terça-feira, 9 de dezembro de 2025

 

“TITANÍQUE –

O MUSICAL”

ou

(É FAZENDO RIR

QUE SE É APLAUDIDO.)

ou

(E ELE NAUFRAGOU

NUM OCEANO

DO MELHOR

BESTEIROL.)

 


 



 

         Quem não se comoveu, em 1997, ao assistir ao filme “Titanic”, nome de um célebre navio de passageiros britânico, um imenso transatlântico, pensado para ser o navio mais luxuoso e mais seguro de sua época, gerando lendas de que era, supostamente, “inafundável”, mas que naufragou, em 1912, ao colidir com um iceberg, em sua viagem inaugural, com mais de 1 500 pessoas a bordo, sendo um dos maiores desastres marítimos em tempos de paz de toda a história, deixando um grande saldo de mortos e menos de um terço de pessoas sobreviventes, entre passageiros e tripulantes?








         Na mesma proporção, não há quem não se dobre, de tanto rir, deixando-se contaminar pelo humor cáustico de uma hilaríssima COMÉDIA, construída sob o guarda-chuva do besteirol, em cartaz, em São Paulo, porém, infelizmente, já em final de temporada, no Teatro Sabesp Frei Caneca, “TITANÍQUE – O MUSICAL”, inclusive com um acento agudo que contraria, de propósito, quero crer, a gramática, presente até no título original, em inglês, o que é mais absurdo ainda, numa língua que não contempla acentos gráficos que indicam tonicidade.








         Aos incautos e mal-informados, adianto logo que se trata, como já disse, de uma COMÉDIA, uma “senhora COMÉDIA!”. Destarte, ninguém espere ver a uma visão teatral do drama que conta a triste história de um naufrágio. Não é nada disso. O naufrágio existe, sim, porém com um final feliz, uma licença poética que é permitida à nobre arte do TEATRO.









            

 


SINOPSE:

Uma comédia hilária e irreverente do clássico “Titanic” (1997), “TITANÍQUE — O MUSICAL” está repleto de reviravoltas absurdas e canções icônicas, que elevam a experiência a algo verdadeiramente inesquecível.

O espetáculo é uma carta de amor à música “pop”, ao cinema e ao TEATRO musical, prometendo sessões cheias de risadas, emoção e pura alegria, tudo ao som inesquecível de Céline Dion.

Aliás, o título do espetáculo, no Brasil, ganhou um acréscimo: “TITANÍQUE – UMA COMÉDIA COM OS HITS DE CÉLINE DION”.


 

 


 

         Sucesso absoluto por onde passou, antes de aportar em São Paulo (Nova York - “off-Broadway”, Londres, Sydney, Toronto e Paris), o musical nos chega graças à BARHO Produções e Uma Boa Produção, sob a direção de GUSTAVO BARCHILON.




         O original foi criado por Tye Blue, Marla Mindelle e Constantine Rousouli, mas não consigo imaginar outras encenações da peça, visto que parece ter sido escrito por um brasileiro, para o nosso povo. O espetáculo tem a cara do Brasil e do humor direto e escrachado brasileiro. É claro que, na nossa versão, feita por GUSTAVO BARCHILON e RAFAEL OLIVEIRA, houve uma série imensa de adaptações ao nosso idioma, além de muitas piadas internas, relativas à nossa cultura, ao TEATRO e a outras fontes, sem falar nos muitos “cacos”, que, inevitavelmente, surgem, ao longo da encenação, e que arrancam estrondosas gargalhadas de quem se deixa mergulhar naquele maravilhoso universo “non sense”. Até o elenco “sucumbe” ao humor que ele mesmo produz.




Aqui, a história de amor de Jack (Leonardo DiCaprio) e Rose (Kate Wisnlet), no filme de James Cameron, é reimaginada, sob a ótica exagerada e dramática da diva "pop" Céline Dion, que assume o papel de narradora (ALESSANDRA MAESTRINI) e conduz o público por uma jornada cheia de emoção, risadas e números musicais eletrizantes. Sim, senhores, neste musical, a consagrada intérprete canadense está viajando no navio, bem como a personificação do “iceberg”, sob a forma de Tina Turner (VALÉRIA BARCELLOS), numa fantástica composição da personagem, que está mais para um “furacão” (Momento descontração!). A imitação da cantora é perfeita e engraçadíssima.




As canções que embalam o musical são alguns dos maiores “hits” de Dion, como o icônico “My Heart Will Go On”, acompanhado pelo público, “It’s All Coming Back to Me Now” e “All By Myself”, apresentados em arranjos vocais arrebatadores, acompanhados por uma fabulosa banda, formada por THIAGO GIMENES (maestro e pianista), JOHNNY MANTELATO (piano 2 e sub regência), RAMIZ OLIVEIRA e ABNER PAUL (alternante) (bateria), EVANDRO MOISÉS e JAIME BASS (alternante ) (baixo) e TIAGO GUITA SAUL e ALE RODRIGUES (alternante) (guitarra e violão). A propósito, as tentativas da personagem Molly Brown, de TALITA REAL, de interpretar a última canção relacionada são de nos fazer explodir em gargalhadas.




         Por meio de gestos curtos e expressões corporais, os atores brincam com a dramaticidade contida nas letras, todas interpretadas em inglês. Quem domina o idioma de Shakespeare tem aí uma outra oportunidade de se divertir à farta. E que fique bem claro que a produção brasileira não é uma réplica; é como se fosse uma montagem original, com cenografia, figurinos e direção adaptados ao contexto e ao humor brasileiros.




         Quem é “habitué” de TEATRO, ao tomar contato com a preciosidade revelada pelos nomes que compõem a FICHA TÉCNICA, logo se apressa a assistir a esta delícia de espetáculo. Foi reunido um time do que há de melhor entre profissionais de criação e artistas de um modo geral.  



         A direção musical, os arranjos e a orquestração, a cargo de THIAGO GIMENES, valorizam as canções que embalam a peça. O dinamismo verificado nas cenas se deve muito ao trabalho de direção de movimento, assinado por ALONSO BARROS. NATÁLIA LANA assina mais uma de suas admiráveis cenografias, que lembra, um pouco, o cenário idealizado pela própria NATÁLIA, para um espetáculo de Cláudia Raia e Jarbas Homem de Mello (“Conserto para Dois”) e que serve de motivo a uma das excelentes piadas da peça. Os figurinos, desenhados por THEO COCHRANE, são formidáveis, com dois destaques importantes, a meu juízo: um elegante modelo de vestido, usado pela personagem Rose, e um exuberante traje que veste LUÍS LOBIANCO, complementado pelo ótimo visagismo, de FELICIANO SAN ROMAN, com um hilário detalhe de uma pomba na cabeça. MANECO QUINDERÉ ilumina tudo com a mesma maestria de sempre com que assina seus desenhos de luz.




         O espetáculo é “um bolo com duas cerejas”, representadas estas pela direção e pelo elenco. GUSTAVO BARCHILON, com grandes e premiadas produções para o TEATRO Musical Brasileiro em seu currículo, abraça uma difícil função, a de ser o maestro de um espetáculo para fazer rir. Fazer rir sempre será, em muito mesmo, mais difícil do que provocar emoções que podem levar ao choro. E isso GUSTAVO mostrou que também sabe fazer, extraindo o que há de melhor, em termos de fazer humor, dos seus maravilhosos dirigidos.




         Que elenco!!! Há uma total integração entre todos, os quais se divertem muito em cena, representando seus personagens. É tudo muito natural e espontâneo na troca de falas em cada diálogo. Dos protagonistas aos personagens coadjuvantes (Sempre coadjuvantes são os personagens, não os atores.) todos se apegam às possibilidades de mover o público a gostosas gargalhadas (Muito mais que risos.). Tenho, entretanto, alguns destaques a fazer, nas pessoas de ALESSANDRA MAESTRINI, GIULIA NADRUZ, TALITA REAL, VALÉRIA BARCELLOS, MARCOS VERAS, GEORGE SAUMA, LUÍS LOBIANCO, MATHEUS RIBEIRO e WENDELL BANDELACK.






        

 

FICHA TÉCNICA:

Versão Brasileira: Gustavo Barchilon e Rafael Oliveira

Direção Artística: Gustavo Barchilon

Assistência de Direção: Talita Real e Gabi Camisotti

 

Elenco: Alessandra Maestrini (Céline Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luís Lobianco (Ruth), George Sauma (Carl), Wendell Bandelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho

 

Direção Musical, Arranjos e Orquestração: Thiago Gimenes

Direção de Movimento: Alonso Barros

Cenografia: Natália Lana

Figurino: Theo Cochane

Desenho de Luz: Maneco Quinderé

Visagismo: Feliciano San Roman

Desenho de Som: João Baracho

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Fotos: Caio Gallucci

 

Direção de Produção: Thiago Hofman


 


 



 

 

SERVIÇO:

Temporada: De 11 de outubro a 14 de dezembro de 2025.

Local: Teatro Sabesp Frei Caneca (Shopping Frei Caneca).

Endereço: Rua Frei Caneca, nº 569 - 7° Piso - Consolação - São Paulo.

Dias e Horários: Sábados, às 17h e 20h, e domingos, às 15h e 18h.

Duração: 110 minutos, sem intervalo.

Capacidade: 600 pessoas.

Classificação Indicativa: 12 anos.

Valores dos Ingressos: Não divulgados. Vendas pela internet (com taxa de serviço): (https://uhuu.com/evento/sp/sao-paulo/titanique-uma-comedia-com-os-hits-de-celine-dion-14940) ou na Bilheteria do Teatro Sabesp Frei Caneca (sem incidência de taxa de serviço) - 7º Piso do Shopping Frei Caneca.
Horário de funcionamento da bilheteria: De terça-feira a domingo, das 12h às 15h, e das 16h às 19h. Na segunda-feira, a bilheteria está fechada.

Gênero: Musical



 



 

         RECOMENDO, SEM PESTANEJAR, ESTE FANTÁSTICO MUSICAL, que provoca o riso por meio de uma exploração do “nonsense”, do exagero e da quebra de lógica, transformando uma tragédia épica numa celebração escancaradamente “camp e queer”, onde tudo cabe e nada é “gordura”. Nas palavras do diretor, as quais eu endosso, “O palco vira um navio performático, onde a precariedade vira linguagem e o erro é bem-vindo. O público está por dentro da piada, sabe que está vendo TEATRO e, por isso mesmo, embarca com ainda mais prazer.”.




         “TITANÍQUE ...” é uma das COMÉDIAS que mais me fizeram gargalhar até hoje, até sentir dor nos maxilares e nas bochechas.

 

 






 



 

FOTOS: CAIO GALLUCCI

 

 

É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!

































































































































































































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