MOLIÈRE
(TEATRO
COMO NOS VELHOS TEMPOS.
ou
UM ESPETÁCULO
DIGNO DO ESPAÇO QUE OCUPA.
ou
SOBRA TALENTO,
SOBRA TALENTO,
SOBRA PERFEIÇÃO,
SOBRA PRAZER EM APLAUDIR.)
ou
UMA FRANÇA TROPICALISTA.
O
Teatro Adolpho Bloch está exibindo
uma produção teatral de altíssimo
nível, à altura da sua história e tradição, que vem de uma estrondosa temporada
em São Paulo (A peça foi vista por mais
de dez mil pessoas.), sucesso absoluto de público e crítica. Falo de “MOLIÉRE, um espetáculo daqueles que nos remetem ao bom “teatrão”, no melhor sentido da palavra, feito antigamente.
Primeira
montagem, no Brasil, de um texto da renomada dramaturga, escritora e roteirista mexicana SABINA BERMAN,
pouco conhecida por aqui, o espetáculo
pode ser visto como uma superprodução,
a se considerar o que, habitualmente, temos visto em cena, nos últimos tempos.
Contando com um número considerável de atores
em cena – quatorze - além de alguns músicos, o que é pouco frequente nos
dias de hoje, a peça é dirigida pelo
premiado diretor DIEGO FORTES e traz, no elenco, nomes dos mais respeitados no cenário teatral brasileiro, como MATHEUS
NACHTERGAELE, ELCIO NOGUEIRA
SEIXAS, NILTON BICUDO e um ícone dos palcos e da arte
dramática, de uma forma geral: RENATO BORGHI.
SINOPSE:
O ilustre dramaturgo MOLIÈRE (MATHEUS NACHTERGAELE),
mestre da comédia, e o estreante autor épico JEAN RACINE (ELCIO NOGUEIRA SEIXAS), autor de tragédias clássicas,
travam uma luta tragicômica, repleta de trapaças e reviravoltas, pelo domínio
dos palcos da corte de LUÍS XIV, o “Rei
Sol” (NILTON BICUDO).
O fanático ARCEBISPO PÉRÉFIXE (RENATO BORGHI),
entusiasta da guerra, se aproveita do conflito entre os artistas, para banir,
do reino, o próprio TEATRO (“O TEATRO é a raiz de todos os males”.),
instaurando, no país, uma era de censura, violência e sacrifício.
Uma grande quantidade de personagens da aristocracia, da plebe,
do clero, do exército, das tabernas e dos tablados desfila por palácios,
igrejas, salas de espetáculo, bordéis e campos de batalha, cenários em que se
passam as várias situações da peça.
Uma orquestra, com seu MAESTRO LULLY (FÁBIO CARDOSO), embala
essa tumultuada França do século XVII, com o toque tropical das
músicas do cancioneiro de Caetano Veloso.
Considero a montagem uma OBRA-PRIMA,
um trabalho de inestimável bom gosto,
inteligência e criatividade, do texto à
sua execução, ainda que não seja de fácil
compreensão, para o público leigo, exigindo bastante concentração deste e um
conhecimento básico sobre os personagens
e o TEATRO, de uma forma geral, além
de um conhecimento do contexto histórico
em que se passa a trama. Não chega a
ser, exatamente, uma condição “sine qua
non”, para que se compreenda o enredo,
entretanto, sem um embasamento específico, muita coisa interessante passa
despercebida pelos espectadores. Mesmo assim, trata-se de um espetáculo de grande apelo popular, que agrada a todos, quer
pelo texto, quer pelo brilhantismo das interpretações, quer
pelo aspecto visual, em que se
destacam cenário, figurinos e iluminação, sem falar no bom gosto da excelente trilha sonora, com canções do repertório de Caetano Veloso, todas de sua autoria, à
exceção do belíssimo bolero “Dans Mon
Ile”, composto pelo guianense francês Henri
Salvador.
Da primeira à última cena, o público
se diverte bastante com a hilariante disputa, uma verdadeira contenda cultural, entre a COMÉDIA, representada por Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como MOLIÈRE (Paris, 15 de janeiro de 1622 - Paris, 17 de fevereiro de 1673), dramaturgo francês, além de ator e encenador, considerado um
dos mestres da comédia satírica e “pai da comédia moderna”, autor de mais de trinta textos, com grandes
sucessos, encenados até hoje, no mundo inteiro, e Jean Baptiste RACINE (La Ferté-Milon, Aisne, 22 de dezembro de 1639 - Paris, 21 de abril de 1699), poeta trágico, dramaturgo, matemático e historiador francês, considerado um dos maiores dramaturgos clássicos da França,
autor de grandes tragédias, como a
emblemática “Fedra”.
A
principal característica das obras de MOLIÈRE
é o seu insistente e marcante desejo de criticar
os costumes da época. MOLIÈRE e RACINE só tinham em comum, além do fato
de serem dramaturgos, os dois primeiros
nomes, Jean Baptiste. Ambos liam o TEATRO em cartilhas diferentes,
diametralmente opostas, para não perder o “pleonasmo hiperbólico”.
Como
consta no “release” da peça, enviado por LEANDRO GOMES (MNIEMEYER
– ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO), (a
peça) “Inspirada
no próprio teatro de MOLIÈRE, que fundia vários estilos em uma mesma obra (Commedia Dell’Arte;
influências renascentistas e barrocas; humor satírico), a encenação busca
integrar linguagens diversas em uma intensa dinâmica cênica. ‘A fusão de
linguagens de MOLIÈRE e a autenticidade de suas criações nos possibilitaram
misturar cores e texturas com extrema liberdade, procurando, sempre, uma
encenação em que regras pudessem ser quebradas, diz o diretor DIEGO FORTES’”.
O elenco, que inclui atores e músicos/atores,
se incumbe de “narrar o inusitado conflito entre formas opostas de pensar o
mundo, expressas pelas famosas máscaras do TEATRO: uma ri, malandramente, de
tudo e de todos; a outra mostra reverência e temor, diante da dor e da morte. O
embate épico entre essas duas faces da vida tem, como cenário, a corte
carnavalesca de LUÍS XIV, o ‘Rei Sol’, na França do século XVII”.
Ambos, MOLIÈRE e RACINE, disputavam o favoritismo real, o patrocínio do Rei, sendo que MOLIÈRE já era um consagrado dramaturgo,
quando RACINE ainda se apresentava
como seu discípulo. Os dois autores
desejavam a mesma coisa: manter a posição de dramaturgo mais prestigiado da corte.
Tirando
proveito do embate protagonizado pelos dois, o Arcebispo de Paris, um grade entusiasta da guerra, MONSENHOR PÉRÉFIXE (RENATO BORGHI),
aproveita-se da situação para “banir, do reino, o TEATRO e seus artistas,
endurecer a censura e lançar a França em uma era de conquistas, violência e
sacrifício”. Esse personagem é muito significativo, na trama, uma vez
que, por ele, são feitas críticas totalmente pertinentes ao momento presente, no Brasil, quando o assunto é cultura. Dentre os questionamentos e
posições de PÉRÉFIXE, notamos uma
discussão sobre a validade do que seria mais indicado, para o público: fazer
rir ou chorar. Implicitamente, estariam em jogo a política do “pão e circo” ou
do “fazer pensar”. Qual delas interessa mais ao governo? Além disso, questiona-se
se cabe aos artistas mostrar a realidade do mundo, como ele, realmente, é, ou
como deveria ser, ou esperava-se que fosse; ou como seria o mundo ideal. Cabe
espaço para uma reflexão acerca do direito das “autoridades” de proibir obras
de arte e perseguir seus criadores e “até que ponto aqueles que criam devem
submeter-se à vontade daqueles que pagam".
A peça se apresenta, como consta na ficha técnica, sob a forma de uma comédia musical, não sendo, contudo, um
musical, uma vez que as letras das canções, escolhidas a dedo,
por GILSON FUKUSHIMA, formando uma deliciosa trilha sonora, baseadas no
repertório de Caetano Veloso, como
já dito, não fazem parte do texto,
ou seja, não ajudam a contar a história,
limitando-se a ilustrá-la.
Faz tempo, não
vejo, reunido num palco, um elenco
tão numeroso, “iluminado” e de tão alto nível técnico, como o desta peça. Dos protagonistas aos que representam personagens de menor importância no enredo, todos brilham e têm seus momentos
de merecimento de um foco mais intenso.
Falar de MATHEUS
NACHTERGAELE, em qualquer trabalho de que participe, será sempre
redundante. MATHEUS, desde o início
de sua carreira, mostra-se como um dos
melhores atores brasileiros de todos os tempos. Aqui, mais uma vez, ele
demonstra seu potencial artístico, compondo um MOLIÈRE bem ousado, atrevido, deliberada e deliciosamente exagerado
nas tintas, debochado, “superior”, despudorado, burlesco, meio “clown”, utilizando
seu corpo e sua voz para construir a estrutura física e emocional de seu riquíssimo
personagem, daqueles que ficam, para
sempre, na memória afetiva dos bons espectadores.
Para fazer o
contraponto com MOLIÈRE, ninguém
melhor indicado, para viver RACINE,
que ELCIO NOGUEIRA SEIXAS, o qual,
além de um grande ator, é, também, dramaturgo,
diretor e roteirista, não muito conhecido dos cariocas, por suas poucas
passagens pelos nossos palcos, infelizmente, porém dono de uma grande bagagem
em seu currículo. Seu RACINE se
apresenta com um tom de ousadia, mordacidade, sarcasmo e desafio, querendo
encarar, de igual, aquele que ele sabia ser mais “poderoso”. O ator também
abusa de seus instrumentos naturais, corporais, para fazer malabarismos com seu
personagem. E olha que, num “duelo”
com MATHEUS, “o guerreiro tem de ser
bom de briga”.
NILTO BICUDO está excelente, como o hilário,
caricato e provocador LUÍS XIV, o “Rei Sol”, arrancando muitas gargalhadas
do público, com suas artimanhas e empoderamento real, com toques, por vezes,
chaplinianos (Será que só eu vi isso?), explorando o “timing” da comédia, “comme il
faul” (menos por pedantismo, da minha parte, e mais para ficar no clima da
corte francesa). Aliás, quanto a esse aspecto, o mesmo elogio deve se estender
a MATHEUS, ELCIO e BORGHI.
RENATO BORGHI!!! O que é esse homem em
cena, meu Deus?! Como é gratificante e emocionante vê-lo atuando, aos 81 anos de idade, com 60 de profissão, uma carreira pontuada
por grandes sucessos, um verdadeiro totem
humano, mais que um ícone. E ele o faz como se estivesse se iniciando na
carreira, com muita garra e perfeição técnica, numa entrega total ao seu personagem. BORGHI interpreta, com maestria, um religioso vil, intrigante, um déspota,
praticamente, tirando partido do poder da Igreja
e de sua influência sobre o “Rei Sol”,
cujo brilho, perto do Arcebispo, ia,
somente, até a página cinco; este acabava sendo ofuscado por sua submissão a PÉRÉFIXE.
Gosto sempre de
repetir que não há atores coadjuvantes;
há personagens coadjuvantes. Todos
os demais do elenco, ainda que em
papéis menores, contribuem, com seu talento, para a grandeza do espetáculo, com um destaque especial
para GEORGETTE FADEL, como o gozadíssimo
GONZAGO, irmão de RACINE, roubando a cena, vez por outra,
e RAFAEL CAMARGO, como um ótimo LA FONTAINE.
O texto é brilhante. Não o conheço no
original, mas louvo a sua tradução,
feita, a quatro mãos, por ELCIO e BORGHI, aquele responsável, também,
pela adaptação, junto com LUCI COLLIN. Creio, porém, que,
ainda que não sintamos o tempo passar (120
minutos), sem intervalo, o que acho ótimo, o texto poderia ser um pouco condensado, o que não quer dizer que
seja entediante; muito pelo contrário, graças ao humor inteligente e refinado. Sua autora, SABINA BERMAN, é
uma dramaturga, além de atuar em
outras áreas, muito respeitada em seu país, México, e reconhecida como das melhores de sua geração e da
atualidade (Ela nasceu em 1955.). Muitos de seus textos já foram montados em países europeus, da América
Latina, nos Estados Unidos e no Canadá, o que significa o reconhecimento
do trabalho de uma autora de peso, o
que já lhe rendeu algumas premiações.
Já ouvi, sobre
este “MOLIÈRE”, aqui, no Rio, opiniões negativas e positivas,
estas em maiores proporções e nas quais insiro a minha, sem pestanejar. Dos que
desaprovam a montagem, muitos
criticam, negativamente, a direção,
com o que não concordo de forma alguma. Não consigo ver este texto montado de outra forma;mais
solene, talvez. Penso que o diretor, DIEGO FORTES, acertou em cheio, quando optou por um espetáculo moderno, dentro de uma estética tropicalista, anárquica,
instigante, subversiva, com cores quentes do nosso verão, muito distante do
cinzento inverno europeu (Caprichei nas metáforas!).
DIEGO usou e abusou de tudo o que de
melhor está presente no movimento
tropicalista, mormente o deboche e a irreverência, chegando bem perto de Zé Celso, dos tempos de “O Rei da Vela” até os dias atuais, ou,
pelo menos, nos fazendo lembrar o docemente criativo, ousado e irreverente Zé (E
viva o Teatro Oficina!!! E viva O Teatro Oficina Uzina Uzona!!!).
Em todas as
cenas, o trabalho da direção merece
aplausos, entretanto uma me marcou bastante, que apenas citarei, para não
roubar, aos que ainda irão assistir à peça, o prazer de vê-la, que é a da
destruição do Teatro de MOLIÈRE. Magnífica solução do diretor!!!
É impecável o cenário, assinado por ANDRÉ CORTEZ, que brinca com a metalinguagem do TEATRO dentro do TEATRO,
de modo a permitir que o público se divida entre ver o que se passa no centro
do palco, o que podem ser diferentes locações, como reproduz o Teatro de MOLIÈRE, tanto no seu palco como na sua plateia, onde se
acomoda o quarteto principal da trama, como espectadores. Achei brilhante essa
ideia, que, obviamente, já deve estar no texto,
bem como a resolução do diretor, em
comunhão com o trabalho do cenógrafo.
A irreverência é
a tônica dos fantásticos e exuberantes
figurinos, criados por KARLLA
GIROTTO, a qual se vale de uma ampla mistura de tudo, desde elementos
concernentes à época em que se passa a história até peças e adereços que mais
lembram fantasias de escolas de samba de hoje, tudo numa “salada cultural”, apoiada numa paleta de todas as cores e brilhos,
resultando numa grande brincadeira séria. Um
verdadeiro primor!!!
BETO GRUEL e NADJA NAIRA seguem a proposta da direção e se integram na brincadeira, com uma luz alegre, bem variada,
pondo em destaque tudo o que se encontra no espaço cênico, na hora certa e na proporção devida.
Já que o
tropicalismo está em cena, nada melhor que uma trilha sonora caetaneana (Ou seria caetanesca?), selecionada, a
dedo, por GILSON FUKUSHIMA,
responsável pela correta direção musical.
A trilha é toda executada ao vivo,
por uma banda, que ocupa a lateral esquerda do palco.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Sabina Berman
Tradução: Elcio Nogueira Seixas e Renato Borghi
Adaptação: Diego Fortes e Luci Collin
Direção: Diego Fortes
Elenco: Matheus Nachtergaele (Molière), Elcio
Nogueira Seixas (Racine), Renato Borghi (Arcebispo Pérérfixe), Nilton Bicudo (Luís XIV, o “Rei Sol”), Rafael Camargo (La Fontaine), Luciana Borghi (Madeleine
e Rainha Mãe), Georgette Fadel (Gonzago), Regina França (Mademoiselle Du Parc e
Madame Parnelle), Marco Bravo (Baron e Primeiro Médico), Débora Veneziani
(Armande), Edith de Camargo (Marquês e Instrumentista da Orquestra do Maestro
Lully), Fábio Cardoso (Maestro Lully), Maria Fernanda (Anjo e Instrumentista da
Orquestra do Maestro Lully) e Beatriz Lima (Instrumentista da Orquestra do
Maestro Lully)
Cenografia: André Cortez
Figurinos: Karlla Girotto
Direção Musical: Gilson Fukushima
Iluminação: Beto Bruel e Nadja Naira
Assistente de
Direção: Carol Carreiro
Fotos: Eika Yabusame (E-Fotos), Jamil
Kubruk, Luísa Bonin e Paulo Uras (Estúdio FB)
Assessoria de
Imprensa: Adriana Monteiro -
Ofício das Letras
Coordenação de
Produção: Luís Henrique
Daltrozo (Luque)
Idealização: Teatro Promíscuo, Flo
Produções e Lady Camis
Produção: Daltrozo Produções
SERVIÇO:
Temporada: De 10 de agosto a 02 de setembro de
2018.
Local: Teatro Adolpho Bloch.
Endereço:
Rua do Russel, nº 804, Glória - Edifício Manchete – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: 6ª feira, às 20h; sábado, às 20h; e
domingo, às 18h.
Vendas: Bilheteria do Teatro Riachuelo Rio (Rua do Passeio, nº38/40 - Centro; "Site" Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br) e Bilheteria do
Teatro Adolpho Bloch (nos dias de sessão, a partir das 14h).
Valores dos Ingressos: R$60,00 (inteira) e R$30,00
(meia-entrada).
Classificação Indicativa: 14 anos.
Duração: 120 minutos.
Gênero: Comédia Musical.
“MOLIÈRE”
é, antes de tudo, uma peça política, na qual as instituições, como a Igreja e o Governo, não são poupadas e as críticas a elas feitas se aplicam,
perfeitamente, aos dias de hoje, o que faz dela uma peça atual. Atualíssima. Divertida. Uma OBRA-PRIMA, que recomendo e gostaria de
encontrar tempo para rever.
Sem
a menor dúvida, é um dos melhores espetáculos,
dos que vêm ocupando os palcos cariocas, neste ano de 2018, até o momento, e um
dos melhores a que já assisti nos últimos anos.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE
ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE
MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
(FOTOS: EIKA YABUSAME - E-FOTOS,
JAMIL KUBRUK, LUÍSA BONIN E PAULO URAS - ESTÚDIO FB.)
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