quarta-feira, 2 de agosto de 2023

“ALGUMA COISA

PODRE”

ou

(“OLHA A RENASCENÇA

AÍ, GENTE!”)

ou

(“SHAKESPEARE OU

‘FAKESPEARE:

EIS A QUESTÃO!”)

ou

(“NÓS TAMBÉM TEMOS

A NOSSA ‘OMELETE’”.)





      

         Esta crítica comportaria muitos subtítulos e todos lhe cairiam como uma luva. Fazia bastante tempo que eu aguardava a oportunidade de assistir a este musical, o que só se deu no último sábado (29 de julho de 2023), quando faltava apenas uma semana para o encerramento de uma curta temporada, para os padrões paulistanos de musicais, de invejável e merecido sucesso, com sessões de lotação esgotada. Fui a São Paulo, para assistir, no Teatro Porto, a este espetáculo, pois, além do imenso interesse em poder conferir a montagem, não tinha a certeza – como ainda não a tenho – de que a peça virá para o Rio de Janeiro. Queiram os DEUSES DO TEATRO que sim!!!




      Eram muitas as motivações para eu ir à capital paulista, a fim de conhecer esta encenação: o que eu já sabia sobre o seu sucesso na Broadway; a excelente FICHA TÉCNICA, englobando direção, elenco, artistas de criação e produção; ser algo que brinca com Shakespeare; a metalinguagem, que eu adoro; e “otras cositas mas”.





 SINOPSE:

A trama ocorre em 1595, no sul de Londres.

Os irmãos “do Rêgo Soutto” (Bottom, no original.), Nick (MARCOS VERAS) e Nigel (LEO BAHIA), são autores de peças teatrais, mas a concorrência de Shakespeare é “desleal”, já que este é um astro “pop”, e o público só quer saber de suas criações.

Shakespeare é o “queridinho” do público.

Sem dinheiro e com muitas contas a pagar, eles estão tentando escrever uma peça que os deixe mais famosos que o rival, no entanto vivem um grave bloqueio criativo. 

Nick, o mais velho dos irmãos, resolve, então, consultar um vidente, para saber qual será o maior sucesso dos palcos no futuro.

É aí que Nostradamus (WENDELL BENDELACK) – não o verdadeiro, mas o sobrinho – prevê que o público vai adorar peças em que a história é apresentada por meio de canções, além de muita dança, o, até então desconhecido, musical, o que, a princípio, parece ser algo impossível de vir a acontecer. 

Além de satirizar o gênero, a peça fala sobre a crise criativa de autores; sobre o machismo, que impedia mulheres de trabalhar; a religião, usada como instrumento para repressão; além, claro, de homenagear a obra de Shakespeare.

Tudo isso de maneira inteligente, alegre e muito engraçada.

O espetáculo ainda traz muitas referências a outros musicais famosos e às obras do Bardo 

 



 

     Embora seja uma peça bastante recente, cuja estreia na Broadway se deu em 2015, tendo permanecido em cartaz até 2017 (708 apresentações), o “show” já coleciona prêmios e indicações a eles, sendo 18 ao "Tony Awards", incluindo a de Melhor Musical, tendo ganhado o de Melhor Ator em Musical (Christian Borle). No “Drama Desk”, recebeu 19 indicações; no “Outer Critics Circle”, foram 20, além de uma, no “Grammy”, para Melhor Álbum de Teatro Musical. Depois do retumbante sucesso na Broadway, seguiram-se turnês pelos Estados Unidos, de 2017 a 2019, e produções internacionais, na Suécia e Coreia do Sul, até que chegou ao Brasil, graças, principalmente, a RENATA BORGES e GUSTAVO BARCHILON, os quais, depois de terem assistido à montagem da Broadway e ficado encantados com o que viram, chegaram à conclusão de que “aquilo tinha a cara do Brasil” (E acertaram em cheio!), não medindo esforços para trazer o espetáculo para o nosso deleite.



 

     Considero genial a ideia dos autores do original, da exposição, nua e crua, de um gênero teatral que, a cada dia, ganha mais admiradores, o musical, da forma mais crítica, inteligente e hilária, o que, no fundo, acaba sendo uma sátira bastante jocosa sobre o seu próprio ofício. Da mesma forma, estendo os meus aplausos a GUSTAVO BARCHILON, que, seguindo os passos dos “pais da criança”, fez uma excelente tradução e adaptação, bastante próxima à nossa realidade e ao gosto dos brasileiros, em se tratando de humor. O mesmo aplico a CLAUDIO BOTELHO que, a meu juízo, parece ter ido além do que fizeram os autores norte-americanos (Não conheço o original.), atingindo um resultado para lá de excelente, a julgar pela receptividade do público. A plateia “rola de rir”, uma após outra fala e durante a execução dos números musicais, principalmente pelas referências contemporâneas. Um detalhe que merece destaque e do qual pude ter certeza de ser verdadeiro, após a sessão em que estive presente, em conversas com alguns atores, após o espetáculo, é que eles se divertem muito, no palco. Quer coisa melhor do que palco e plateia se divertindo, e rindo, juntos? É sinal de que tudo deu certo. E como deu!




 

      A primeira autocrítica com a qual nos deparamos é o fato de os irmãos dramaturgos – a gente já começa a rir por conta do sobrenome: “do Rêgo Soutto” – estarem mergulhados em dívidas e sem dinheiro, numa clara menção às dificuldades financeiras que assombram os artistas, de uma forma geral, num país em que a ARTE não é levada a sério e por terem abraçado uma profissão insegura, instável. De uma forma geral, guardadas as devidas, e poucas, exceções, quem trabalha em/com TEATRO não “nada em dinheiro”, como muitos supõem e, sim, tem que “matar um leão por dia”, para uma sobrevivência digna.



 

      A ideia da previsão feita por um “Nostradamus fake” também é algo a merecer nossos aplausos. Na verdade, seria um seu suposto “sobrinho”, um charlatão, isso sim, já que o notório vidente viveu de 1503 a 1566, antes, pois, do momento em que a trama acontece. A única coisa boa e verdadeira, naquela “profecia”, é que o TEATRO MUSICAL se solidifica, a cada dia, como um gênero teatral de sucesso, arrebanhando uma enorme quantidade de admiradores. Nesse aspecto, vejo a sátira aos musicais muito mais como um fator a tornar o gênero mais “robusto” do que alguma coisa depreciativa e que poderia levá-lo a um prejuízo.



 

      Muito oportuna é a abordagem do machismo que, dentre tantas coisas nefastas que causa, leva à proibição de as mulheres trabalharem, de uma forma geral. É sempre pertinente lembrar que, na época de Shakespeare, elas não podiam representar nos palcos, sendo os papéis femininos interpretados por homens travestidos. Quanto a isso, recomendo um ótimo filme, que retrata essa problemática: “Shakespeare Apaixonado”, de 1998. Lá uma mulher se veste de homem, para atuar. Em “ALGUMA COISA PODRE”, apesar de estar passando por uma grave crise financeira, Nick do Rêgo Soutto (MARCOS VERAS) não permite que sua esposa, Bea (LAILA GARIN), para ajudá-lo, interprete um de seus personagens, na peça que intenta escrever, para desbancar Shakespeare, mas ela desobedece ao marido.

 




     Uma sátira bem contundente, na peça, recai sobre a religião, usada como instrumento para a repressão. O TEATRO é visto como algo “pecaminoso”, pelo Irmão Jeremias (RODRIGO MIALLARET), um “puritano”, a ponto de não querer que sua filha, Portia (BEL LIMA), dele se aproximasse, não contando o pai com que ela e Nigel do Rêgo Soutto (LEO BAHIA) iriam se apaixonar. (Será que estou dando “spoilers” demais? Vou tentar “domar” os dedos.). Ainda no que tange à religião, há, na peça, a participação de um judeu, Shylock (TONY GERMANO), que expressa o desejo de ajudar a financiar a trupe dos “do Rêgo Soutto”, mas Nick rejeita a oferta, pois “é ilegal empregar um judeu”.


 


 

CLAUDIO BOTELHO não economiza irreverência, na sua versão, para o “idioma de Camões”, das letras das músicas. O “Caolho” deve “dar cambalhotas no túmulo”, por conta das inteligentes, oportunas e criativas referências aos dias de hoje, nas 14 canções (4 se repetem.), que ajudam a contar a história. Um exemplo disso está nos títulos de 4 delas (Isso é só o começo.): “Vai se Fuder (SIC), Shakespeare!”, “Will Power” (“Will”, como apelido para Shakespeare.), “Ovos” e “Algo Podre / Omelete”.



Claudio Botelho.




Uma conclusão que a peça nos permite é a de que os “do Rêgo Soutto” nos legaram a primeira peça em formato de TEATRO MUSICAL.


 

A história começa quando a dupla de irmãos dramaturgos pensa em escrever uma peça, para se sobreporem a Shakespeare, como já mencionado, no momento em que este, depois de já ter escrito seu clássico “Romeu e Julieta”, está se preparando para escrever “Ricardo II”, depois de também ter criado outro seu grande sucesso, “Ricardo III” (Aqui, há uma ótima piada, que não revelarei, “para não ser cancelado” por quem odeia “spoilers”, se é que já não o fui.


  


 

Ao procurar um “adivinho”, para saber qual seria o próximo grande sucesso do TEATRO, o “mago” lhe diz que será “um musical”, uma peça em que “um ator está dizendo suas falas e, do nada, ele, simplesmente, começa a cantar”, uma alusão ao pensamento, completamente preconceituoso e “capenga”, que muitas pessoas que não gostam de musicais têm, com relação ao gênero. 



 

A relação entre Nigel e Portia se torna mais consistente, a partir do momento em que ambos descobrem um interesse comum pela poesia. Ele é um poeta e ela, uma dedicada amante desse tipo de literatura. O fato de Nigel também ser um bardo, como Shakespeare, tem uma importância, na peça, por conta do que este faz, quase ao final da peça. Mas isso eu não revelarei agora.


 

 

Atentem para uma confusão que o velhaco Nostradamus faz, em suas adivinhações marotas, com relação ao título da obra que ele revela, a Nick, ser o grande sucesso futuro de Shakespeare, por conta da semelhança sonora entre “Hamlet” e “Omelete”, de onde surge um grande quiprocó.


 

Um dos momentos mais engraçados do espetáculo é quando Shakespeare se disfarça e procura os dois irmãos, seus rivais, para fazer um teste, a fim de integrar a trupe da dupla, porém com o objetivo real de se aproximar deles e lhes roubar a peça que estão ensaiando: nada mais, nada menos que “Omelete, O Musical!”. “Durma-se com um barulho desses!”


 

Creio já estar na hora de parar falar sobre o “plot” e passar a uma modesta análise do trabalho dos profissionais envolvidos nesta montagem, a começar pelo do diretor, uma vez que CLAUDIO BOTELHO já teve o seu bem avaliado, como versionista das canções. GUSTAVO BARCHILON, que também assina a tradução e adaptação do texto, apesar de bem jovem, não precisa mais dizer a que veio, porque quem gosta de TEATRO MUSICAL e acompanha o que entra em cartaz, no Brasil, já o identifica como um excelente profissional do ramo, por suas direções anteriores, como, por exemplo, “Barnum, o Rei do Show”, “Ponto a Ponto – 4.000 Milhas” (Este não é musical.) e “Bob Esponja, o Musical”, este recém-estreado, na capital paulista, depois do grande sucesso alcançado no Rio de Janeiro. E já se prepara para nos brindar com mais um de seus trabalhos de direção, a montagem de outro musical, “Funny Girl”, muito em breve, em São Paulo. Aplaudo, com vigor, sua assinatura como diretor geral de “ALGUMA COISA PODRE”, um trabalho cheio de dinamismo e criatividade. Ademais, BARCHILON foi extremamente feliz, ao convidar atores notadamente vitoriosos como comediantes, sem experiências anteriores, porém, em musicais. Isso poderia ter sido um grande entrave, até que as cortinas se abrissem ao público, entretanto parece que se deu, exatamente, o contrário.


Gustavo Barchilon.



Conquanto, inevitavelmente, os focos mais intensos convirjam para os protagonistas e os que mais próximos estão a eles, no enredo da peça, a verdade é que vemos, no palco, um elenco de primeiríssima qualidade, afinado em tudo: com o ritmo, o “timing” da comédia, os números musicais e as coreografias, a despeito de, até então, eu jamais poder imaginar que alguns atores cantassem e / ou dançassem. E muito bem. Trata-se de um elenco, coeso, harmônico, ajustado; homogêneo, enfim. Torna-se, para este crítico e, antes de tudo, um amante inveterado de musicais, uma tarefa difícil destacar um único actante em cena. Todos, sem exceção, respondem, muito satisfatoriamente, às exigências do texto, das canções e das danças. Não será nenhuma surpresa encontrar alguns nomes do elenco nas listas dos indicados a prêmios de TEATRO, ao fim do ano teatral de 2023, com grandes possibilidades de conquistá-los.



 

Sempre admirei MARCOS VERAS como um ator cômico e de domínio absoluto de uma plateia, em seus “stand-ups”. Esperava um ótimo rendimento do ator, por se tratar de uma comédia, porém, confesso que todas as minhas expectativas foram superadas. Para mim, foi uma agradabilíssima surpresa vê-lo com destaque, como solista de algumas canções, cantando em coro e cumprindo os passos criados pelo coreógrafo. Logo no seu primeiro número musical, o ator mostra que não está naquele palco por outro motivo que não seja “ter garrafas vazias para vender”. Parece um veterano em musicais, fruto de um grande trabalho de estudo e dedicação, agora recompensado pelo reconhecimento do público, em forma de longos aplausos, inclusive em cena aberta, e pelos elogios recebidos por parte da crítica especializada. MARCOS canta com correção e qualidade, embora seja um estreante no seleto grupo de ótimos atores de musicais, o que o credencia a outros voos semelhantes a este.



Para interpretar Nigel do Rêgo Soutto, irmão do personagem de MARCOS VERAS, ninguém melhor que LEO BAHIA, este, sim, já um veterano em musicais, apesar de tão pouco tempo de carreira. Desde quando o vi, pela primeira vez, numa produção musical acadêmica, na UNIRIO, “The Book os Mormon”, ao apagar das luzes de 2013, enxerguei ali o início de uma brilhante carreira de ator de musicais, o que BAHIA ratifica, em tantos grandes sucessos, de público e de crítica, como “Chacrinha, o Musical”, Gabriela, o Musical” e “Bibi, Uma Vida em Musical”, para citar alguns. LEO interpreta um homem inocente e tímido, além de hilário e com um talento expressivo para a poesia. As cenas em que contracena com VERAS e BEL LIMA são marcantes. Com aquele, o personagem mostra-se mais “com o pé no chão”, contrapondo-se às ideias “exóticas” do irmão, enquanto, nos diálogos com a personagem Portia, de BEL, ele explora mais sua veia cômica, excelente, por sinal, além de cantar bem e corresponder às exigências das coreografias.


 

Outro estreante em musicais, embora já de há muito exercitando a voz, como cantor, além de tecladista e compositor, na banda “Choque do Magriça”, GEORGE SAUMA interpreta William Shakespeare. SAUMA é o que se pode chamar de um multiartista, com grande desenvoltura na arte de sapatear. A propósito, nesta peça, há uma cena em que os personagens rivais, Nick e Shakespeare, partem para um “duelo” em forma de sapateado, que agita a plateia e arranca muitos aplausos. GEORGE esbanja técnica, enquanto VERAS, com pouca experiência nessa arte, um neófilo, responde aos desafios de SAUMA com parcimônia, porém em passos corretos. Os que não embarcarem na proposta do espetáculo podem estranhar um Shakespeare “afetado” (Seria um eufemismo?), histriônico e ególatra, e próximo à insanidade. Desde sua brilhante interpretação na COMÉDIA “A Arte de Ser Perfeito”, não o via tão exuberante e pleno em cena.


 

Com larga experiência em musicais, mas quase sempre em papéis dramáticos, como em “Gonzagão, a Lenda”, “Elis, a Musical”, “O Beijo no Asfalto, o Musical”, “Gota D’Agua [a seco], o Musical”, “Dois filhos de Francisco, o Musical” e “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa”, LAILA GARIN, como eu já esperava, brilha, na pele de Bea, a esposa de Nick do Rêgo Soutto, uma mulher à frente do seu tempo, intrépida, arrojada, uma verdadeira feminista, nos moldes de hoje, que sabe o que quer e como atingir seus objetivos. Conheci LAILA e seu trabalho nos idos de 2010, no Rio de Janeiro, quando, ao lado de Osvaldo Mil, participou de um musical romântico, chamado “Eu Te Amo Mesmo Assim, o Musical”, quando fiquei “de queixo caído” com sua força interpretativa, sua magnífica e possante voz e sua sensualidade em cena, o que ela sempre repetiu, em todas as suas atuações; e não é diferente agora.  Ali, ela me ganhou, “para todo o sempre”. Sua primeira incursão no universo dos musicais, salvo engano, se deu em 2002, quando fez parte do elenco de uma montagem de “Grease”, em São Paulo, a única vez em que LAILA mais se aproximou de algo parecido com um musical da Broadway. Sua estreia numa COMÉDIA MUSICAL acontece “a pleno vapor”, encantando o público, com seu talento ímpar. Tanto diz coisas sérias como provoca boas gargalhadas, marcando território no campo do humor. Sua personagem é cativante, à procura de vez e voz numa sociedade machista, como a da época em que se passa a história.


 

Para finalizar a análise do trabalho do quinteto dos principais personagens da peça, ele, Nostradamus, irretocavelmente interpretado por WENDELL BENDELACK, outro estreante em musicais, que já chega “metendo o pé na porta” e reclamando seu espaço, muito merecido, diga-se de passagem, nesse nicho de espetáculo teatral. Que WENDELL é um excelente ator de COMÉDIA todos o sabemos, mas o que desconhecíamos – eu, pelo menos – era sua porção cantor e dançarino. Seu personagem, hilário, para o que contribui bastante sua caracterização, um charlatão excêntrico e muito sagaz, é responsável por alguns dos melhores momentos de humor na peça. O personagem também é bastante confuso, até para fazer as suas “armações”, e existe uma excelente “química” entre ele e MARCOS VERAS.


 

Em termos de participação na trama, a importância dos personagens no desenrolar da história, e não pelos méritos individuais de cada artista, ainda que todos sejam muito importantes, divido o elenco em três blocos; o primeiro, com cinco atores, sobre os quais já falei; o segundo, dos que interpretam personagens secundários, em número de quatro; e um terceiro, reunindo quem se insere nas rubricas “ensemble” e “swing”.



No segundo pelotão, também aplaudo bastante o trabalho do quarteto, formado por BEL LIMA, RODRIGO MIALLARET, THIAGO PERTICARRARI e TONY GERMANO. BEL é uma ótima atriz de musicais, porque interpreta, canta e dança com muita desenvoltura e valoriza qualquer papel que lhe caia às mãos, mesmo que não seja uma protagonista, no enredo, como aconteceu na montagem de “Pippin”, nas vezes em que precisou substituir a titular do papel de Mestre de Cerimônias, Totia Meireles. Era uma grande responsabilidade, que BEL não desperdiçou. Seu trabalho aqui é brilhante.


 

RODRIGO MIALLARET está impagável, como o pastor extremista Irmão Jeremias, que via o pecado estampado em tudo; e o TEATRO não era exceção. Aliás, sua posição, com relação àqueles que se dedicam a esta ARTE lembra muito a fala de um dos personagens da icônica “Roda Viva”, de 1968, no Rio de Janeiro. O papel era interpretado pelo saudoso Antônio Pedro, o qual, num determinado momento revela, à plateia, a sua "definição" para “ator”: “pederasta vírgula, comunista ponto”. O personagem de RODRIGO arranca muitas gargalhadas, muito em função de um conflito existencial que o acometia: como ser um servo de Deus e, ao mesmo tempo, dominar seus desejos “proibidos” reprimidos?



THIAGO PERTICARRARI e TONY GERMANO também sabem valorizar seus personagens, Lord Clapham e o judeu Shylock, respectivamente.




 

Neste espetáculo, o que não é muito comum de se ver, o texto, a direção e o coreógrafo permitem que todos os artistas que formam o “ensemble” sejam notados e tenham seu trabalho aplaudido. 


 


 

        Dos artistas de criação, todos executam sua parte com excelente rendimento. DUDA ARRUK assina uma cenografia que ajuda a criar a atmosfera em que se dá a trama. Percebem-se os detalhes que caracterizam as ruelas de uma Londres pós-Idade Média, um ambiente propício a tramas, traições, mistérios... Achei deveras interessante a utilização, em duas ou três cenas, de placas sinalizadoras, em neon, um toque “subversivo” de modernidade, contrastando com o austero conjunto cenográfico. 




        FÁBIO NAMATAME dispensa maiores comentários, quaisquer que sejam as exigências, no que diz respeito aos figurinos. Aqui, NAMATAME tinha como objetivo criar trajes de época, o que fez com total acerto e bom gosto. Quem, como eu, tem a oportunidade de se sentar nas primeiras fileiras da plateia (Eu fui acomodado na segunda.) pode melhor observar os detalhes dos bordados e das aplicações feitas em cada peça. Os trajes criados por ele e o excelente trabalho de visagismo e perucaria, assinado por FELICIANO SAN ROMAN, são de grande valia, para que os atores possam construir melhor seus personagens. 



       O desenho de luz, criado por MANECO QUINDERÉ, é responsável por belas imagens que permanecem nas nossas retinas, depois de fechada a cortina. É muito bonita a luz da peça. 




      De todos os espetáculos musicais a que tenho assistido, nos últimos tempos, notei que, aqui, a qualidade do som é perfeita, fruto do trabalho de TOCKO MICHELAZZO e GABRIEL BOCUTTI, responsáveis pelo desenho de som




      Encerro estes comentários, salientando as magníficas coreografias, criadas por ALONSO BARROS. Sua presença numa FICHA TÉCNICA é sempre um motivo a mais para que eu me interesse por assistir a um musical. ALONSO é um profissional que muito respeito e admiro. A cada novo trabalho, parece que o coreógrafo desafia seus próprios limites de criação. Gosto muito quando ele inclui um número de sapateado no seu conjunto de coreografias, como em “ALGUMA COISA PODRE”.


 



 

 FICHA TÉCNICA:

Concepção Original: Wayne Kirkpatrick e Karey Kirkpatrick

Texto: Karey Kirkpatrick e John O’Farrel

Músicas: Wayne Kirkpatrick e Karey Kirkpatrick

Tradução e Adaptação: Gustavo Barechilon

Versão Brasileira: Claudio Botelho

Direção Geral: Gustavo Barchilon

Direção Musical: Thiago Gimenes

 

ELENCO: Marcos Veras (Nick do Rêgo Soutto), Leo Bahia (Nigel do Rêgo Soutto), George Sauma (Shakespeare), Wendell Bendelack (Nostradamus) Rodrigo Miallaret (Irmão Jeremias), Bel Lima (Portia), Thiago Perticarrari (Lord Clapham) e Tony Germano (Shylock)

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL: Laila Garin (Bea)

ESSEMBLE: Ana Araújo, Andrea Marquee, Andreza Meddeiros, Bruno Kimura, Carol Botelho, Daniel Cabral, Ingrid Gaigher, Marcelo Vasquez, Nathalia Serra, Renato Bellini, Sandro Conte e Tony Germano

SWING: Roberto Justino e Sara Milca

 

ORQUESTRA: Thiago Gimenes (maestro e pianista condutor), Johnny Mantelato (segundo regente e teclado 2), Thiago Saul (guitarra e violão), Marcos Paiva (contrabaixo), Renatto Abreu (bateria), Ana Paula Eloi (violino), Ivan Rossi ("reed") e Felipe Aires (trompete)

 

EQUIPE DE MÚSICA: Rafael Oliveira (edição de partitura), Johnny Mantelato (pianista ensaiador) e Thiago Gimenes (preparação vocal)

 

EQUIPE CRIATIVA:

Coreografia e Direção de Movimento: Alonso Barros

Cenografia: Duda Arruk

Figurino: Fábio Namatame

Desenho de Luz: Maneco Quinderé

Desenho de Som: Tocko Michelazzo

Desenho de Som Associado: Gabriel Bocutti

Direção de Arte: Gus Perrella

Visagismo e Perucaria: Feliciano San Roman

Concepção Identidade Visual: Eduardo Juffer e Luiz Pimenta

Direção Residente: Vanessa Costa

Estagiária de Direção: Isabel Castelo Branco

Assistente de Coreografia: Murilo Ohl

 

EQUIPE DE PRODUÇÃO:

Produtores Executivos: Renata Borges (Touché Entretenimento) e Thiago Hofman (Barho Produções)

Produtores: Marly Silva, Leandro Leal e Guilherme Malafaia

Assistentes de Produção: Juliana Brigido e Andressa Cericato

“Production Stage Manager”: Rafael Vasconcelos

Financeiro: Thamilles França

Assessoria de Imprensa: Trigo Casa de Comunicação

Marketing Cultural: R+Marketing

Fotógrafo: Caio Galucci (E Jonatas Marques, fotógrafo do Teatro Porto.)

Direção de Arte: Gustavo Perrella

Gestão de Projetos: Natalia Egler

 

OBSERVAÇÃO: Cada EQUIPE conta com um grande número de colaboradores, num total de mais de 80 profissionais, além de mais de 20 pessoas que respondem pelo funcionamento do Teatro Porto. 

 








 



 SERVIÇO:

Temporada: De 16 de junho a 6 de agosto de 2023.

Local: Teatro Porto.

Endereço: Alameda Barão de Piracicaba, nº 740 – Campos Elíseos – São Paulo. 

Telefone: (11)3366-8700.

Capacidade: 484 lugares.

Dias e Horários: 6ª feira, às 20h; sábado, às 16h e às 20h; domingo, às 15h e 19h.

Valor dos Ingressos: Plateia: R$250,00 (inteira) e R$125,00 (meia-entrada); Balcão e Frisas: R$150,00 (inteira) e R$75,00

(meia-entrada); Balcão (preço popular) R$50,00 (inteira) e R$25,00 (meia-entrada).

Duração: 130 minutos.

Classificação Etária: 14 anos.

“Link” Vendas:  https://bileto.sympla.com.br/event/82003

Vendas na Bilheteria: Aberta somente nos dias de espetáculo, duas horas antes da atração.

Clientes Porto Seguro Bank mais acompanhante têm 50% de desconto.

Clientes Porto mais acompanhante têm 30% de desconto.

Vendas “on line”: www.sympla.com.br/teatroporto

Formas de pagamento: Cartão de crédito e débito (Visa, Mastercard, Elo e Diners).

Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.

Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

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Assessoria de imprensa do espetáculo: Trigo Casa de Comunicação - Renata Ramos - renata@trigo.cc 

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Assessoria de Imprensa Porto: PROS - porto@pros.com.vc - Sebastião Rinaldi e Debora Capellari - (11)3585-0100 e (11) 98984-5775 

 

 


     “ALGUMA COISA PODRE” é um espetáculo vendido como “a comédia mais hilária da Broadway”. Não sei se é “a mais”, contudo asseguro que é muito hilária, leve e divertida. Correndo o risco de ser mal interpretado pelos que não apreciam o TEATRO MUSICAL ou pelos que podem me considerar ufanista, o que, absolutamente, não sou, afirmo, com a maior convicção, que, em termos de TEATRO MUSICAL, em várias produções, como esta, já atingimos um estágio que nos permite uma equiparação com o que de melhor se faz fora do Brasil, nesse gênero. “ALGUMA COISA PODRE”, por seu porte, pelo cuidado de uma produção competente e cuidadosa, fez com que, sentado numa poltrona do Teatro Porto, em São Paulo, eu me sentisse como se estivesse na Broadway. #prontofalei   



     É impossível negar a importância de William Shakespeare, para o TEATRO universal. Ele é grandioso, como escritor – o grande poeta – e dramaturgo, mas, independentemente de esta peça brincar com o gênio das tábuas e de apresentá-lo, talvez, com uma personalidade que pode não corresponder à realidade, “tirando-o do pedestal, transformando-o em “vilão” (Olha o “spoiler” aí, gente!), o que importa é que “ALGUMA COISA PODRE” é um dos melhores espetáculos em cartaz, no eixo Rio / São Paulo, e presta-lhe uma grande, linda e merecida homenagem.




        Qualquer semelhança entre a fala “Há algo de podre no reino da Dinamarca.” (“Something is rotten in the state of Denmark”), do maior sucesso de Shakespeare, "Hamlet", com esta peça não terá sido coincidência. Desnecessário é dizer que RECOMENDO O ESPETÁCULO e espero revê-lo, muito em breve, no Rio de Janeiro ou em outra temporada paulistana.

 


 

 


FOTOS: CAIO GALUCCI

e

JONATAS MARQUES

 

 

 

 

 

GALERIA PARTICULAR

(Fotos: Leonardo Soares Braga.)

 

 




Com Marcos Veras.



Com Gustavo Barchilon.

 

 

 VAMOS AO TEATRO!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS

DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI,

SEMPRE!

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!

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PARA QUE, JUNTOS,

POSSAMOS DIVULGAR

O QUE HÁ DE MELHOR

NO TEATRO BRASILEIRO!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 



 







 

 



 

 

 

 



 

 




















































































































































































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