segunda-feira, 29 de abril de 2019


CARMEN –
A GRANDE
PEQUENA NOTÁVEL


(UMA ÓTIMA OPÇÃO
PARA “CRIANÇAS” DE 8 A 80 ANOS.)




            Exatamente hoje (domingo), quando consegui um tempo, para começar a escrever sobre um espetáculo teatral, vendido como infantojuvenil, mas que é indicado para todas as idades, ele encerra a sua segunda vitoriosa temporada, esta no Teatro Itália (São Paulo). A primeira aconteceu no CCBB – São Paulo, de 15 de setembro de 2018 a 26 de janeiro do ano em curso (2019). Depois de um hiato, e graças a muita batalha da produção, representada, principalmente, pelo diretor de produção, MAURÍCIO INAFRE, “CARMEN – A GRANDE PEQUENA NOTÁVEL” conseguiu, com muito sacrifício, emplacar uma segunda temporada de sucesso, no Teatro Itália, já mencionado, iniciada no dia 23 de março passado, fechando as cortinas hoje, 28 de abril, também como já foi dito.






            Tinha muito interesse em assistir à peça, que é um musical, muito para poder aplaudir, mais uma vez, o talento de AMANDA ACOSTA. Antes de conhecer o trabalho, eu já gostava da peça, só imaginando o que seria capaz de fazer, em cena, essa admirável atriz e cantora, de quem me declaro fã e admirador à enésima potência, além de tê-la no meu limitado rol de amigos, condição esta que não pesará, em nada, na curta (por falta de tempo) análise que farei da peça, à qual assisti no dia 20 de abril, numa ensolarada tarde de sol, no horário das 15h, com LOTAÇÃO ESGOTADA, em plena Semana Santa.









SINOPSE

O musical conta a história da cantora CARMEN MIRANDA (AMANDA ACOSTA), portuguesa, de origem, e brasileira, de coração, de sua chegada ao Brasil, ainda criança, passando pelas rádios, suas primeiras gravações em disco, pelo cinema brasileiro e o Cassino da Urca, ao estrelato nos filmes de Hollywood.

Inspirado no livro homônimo, infantojuvenil, de HELOÍSA SEIXAS e JÚLIA ROMEU, o espetáculo conta e canta, para toda a família, os 46 anos de vida dessa “PEQUENA NOTÁVEL”, que levou a música e a cultura brasileira para os quatro cantos do mundo, principalmente os Estados Unidos da América.









           É bom dizer que o livro homônimo, de HELOÍSA SEIXAS e JULIA ROMEU, que também são as responsáveis pela ótima adaptação dramatúrgica da obra, foi o vencedor do Prêmio FNLIJ de Melhor Livro de Não Ficção (2015), e apresenta o universo artístico da diva CARMEN MIRANDA (1909-1955) para o público de todas as idades.

       O espetáculo conquistou vários prêmios em São Paulo, pela temporada de 2018, além de muitas outras indicações.






     De acordo com o “release”, enviado por MAURÍCIO INAFRE, “Em 2019, Carmen completaria 110 anos. Portuguesa, radicada no Brasil, ela se tornou um dos maiores símbolos da cultura brasileira, para todo o mundo.”.

           Considero “CARMEN – A GRANDE PEQUENA NOTÁVEL” um dos melhores musicais infantojuvenis a que já assisti em toda a minha vida, por todo o conjunto de acertos que ele contém, a começar pelo texto. A transposição de uma obra literária para o palco não é tarefa das mais fáceis, o que não me parece ter ocorrido aqui, embora eu, ainda, não tenha lido o livro, mas pretendo fazê-lo, uma vez que o trabalho foi realizado por suas próprias autoras. Por outro lado, por ser um musical biográfico, poderia cair na chatice do didatismo narrativo, entretanto HELOÍSA e JÚLIA tiveram a devida competência para usar uma linguagem que atingisse as crianças, os jovens e os mais velhos, abusando de tiradas engraçadas, utilizando um humor leve e descontraído. É, portanto um texto ágil, com diálogos bem construídos. Além disso, a estrutura dramatúrgica é apresentada em quadros, aparentemente independentes, mas que se coadunam, formando um todo, indivisível.




            Achei ótima a estética empregada pelo diretor, KLÉBER MONTANHEIRO, que optou por uma estrutura que muito se assemelha à do velho e bom Teatro de Revista, grande “coqueluche” (Entreguei a idade. KKK), na época de CARMEN. Segundo o diretor, “Utilizamos a divisão em quadros, o reconhecimento imediato de tipos brasileiros e a musicalidade presente, colaborando, diretamente, com o texto falado, não como um apêndice musical, mas sim como dramaturgia cantada.”. Isso é muito bom, para os mais antigos, os quais fazem uma viagem ao passado (Havia muitos idosos na platéia.) e também para proporcionar, aos mais jovens, papais, crianças e jovens, a oportunidade de conhecer um modo de se fazer TEATRO, que marcou uma época e duas ou três gerações, porém foi deixado de lado, até mesmo, marginalizado.




            O diretor, de forma inteligente, conduz muito bem o trabalho do elenco e propõe soluções bastante criativas, em cada quadro. KLÉBER MONTANHEIRO também assina o cenário e os figurinos da peça.




         Como a proposta principal do espetáculo é, justamente, homenagear esse ícone da Música Popular Brasileira, que foi, e, ainda, é, CARMEN MIRANDA, preservando-lhe a memória, como não poderia deixar de ser, os figurinos da protagonista são inspirados nos desenhos dos originais das roupas que ela usava, em seus “shows” e demais apresentações artísticas, com destaque para as baianas estilizadas, todas muito excêntricas e que tanto agradaram, principalmente, aos norte-americanos, durante a época em que ela, entre eles, fez grande sucesso, entre os anos de 1930 e 1950. São figurinos bem lúdicos e coloridos, com muitas pitadas de Tropicalismo (Este, quando esteve em voga, bebeu na fonte de CARMEN, sem a menor dúvida). Os trajes vestidos pelos demais personagens, todos de muito bom gosto, obedecem à estética da época em que se passa a história.




       O cenário também é um dos pontos positivos do espetáculo, reproduzindo os principais ambientes propostos pelo livro, aqueles em que CARMEN esteve presente, no Rio de Janeiro, como o porto, onde atracou o navio que a trouxe, com a família, d’além-mar; sua casa e as ruas da (ex-)Cidade Maravilhosa; a loja de chapéus, onde ela trabalhou; um estúdio de rádio; os estúdios de Hollywood e as telas de cinema, além do “céu”, para onde ela foi cantar, em 5 de agosto de 1955. Destacam-se, na cenografia, as cinco letras que formam seu nome, bem grandes, móveis, resistentes, feitas de madeira, e que, embaralhadas, de acordo com as cenas, servem para a formação de outras palavras, além de CARMEN, como MAR e MÃE (forçando um pouquinho a barra), por exemplo.






            A seleção musical é excelente, dentro da direção musical, a cargo de RICARDO SEVERO. Na parte musical, de acompanhamento, a pequena banda faz um ótimo trabalho – MAURÍCIO MAAS, BETINHO SODRÉ, MONIQUE SALUSTIANO e MARCO FRANÇA -, com destaque para este, que também atua, esporadicamente, com graça e desembaraço, provocando risos na plateia.




            Todos do elencoDANIELA CURY, LUCIANA RAMANZINI, MARIA BIA, SAMUEL DE ASSIS e FABIANO AUGUSTO - merecem elogios, desdobrando-se em mais de um personagem. Não incluí, na relação anterior, o nome de AMANDA ACOSTA, pelo fato de que ela merece um destaque especial. Não por representar a protagonista, mas pela forma como o faz. AMANDA é uma atriz camaleônica, cuja carreira acompanho e admiro desde os seus primórdios. Além de excelente atriz e cantora, tem uma “facilidade” de assimilar a voz, o jeito de cantar e os trejeitos de suas personagens biográficas, atrizes e cantoras, como foi o caso, no ano passado, de Bibi Ferreira (Parecia uma encarnação de Bibi. Não havia, ainda, falecido, na época, a grande diva do TEATRO BRASILEIRO.), de quando AMANDA pulou para CARMEN, no mesmo patamar de perfeição da personagem anterior. Reparem que utilizei a palavra “facilidade” entre aspas, porque, na verdade, o resultado final da preparação, aquilo que AMANDA leva para o palco, é fruto de um profundo e árduo trabalho de estudo das características das personagens. Um talento superlativo!!!






A direção se preocupou com mínimos detalhes como, por exemplo, a maneira da cantar e falar de todos os personagens. Diz o diretor do espetáculo: “As interpretações dos atores obedecem à prosódia de uma época, influenciada, diretamente, pelo modo de falar ‘aportuguesado’, o maneirismo de cantar, proveniente do rádio, em que as emissões vocais traduzem um período e uma identidade específica”.




          Não poderia deixar de registrar a boa iluminação (desenho de luz), cuja autoria é de MARISA BENTIVEGNA, que não economiza e abusa de cores e intensidade, para evidenciar a alegria que o espetáculo se propõe a passar ao público.







FICHA TÉCNICA:

Autoras do Livro e Adaptação Teatral: Júlia Romeu e Heloísa Seixas
Direção, Cenários e Figurinos: Kleber Montanheiro

Elenco: Amanda Acosta (Carmen Miranda), Daniela Cury, Luciana Ramanzini, Maria Bia, Samuel de Assis e Fabiano Augusto

Músicos: Maurício Maas, Betinho Sodré, Monique Salustiano e Marco França.

Desenho de Luz: Marisa Bentivegna
Direção Musical: Ricardo Severo
Visagismo: Anderson Bueno
Direção de produção: Maurício Inafre
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio







 


Por motivos óbvios, não publico o SERVIÇO da peça, uma vez que, quando esta crítica estiver sendo publicada, o espetáculo já terá encerrado a temporada. A produção se empenhou bastante, para trazer o musical para o Rio de Janeiro, porém, infelizmente, não foi possível. Está tudo, cada vez mais, difícil, nesse sentido. É uma pena que os cariocas não puderam ter a oportunidade de assistir a este magnífico espetáculo. Tomara que os DEUSES DO TEATRO se apiedem de nós e, um dia (Quem sabe?!), possamos assistir a uma terceira temporada, no Rio de Janeiro, cidade onde viveu CARMEN e que tanto admira e respeita o trabalho de AMANDA ACOSTA, já há muito tempo e, com maior destaque, depois de sua brilhante composição de uma diva, Bibi Ferreira, em “Bibi – Uma Vida em Musical”, que tantos prêmios conquistou por estas bandas!



Carmen Miranda.



Amanda (Carmen Miranda) Acosta.




 (FOTOS: LEEKYUNG KIM.)



E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO, PARA QUE, JUNTOS,

POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO!!!






































Um comentário:

  1. Espetáculo maravilhoso, um dos melhores musicais que assisti em minha vida, salve o teatro!

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