segunda-feira, 13 de março de 2017


TRA-LA-LÁ

 

(LINDA HOMENAGEM

A QUEM MERECE.

ou

UM CAMINHO
PARA O RESGATE DA
MÚSICA POPULAR BRASILEIRA.)


 

 

     Mais uma vez, partindo para uma exceção, ponho-me a falar sobre um espetáculo infantojuvenil. E, se o faço, é porque vale a pena fazê-lo. Vale muito a pena!

            Trata-se do musical “TRA-LA-LÁ”, em cartaz no Teatro OI Futuro Ipanema, até o dia 26 de março (2107).

            Acho louvável que se façam musicais de TEATRO, homenageando os grandes compositores da nossa música, como o grande LAMARTINE BABO, motivo pelo qual já começo por elogiar a iniciativa da atriz ANNA BELLO, idealizadora do projeto. Mais ainda por ter reunido um grupo tão seleto de profissionais, extremamente competentes, para ajudá-la a desenvolver o referido projeto.

            LAMARTINE BABO foi compositor de famosas marchinhas de carnaval, de inúmeros sambas e dos hinos populares dos clubes de futebol do Rio de Janeiro. O grande artista carioca (1904–1963) era, carinhosamente, conhecido como SEU LALÁ, daí o sugestivo nome da peça.






            Neste musical infantojuvenil, LAMARTINE, uma das pessoas mais conhecidas e importantes do meio artístico brasileiro, tem sua obra revisitada, num espetáculo que não é biográfico, mas que não deixa de apresentar, principalmente, para os pequenos, o grande artista e sua importância.

Conta-se uma história, ou melhor, contam-se duas, paralelamente, nas quais se encaixam, muito bem, as suas composições, até hoje cantadas durante o carnaval, festas juninas, nas conquistas de títulos de times cariocas de futebol e o ano inteiro, por meio de suas canções chamadas “de meio de ano”.  
 
 
Leandro Castilho.
 

“TRA-LA-LÁ” apresenta a obra de LAMARTINE, ao público infantojuvenil, de forma lúdica, por meio do primeiro texto original, de VANESSA DANTAS, excelente, por sinal, baseando-se na pesquisa do jornalista PEDRO PAULO MALTA e no livro Tra-la-lá – Vida e Obra de Lamartine Babo” (Funarte, 2014), de Suetônio Soares Valença.

É a própria VANESSA quem fala: “Escrevi duas histórias de amor de diferentes gerações. Quantos casais não se apaixonaram através das músicas de LAMARTINE? Ele era um ‘clown’, o nosso Chaplin. Tinha sempre um trocadilho na ponta da língua”.
 
 
Armando Boaventura.


A autora inseriu frases originais do artista, na dramaturgia, como quando ele fazia graça com a própria magreza: “Eu era tão magro, que conseguia passar sequinho, sequinho, entre os pingos de chuva!”. Outra piada do SEU LALÁ é quando diz que, ao ser questionado sobre o porquê de não ter composto hinos para times de São Paulo, sempre responder: “É porque não encontraria uma rima para ‘Esporte Clube Corinthians’”,

Os atores, todos com formação musical e bastante versáteis, tocam diversos instrumentos e cantam 26 músicas de LAMARTINE BABO, ao vivo, acompanhados do percussionista MATIAS ZIBECCHI
 
 
 
 
 
O elenco.
 
 

O roteiro musical inclui uma gama de sucessos, como “Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda”; “A-E-I-O-U”; “Chegou A Hora Da Fogueira”; “Linda Morena”; “Joux Joux Balangandã”; “O Teu Cabelo Não Nega, Mulata”; “Medley De Marchinhas”; “Medley Dos Hinos De Futebol Dos Times Do Rio De Janeiro”; “Ride Palhaço”; “No Rancho Fundo”  e “Cantores Do Rádio”.

 
 
Anna Bello.
 



 
SINOPSE:
 
A praça é o ponto de encontro de todos os personagens.
 
Lá, o viúvo SEU VORONOFF (LEONARDO MIRANDA) trabalha com o seu “hospital portátil de bonecos” e não esconde uma antiga paixão, dos tempos de escola, por DONA JUJU BALANGANDÃ (ANNA VELLOSO), que aparece, todos os dias, para vender suas bugigangas na praça.
 
ARMANDO BOAVENTURA (LEANDRO CASTILHO) - o nome do personagem é sugestivo, no texto -, artista e músico da praça, e os jovens PEDRO (DANIEL HAIDAR), neto de SEU VORONOFF, e TINA (ISABELA RESCALA), neta de JUJU, vão ajudar SEU VORONOFF a conquistar, novamente, o coração de JUJU. Os dois jovens também nutrem, um pelo outro, um amor infantojuvenil.
 
Criado pelo artista visual BRUNO DANTE, o boneco de LAMARTINE BABO entra em cena, para contar momentos da sua vida pessoal e profissional, manipulado por LEANDRO CASTILHO, além de auxiliar SEU VORONOFF a colocar em prática o seu plano para reconquistar JUJU BALANGANDÃ.
 

 




 
 


VANESSA DANTAS preocupou-se em manter uma linguagem de fácil assimilação, para o público infantojuvenil, sem ser rasa, no vocabulário e no conteúdo, com diálogos ágeis e recheados de bom humor. Como estreante no ramo, saiu-se muito bem e deve continuar a investir nele.

ANA PAULA ABREU, que assina a direção, tem vasta experiência em musicais e soube aplicá-la neste, resultando numa montagem leve, alegre e movimentada, como deveria mesmo ser, num espetáculo que reúne diferentes linguagens, como teatro de bonecos, cinema e música, além do texto teatral – é claro - e conduziu seu elenco com propriedade e muito bom gosto.
 
 
Cortejando Dona Juju.


Como disse, anteriormente, só foram convidados a fazer parte do projeto profissionais de primeira linha, como CARLOS ALBERTO NUNES, que bolou um lindo cenário, reproduzindo uma praça tradicional, do Rio antigo, com bancos, um coreto e tudo o que pode compor tal ambiente.

Nesse time, também foi escalada a grande figurinista CAROL LOBATO, que, apesar de jovem, já traz uma enorme bagagem profissional, inclusive com prêmios, e que desenhou belos figurinos, divertidos, alegres e coloridos. É de merecer um destraque a camiseta bolada para o personagem PEDRO, que é toda confeccionada com pedaços de camisas de clubes cariocas, com um espaço maior reservado ao América Futebol Clube, time do coração de SEU LALÁ.
 
 
Daniel Haidar.


            E, já que estamos falando em titulares de uma seleção, não poderia faltar o nome de AURÉLIO DE SIMONI, assinando mais uma iluminação que merece destaque, o que, para ele, já não é nenhuma novidade.
 
            Por se tratar de um musical, um profissional de grande importância é aquele que fica responsável pela direção musical e pelos arranjos. É a MARCELO REZENDE que cabe essa responsabilidade, a qual ele cumpre de forma esplêndida.

            O elenco é bastante homogêneo, se considerarmos que reúne atores e atrizes de larga experiência e outros, mais jovens, praticamente iniciantes. Aqueles ratificam seu talento, como ANNA BELLO, que tem formação como atriz, cantora, flautista e sapateadora; LEANDRO CASTILHO, que já dispensa apresentações, como ator e multimusicista; e LEONARDO MIRANDA, outro que já protagonizou grandes espetáculos infantojuvenis. DANIEL HAIDAR e ISABELA RESCALA, da nova safra, demonstram que têm condições de atingir o estrelato, pois atuam com muita garra e competência.


 
Leonardo Miranda.

 


 
FICHA TÉCNICA:
 
Idealização: Anna Bello
Texto: Vanessa Dantas
Pesquisa: Pedro Paulo Malta
Direção: Ana Paula Abreu
Direção Musical e Arranjos: Marcelo Rezende
 
Elenco:
Anna Bello (Dona Juju Balangandã)
Daniel Haidar (Pedro)
Isabela Rescala (Tina)
Leandro Castilho (Armando Boaventura)
Leonardo Miranda (Seu Voronoff)
Matias Zibecchi (músico)
 
Direção de Movimento: Eléonore Guisnet-Meyer
Figurino: Carol Lobato
Cenografia: Carlos Alberto Nunes
Iluminação: Aurélio de Simoni
Confecção dos Bonecos: Bruno Dante
Audiovisual e Foto: Rafael Blasi
Programação Visual: Clara Meliande
Direção de Produção: Renata Blasi
Produção: Diálogo da Arte Produções Culturais
Realização: Doravante Produções Artísticas
 

 

 

 
 

 
SERVIÇO:
 
Temporada: De 14/01 a 26/03 de 2017.
Local: Teatro do Oi Futuro Ipanema.
Endereço: Rua Visconde de Pirajá, 57 - Ipanema – Rio de Janeiro.
Tel.: (21) 3131-9333.
Horários da Funcionamento da Bilheteria: de 3ª a 6ª feirsa, das 14h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 13h às 20h.
Dias e Horários: sábados e domingos, às 16h.
Ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia entrada).
Duração: 60 minutos.
Classificação: Livre.
Gênero: Musical Infantojuvenil.
 



 
 

            A inclusão de um Teatro de Marionetes, nesta montagem, enriqueceu-a bastante, pela graça do material e pela competência dos manipuladores.

            Outro destaque deve ser dado à cena do cinema, com SEU VORONOFFE e DONA JUJU assistindo a um filme, "Canção Para Inglês Ver", em que os dois atores são os personagens.
 
 


            O final da peça não deve ser contado, para não valer como “spoiler”.

            Fiquei profundamente feliz, por ver o Teatro completamente lotado, com grande participação do público, incluindo pais e pequenos. Isso prova que não devemos perder a esperança de que “o TEATRO salva” e que, no futuro, ainda teremos plateias, principalmente se os espetáculos que servem para a formação dessas futuras forem do gabarito de “TRA-LA-LÁ”, que eu recomendo com muito empenho.


 
Aplausos!!!



(FOTOS: RAFAEL BLASI

e

TÁSSIO RAMOS.)


 
 
 
 

 



 

 

 

 
 
 
 
 

 

 



 

 








 

 









 





 



 

 
 
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário