“CABARET”
ou
(NEM MELHOR,
NEM PIOR:
APENAS UMA
LEITURA
DIFERENTE; E
ÓTIMA!!!)
Esqueça
todas as versões do musical “CABARET”
que você conhece, seja nos palcos, seja no cinema, e corra ao “O33
Rooftop”, em São Paulo, onde está em cartaz,
infelizmente apenas até o próximo domingo, 12 de maio de 2024, uma montagem
totalmente diferente de tudo quanto já se fez, até hoje, em encenações do
musical, um dos mais festejados, no mundo, desde seu lançamento, na Broadway,
em 1966.
O responsável maior por esta releitura, totalmente inovadora, de “CABARET” é KLEBER MONTANHEIRO, um multiartista dos palcos, que, nesta
encenação, assina a direção geral, a cenografia e os figurinos.
Com músicas
originais de JOHN KANDER, letras
de FRED EBB e libreto de JOE MASTEROFF, “CABARET” já está perto de completar seis décadas de existência,
um quase “sexagenário” que não envelhece, com montagens em várias partes
do mundo. Esta é a terceira vez que o musical é encenado no Brasil.
A primeira aconteceu em 1989, no Teatro Procópio Ferreira,
dirigido por Jorge Takla (Não assisti, infelizmente.). A
segunda, dirigida por José Possi Neto, ficou em cartaz
durante dois anos, de 2011 a 2013, percorrendo todo o país (Assisti a esta e achei que
ninguém conseguiria fazer igual ou melhor. Ledo engano! O espetáculo aqui comentado
não é melhor nem pior; apenas uma leitura diferente; e
ÓTIMA!). Atualmente, além da produção brasileira, outra está
sendo exibida em Londres e parece que está sendo preparado um “revival”,
ainda para este semestre, na Broadway, onde, como já mencionado, estreou
em 1966,
tornando-se, logo, um estupendo sucesso de público e de crítica. “CABARET” migrou para a tela, em 1972,
numa excepcional versão do diretor e coreógrafo Bob Fosse, estrelada por Liza
Minelli, a qual teve sua carreira de atriz catapultada pelo filme. O
musical foi baseado na peça “I Am a Camera”, que, por sua vez, já era uma adaptação do
romance “Goodbye to Berlin”.
A história se passa em 1931, enquanto os nazistas estão chegando ao
poder, e foca na vida
noturna no “Kit Kat Klub”, principalmente na relação de Sally
Bowles, uma cantora britânica, com o jovem escritor norte-americano Cliff
Bradshaw, na peça em tela vividos, respectivamente, por FABI BANG e ÍCARO SILVA.
Paralelamente
à relação do casal, corre uma espécie de subenredo, girando em torno do
romance entre uma mulher alemã, dona de uma pensão, Fräulein Schneider,
representada por ANNA TOLEDO, e seu
pretendente judeu, Her Schultz (EDUARDO LEÃO), um comerciante de frutas. Destaca-se,
ainda, no enredo, um Mestre de Cerimônias do “Cabaret”,
Emcee,
papel de ANDRÉ TORQUATO, “que
atua como metáfora para o estado de ameaça vivido durante a República de Weimar”, ante a opressão e a ameaça de domínio dos
nazistas.
SINOPSE:
A trama
acompanha a vida noturna no “Kit Kat Klub”, um cabaré falido de Berlim,
que assiste ao terrível surgimento e pronta ascensão do nazismo na Alemanha,
então República de Weimar, no começo da década de 1930.
É lá que a
cantora e dançarina inglesa Sally Bowles (FABI BANG) se apaixona por um jovem escritor estadunidense,
chamado Cliff Bradshaw (ÍCARO SILVA).
A ideia da direção deste
espetáculo foi tornar o mais realista possível a participação do público, para
o que surgiram, e foram, postas em prática, propostas simples, criativas e que
funcionam, para que tal objetivo seja alcançado. A primeira delas foi conceber
a encenação no formato de arena. A segunda, que faz toda a diferença, criar uma
ambientação que leve o espectador, tão logo deixe o elevador que o conduz ao “033 Roof
Top”, a se deparar com um espaço que possa lembrar uma casa noturna “para
divertimento”, já encontrando um grupo de exóticos bailarinos se
exibindo, como se ensaiassem uma coreografia. Estes não perdem a oportunidade
de circular também entre as mesas e interagir com algumas pessoas. Com relação
a isso, nunca escondi de ninguém que não me agrada esse tipo de interatividade,
uma vez que não me sinto confortável sendo objeto dos risos de outrem,
principalmente quando a “brincadeira” descamba para o mau
gosto e a falta de respeito, o que não é raro acontecer e já me aborreceu mais
de uma vez. Confesso que, ao ocupar o lugar que me foi destinado –
privilegiado, diga-se de passagem -, temi por ser abordado, o que já me
preocupou um pouco. Essa inquietação tomou corpo, depois que o diretor, KLEBER MONTANHEIRO, ao passar por mim,
cumprimentou-me e, em tom jocoso, me disse algo como: “Que lugar ótimo! Vai se
surpreender muito!”. Pura bobagem da minha parte. Ninguém, do elenco, pratica
qualquer tipo de desrespeito para com a plateia, um detalhe que me leva a
parabenizar o grupo e a direção, a qual deve ter orientado seus artistas nesse
sentido.
E, para coroar a sensação de estar num cabaré
do século passado, o espectador que desejar ainda pode viver uma interessante
experiência gastronômica, já que, uma hora antes do início do espetáculo, quem
quiser pode saborear um dos três pratos, assinados pelo Chef
Mário Azevedo, do “033 Rooftop”, inspirado pelo clima
de Berlim,
no início da década de 1930: pratos tipicamente alemães,
que contam, ainda, com drinques e sobremesas. Trata-se, pois, de uma encenação totalmente imersiva, que
pode, e deve, ser imitada, sempre que possível.
Cada pessoa que colocou um
dedinho que seja neste projeto está de parabéns, entretanto, a despeito do
talento de todos, julgo primorosa a participação de KLEBER MONTANHEIRO nesta produção, pela dinâmica e surpreendente
proposta de direção, pelos figurinos, de uma criatividade
inquestionável, e pela cenografia, engenhosa e supre
funcional. A exuberância e o exotismo são a marca registrada das dezenas de figurinos,
com detalhes minuciosos, que podem ser observados melhor por quem está mais
próximo aos atores. Todas as peças me chamaram a atenção, porém, as que mais
merecem os meus aplausos são os trajes que vestem o ator ANDRÉ TORQUATO e lhe dão, associados à uma onírica maquiagem, um
tom andrógino. Em todas as montagens que tive a oportunidade de assistir, assim
como na versão cinematográfica, o seu personagem veste trajes clichês, para um
mestre de cerimônias. MONTANHEIRO fechou
os olhos a isso e desenhou figurinos ímpares e excêntricos para o personagem.
Com relação à cenografia, o talento do artista também voou alto. A maior
parte das cenas - pareceu-me - acontecem sobre o palco redondo, montado no centro
da arena, de baixo do qual, por meio de alçapões, surgem atores e objetos de
cena, entretanto plataformas móveis, “pilotadas” pelos próprios atores,
unem esse centro a dois outros palco menores, em extremidades postas, criando um
contagiante dinamismo e fazendo surgir interessantes surpresas cênicas aos
olhos atentos e brilhantes da plateia. Ideias geniais, as quais não sei como
podem caber, todas, numa só cabeça pensante de um artista criador.
No alto do palco redondo,
há uma geringonça de ferro, que gira, como um carrossel, em algumas cenas, nas
quais atores e bailarinos nela se dependuram, contorcendo-se, num efeito circense
de nos fazer arregalar os olhos. Agora, imaginem tudo isso muito bem iluminado,
por um magnífico desenho de luz, frenético e supercolorido, criado por GABRIELE SOUZA. Sob os refletores da
iluminadora, toda a beleza plástica do espetáculo se potencializa.
A parte musical é
impecável, não tivesse assumido a batuta FERNANDA
MAIA, responsável pela corretíssima direção musical, regência e execução
de teclados, à frente de uma banda formada por 10 mulheres. Todas as
canções do original foram mantidas, com letras vertidas para o português por MARIANA ELISABETSKY, que também
versionou todo o texto.
A maioria dos que me leem
conhece esta obra mais no cinema do que nos palcos e não consegue esquecer a
estupenda e icônica coreografia criada pelo mestre Bob Fosse. Isso significa
que, para BARBARA GUERRA, a quem
coube a criação do desenho coreográfico da peça, isso seria uma tarefa para lá de
desafiadora, contudo, por sua competência e profissionalismo, e por ter
liberdade para criar uma nova leitura coreográfica, não há como não gostar dos
números de dança.
Já assisti a vários
musicais no “033 Rooftop” e, em algumas vezes, constatei algum probleminha
de som, numa cena ou outra, talvez pela singularidade do espaço, e, pela
primeira vez, não deixei de ouvir absolutamente nada, dito ou cantado, graças
ao ótimo desenho de som, obra de JOÃO BARACHO e FERNANDO AKIO WADA.
Valorizo muito, numa montagem teatral, o visagismo,
aqui criado por LOUISE HELÈNE, a
qual bebeu na fonte do “vaudeville” e do “burlesque”,
para criar os desenhos nos rostos dos personagens.
Para a formação do elenco,
o diretor lançou mão de convites, creio que para os principais papéis, e
audições. Não tenho dúvidas de que, pela sua peneira, passaram e ficaram os
melhores candidatos que se submeteram aos testes. O elenco é de primeiríssima
qualidade – e aqui não me refiro apenas aos artistas encarregados dos
principais personagens. Há uma homogeneidade incrível entre todos. É evidente
que os aplausos mais efusivos vão para FABI
BANG, sobre quem qualquer adjetivação registrada em dicionários é
insuficiente para qualificar seu trabalho; ÍCARO
SILVA, um ator completo, moldado para musicais e que, por conta disso,
deveria ser mais presente em produções desse gênero; e ANDRÉ TORQUATO, que, a cada novo trabalho, me encanta e me convence
mais de que não pode deixar de fazer parte da Ficha Técnica de qualquer
musical equivalente a este, em qualidade. Mas, por oportuno, não posso me
furtar a dizer que ANNA
TOLEDO, BRUNO
SIGRIST e EDUARDO LEÃO também se
apresentam com muita firmeza e verdade cênica em seus personagens.
Para erguer um espetáculo do porte de “CABARET”, como se pode ver, na Ficha Técnica, um
batalhão de profissionais se faz necessário. Seria eu injusto, se não fizesse
uma devida alusão a toda a equipe de produção, que garante que cada
sessão se torne realidade, sem problemas, lembrando que o espetáculo “é
fruto da colaboração entre a produtora MARILIA TOLEDO e o diretor KLEBER MONTANHEIRO,
dois grandes nomes do teatro nacional”.
FICHA TÉCNICA:
CRIATIVOS:
Libreto: José Masteroff
Música: John Kander
Letras: Fred Ebb
Baseado
na peça de teatro de John Van Druten e Christopher Isherwood
Versão:
Mariana Elisabetsky
Direção Geral, Cenário e Figurinos: Kleber Montanheiro
Direção Musical: Fernanda Maia
Coreografia: Barbara Guerra
Preparação de Elenco: Erica Montanheiro
Diretor Musical Assistente e Preparador Vocal: Rafa Miranda
Diretora Assistente e Diretora Residente: Daniela Stirbulov
Diretora Assistente: Ana Elisa Mattos
“Dance Captain”: Tiago Dias
Produção de Elenco: Daniela Cury
“Designer” de Luz: Gabriele Souza
“Sound Designers”: João Baracho /
Fernando Akio Wada
“Sound Designers” Associados e Consultoria:
Beatriz Passeti / Zelão Martins / Guilherme Ramos
Visagismo: Louise Helène
Figurinista Assistente, Gerência de Ateliês e Chefe de Camarim: Marcos Valadão
Assistente de Figurinos: Thaís Boneville
Pintura Artística de Cenário e Figurino: Victor Grizzo
Perucaria: Malonna
Criação de Bonecos: Dante
Direção Cenotécnica: Evas Carretero
Cenotécnicos: Isaac Tibúrcio e Alício Silva
“Production Stage Manager”: Rafael
Reis
“Stage Manager”: Juliana Imperial
“Stage Managers Assistentes”: JV
Costa e Wallace Félix
ELENCO: Fabi Bang (Sally Bowles), Ícaro Silva (Clifford Bradshaw),
André Torquato (Emcee), Anna Toledo (Fräulein Schneider), Bruno Sigrist (Ernst
Ludwig), Eduardo Leão (Herr Schultz), Carla Vazquez (Fräulein Kost), Maria
Clara Manesco (Ensemble e Cover de Sally Bowles), Marisol Marcondes (Ensemble e
Segunda Cover de Sally Bowles), Hipólyto (Victor, Ensemble e Cover de Clifford
Bradshaw), Alvinho de Pádua (Ensemble e Cover de Emcee), Ana Araújo (Ensemble e
Cover de Fräulein Schneider), Moira Osório (Ensemble e Cover de Fräulein Kost),
Daniel Caldini (Bobby, Ensemble e Cover de Ernst Ludwig), Gabriel Malo (Marinheiro
01 e Ensemble), Bruno Albuquerque (Marinheiro
03 e Ensemble), Larissa Noel (Ensemble), Mari Saraiva (Ensemble) e Tiago Dias (Marinheiro
02 e Ensemble)
PRODUÇÃO:
Direção de Produção: Marilia Toledo
Coordenação de Produção: Patrícia Figueiredo
Produção: Camila Sartorelli, Eddye Vieira e Jota Rafaelli
Produtores Associados: Kleber Montanheiro, Marília Toledo e Erica Montanheiro
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Fotos: Caio Gallucci
Idealização do Projeto: Kleber Montanheiro e Erica Montanheiro
Produtora Associada: Domínio Público Produções
Idealização: Da Revista Arte e Entretenimento
Realização: Lolita & La Grange Produções Artísticas
SERVIÇO:
Temporada: De 08 de março a 12 de maio de 2024.
Local: 033 Rooftop.
Endereço: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 2041 - Vila Olímpia, São
Paulo.
Capacidade: 342 lugares.
Dias e Horários: sextas-feiras,
às 20h30min; sábados, às 15h e 20h30min; e domingos, às 15h e 19h30min.
Valor dos ingressos:
Variam em função da localização dos assentos e mesas (Setores): De R$ 39,60
(preço popular) a R$ 300 (Há descontos, para meia-entrada. Favor consultar o “site” do “Teatro Santander”.)
Vendas “on-line” em:
https://bileto.sympla.com.br/event/89608 (com taxa de conveniência)
Classificação
indicativa: 16 anos. Menores de 12 anos acompanhados dos
pais ou responsáveis legais.
CANAIS DE VENDAS
OFICIAIS:
Sem taxa de serviço: Bilheteria do Teatro Santander - Todos os dias, das 12h às
18h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da
apresentação. A bilheteria do Teatro Santander possui um totem de
autoatendimento, para compras de ingressos, sem taxa de conveniência, 24h por
dia. Endereço: Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nº 2041.
Internet (com taxa de conveniência): https://site.bileto.sympla.com.br/teatrosantander/
Formas de pagamento: Dinheiro, Cartão de débito e Cartão de crédito.
Duração do Espetáculo: 165 minutos (com 15 minutos de intervalo).
Indicação Etária: 16 anos.
Gênero : Musical.
Não
preciso dizer que RECOMENDO O ESPETÁCULO e que gostaria muito de assistir a ele
mais uma vez, acrescentando que lamento, profundamenmte, que a temporada tenha
sisdo tão curta e que, ao que me parece, ele não virá para o Rio de Janeiro.
FOTOS: CAIO GALLUCCI
(Fotos: Carlos Eduardo Sabbag Pereira.)
VAMOS AO TEATRO!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE
ESPETÁCULO DO BRASIL!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E
SALVA!
RESISTAMOS SEMPRE MAIS!
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QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO TEATRO BRASILEIRO!
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