terça-feira, 16 de dezembro de 2025

“CRIATURA,

UMA AUTÓPSIA”

ou

(E FEZ-SE A CRIATURA!)



 

 

          Depois de muito sucesso na capital paulista, em algumas temporadas, três magníficas atrizes, desconhecidas do público carioca, se lançaram num projeto muito corajoso, ousado mesmo, de trazer, para o Teatro Poeirinha, no Rio de Janeiro, uma Mostra, chamada “ANÔNIMAS”, que abarca três lindos solos, interpretados por elas mesmas, a saber: “Aquele Trem” (Denise Dietrich), “Criatura, Uma Autópsia” (Bruna Longo) e “Inventário” (Erica Montanheiro), respectivamente, às 3ªs e 4ªs feiras, 5ªs e 6ªs feiras e sábados e domingos. Sobre o primeiro e o terceiro, já escrevi, restando o segundo, que é motivo desta crítica.

 

  


SINOPSE:

“CRIATURA, UMA AUTÓPSIA”, espetáculo solo de BRUNA LONGO, é um amálgama entre o romance “Frankenstein”, ou “O Prometeu Moderno”, e a vida de sua autora Mary Shelley.

 


 


            Como a tônica da Mostra é “jogar luz sobre o silenciamento histórico de artistas mulheres”, é bem justificado que o nome da escritora britânica Mary Shelley fosse lembrado. Os solos passeiam por três séculos, atravessando os universos da literatura, através da escritora Mary Shelley (1797-1851) e seu “Frankenstein”, no século XIX; das artes plásticas, através da escultora Camille Claudel (1864-1943), que viveu à sombra do amante e escultor Auguste Rodin, no século XX; e do Teatro, através da história pessoal da atriz Denise Dietrich (século XXI), sobrinha-neta de Marlene Dietrich.



         A feitio dos outros dois, o solo em tela trata da supressão da autoria feminina, ao longo do tempo. Como as duas colegas, BRUNA LONGO nos traz um belíssimo solo sobre uma artista, um universo de desafios em comum. É impossível separar a narrativa de “Frankenstein” das experiências de sua autora, Mary Shelley, com a morte e o abandono, com sua própria luta por espaço, numa vida cercada por intelectuais de renome. Como suas personagens, as três atrizes, assim como outras artistas, ao longo da história, até os dias de hoje, buscam ser ouvidas e ter seu valor simbólico – e econômico - reconhecido.



   O monólogo, junto com os dois anteriormente, já comentados por este crítico, formam um mosaico sobre o que é ser artista mulher numa sociedade patriarcal. As ideias e as estéticas se completam, buscando criar novas narrativas para as artistas mulheres.



  O machismo e a misoginia não são fenômenos modernos, embora pareçam, a cada dia, infelizmente, se tornar mais robustos, levando, inclusive aos crimes de feminicídio. Se, hoje, as mulheres já têm que matar uma família de leões por dia, para provar seu valor e o direito de igualdade com os homens, pode-se imaginar como esse quadro era bem mais cruel e acentuado no século XIX.



 Mary Shelley publicou, de forma anônima, seu romance “Frankenstein”, ou “O Prometeu Moderno”, considerado a primeira obra de ficção científica, em 1818, um romance de terror gótico com inspirações do movimento romântico. Era inconcebível, para a época, uma mulher, ainda mais uma jovem de 18 anos, ter escrito uma obra que fugia do padrão clássico de “literatura para mulheres”. O livro foi atribuído a seu parceiro, o célebre poeta Percy Bysshe Shelley. Mesmo com a edição de 1831 trazendo o nome da autora e prefácio sobre a origem do romance, ainda hoje, há teorias que questionam sua autoria. Mary passou boa parte de sua vida meio que “cancelada” pelos que a cercavam.



 Ainda que eu tenha gostado imensamente da encenação, confesso que fiquei meio reticente, quanto a escrever ou não sobre este espetáculo. E o motivo é bem simples: para mim, pelo menos, a complexidade do texto - a mistura de locutores - me fez “viajar” um pouco. Mas há um aspecto muito válido nisso, que é o fato de que aquele certo hermetismo obriga o espectador a se manter o mais atento possível, para não perder nenhuma preciosidade do texto.



   Isso não é, totalmente, um óbice, e o espetáculo vale pelo conjunto da obra: pelo texto, sim, também; pela magnífica atuação de BRUNA LONGO, a “cereja do bolo” (QUE ATRIZ ARREBATADORA!!!), com estudos e atuação no Brasil e no exterior; pela cenografia, o figurino e a iluminação. O nome de quem é o responsável pela direção, magistral, diga-se de passagem, não aparece na FICHA TÉCNICA, porém creio que a própria atriz se dirigiu.



 E qual é a relação do romance de Shelley com esta peça? “Frankenstein” é um romance sobre o ato da criação e sobre busca por identidade e pertencimento, e o espetáculo se debruça sobre esses temas, mesclando a vida de Mary Shelley e sua obra mais famosa.



  Para dar forma à dramaturgia da peça, BRUNA LONGO se lançou numa profunda pesquisa, debruçando-se, com acesso irrestrito, sobre os diários, cartas e manuscritos originais de Mary Shelley, a convite da Universidade de Oxford.

 



 

FICHA TÉCNICA:

Concepção, Dramaturgia e Atuação: Bruna Longo

Assistentes: Giovanna Borges e Letícia Esposito

Cenário: Bruna Longo e Kleber Montanheiro

Cenotécnica: Evas Carreteiro, Nani Brisque e Alício Silva

Figurino: Kleber Montanheiro

Objetos: Bruna Longo

Desenho de Luz: Rodrigo Silbat

Trilha Sonora: Bruna Longo

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany

Fotos: Danilo Apoena

Colaboradores Artísticos: Larissa Matheus (provocações de dramaturgia), Lino Colantoni (edição de trilha), Mateus Monteiro (interpretação textual), Victor Grizzo (direção de arte) e Ana Toledo (canto)

 

 

 

 

FICHA TÉCNICA DA MOSTRA “ANÔNIMAS”:

Idealização: Bruna Longo, Denise Dietrich e Erica Montanheiro

Produtor Associado e Direção Técnica da Mostra: Flávio Tolezani

Consultoria Cenotécnica da Ocupação: Kleber Montanheiro

Artes Gráficas: Kleber Montanheiro e Patrícia Cividanes

Fotos: Danilo Apoena, Kim Leekyung e Marcelle Cerutti

Operador de Luz: Bruno Aragão

Operador de Som e Vídeo / Videomapping: Rafael Marreiros

Direção de Produção: Erica Montanheiro

Produção Executiva: Bruna Longo e Denise Dietrich

"Marketing" Digital: Lead Performance

Realização Lolita & La Grange Produções Artísticas, Teatro Volátil Produções Artísticas e Cia. desaFRONTe

Apoio: Antro Positivo

Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany




 

SERVIÇO:

Temporada: De 06 de novembro a 19 de dezembro de 2025.

Local: Teatro Poeirinha.

Endereço: Rua São João Batista, nº 108, Botafogo – Rio de Janeiro.

Telefone: (21) 2537-8053.

Dias e Horários: 5ªs e 6ªs feiras, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia-entrada).

Vanda dos Ingressos: Plataforma Sympla (com taxa de serviço) e na Bilheteria do Teatro (sem taxa de conveniência).

Horário da Bilheteria do Teatro Poeira/Poeirinha (vendas em espécie, cartões de crédito e de débito e PIX): De 3ª feira a sábado, das 15:00h às 20:00h; domingo, 15:00 as 19:00hs.                                    

Classificação Etária: 12 anos.

Duração: 70 minutos. 

Gênero: Monólogo (Drama). 

 

 


         RECOMENDO MUITO O ESPETÁCULO, que só tem mais duas apresentações: depois de amanhã e na próxima 5ª feira.

 

FOTOS: DANILO APOENA

 

É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 











 






 

 












































































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