SUASSUNA -
O
AUTO DO REINO DO SOL
(UMA JUSTÍSSIMA E BELA
HOMENAGEM A UM GÊNIO IMORTAL.)
Um
dia me fizeram uma pergunta: “Se você pudesse pedir a Deus que lhe concedesse a
graça de conversar, por uma hora, com alguém que você muito ama ou admira e que
já morreu, quem seria essa pessoa?”. A resposta saiu em frações de segundo: ARIANO SUASSUNA. Poderia, dessa forma,
dar prosseguimento a um ligeiro colóquio, de quinze minutos, que tive o prazer
e o privilégio de ter com ele e sua querida esposa, Dona Zélia, na noite de 11
de junho de 2007, antes da abertura de uma exposição, no SESC Flamengo, no Rio de Janeiro, sobre a sua obra, em comemoração aos seus 80 anos de idade.
ARIANO, certamente, é uma das maiores
aquisições que o céu ganhou e, de lá, deve estar muito feliz com todas as
justíssimas homenagens que lhe fazem, a toda hora, havendo ou não um motivo
especial. Aliás, há um perene e eterno motivo especial: ARIANO SUASSUNA.
A
mais recente homenagem que vem sendo prestada, no Rio de Janeiro, a tão ilustre brasileiro vem na forma de um musical, em cartaz no lindo Teatro Riachuelo (VER SERVIÇO.) e que é mais uma obra-prima da grife A BARCA
DOS CORAÇÕES PARTIDOS, com o aval da SARAU
AGÊNCIA DE CULTURA BRASILEIRA, na figura de ANDREA ALVES, sem dúvida alguma, uma das maiores produtoras de TEATRO deste país.
O
espetáculo se chama “SUASSUNA – O AUTO
DO REINO DO SOL”, idealizado por ANDREA,
com texto de BRAULIO TAVARES, música
de CHICO CÉSAR, BETO LEMOS e ALFREDO DEL-PENHO,
dirigido por LUIZ CARLOS VASCONCELOS.
Escrever
sobre esse musical é, paradoxalmente,
fácil e difícil. Fácil, por se tratar, como já foi dito, de uma obra-prima; difícil, porque precisarei
me conter, para não me estender nos comentários, visto que material, para isso,
não me falta e, como sou muito detalhista, nas minhas críticas, e só escrevo
sobre o que me toca, sobre os espetáculos de que gosto – e adorei “SUASSUNA...” -, todo o meu poder de síntese está sendo requisitado
agora.
O espetáculo
homenageia os 90 anos do grande escritor e dramaturgo paraibano, radicado em Recife, onde morreu, em 23
de julho de 2014.
ARIANO nasceu na cidade de Parahyba, atual João Pessoa, e, além de dramaturgo, também foi romancista, ensaísta, poeta e professor. Foi o idealizador do Movimento Armorial,
que tem como objetivo criar uma arte erudita, a partir de elementos da cultura popular do Nordeste
Brasileiro. Tal movimento procura orientar, para esse fim, todas as
formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, TEATRO, cinema, arquitetura, dentre outras expressões. É,
sem a menor dúvida, um dos maiores
dramaturgos brasileiros de todos os tempos, reconhecido, nacionalmente,
como um grande defensor da cultura popular nordestina.
Em
1930, mudou-se, com a família,
para Taperoá,
cidade presente em suas obras, onde voltou a morar mais tarde. A partir de 1942, passou a viver em Recife.
Em
termos de religião, teve uma formação calvinista e, posteriormente, agnóstico,
converteu-se ao catolicismo, o que viria a marcar definitivamente a sua obra.
Para
o TEATRO, escreveu, dentre tantas
outras, as seguintes peças mais conhecidas e encenadas: “O Castigo da Soberba” (1953), “Auto da Compadecida” (1955), “O Santo e a Porca” (1957), “A
Pena e a Lei” (1959), “Farsa da Boa Preguiça” (1960) e “As
Conchambranças de Quaderna” (1987). Como romancista, é mais conhecido pelo livro “O Romance d'A Pedra do
Reino” e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” (1971).
SINOPSE:
Sertão da
Paraíba.
Época: mais ou menos atual, mas sem menção ao resto
do Brasil, nem às tecnologias modernas.
Um Circo-Teatro
viaja pelo Sertão, parando em cada
cidade e distrito, para uma noitada. O Circo
pertence a MADAME SULTANA (ADRÉN ALVEZ),
astróloga, bailarina, clarividente, consultora tântrica e microempresária.
A principal atração do Circo é o seu grupo de jovens atores e artistas: são eles MOSQUITO (FÁBIO ENRIQUEZ), CHICO DE ROSA (BETO LEMOS), ESCARAMUÇA (EDUARDO RIOS), POETA LEÓN (RICCA BARROS) e CABANTÕE (RENATO LUCIANO).
Além dos habituais números circenses, eles encenam
quadros, esquetes e entremezes (representações
teatrais burlescas ou jocosas, de curta duração, que servem de entreato da peça
principal)
de grande sucesso junto ao público do Sertão.
Cantam músicas, sozinhos ou em grupo, recitam, fazem números de gracejo ou de
habilidades.
Eles se dirigem a Taperoá, na Paraíba,
onde devem encenar um espetáculo nas festividades em homenagem ao “poeta Ariano Suassuna”.
Na estrada, cruzam com bandos de retirantes. Ficam
sabendo que, além de estar havendo uma seca intensa na região, duas famílias
tradicionais estão em pé de guerra, uma contra a outra, e, todo dia, há
tiroteio em algum lugar dali.
De um lado, há a família FORTUNATO, de criadores de gado, e, do outro, o MAJOR ANTÔNIO MORAES, o implacável
comerciante de minérios, que aparece em “Auto
da Comparecida” e que é o vilão principal no “Romance da Pedra do Reino” e em “As Infâncias de Quaderna”.
Na fazenda de ANTONIO
MORAES, a família está em crise. Além do conflito armado com os FORTUNATO, eles descobrem que IRACEMA (REBECA JAMIR), sobrinha do MAJOR, fora vista, fugindo de casa,
naquela noite, com um rapaz, e o MAJOR
está uma fera. O rapaz é LUCAS FORTUNATO
(ALFREDO DEL-PENHO), neto bastardo de
DONA EUFRÁSIA FORTUNATO, da família rival.
No caminho, o Circo
recebe a visita do casal, que pede para se juntar a eles. A equipe os aceita,
porque simpatiza com os dois. O Circo
continua a viagem e começa a ser abordado por jagunços, à procura do casal.
A viagem vai mostrando os ensaios dos entremezes
que a trupe está montando. Neles, aparecem cenas entre Dom Quixote e Sancho Pança
ou entre duplas de palhaços, fazendo, de vez em quando, uma menção aos perigos
que correm.
Nas estradas, aumenta o número de retirantes, os quais
estão indo para um lugar que eles chamam de o “Soturno”.
Numa região cheia de escavações abandonadas, surgiu
um vale fértil, para onde estão convergindo as pessoas. Num encontro com
fugitivos, LUCAS fica sabendo que
alguns irmãos de criação seus, que ele não via havia anos, estavam refugiados
no “Soturno”, junto com outros
retirantes. Ele vai reencontrá-los. A presença dele ali vai desencadear uma
reação violenta, por parte dos jagunços das famílias em guerra.
Acertaram, em cheio,
os envolvidos no projeto, quando não
optaram por prestar a devida homenagem a ARIANO,
simplesmente, montando um de seus textos
clássicos, o que seria bem mais fácil e simples, ou produzindo um musical biográfico, que, na maioria das
vezes, gera desastres, com raras exceções. SUASSUNA,
certamente, não aprovaria.
Optou-se por um texto novo, inédito, em que o preito é
prestado apenas na motivação, encerrada pelo deslocamento de uma companhia
itinerante de Circo-Teatro a Taperoá: “fazer um espetáculo em homenagem ao grande poeta SUASSUNA”. Isso
num ótimo texto em que o talento de BRAULIO TAVARES utiliza, sem
economizar, elementos do universo suassuniano,
como personagens que levam nomes de outros, criados por ARIANO, frases e citações desses personagens, localidades que
aparecem em suas peças e outros detalhes afins.
Um dos melhores
exemplos disso é a cena que envolve EDUARDO
RIOS e RENATO LUCIANO, em que
este, como CABANTÕE, conta, ao outro,
como seu avô construíra uma bicicleta, feita apenas com talos de mamona e, num
determinado momento da mentira, equivoca-se e fala em uma parte do veículo, que
teria sido feita com bambu, ao que o outro questiona: “Mas não era de mamona?”. E a resposta vem logo, na ponta da
língua: “Não sei; só sei que foi assim!”
(Saudade de João Grilo e Chicó.).
Até a figura da Compadecida, numa bela cena, se faz
presente no espetáculo, adentrando o palco, sobre um andor, empurrado por um
ator, caracterizado de ARIANO SUASSUNA
(Emocionante!), detalhe que nem
todos conseguem perceber, já que as atenções estão voltadas para a Santa. Parece que foi feito de
propósito, seguindo o comportamento discreto do homenageado.
É interessante ver
que BRAULIO TAVARES, dentro da
homenagem, criou um momento em que o personagem ANTÔNIO MORAES, vivido por RICCA
BARROS, não reconhece o talento de ARIANO,
fala mal deste, menospreza-o, pelo fato de ser pobre, não ter dinheiro, já que,
para o “MAJOR”, que nada tem a ver
com a patente militar, o poder e o valor pessoal estão restritos às riquezas
materiais acumuladas. É bem inteligente a ideia de chamar a atenção para valor
moral, intelectual e interior de ARIANO, pelas
palavras vãs de um pobre de espírito, como ANTÔNIO
MORAES.
Ainda sobre o texto, há nele a fusão de duas
histórias, que se amalgamam ajustadamente e caminham em paralelo. Uma delas é o
conflito resultante da paixão de dois jovens, LUCAS e IRACEMA,
pertencentes a famílias rivais e que se odeiam, bem ao estilo Romeu e Julieta, temperado pela fuga do casal, e a consequente caça aos
dois, ordenada por ANTÔNIO MORAES, principalmente
ao sequestrador de sua sobrinha. A outra é a lida, o dia a dia de uma companhia
mambembe de Circo-Teatro, com suas
mazelas próprias, e à qual vão ter, pedindo abrigo, os dois fugitivos.
Considero bastante
original a ideia de BRAULIO, e são
muito bem entrelaçadas as tramas. Na primeira vez em que assisti à peça, achei
um pouco complicado o enredo, de
início, porém essa impressão se desfez, um pouco, ao longo do espetáculo, e,
totalmente, quando a vi pela segunda vez. Também achei, e continuo achando, que
o texto é mais bem saboreado e
assimilado pelos que têm afinidade com a obra de ARIANO, os que já conhecem o seu mundo, o que, de forma alguma,
gera algum grande prejuízo aos não iniciados naquele universo.
Infelizmente, ainda
há quem pense que musical se faz apenas
com uma história e algumas canções, como apêndice, soltas, que até poderiam ser
substituídas por outras. É claro que não
é assim! Num musical, é
necessário que as letras das canções
também ajudem a contar a história, havendo, portanto, a necessidade de serem
ajustadas ao enredo, como ocorre em “SUASSUNA...”. São excelentes as canções, assinadas por CHICO CÉSAR, BETO LEMOS e ALFREDO
DEL-PENHO, embora se saiba que também houve colaborações de BRAULIO e dos atores do elenco.
Pode-se dizer que o espetáculo tem um quê de criação
coletiva e que foi desenvolvido durante um longo processo criativo, texto e canções surgindo, gradativamente, durante os ensaios.
No que tange à direção, de LUIZ CARLOS VASCONCELOS, não lhe posso poupar aplausos, pelas
ótimas soluções encontradas, criativas e simples, para todas as cenas, levando
o público a imaginar e “ver” o que não está, materialmente, exposto no palco. VASCONCELOS é um profundo estudioso e
conhecedor da obra de ARIANO, motivo
pelo qual soube decodificar seu pensamento e criar um espetáculo lúdico,
irrepreensível, do ponto de vista plástico, daqueles que ficam na nossa memória
afetiva, para o resto da vida.
LUIZ explorou, com muita propriedade, tudo o que podia e devia ser
resgatado da obra do dramaturgo homenageado e criou um espetáculo bastante
dinâmico, com um ritmo que não arrefece, em momento algum, além de saber
extrair, das profundezas do talento de cada elemento do elenco, o que ele/ela tinha de melhor, revelando, talvez, um lado
oculto de alguns, agora, felizmente, conhecido.
Merecem destaque,
pelo trabalho de direção, algumas
cenas, como as que misturam, no mesmo espaço, resguardando-lhes os limites
físicos, no palco, os diálogos entre o MAJOR
ANTÔNIO MORAES e seu capanga CASIMIRO
(FÁBIO ENRIQUEZ) e DONA EUFRÁSIA
e seu advogado (BETO LEMOS). CASEMIRO, armado até os dentes; o
advogado, “armado” apenas de palavras.
Outra é o hilário
número de ventriloquia, adicionado, ao espetáculo, após as primeiras sessões,
entre EDUARDO RIOS e RENATO LUCIANO (Sempre eles!), assim como são lindas e
ternas as cenas do par romântico LUCAS e IRACEMA.
Existe um momento de interação maior com a plateia,
quando o personagem de ALFREDO DEL-PENHO solicita, ao público, que lhe diga
uma palavra, a título de mote, para que ele faça repentes. Divertido momento.
O elenco e o diretor Luiz Carlos Vasconcelos,
ao centro, embaixo.
Se ARIANO SUASSUNA é a cereja do bolo,
quem seria o bolo? Só pode ser o elenco,
composto pelos sete elementos que formam a Companhia
BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS (pela ordem alfabética: ADRÉN ALVEZ, ALFREDO
DEL-PENHO, BETO LEMOS, EDUARDO RIOS, FÁBIO ENRIQUEZ, RENATO
LUCIANO e RICCA BARROS),
enriquecido pelas valorosas participações de REBECA JAMIR, CHRIS MOURÃO
e PEDRO AUNE.
A BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS é um grupo que se formou durante as
muitas viagens com o musical “Gonzagão –
A Lenda!”, de 2012. Depois desse
grande sucesso, o grupo se manteve junto, atuando em “Ópera do Malandro!”, em 2014. A
ideia da formação oficial da Companhia
amadureceu, até que criaram seu primeiro espetáculo autoral, “AUÊ”, junto com Duda Maia, que foi a grande sensação teatral de 2015/2016, sucesso absoluto de público
e de crítica, que ainda está em cartaz, lotando o Teatro Riachuelo, vencedor de muitos prêmios, incluindo quatro, no PRÊMIO BOTEQUIM CULTURAL, a cujo júri tenho a honra de pertencer: MELHOR ESPETÁCULO, MELHOR DIREÇÃO (Duda Maia),
MELHOR AUTOR (Duda Maia e A BARCA
DOS CORAÇÕES PARTIDOS) e MELHOR ATOR
(COLETIVO DE ATORES – cada um deles foi agraciado com uma estatueta, troféu
conferido pelo PRÊMIO).
O grupo é formado
por magníficos multiartistas, que executam, maravilhosamente bem, tudo o que
sabem fazer: representar, dançar, cantar e tocar instrumentos musicais.
Não é minha intenção estabelecer comparações entre “SUASSUNA...” e “AUÊ”, até porque são espetáculos completamente diferentes, em sua
essência e propostas, entretanto, em termos de atuação, posso, seguramente,
afirmar que, em “AUÊ”, não consegui
estabelecer nenhum destaque entre os sete artistas. O mesmo não posso afirmar
com relação ao espetáculo em tela. Ainda que, como era de se esperar, todos
tenham uma atuação brilhante, na peça, não posso negar que, estando sob a mira
de uma arma de fogo ou com o pescoço encostado à lâmina de uma arma branca, na
iminência de morrer, caso não conseguisse apontar um destaque, eu não hesitaria
em destacar o nome de ADRÉN ALVEZ,
que é digno de muitos aplausos, de pé, por suas incríveis e inesquecíveis
composições de personagens, duas mulheres, a MADAME SULTANA e DONA
EUFRÁSIA, esta representando o poder matriarcal no Sertão, tipo encontrado em outras grandes obras da literatura
brasileira.
Todos os adjetivos a que eu recorresse, para
reconhecer o talento de ADRÉN e sua
marcante atuação neste espetáculo seriam insuficientes. O que ele faz com a sua
privilegiada voz é algo raro, brincando com os registros, passeando por eles,
do soprano ao barítono, com a maior naturalidade e perfeição. Já o fazia em "Auê".
Ao apontar o nome de ADRÉN, ficaria, porém, com pena de não ter podido escolher três
nomes. Se tal oportunidade eu tivesse, na situação acima suposta, logo acrescentaria
os nomes de EDUARDO RIOS e RENATO LUCIANO, que formam uma impagável
dupla, que já era boa, porém se revelou melhor ainda nesta montagem. A química
que existe entre eles é incrível, uma cumplicidade que os leva a merecer,
também, muitos aplausos. Seus números, como “clowns”, uma arte dificílima, são irretocáveis. E aqui, vejo mais
um mérito, também, no diretor, que enxergou
essa cumplicidade e esse talento, durante o processo, e os incentivou, a ponto
de termos algumas das melhores cenas do espetáculo sob a responsabilidade da
dupla.
Mas todos merecem seus aplausos. FÁBIO ENRIQUEZ dá um “show” de interpretação, em qualquer
personagem que faz, no espetáculo. Seu cavalo ROCINANTE
é um achado. RICCA BARROS não fica
atrás; uma presença mais que marcante em cena, principalmente na pele do MAJOR ANTÔNIO MORAES. ALFREDO DEL-PENHO arrebata a plateia,
em todas as suas intervenções. Junto com BETO
LEMOS, que vem se revelando também um bom ator, forma a dupla que mais trabalha a
parte musical do grupo. Ambos têm um talento raro, como musicistas; ou melhor,
mutimusicistas.
Quanto aos três convidados, para completar a trupe, um
destaque vai para a única presença feminina em cena, REBECA JAMIR, totalmente inserida no “Clube do Bolinha”, talentosa atriz e cantora. CHRIS MOURÃO e PEDRO AUNE,
os dois outros convidados, respondem, à altura, quando são solicitados a fazê-lo,
e desempenham, competentemente, as suas funções.
A dinâmica do espetáculo deve muito ao ótimo trabalho
de direção de movimento, uma preparação corporal, a cargo de VANESSA GARCIA, também assistente de direção. Nessa área
“semântica”, incluem-se a preparação
circense, feita por RODRIGO GARCEZ,
e a preparação da cena de luta, cujo
responsável é CLÁUDIO FERNANDES.
Se o espetáculo não valesse a pena, pelo texto, direção e atuação, creio
que ficar admirando a beleza criativa dos cenários
e dos figurinos já seria suficiente
para compensar o gasto com o ingresso.
A cenografia,
de SÉRGIO MARIMBA, é uma atração a
mais no espetáculo. Linda e muito criativa. O palco fica, pode-se dizer, livre,
para a atuação do elenco. É utilizada
uma engenhosa carroça, que serve de marca do Circo-Teatro. É como se fosse o meio de transporte da trupe e, ao
mesmo tempo, o local que lhes serve de abrigo. Em resumo, representa o universo
circense. Construída com uma estrutura de ferragens, transporta toda sorte de
tralhas, instrumentos musicais, cenários, figurinos e, evidentemente, pessoas.
Um belíssimo trabalho de engenharia cenográfica. Também, sem a carga que
transporta, serve de “fortaleza” do MAJOR
ANTÔNIO MORAES.
Toda vez que a referência é o Circo-Teatro, que há uma cena envolvendo esse universo, ergue-se,
ao fundo do palco, sem interferir no espaço cênico, uma “lona”, como marca
registrada daquele espaço. É uma tenda simbólica aquela “lona”. Outro grande
achado da cenografia.
E o que dizer dos lindos, magníficos, exuberantes,
criativos e coloridos figurinos,
idealizados por KIKA LOPES e HELOÍSA STOCKLER? Os adjetivos
utilizados na perguntam já servem como resposta. Todos primam pelo bom gosto,
nos mais variados sentidos, entretanto um deles merece um destaque. Trata-se da
roupa da personagem DONA EUFRÁSIA, um
traje que comporta uma saia com longa cauda, a se arrastar pelo palco, sendo
que o ator ADRÉN ALVEZ, para ficar
mais alto e passar, ao público, uma imagem de importância, força e o
empoderamento da personagem, caminha sobre duas espécies de plataforma, o que
lhe exige um esforço físico enorme, para se equilibrar e manter o corpo
curvado, de uma anciã.
Para não fugir à regra, RENATO MACHADO brilha - sem trocadilhos infames - na iluminação do espetáculo, criando uma luz adequada a cada cena. Assim,
podemos diferençar a mais sóbria, que ele idealizou para as cenas que envolvem
mais dramaticidade, das mais quentes e coloridas, que se justificam para realçar o
entretenimento, para as cenas envolvendo o Circo-Teatro.
Ao mesmo tempo que está a serviço das cenas, também é de uma beleza, que ajuda
a intensificar a plasticidade do espetáculo.
Um espetáculo
musical não comporta erro no som,
não admite falhas. O desenho de som
tem de ser perfeito, tanto para as cenas de texto falado como para a execução das canções. Se tal tarefa for confiada a GABRIEL D’ANGELO, como em “SUASSUNA...”,
o espetáculo não corre risco de sofrer qualquer prejuízo. Excelente trabalho!
FICHA TÉCNICA:
Ministério
da Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de
Cultura e Rede apresentam:
SUASSUNA
– O AUTO DO REINO DO SOL
Uma encenação de Luiz Carlos Vasconcelos
Assistente de direção: Vanessa Garcia
Texto: Bráulio Tavares
Música: Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del-Penho
Música: Chico César, Beto Lemos e Alfredo Del-Penho
Idealização e Direção de Produção: Andrea Alves
Elenco: Cia. Barca dos Corações Partidos: Adrén Alvez, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Fábio Enriquez, Eduardo Rios, Renato Luciano e Ricca Barros.
Atriz convidada: Rebeca Jamir
Artistas convidados: Chris Mourão e Pedro Aune
Artistas convidados: Chris Mourão e Pedro Aune
Cenografia: Sérgio Marimba
Iluminação: Renato Machado
Figurinos: Kika Lopes e Heloísa Stockler
"Design" de Som: Gabriel D’Angelo
Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno
Produção Executiva: Rafael Lydio
Iluminação: Renato Machado
Figurinos: Kika Lopes e Heloísa Stockler
"Design" de Som: Gabriel D’Angelo
Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno
Produção Executiva: Rafael Lydio
Apoio:
One Health e ONS
SERVIÇO:
Temporada: de 15 de junho a 20 de agosto.
Local: Teatro Riachuelo
Endereço: Rua do Passeio, 38/40 - Centro - Rio de Janeiro
Dias e Horários: De quinta-feira a domingo, às 20h30min.
min.
Classificação Etária: 12 anos.
Duração: 120 minutos.
Dias e Horários: De quinta-feira a domingo, às 20h30min.
min.
Classificação Etária: 12 anos.
Duração: 120 minutos.
Vendas na Bilheteria do Teatro e site da Ingresso Rápido.
Valores dos ingressos:
5ª feira e 6ª feira: Plateia Vip – R$130,00; Plateia e Balcão Nobre – R$100,00; Balcão Simples – R$50,00.
Sábado: Plateia Vip – R$150,00; Plateia e Balcão Nobre – R$120,00; Balcão Simples –
R$50,00.
Domingo: Plateia Vip – R$100,00; Plateia e Balcão Nobre – R$80,00; Balcão Simples –
R$40,00
“SUASSUNA – O
AUTO DO REINO DO SOL” é um magnífico
espetáculo, uma verdadeira obra-prima,
para toda a família e se propõe a ser uma celebração; e o é, em sua plenitude.
Já assisti à montagem
duas vezes, como já disse, e ainda pretendo vê-la outras, se tiver disponibilidade
para isso, uma vez que a peça é, sem sombra de dúvidas, o que de melhor foi
apresentado, em termos de musicais,
no Rio de Janeiro, até o presente
momento, no corrente ano de 2017.
A minha recomendação
é total, na certeza de que os que a aceitarem irão me agradecer pela dica. Mas não precisam!!!
O importante é homenagear e celebrar ARIANO SUASSUNA!!!
(FOTOS: ELISA MENDES
e
ANNELIZE TOZETTO.)
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