GOTA
D’ÁGUA
[A
SECO]
(MAS COM MUITO MOLHO.)
Era a noite de uma
2ª feira, dia 9 de maio de 2016, e eu estava na segunda fila do Theatro NET
Rio, com o objetivo de assistir, numa sessão especial, para convidados, a
um espetáculo que, para mim, era uma grande incógnita. Não sabia o que esperar
dele, apesar de ter a certeza de que nomes, como os de LAILA GARIN, ALEJANDRO
CLAVEAUX, RAFAEL GOMES e ANDRÉA ALVES não iriam, como dizia a minha
sábia avó, “meter a mão em cumbuca”.
Fui,
emocionei-me ao extremo e “chorei,
chorei, até ficar com dó de mim” (VIVA CAUBY!) Tão logo cheguei a casa,
ainda com as batidas cardíacas “fora da ordem”, postei, numa rede social:
“Oh, pedaço de mim...”
Eu ainda
estou sob o impacto de um espetáculo que me levou, hoje, ao Theatro NET
Rio, meio cético e muito curioso.
Como
montar “GOTA D'ÁGUA” com apenas um
casal de atores?
O que será
esse musical “GOTA D'AGUA [A SECO]”?
Aqui está
a resposta: uma OBRA-PRIMA!
Dormirei
em ESTADO DE GRAÇA.
LAILA GARIN e ALEJANDRO CLAVEAUX,
dois queridíssimos e talentosíssimos amigos, dando um "banho" de arte,
transbordando sensibilidade e emoção.
A adaptação e direção, de RAFAEL GOMES,
é sensacional!
Mais uma
vez, eu te digo: Obrigado, ANDRÉA ALVES. Você é a reencarnação de Midas.
Assistam e procurem alguma falha! Não encontrarão!
Preparem
os corações, porque os dez ou quinze minutos finais do espetáculo são de fazer
perder o fôlego e o coração disparar.
Juro que eu pensei que não fosse aguentar.
Corto relações com quem não for assistir.
“Ah, se já perdemos a noção da hora...”
Agora, vamos falar da peça original,
com maiores detalhes e, da montagem em tela, sob uma apreciação técnica, um
pouco, ainda, tomado pela emoção, pois, só de me lembrar do que vi, e que
espero rever outras vezes, já fico com a visão meio turva, causada pela insistência
das lágrimas, bradando pela liberdade de ganhar o exterior dos meus olhos.
Comecemos, de forma retrospectiva,
pelo ano de 1975, quando PAULO PONTES, então casado com a diva BIBI
FERREIRA, juntou-se a CHICO BUARQUE, movidos por uma ideia comum:
escrever um “musical”, para o TEATRO, o que era meio raro,
naquela época, no Brasil, contando a tragédia clássica “Medeia”, de Eurípedes,
datada de 431 a .C.,
só que adaptada para aquela época, década de 70, e passada num conjunto
residencial, a Vila do Meio-Dia, num subúrbio do Rio de janeiro,
agregando, à obra, elementos da cultura popular brasileira, como o samba e os
ritos da umbanda. Os habitantes da Vila, representando o povo,
funcionam, na peça, como o tradicional coro, presente nos textos dramáticos
gregos.
Na tragédia original, “Medeia”,
é traçado o perfil psicológico de uma mulher, carregada de amor e ódio a
um só tempo. Esposa repudiada, trocada por uma jovem bem mais nova e bonita, e “estrangeira”
perseguida, ela se rebela contra o mundo que a rodeia, rejeitando o conformismo
tradicional. Tomada de fúria terrível, mata os dois filhos, que teve com o marido,
Jasão, para se vingar dele e buscar
transformações em si mesma. É vista como uma das figuras femininas mais
impressionantes da dramaturgia universal. “Medeia”
é, reconhecidamente, um dos maiores clássicos da literatura dramática de todos
os tempos.
“A gente faz
hora, faz fila, na Vila do Meio-Dia...”
PAULO PONTES e CHICO BUARQUE, em plena ditadura
militar, ainda que, graças a Deus, no seu ocaso, sob a clava de Geisel, o ditador de plantão, ousaram
transformar a clássica tragédia numa obra-prima,
plena de críticas sociais, contra a tirania do poder, implantada, no Brasil,
desde o golpe militar de 1964. Mas tudo regado com muita poesia, texto em versos
rimados, embalado por quatro lindas canções, que se tornaram emblemáticas, no
cancioneiro popular brasileiro: “Flor da
Idade”, “Bem Querer”, “Basta Um Dia” e a canção-título do
espetáculo, “Gota D’Água”. Não era,
propriamente, um “musical”, pela
quantidade de canções nele existentes e pela carpintaria do texto, mas a peça recebeu a consagração máxima do público e da
crítica, como tal gênero teatral, figurando, até hoje, na galeria dos maiores
sucessos teatrais brasileiros.
Curiosamente,
a peça estreou, no Rio de Janeiro, em dezembro de 1975, no Teatro Tereza Rachel, transformado, hoje, no lindo Theatro Net Rio, onde a atual versão
também estreou e está em cartaz. A direção
era de Gianni Ratto.
A peça ficou em cartaz até fevereiro de 1977, chegando a ir para o Teatro Carlos Gomes, onde fez temporada
popular. Em abril do mesmo ano, estreou em São Paulo, e fez 650 apresentações, um recorde para a
época.
Exatamente
32 anos depois, em 2007, Izabella
Bicalho protagonizou uma outra versão, dirigida por João Fonseca, com novas músicas de CHICO, inseridas no espetáculo, como “O que Será
(À Flor da Pele)” e “Partido Alto”,
além de outras canções inéditas, compostas por Roberto Burgel, a partir dos versos originais. Essa montagem já se
identificava mais, em termos estruturais, com o que conhecemos, hoje, como um “musical” e representou outro grande
momento do nosso TEATRO, fazendo uma
carreira brilhante e longa, arrebatando o público e colecionando alguns
prêmios.
“Te perdoo, por
fazeres mil perguntas (...).
Te perdoo, por pedires perdão, por me amares demais...”
Te perdoo, por pedires perdão, por me amares demais...”
SINOPSE:
A trama se passa na Vila do Meio-Dia, um conjunto
habitacional suburbano do Rio de Janeiro,
na década de 70.
O foco principal da trama se concentra
na relação entre JOANA (LAILA GARIN)
e JASÃO (ALEJANDRO CLAVEAUX), um
sambista, compositor, que, depois de dez anos de vida em comum com JOANA, decide abandoná-la, e aos dois
filhos, que tivera com ela, para se casar com ALMA,
muito mais nova e “apresentável” que aquela, filha do inescrupuloso CREONTE, dono do conjunto habitacional, representando o
opressor, o grande explorador da miséria alheia, e que, por acreditar no
talento de JASÃO, que acabara de
compor o samba “GOTA D’ÁGUA”,
investia na carreira deste, impondo-lhe algumas “condições”, sendo a principal
delas obrigar JOANA, que liderava
uma reação contra o terror imposto por CREONTE,
a entregar o imóvel por ela e os filhos habitado e pelo qual, quanto mais
pagava, maior crescia a dívida para com o seu algoz, e a sumir daquele lugar,
deixando o terreno “limpo”, para a felicidade da filha, após se casar com o
compositor JASÃO.
JOANA não se conforma com a situação, não
consegue digerir a “traição” do seu homem e não para de fazer oposição às
atitudes de CREONTE, o qual acaba
por despejá-la da Vila, para
evitar futuros “problemas”.
Para se vingar dos três, ela prepara
um prato especial, para o casamento: um bolo envenenado, um “mimo” à noiva. Os
dois filhos se tornam portadores desse “presente”, mas CREONTE impede a filha de comê-lo e os expulsa
da festa.
Com o fracasso do plano de matar seus
inimigos, ela resolve dar fim à própria vida e à dos filhos. Pega o bolo e o divide
entre as duas crianças, enforcando-se, em seguida. No final, em vez do bolo, JASÃO recebe um “presente” macabro: os corpos
dos três.
A vingança se cumpre.
“Hoje é o dia da caça, hoje é o dia da caça e do caçador...”
Jamais
perderia um segundo sequer da minha vida, para tentar estabelecer uma ordem de
preferência, considerando as três montagens deste espetáculo. São três obras-primas, cada uma situada num
contexto de tempo e de propostas distintas. Se a versão original me levou às
lágrimas e ao teatro por um número de vezes do qual não consigo me lembrar, o
mesmo aconteceu com a segunda e, certamente, ocorrerá com a atual. Já me programei para rever esta obra-prima,
no próximo domingo.
Voltando
à minha postagem, numa rede social, logo após ter assistido ao espetáculo, que
mexeu, profundamente, comigo, com o meu emocional, quero esclarecer que o meu
ceticismo, creio, era pertinente, assim como a minha curiosidade. Fui achando
que havia sido feita uma adaptação em que um casal de ótimos atores se
revezaria, nas quase duas dezenas de personagens, criados por PAULO e CHICO. Mas não era nada do que eu imaginava. Superou, trilhões de vezes, a minha expectativa.
Quem assistiu a
alguma das duas versões anteriores, ou às duas, estará diante de um espetáculo
completamente diferente, porém verá a mesma história, contada sob uma outra
ótica, um novo olhar, mantendo-se a essência da trama.
“Te perdoo
por ligares pra todos os lugares de onde eu vim.
Te perdoo, por ergueres a mão, por bateres em mim...”
Te perdoo, por ergueres a mão, por bateres em mim...”
Trata-se
de uma adaptação absolutamente inédita e
absurdamente fantástica, feita pelo magnífico adaptador e diretor RAFAEL
GOMES, à qual me permito aplicar uma frase, cunhada não sei por quem, sobre
a escola de samba carioca Acadêmicos do Salgueiro: nem melhor, nem pior; apenas, um espetáculo (uma escola) diferente.
A começar pelo título, que teve agregado, entre colchetes, a locução “[A SECO]”. A leitura de RAFAEL é focada
em sua natureza política, cruelmente atual, desenvolvida por um casal de
protagonistas.
Como o “[A SECO]” já indica, trata-se de
uma montagem bem “enxuta”, que “busca chegar à essência da história, através
dos embates entre os protagonistas, JOANA
e JASÃO” (extraído do “release” da peça), ainda que outros personagens
do original também sejam citados. “Mesmo com parte da trama sociopolítica
reduzida, na versão, RAFAEL GOMES reitera que a sua leitura da peça é
focada em sua natureza política, cruelmente atual: ‘A ‘GOTA D’ÁGUA’ original possui uma trama política bastante latente
em seu embate entre opressores e oprimidos. Ao concentrar a história em JOANA e
JASÃO, em suas ideologias, ações e sentimentos, eu gostaria, ainda assim, de
falar sobre essa política mais essencial da vida, do dia a dia...” (extraído do “release” da peça), afirma
o diretor, que manteve toda a
estrutura formal da peça e inseriu novas canções e pequenas citações de letras
de CHICO, em algumas
passagens do texto.
“Se, ao te conhecer,
dei pra sonhar, fiz tantos desvarios...”
“Se entornaste a
nossa sorte pelo chão, se, na
bagunça do teu coração,
meu sangue errou de veia e se perdeu...”
meu sangue errou de veia e se perdeu...”
Além das quatro canções originais, a
montagem ganhou o acréscimo de grandes sucessos: “Caçada”, “Eu Te Amo”, “Baioque”, “Você
Vai Me Seguir”, “Cálice”, “Mil Perdōes” e “Mulheres
de Atenas”, seguindo a ordem em que foram inseridas no texto. Essas canções não foram escolhidas ao acaso; foram
incorporadas ao texto, para servir
à dramaturgia, complementando ou
esclarecendo partes do texto original.
“A trama passional, que culmina na vingança
de JOANA, tem, como pano de fundo, as injustiças sociais pelas quais os
moradores do local passam, vítimas da exploração de CREONTE, o todo-poderoso da
região. Por conta deste acúmulo de tensões, RAFAEL elegeu o embate
como o conceito central de sua montagem. Não somente o embate amoroso, que está
no cerne da trama do casal, mas também o social, em um sentido mais amplo, e,
principalmente, o íntimo (extraído do
“release” da peça). São as batalhas internas a que as circunstâncias
externas nos sujeitam. JASÃO, no
conflito entre o que está ganhando e o que está deixando para trás, assim como JOANA, na decisão entre ir às últimas consequências,
para se vingar ou, simplesmente, seguir vivendo – o embate entre o humano e o divino,
o terreno e o espiritual”, conclui o diretor (extraído do “release” da peça).
O espetáculo, já como era, há
quarenta anos, continua atemporal, visto que traição e ambição
surgiram com o primeiro exemplar da raça humana. Em cena, uma tragédia carioca, marcada por embates
universais.
A
alquimia utilizada por RAFAEL GOMES
gerou um texto brilhante, lindo e de
total compreensão, para qualquer tipo de público. Artesanato perfeito!
Eu já o admirava, pelas adaptações
de “Edukators”, outro grande e
intensíssimo trabalho, e do infantil “Mas
Por Quê? – A História de Elvis”. Com este texto, ele passa a ter, em mim, seu admirador maior.
Alejandro Claveaux, Laila Garin e Rafael
Gomes.
Com relação à dupla de protagonistas, terei de fazer um
esforço sobre-humano, para não cair no lugar-comum, na pobreza de adjetivação,
uma vez que o trabalho da dupla é merecedor de todos os elogios.
LAILA
GARIN é um fenômeno, uma artista para a qual algum epíteto novo deveria ser
criado. Apaixonei-me por seu trabalho, desde que a vi, pela primeira vez, num
musical, ao lado de Osvaldo Mil, “Eu Te Amo Mesmo Assim” (está na hora
de remontá-lo), no qual ela esbanjava talento, quer como atriz, quer como
cantora, tudo com uma sensualidade que poucas atrizes conseguem levar para o palco.
É assim que ela também atua neste “GOTA
D’ÁGUA [A SECO]”, depois de se tornar famosa e reconhecida, por sua
brilhante criação para o mito Elis Regina,
em “Elis – A Musical”, espetáculo
que a consagrou e garantiu seu espaço entre as maiores cantrizes do Brasil e
que lhe rendeu muitos prêmios e indicações a outros, depois de ter passado por
espetáculos interessantes, como “Sarau
das Putas”, por exemplo. Seu trabalho anterior ao atual, da mesma forma,
merecedor dos maiores elogios, foi na estupenda adaptação, para um musical, feita por Cláudio Lins, de um clássico de Nelson Rodrigues: “O Beijo
no Asfalto”. A sensualidade de LAILA,
em cena, no espetáculo alvo desta crítica, é contagiante, atingindo seu ápice,
a meu juízo, quando interpreta a canção “Baioque”.
Não há a menor dúvida de que o papel da protagonista, uma personagem intensa,
de temperamento forte, corajosa, desafiadora, autêntica e que não faz
concessões, tinha de ser bem defendido por LAILA.
Ela construiu uma JOANA com tudo o
que a personagem tem em si: uma mulher que é capaz das maiores loucuras, pondo
a emoção acima de qualquer grau de razão, pelo homem amado e por garantir sua
dignidade, de mulher, de fêmea e de mãe. Ninguém faria melhor o papel de JOANA, nesta versão, do que LAILA GARIN! Não sei se a aplaudi mais
em seus solilóquios ou em suas interpretações para as belas canções do
espetáculo. A voz de LAILA é um
bálsamo para os ouvidos e os corações.
“Quando o meu bem querer me vir, estou certa que há de vir atrás.
Há de me seguir por todos, todos, todos, todos os umbrais...”
Há de me seguir por todos, todos, todos, todos os umbrais...”
“E qualquer desatenção
(Faça não!) pode ser a gota d’água...”
Qualquer
ator sabe que dividir o palco com LAILA
GARIN é um desafio dos maiores, principalmente se ele é o único, além dela,
no elenco. ALEJANDRO CLAVEAUX também
tinha, e tem, ainda, essa certeza, mas não “amarelou”. Topou ser o JASÃO e não decepciona ou deixa a
desejar. Interpreta o personagem com muita competência e verdade, pondo em
destaque, com o corpo e as modulações de voz, tudo o que ele concentra de apaixonado,
traidor, egoísta, sedutor... JASÃO,
ainda que visto como um vilão, talvez seja tão digno de pena quanto JOANA, por vieses diferentes. Ele fica,
claramente, dividido entre o verdadeiro amor, que tinha pela companheira, e seu
desejo, ambicioso, de se tornar famoso, por seu trabalho como compositor. Ele é
um “pau-mandado”, um intermediário do poder, um porta-voz da força. Interpretar
tudo isso não é para qualquer ator e ALEJANDRO
passeia, de um extremo a outro, em cena, com muito desembaraço e força
persuasiva.
“Pra mim, basta um
dia, não mais que um dia, um meio-dia...”
ALEJANDRO CLAVEAUX é um ótimo ator e
tem consciência de que, como cantor, não pode ter o seu potencial vocal
comparado ao de LAILA, entretanto
cumpre a parte que lhe cabe, nas canções, com correção e, principalmente, com a
emoção do intérprete, não a de um cantor técnico. É óbvio que, para atuar num
musical, o ator precisa saber cantar, mas não, necessariamente, ser dono de um
vozeirão. É verdade que alguns papéis, em determinados espetáculos, exigem um
ator/cantor com grande experiência em musicais
e muita consistência vocal, quando o trabalho de ALEJANDRO poderia vir a ser comprometido, porém, dentro da proposta
deste “GOTA D’ÁGUA”, sua “performance”
é perfeita, mais que satisfatória; a alma fala mais alto que a extensão vocal;
a emoção extrapola a técnica. O resultado é uma excelente química entre ele e LAILA.
“Te perdoo por te
trair...”
“Você vai me seguir
aonde quer que eu vá...”
As
duas figuras, em cena, do ponto de vista de beleza estética, de postura cênica
e de plasticidade, são colírios para o olhar do público. A entrega da dupla aos
seus personagens é total e comovente. É impossível não ficar com a respiração
comprometida, não entrar em estado de taquicardia, diante da atuação dos dois,
principalmente nos dez ou quinze minutos finais do espetáculo, sobre os quais
não falarei, para não quebrar a surpresa de quem for assistir ao espetáculo. Haja coração!
“Se nós, nas travessuras
das noites eternas, já
confundimos tanto as nossas pernas...”
“Não, acho que estás
te fazendo de tonta, te dei meus
olhos pra tomares conta.
Agora, conta como hei de partir...”
Agora, conta como hei de partir...”
Além
da magnífica adaptação, RAFAEL GOMES dirige o espetáculo e o faz de forma irretocável, contribuindo para
que a peça já possa ser considerada uma das grandes surpresas deste primeiro
semestre de 2016 e, certamente, um dos
melhores espetáculos da temporada teatral deste ano, no Rio de Janeiro.
Convidado
por ANDRÉA ALVES (Sarau Agência de
Cultura Brasileira Ltda.), que produz
o espetáculo, e por LAILA GARIN, produtora associada, este é o primeiro
espetáculo que dirige, fora de sua
companhia, a Empório de Teatro Sortido, de onde trouxe alguns
colaboradores para esta montagem, como o cenógrafo
ANDRÉ CORTEZ e o iluminador WAGNER
ANTÔNIO, sobre cujos trabalhos discorrerei adiante, os três, ainda, sob o
efeito do grande sucesso do espetáculo, ainda em cartaz em São Paulo, “Um Bonde Chamado Desejo”, um grande
sucesso de público e de crítica, ao qual assistirei, em duas semanas e pelo
qual RAFAEL foi premiado, como melhor diretor.
O
diretor considera “GOTA D’ÁGUA [A
SECO]” o seu primeiro musical,
embora prefira pensar na montagem como uma “peça
com música”, detalhe que pouco interessa, diante da grandeza da montagem.
“Não conheço seu nome
ou paradeiro, adivinho seu rastro e cheiro...”
Se PAULO e CHICO foram ousados, ao escrever o original, mais ainda o foi RAFAEL, nesta releitura, juntado a adaptação e a direção, na qual ele valoriza o potencial do seu par de atores,
tanto nas cenas mais “suaves” como nas que demandam maior vigor e
agressividade. Suas marcações são precisas, criativas e originais.
Também não
revelarei os detalhes, por motivos óbvios, mas as soluções encontradas, pela direção, para algumas cenas são
daquelas que ficarão, indelevelmente, gravadas nas nossas mentes, como a da
preparação do bolo envenenado – a “macumba” -, a da morte dos dois filhos e a do
suicídio de JOANA. A imagem de JASÃO, arrastando-se, por todo o palco,
na cena do suicídio, numa expressão de arrependimento e culpa é de cortar o
coração. Arrepio-me, escrevendo isto.
O leigo, que
assiste a este espetáculo, não sabe que foram três meses de ensaios, total
dedicação de uma equipe, liderada pelo diretor,
que estabeleceu a linha-mestra do trabalho, em consonância com seus pares, é
claro, até que o pano se abrisse, para o nosso deleite.
Como eu disse, na
minha postagem, logo após ter assistido à peça, ASSISTAM E PROCUREM UMA FALHA! NÃO ENCONTRARÃO!
O cenário, de ANDRÉ CORTEZ, é fantástico. Ele optou por uma “estilização” do que
seria um conjunto habitacional, ou uma favela, na visão de outros, e montou uma
grande estrutura, móvel e fartamente movida e modificada pelos atores, em diferentes
patamares - parte fixa, parte móvel -, com portas, janelas, basculantes, placas
de metal, com predomínio do alumínio (a impressão que se tem) e de vidro (ou plástico
que o imite), além de muitos galões de água mineral, vazios, daqueles bem
grandes, transparentes e azulados, que funcionam muito bem, sob a linda luz, de WAGNER ANTÔNIO, com bastantes variações, intensa, reveladora,
quente, que põe em relevo detalhes sutis do cenário e dos atores.
Os figurinos são apaixonantes, obra de KIKA POPES. Não há muitas variações,
com destaque para uma peça, no figurino
de JOANA, de suma importância, com a
qual a personagem “contracena”. Trata-se de uma pesada e exagerada saia rodada,
em termos proporcionais, que a atriz prende ou dela se desfaz, fazendo uso de umas alças, ao
traje que usa, durante todo o espetáculo, um vestido cor da pele, leve a
ligeiramente transparente. A referida saia é utilizada quase que como uma
“arma”, em momentos de fúria da personagem. Algo indescritível e fantástico.
Além disso, fica, como fator surpresa, um outro detalhe do figurino feminino,
na última cena. ALEJANDRO veste uma
calça estilizada, farta em detalhes, e camisetas, em tons pastéis, lembrando
camuflagem. Em algumas cenas, tem uma espécie de paletó, no mesmo estilo, sobre
as camisetas. Nas viagens poéticas a que me permito, sem, jamais, me arvorar a considerar
verdade absoluta, percebi, talvez, uma semelhança a um traje militar (Será que
chegarei a entrar em órbita, com esse voo?).
“Lembrem-se do exemplo
daquelas mulheres de Atenas...”
Ninguém
que se propõe a escrever sobre este espetáculo poderá esquecer o nome de FABRÍCIO LICURSI, responsável pelo
sensacional trabalho de direção de
movimento, que acumula com o de assistente
de direção, ao lado de DANIEL
CARVALHO FARIA.
Outro
nome que merece destaque, nesta produção,
é o de PEDRO LUÍS, que assina a direção musical, envolvendo, aí, o
excelente trabalho de arranjos para
as canções da peça, em releituras formidáveis, trabalho dividido com seus
excelentes músicos: ANTÔNIA ADNET (violão de 7 cordas, violão de aço e vocal), DUDU OLIVEIRA (sax soprano, sax
tenor, flauta em sol, pandeiro e
bandolim), ÉLCIO CÁFARO (bateria e
percussão), MARCELO MÜLLER (baixo acústico, baixo elétrico, trombone e vocal) e PEDRO SILVEIRA (guitarra, bandolim e vocal).
Palmas
para o visagismo, de ROSE VERÇOSA, o desenho de som, de GABRIEL
D’ÂNGELO e a preparação vocal de
MARCELO RODOLFO e ADRIANA PICCOLO!
“Pai, afasta de mim esse cálice,
Pai, afasta de mim esse cálice,
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue!”
Pai, afasta de mim esse cálice,
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue!”
FICHA TÉCNICA:
Texto: PAULO PONTES e CHICO BUARQUE
Adaptação e direção: RAFAEL GOMES
Elenco: LAILA GARIN e ALEJANDRO CLAVEAUX
Músicos: ANTÔNIA ADNET , DUDU
OLIVEIRA, ÉLCIO CÁFARO, MARCELO MÜLLER e PEDRO SILVEIRA
Direção Musical: PEDRO LUÍS
Cenografia: ANDRÉ CORTEZ
Iluminação: WAGNER ANTÔNIO
Figurinos: KIKA LOPES
Visagismo: ROSE VERÇOSA
Direção de Produção: ANDRÉA ALVES
Diretor Assistente e Direção de Movimento: FABRÍCIO LICURSI
Assistente de Direção: DANIEL CARVALHO FARIA
“Design” de Som: GABRIEL D’ÂNGELO
Preparação e Arranjos vocais: MARCELO RODOLFO e ADRIANA PICCOLO
Assistente de Direção Musical: ANTÔNIA ADNET
Assistente de Cenografia: RODRIGO ABREU
Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno
Produção Executiva: Monna Carneiro
Marketing Cultural: Ghéu Tibério
“Como beber
dessa bebida amarga?...”
“Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas!
Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas...”
Sofrem por seus maridos, poder e força de Atenas...”
SERVIÇO:
Temporada: De 6 de maio a 26 de junho.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 20h.
Local: THEATRO NET RIO.
Endereço: Rua Siqueira Campos, 143 / 2º piso – Copacabana – Rio de
Janeiro.
Valor dos Ingressos: R$150,00 (plateia e frisa), R$100,00 (Balcão 1) e R$50,00
(Balcão 2, com visão parcial).
Duração: 90 minutos.
Classificação Etária: 14 anos.
Informações para a
Imprensa: Factoria Comunicação
Pedro Neves (pedro@factoriacomunicacao.com)
Vanessa Cardoso (vanessa@factoriacomunicacao.com)
(21) 2249-1598 / 2259-0408
Pedro Neves (pedro@factoriacomunicacao.com)
Vanessa Cardoso (vanessa@factoriacomunicacao.com)
(21) 2249-1598 / 2259-0408
“Bravi!”
Consagração!
FOTOS DE ESTÚDIO,
APENAS PARA DIVULGAÇÃO (no
espetáculo, não há cenas de nudez):
Com Alejandro Claveaux e Laila Garin (Foto: Pablo Sanábio.)
(FOTOS: SILVANA MARQUES
(cena), CHRISTIAN GAUL (estúdio) e
RICARDO BRAJTERMAN (cena) –
DIVULGAÇÃO.)
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