
meio de uma lógica matemática, analisando a probabilidade dos acontecimentos e
buscando razões nos números e nas fórmulas, para explicar um cálculo, chamado
vida.”, completa a artista.
A direção, assinada por DANIEL HERZ é impecável. Acho que qualquer
leigo em direção teatral ou pessoa
que não conheça, mais detalhadamente, o universo
do TEATRO, ao ler o texto, nu e cru, ficaria sem imaginar
como aquelas palavras, aqueles sentimentos e as suas intenções poderiam chegar,
cenicamente, ao público e cumprir seu objetivo. Penso, até, que isso poderia ter
acontecido comigo, que, há mais de 50
anos, considero-me “íntimo” dessa arte
maior. DANIEL, fazendo uso de
sua inteligência e criatividade, conseguiu, num palco quase nu, contando com o
mínimo de elementos cenográficos, sobre
os quais falarei diante, encenar um
espetáculo teatral de rara beleza e perfeição. JÉSSIKA “dialoga” com três cubos, e eles “ganham vida” ou servem de
suporte para cenas lindas e muito significativas. Como não há, na ficha técnica, o nome de alguém
responsável pela direção de movimento,
quero crer que toda a marcação, o trabalho de deslocamento da atriz, no espaço cênico, os detalhes dessas movimentações, saiu da cabeça do diretor, talvez, com um pouco de
iniciativa dela, a própria JÉSSIKA.
Ainda extraído do “release”, transcrevo um trecho, que
julgo necessário, para justificar o meu entusiasmo pelo trabalho de interpretação e de direção: “Durante o processo de criação, na sala de
ensaio, DANIEL HERZ realizou diversas provocações dramatúrgicas, que fizeram
com que JÉSSIKA investigasse memórias, sentimentos, abismos e recortes de sua
vida”. Isso fazia com que a atriz,
ao chegar a casa, enriquecesse seu texto,
cada vez mais, reescrevesse-o, motivada apela instigação do diretor, que só faz quem tem
competência para fazê-lo, como DANIEL
HERZ. “Houve muita emoção e choro. Chegava a casa instigada e escrevia muito,
muito. Há ficção, mas há muito da minha essência”, lembra JÉSSIKA.
Texto, direção e interpretação são o tripé de sustentação deste magnífico
espetáculo, o que não significa que os elementos
técnicos da montagem possam ser
esquecidos.
A cenografia, de THANARA SCHONARDIE,
há algum tempo afastada dos seus trabalhos no Brasil, e que tanta falta nos faz, põe em cena três cubos, como já
mencionei: dois totalmente pretos e um com dois lados vazados e um deles
revestido pelo assento de uma cadeira de balanço, de palhinha, a cadeira da
vovó, tantas vezes citada na peça.
Para completar, apenas uma bicicleta quebrada, num dos cantos e fora da área
cênica, que é limitada apor uma fita vermelha e que só é ultrapassada pela atriz no momento em que ela vai até a bicicleta,
para pegar um par de sapatos, o que vai significar o momento em que ela deixa,
para trás, São Paulo, à procura de
“um futuro” no Rio de Janeiro, há 10 anos, como já disse.
Quanto ao figurino, a atriz usa um conjunto de camiseta e bermuda, de malha cinza, sobre
o qual lhe cai, pelo corpo, despojadamente, uma peça, uma espécie de vestido,
confeccionado com fragmentos de diversas roupas, inclusive uma camisa de DOUGLAS, detalhe do qual só tem
conhecimento quem tem acesso ao “release”
da peça ou fica sabendo dele por
intermédio de outrem.
Há, ainda, uma boa trilha sonora original, de ÉRIC CAMARGO e uma
correta iluminação, de AURÉLIO
DE SIMONI, sem maiores sofisticações,
porém fortalecendo a dramaturgia
e inserindo o público dentro da cena.
FICHA TÉCNICA:
Texto e Atuação: Jéssika Menkel
Direção: Daniel Herz
Assistente de Direção: Gabriela Checchia e Tiago Herz
Assistente de Direção: Gabriela Checchia e Tiago Herz
Cenografia e Figurino: Thanara Schonardie
Assistente de Cenário e Figurino: Natália Fonseca
Iluminação: Aurélio de Simoni
Assistente de Cenário e Figurino: Natália Fonseca
Iluminação: Aurélio de Simoni
Preparação Vocal: Jane Celeste
Direção Musical: Éric Camargo
Design Gráfico: Bruno Niquet e Sheila Gelsleuchter
Direção Musical: Éric Camargo
Design Gráfico: Bruno Niquet e Sheila Gelsleuchter
Fotos:
Bia Chaves
Produção: Jéssika Menkel e Primeira Página Produções
Culturais
Direção de produção: Maria Siman
Assessoria de imprensa:
Catharina
Rocha | catharocha@gmail.com
(21)
99205-8856 | 2587-2402
SERVIÇO:
Temporada:
De 12 de abril a 03 de junho de 2019.
Local:
Teatro Rogério Cardoso – Casa de Cultura Laura Alvim.
Endereço:
Avenida Vieira Souto, nº 176, Ipanema Rio de Janeiro.
Telefone:
(21)2332-2015.
Valores
dos Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia entrada).
Capacidade:
45 lugares.
Duração:
55 minutos.
Classificação
Etária: Livre.
Gênero:
Autoficção.
Vendas
“online”: Ingresso Rápido
Facebook
e Instagram: @calculoilogico
Acredito - não tenho certeza disso - que, dispondo apenas de recursos próprios, JÉSSIKA MENKEL não conseguiria pôr o espetáculo de pé, mas, certamente, isso se tornou mais viável e possível, contando com a parceria de MARIA SIMAN, na produção, responsável pela PRIMEIRA PÁGINA PRODUÇÕES CULTURAIS e pela direção de produção do espetáculo.
Se me fosse
cobrada uma lista das melhores peças em cartaz, no momento, no Rio de
Janeiro, e outra, das melhores a que já assisti, até o presente momento,
neste semestre, não pensaria duas vezes, para incluir, nas duas, “CÁLCULO
ILÓGICO”, motivo que me leva a recomendá-la como IMPERDÍVEL.
E VAMOS AO
TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS
SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
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TEXTO, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO
BRASILEIRO!!!
Jéssika Menkel e Daniel Herz.
(FOTOS
BIA CHAVES.)
GALERIA
PARTICULAR:
(FOTO:
DANIEL DE MELLO)
A alegria e a honra de abraçar Jéssika Menkel.
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