AS AURORAS DAS NOSSAS VIDAS
(TRIBUTO A NAUM ALVES DE SOUZA)
Naum
Alves de Souza.
Viva
NAUM! Viva o TEATRO!
Somos um país sem memória. Grande novidade! Todo mundo
sabe disso.
Felizmente,
porém, de vez em quando, surge alguém, ou um grupo de amigos, para prestar uma
homenagem a um nome importante, numa atividade artística, fadado, infelizmente,
a cair, futuramente, no esquecimento da maioria do povo brasileiro,
mantendo-se, porém, vivo, na mente e nos corações de seus amigos e dos grandes
admiradores de seu talento e de sua importância para a arte e a cultura
brasileira.
Sílvia Buarque e Marieta Severo deram início aos trabalhos,
anunciando o “início das aulas”.
Na última 2ª
feira, dia 23 de maio (2016), um grupo de amigos de um grande mestre, NAUM ALVES DE SOUZA, que morreu no dia 9 de abril próximo passado,
reunidos no Teatro Poeira, no Rio de
Janeiro, quase todos tendo feito parte de um dos diferentes elencos das
três magníficas montagens de “A AURORA
DA MINHA VIDA”, o texto mais
emblemático da carreira de dramaturgo
de NAUM, prestaram uma linda,
sincera e merecida homenagem a um dos homens mais importantes da história do TEATRO BRASILEIRO.
Elenco de 2011.
O mentor e maestro
de tudo foi o ator e diretor GUSTAVO WABNER, amigo e discípulo do homenageado, tendo trabalhado
como assistente de direção de NAUM, nos últimos quinze anos, no Rio
de Janeiro. GUGA resolveu chamar esse
preito de “AS AURORAS DAS NOSSAS VIDAS”,
que consistiu em lembrar fatos e detalhes dos 73 anos de vida de NAUM,
a maior parte deles dedicada ao TEATRO,
além da atração maior, que foi a apresentação de trechos (leitura dramatizada) de sua “A
AURORA DA MINHA VIDA”, lidos pelos atores que participaram das três mais
importantes montagens desse texto.
Gustavo Wabner.
Da primeira montagem carioca, de 1982, lá estavam MARIETA
SEVERO, PEDRO PAULO RANGEL, MÁRIO BORGES, STELA FREITAS, CARLOS
GREGÓRIO e ROBERTO ARDUIM.
Completavam o elenco, ANALU PRESTES,
e CIDINHA MILAN, as quais,
infelizmente, não puderam estar presentes.
Os discípulos ouvem, e reverenciam, o MESTRE.
Todo o elenco da segunda grande montagem no Rio de
Janeiro, em 2004, marcou presença BEL KUTNER, BRUNO PADILHA, LUÍSA THIRÉ,
GUILHERME PIVA, CADU FÁVERO, ANDERSON MÜLLER, ANNA COTRIM e CAROLYNA AGUIAR.
Da versão mais recente, de 2011, em forma de musical, lembrando que todas foram dirigidas por NAUM, pisaram o palco do Poeira VICTOR MAIA, JOSÉ MAURO BRANT, ANA VELLOSO, VERA NOVELLO, HELGA
NEMECZYK e ESTER ELIAS. Não
puderam participar, em função de outros compromissos, ANDRÉ DIAS e THELMO
FERNANDES.
Além desses atores, outros participaram da homenagem,
como GILBERTO GAWRONSKI, SÍLVIA BUARQUE, ANDREA DANTAS
e SÉRGIO MACIEL.
Marieta Severo.
Pedro Paulo Rangel.
Helga Nemeczyk e Luísa Thiré.
Na
plateia, disputando um lugar, até sentados no chão, outros atores e demais
profissionais de TEATRO, além de amigos e admiradores, como eu.
Tinha
tudo para dar certo. E deu.
Era perceptível uma forte energia positiva
naquele sagrado espaço. Foi uma noite inesquecível, daquelas que ficam
marcadas, para sempre, na mente e no coração.
Não
há a menor dúvida de que “A AURORA DA MINHA VIDA” é um dos melhores textos
da dramaturgia brasileira e seria equivalente a uma “Aquarela do
Brasil”, de Ary Barroso, na música. Falou em NAUM ALVES DE SOUZA,
a primeira coisa que vem à cabeça é a “AURORA...”, embora tenha ele
escrito tantos outros textos fantásticos, como “Suburbano Coração”,
“No Natal, A Gente Vem Te Buscar” e “Um Beijo, Um Abraço, Um Aperto De
Mão”, por exemplo.
Vera Novello, Marieta Severo e Bel Kutner, “alunas” de
classes” diferentes,
“A
AURORA DA MINHA VIDA” foi, é e sempre será um dos espetáculos de maior
sucesso do TEATRO BRASILEIRO, tendo
permanecido em cartaz por longas temporadas, com total sucesso de público e de
crítica, além de ter rendido, a NAUM,
como autor e diretor, inúmeros prêmios. O texto faz parte de uma trilogia
memorialista, juntamente com “No Natal, A Gente Vem Te Buscar”
e “Um Beijo,
Um Abraço, Um Aperto De Mão”.
O texto mostra, e põe em xeque, o
ambiente escolar, dentro de um contexto marcado por um “sistema
patriarcal fechado às diferenças, extremamente autoritário e violento,
que, junto à família, reproduzia a configuração de um Estado que parecia querer
abolir, da vida de seus cidadãos, o direito à alegria e à afetividade,
estabelecendo relações baseadas apenas em hierarquias”.
Os
personagens da peça são alunos do ginásio, que não têm nomes e são designados
por qualidades: a Adiantada, o Quieto, o Órfão, a Gorda, o Puxa-Saco, as Duas Gêmeas e o Bobo. A
ausência de nomes próprios é bastante intencional, o que faz com que haja uma
maior identificação do público com os personagens e as situações, os dramas
pessoais, levados para dentro de uma sala de aula. Identificações com os
personagens, diretas ou indiretas, pessoais ou com relação a “alguém que eu
conheço”.
Anderson Müller e Pedro
Paulo Rangel.
NAUM ALVEZ DE SOUZA
representa, para o TEATRO BRASILEIRO, um dos seus artistas mais
completos e versáteis. Considerado um dos mais importantes dramaturgos
teatrais, diretor, roteirista, cenógrafo, figurinista,
artista plástico, bonequeiro e professor, ao falecer,
deixou uma vasta e inigualável obra para a nossa cultura e, por esse motivo,
mereceu aquela memorável homenagem, um tributo, uma felicíssima ideia de GUSTAVO
WABNER.
Apoiado
no “release”, que me foi enviado por Alessandra Costa (Dueto
Comunicação), que fez a assessoria de imprensa do evento, um pouco
da vida e da obra de NAUM:
Carlos Gregório e Cadu Fávero.
Em 1972,
fundou o grupo teatral Pod Minoga,
juntamente com seus alunos, da FAAP,
Carlos Moreno,
Mira Haar,
Flávio de Souza, Dionísio Jacob, Beto de
Souza, Regina Wilke e Ângela Grassi. Esse grupo funcionou
durante os anos 70, produzindo
diversas montagens experimentais.
Estreou, profissionalmente, como cenógrafo e figurinista de “El Grande De Coca-Cola”, um
musical americano, dirigido por Luís Sérgio
Person, no Auditório
Augusta, em 1974, e,
posteriormente, no extinto Teatro da
Lagoa, no Rio de Janeiro.
Criou
e confeccionou os bonecos brasileiros do programa “Vila Sésamo (1973 a 1977), entre eles Garibaldo
e Gugu.
NAUM
escreveu o programa “Renato
Aragão Especial”.
Foram dele os cenários e os figurinos
do espetáculo “Falso Brilhante”, da cantora Elis Regina,
e de “Macunaíma”, de Antunes Filho,
em 1978.
Em 1983, roteirizou o “O Grande
Circo Místico”, espetáculo de dança, criado, originalmente,
para o Balé Teatro Guaíra, com
trilha sonora de Chico Buarque e Edu Lobo, dirigido por Emílio
Di Biase.
Em 1986, escreveu o roteiro
de “Romance da Empregada”,
filme de Bruno Barreto.
Autor
de peças, como “No Natal, A Gente Vem Te Buscar”, “A
Aurora Da Minha Vida”, “Um Beijo, Um Abraço, Um Aperto De Mão”
e “Suburbano Coração”, NAUM
é um dos principais nomes do teatro
nacional.
Na televisão, dirigiu a série “A Guerra dos Pintos”,
na TV Bandeirantes,
em 1999.
Como diretor teatral, dirigiu várias peças, entre as quais se destacam o
monólogo “Dona Doida”, com Fernanda Montenegro; “Cenas de Outono”, com Marieta
Severo; “Sopa de Letras”, com Pedro Paulo Rangel; “A
Flor Do Meu Bem Querer”; “Sopros De Vida” e “Longa Jornada Noite Adentro”.
Escreveu
artigos para as revistas Vogue,
Cláudia
e Revista do Sesc, entre outras.
Durante quase três anos, teve uma coluna semanal, de contos/crônicas, no Diário
Popular.
Em 2000, foi co-cenógrafo
da “Exposição Brasil 500 Anos” -
módulos de arqueologia, arte indígena
e bioantropologia,
realizada no Oca, no Parque
Ibirapuera, em São Paulo.
Em 2005, dirigiu a
remontagem da ópera “Os Pescadores de Pérolas”,
no Teatro Municipal de São Paulo.
Em 2015, NAUM lançou livro
de contos “Tirando A Louca Do Armário & Outras Histórias”.
Marieta Severo e Gustavo Wabner.
Pedro Paulo Rangel lê um texto em homenagem
a Naum.
Anderson Müller, Bruno Padilha, Anna Cotrim
e Carolyna Aguiar.
Parte do elenco de 2004.
Aplausos! Bravi!
Foto (1) para o “álbum da escola” (os três
elencos reunidos).
Foto (2) para o “álbum da escola” (os três
elencos reunidos).
(FOTOS: ADRIANO FAGUNDES.)
Para quem tiver
interesse em saber mais sobre o gênio NAUM
ALVES DE SOUZA, recomendo o livro da
Coleção Aplauso – Perfil – NAUM ALVES DE SOUZA, de Alberto Guzik, editado pela
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
Foi, como já disse, uma noite memorável, inesquecível!
Acho que outros grandes
nomes do nosso TEATRO, de todas as
áreas, também merecem um tributo como este, de sorte que sugeri, ao querido GUSTAVO, que outras noites como aquela
possam se concretizar, para que fique registrado e marcado nosso amor e
reconhecimento a tantos talentos, alguns já quase esquecidos por completo, como
Mauro Rasi, Dias Gomes, Paulo Autran,
Bel Garcia...
Podem contar
comigo!!!
FOTOS TIRADAS PELO AUTOR DESTE TRABALHO:
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