“GREASE,
O MUSICAL”
ou
(UM ÓTIMO MUSICAL
“DIGESTIVO”).
ou
(SEMPRE
“CABE MAIS UM”, QUANDO SE TRATA DE
“GREASE,
O MUSICAL.”.)
Inicio esta crítica já com um
esclarecimento: o adjetivo entre aspas, no seu primeiro subtítulo, pode levar algumas
pessoas a decodificá-lo com um valor pejorativo e esperar que eu não tenha
gostado do musical e, por conseguinte, que vá falar mal dele e desfiar um
rosário de erros. NÃO É NADA DISSO!!!
ABSOLUTAMENTE!!! Se não tivesse sido do meu agrado, não perderia meu
precioso tempo para escrever sobre a peça. Os que estão acostumados à minha
maneira de trabalhar sabem, muito bem, que, quando não gosto de alguma montagem, me recolho ao silêncio, pois, de uma forma ou de outra, acho que não
tenho o direito de causar algum prejuízo a quem deu tudo, o melhor, de si, com
os maiores sacrifícios e a melhor das intenções, para erguer um espetáculo
teatral, o que, neste Brasil, é um ato merecedor de todos os aplauso e, cada
vez mais, difícil de se conseguir realizar, ainda que bons ventos possam estar
pela frente, para apagar quatro anos de “trevas”. Não me tomem
como pretensioso, todavia sei que muita gente resolve assistir a um espetáculo
de TEATRO depois da leitura das minhas críticas. Como tenho essa certeza?
Pelos retornos que me chegam, por meio das mais diversas vias. Tomo em consideração,
também, o fato de que, por eu não ter gostado de uma peça, isso não quer dizer que todos
tenham a obrigação de concordar comigo e que não possam ter gostado. Não sou o dono da verdade. É uma questão de gosto,
que é pessoal, e, assim como respeito a opinião de qualquer pessoa, sempre
espero que respeitem a minha. Uma leitura atenta de tudo o que escreverei
deixará bem claro que gostei deste espetáculo,
dentro daquilo a que ele se propõe. E isso basta! Esse detalhe é
muito importante, quando alguém se presta a criticar um espetáculo de TEATRO.
O que essa gente, no palco, está objetivando, com a montagem que apresentam?
Quando fui, na noite do último dia 28 de
janeiro, ao Teatro Claro SP – a terceira peça naquele dia -, já sabia o
que iria ver lá, ou seja, já conhecia o musical, de tê-lo visto na Broadway,
numa montagem em Toronto, Canadá, em duas amadoras, no Rio de Janeiro, além do
filme, baseado na peça. Quem já passou por alguma dessas experiências não pode
deixar de concordar comigo: não se trata de um texto que pretenda abalar
estruturas, fazer denúncias, polemizar ou provocar reflexões. É, antes de tudo,
um espetáculo para alegrar e divertir. Esse é o propósito maior de “GREASE, O MUSICAL”,
que, no Brasil, antes, no cinema, recebeu um adendo, ao título: “NOS TEMPOS
DA BRILHANTINA”, em alusão a “brilhantina”, um cosmético apresentado
na forma de pomada, utilizada para modelar o cabelo, em cuja composição,
basicamente, entram parafina líquida, vaselina, essências e óleo mineral, produto muito usado,
nas décadas de 40 a 60, pelos rapazes de então, para sustentar seus
vastos topetes. “Brilhantinei” muito (Entreguei a idade. Momento descontração.).
Não consigo enxergar nada muito além disso, o que, de forma
alguma, faz desmerecer o musical. Penso que, quando se resolve montar um
espetáculo teatral, as pessoas envolvidas no projeto têm que ter muito claro,
em suas mentes, o objetivo do produto que estão oferecendo ao público. Quanto a
esse aspecto, o produtor, o diretor e todos os que fazem parte da FICHA
TÉCNICA tinham certeza do que desejavam, sabiam como atingir o público, e
foram muito honestos e competentes no seu propósito.
O musical foi escrito por
JIM JACOBS e WARREN
CASEY, em 1971. A história
se passa em 1959, na fictícia “Rydell
High School”, baseado nas experiências dos autores na “William
Taft High School”, em Chicago, e segue a vida de dez adolescentes e sua realidade de namoros, amores,
carros e "drive-ins". A montagem
original da peça, na Boadway, em 1972, depois de uma outra, a de estreia, realmente, em Chicago, em
1971, quebrou todos os recordes de longevidade, tornando-se um
estrondoso sucesso de público, tanto nos palcos quanto na adaptação
cinematográfica. Ao encerrar sua carreira nos teatros nova-iorquinos, em 1980, depois de 3338
apresentações, “GREASE, O MUSICAL” havia se tornado o musical de
maior duração da história da Broadway, até então, recorde que viria a perder,
três anos depois, suplantado por "A Chorus Line". Ainda teve mais dois “revivals” na “meca”
dos musicais, em 1994 e 2007, uma montagem em Londres, no West
End, versões várias ao redor do mundo, transformou-se num filme campeão de
bilheteria, estrelado por John Travolta e Olivia Newton-John, infelizmente, recém-falecida, e virou “arroz
de festa” de centenas de representações, em grupos de TEATRO
amador, escola secundárias e estudantes de arte dramática, em universidades americanas e por todo o mundo. Vale dizer,
também, que a montagem de lançamento, na Broadway, recebeu nomeações para sete prêmios“Tony”, incluindo melhor musical, melhor ator e melhor coreografia. Adrienne Barbeau ganhou o "Theatre World Award" , de melhor atriz coadjuvante, e o musical mereceu,
ainda, o "Drama Desk Award", de melhor coreografia e melhor vestuário.
SINOPSE (bem simplificada):
No
palco, um retrato da revolução sexual e comportamental do jovem norte-americano
da década de 1950 (Ou seria do mundo inteiro, ou de boa parte dele?).
Na
Califórnia, de 1959, a popular Sandy Olsson (LULI), uma jovem
imigrante australiana, e o “metido” Danny Zuko (TI DUCATTI)
se apaixonam e aproveitam um verão inesquecível na praia, durante as férias de verão.
Quando
voltam às aulas, os dois descobrem que, coincidentemente, frequentam a mesma
escola.
Danny lidera a
gangue dos “Burguer Palace Boys”, um grupo “exótico”,
que gosta de jaquetas de couro e muito gel no cabelo, e Sandy passa seu
tempo com as “Pink Ladies”, lideradas pela firme e sarcástica Rizzo
(ALICE ZAMUR).
Quando os dois se reúnem, Sandy percebe que Danny não é o mesmo por quem se apaixonou e, por isso, ambos precisam mudar, caso queiram ficar juntos.
Lançado há
mais de 50 anos, “GREASE, O MUSICAL” atravessou gerações, sempre com
grande sucesso, e tem um público cativo, sempre pronto a conferir uma nova
montagem do musical. É interessante ver gente jovem acompanhada de seus pais e,
até mesmo, avós, ocupando as poltronas dos Teatros em que esteja sendo
apresentada uma nova versão desta peça. A trilha sonora é deliciosa e vem deleitando
nossos ouvidos com canções do tipo “chiclete”, como “Summer
Nights”, “Morning – From”, “We Go Togheter”,
“Sandy”, “Those Magic Changes” e, como não podia
deixar de ser, “Grease”, a música-tema.
Os temas
musicais procuram seguir os sons dos primórdios do universo "rock and roll", do mais agitado às baladas
românticas. Além das canções originais da trilha, houve o acréscimo de algumas inéditas.
Nesta
versão brasileira, todas as músicas são cantadas com letras em português, mas,
no final, o elenco volta ao palco para um “mix” com as canções
originais em inglês. É um momento de maior explosão, no palco e na plateia. Uma
verdadeira catarse!
O título
da peça vem de uma subcultura de jovens trabalhadores norte-americanos,
conhecidos como “greasers”, gangues de rua existentes nonordeste e no sudeste dos Estados Unidos, na década de 1950. O estilo de vida daqueles
jovens tornou-se popular entre a juventude americana, devido ao seu aspecto de
rebelião aos modos e costumes. Poderia ser considerada uma versão mais “light”
dos que militaram na chamada “juventude transviada”, como nos mostra
o célebre filme “Rebel Without a Cause”, que, no Brasil, recebeu
o título de “Juventude Transviada”, estrelado por James Dean. O
enredo de “GREASE, O MUSICAL” nos põe em contato com questões sociais
diversas, tais como gravidez adolescente e violência entre gangues, amor,
amizade, rebelião, descobertas sexuais e conflito de classes. Aqui, talvez,
algumas pessoas poderiam estar questionando: “Então, isso não é político? É só
uma obra “água com açúcar”? Pensando bem, ao abordar esses problemas e se
propor a mostrar o “modus vivendi” de uma camada da sociedade norte-americana, podemos
enxergar, no musical, mais do que, apenas, estar voltado para o lazer.
Esta releitura do consagrado musical, em 2023, com roupas do século XXI,
é apresentado por 4ACT ENTRETENIMENTO, a
mesma produtora conhecida por encenações vitoriosas, no Brasil, como “Ghost, o Musical”, “A Era do Rock” e “Castelo Rá-Tim-Bum, o Musical”, numa iniciativa, muito corajosa e arrojada, de RICARDO
MARQUES, vencedor, em 2022, do conceituado prêmio “Oliver
Awards”, na Inglaterra, pela produção de “De Volta para o Futuro, O Musical”, a estrear, na Broadway, em 2023. Depois do sucesso das
três produções, no Brasil, RICARDO decidiu se aventurar no berço do
gênero teatral, o West End de Londres, num voo mais arrojado. Aliás,
arrojadíssimo. Com um sonho a ser realizado, começou a trabalhar em dois
projetos, para estrearem nos palcos da Inglaterra: “De Volta para o
Futuro, o Musical”, em 2021, no Adelphi Theatre, que lhe concedeu a já
referida premiação, e “GREASE, O MUSICAL”, em 2022, no
Dominion Theatre.
Comparado
a outros musicais, montados em esquema de superproduções, este não é dos mais
ricos, o que pode justificar algumas coisas - na verdade, apenas uma - em cena,
entretanto, mesmo sob restrições, quero crer que tenham existido, na verba de
produção, nota-se que houve apuro e preocupação em apresentar um espetáculo bonito,
“limpo” e bastante “honesto”. Creio que o único
detalhe que merecia uma melhor atenção diz respeito à cenografia, a despeito de
estar nas mãos de um dos mais competentes profissionais do ramo, no Brasil, J.
C. SERRONI. São várias locações (12 ambientes), o que dificulta muito o trabalho
de criação do cenógrafo, mormente se não há tantos recursos financeiros à sua
mão. Não sei se foi esse o caso, mas assim me pareceu. De qualquer forma, as soluções
encontradas por SERRONI atendem, satisfatoriamente, à encenação. Mesmo assim,
a produção chegou até a comprou a carcaça de um carro de verdade, para
transformá-lo em um Ford Custom, de 1951.
A luz
do espetáculo, criada por ROGÉRIO CÂNDIDO, é muito bonita e bem operada,
acompanhando o termômetro de cada cena, sempre a favor de um enriquecimento
plástico do espetáculo.
Um dos
pontos altos do musical se concentra nos muitos figurinos – cerca de 90
-, desenhados por MÁRCIO VINÍCIUS, todos de época, o que proporciona,
aos mais velhos, uma viagem no tempo. Lembrei-me de que, além do topete, também
me vi vestido com algumas peças daquele acervo de roupas.
Considero,
também, um bom diferencial para a peça o conjunto de coreografias, criadas por ELCIO
BONAZZI. Há muitos números musicais, todos servindo a excelentes bailados,
muito bem executados por todo o grupo do numeroso elenco.
Por
ser uma obra de época, era necessário que um profissional muito importante, no TEATRO,
o visagista, trabalhasse em conjunto com o figurinista, para deixar o elenco
com ares de gente da década de 1950, para o que ANTONIO VANFILL tem
uma importância muito grande, no seu trabalho minucioso de visagismo, no qual
foram utilizadas 40 perucas, além de apliques e afins.
Quando
analiso um musical, sempre faço questão de enaltecer o trabalho de quem é responsável
pelo desenho de som, o qual, se não for bem feito, “derruba”
qualquer produção. É muito difícil fazer a correta equalização entre vozes
humanas e sons instrumentais, para que o público possa ouvir, com nitidez, o
que se fala ou se canta, no palco. Aplausos para um veterano e competentíssimo profissional
do ramo, TOCHO MICHELAZZO, sempre muito requisitado pelas produções.
O
elenco é formado por jovens atores e atrizes, alguns conhecidos meus, por seus
trabalhos anteriores, entretanto a maioria creio ter visto, pela primeira vez,
no palco. Gostei de todos, nas três funções de um(a) artista, num
musical: interpretando, cantando e dançando. Destaco, sem desmerecer quaisquer
outros, o par de protagonistas, TI DUCATTI e LULI, NATHAN LEITÃO, SOFIE ORLEANS, CAMILA BRANDÃO, RAFAEL DIVERSE, CAROL PITA, RUY BRISSAC (Saudade daquele
divertidíssimo e “subversivo” Dinho, de “Mamonas, o Musical!”),
ALICE ZAMUR e JÚLIO OLIVEIRA.
FICHA TÉCNICA:
Texto Original: JIM JACOBS e
WARREN CASEY
Versão Brasileira: SILVANO VIEIRA e SOFIA BRAGANÇA
Adaptação e Direção: RICARDO MARQUES
Assistência de Direção: IGOR PUSHINOV
Direção Musical: PAULO NOGUEIRA
Elenco: TI DUCATTI (Danny); LULI (Sandy); ALICE ZAMUR (Rizzo); NATHAN
LEITÃO (Kenickie); SOFIE ORLEANS (Frenchy); CAROL PITA (Marty); CAMILA BRANDÃO
(Jan); JULIO OLIVEIRA (Sonny); PEDRO NASSER (Doody); RAFA DIVERSE Roger); JULIA
PRONIO (Patty); VICKY MAILA (Cha Cha); CELSO TILL (Eugene); TALIHEL (Johnny
Casino); RUY BRISSAC (Vince Fontaine / Officer Maiale); NICK VILA MAIOR (Teen
Angel); CARLA HOSSRI (Miss Lynch); LARISSA FERNANDES, YASMIN LIFER e JULIO
FELIX (Ensamble); VINICIUS COSANT (“Dance Captain”); e JOSEMARA MACEDO e ANDRÉ
GOMES (Swing)
Orquestra: Maestro/Pianista1: PAULO NOGUEIRA; Pianista 2: ANDRÉ
REPIZO; Reed: CHIQUINHO DE ALMEIDA; Trombonista: DOUGLAS FREITAS; Trompetista: BRUNO
BELASCO; Baterista: DOUGLAS ANDRADE; Baixista: MAURO DOMENECH; Guitarrista: THIAGO
LIMA; Pianista (ensaio): RONIEL DE SOUZA e ANDRÉ LUZ COLETTI
Coreografia: ELCIO BONAZZI
Assistência de Coreografia: VICTORIA ARIANTE
Cenografia: J. C. SERRONI
Figurinos: MÁRCIO VINÍCIUS
Visagismo: ANTONIO VANFILL
Desenho de Som: TOCKO MICHELAZZO
Desenho de Som Associado: GABRIEL BOCUTTI
Desenho de Luz: ROGÉRIO CÂNDIDO
Desenho de Luz Associado: GUILHERME PATERNO
Produção de Objetos: CLAU CARMO
“Production Stage Manager” (PSM): ESTEBAN GROSSY
“Stage Manager”: TATAH CERQUINHO e VIVIAN RODRIGUES
Gerência de Produção: BIA IZAR
Assistência de Produção: CLAYTON EPFANI
Produção Administrativa: JULIANA LORENSSETO
Assessoria de Imprensa: POMBO CORREIO – ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Fotos: Caio Gallucci
Comunicação Visual: AR PROPAGANDA
Produção de Conteúdo: MARILIA DI DIO
SERVIÇO:
Temporada: De 05 de janeiro a 05 de março de 2023.
Local: Theatro Claro SP.
Endereço: Rua Olimpíadas, nº 360 (Shopping Vila Olímpia) – Vila Olímpia
– São Paulo.
Telefone: (11)3448-5061.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; e aos domingos, às
19h. Sessões extras às quintas, às 17h, e aos sábados, às 17h30min.
Valor dos Ingressos: De R$80,00 a R$200,00, dependendo da localização
dos assentos.
Venda online (com taxa de serviço): https://bileto.sympla.com.br/event/78529/d/168923
Funcionamento da Bilheteria (sem taxa de serviço): De 2ª feira a
sábado, das 10h às 22h, e, aos domingos e feriados, das 12h às 20h.
Mais informações: http://teatroclarosp.com.br/
Capacidade: 799 pessoas.
Acessibilidade: Acessível a pessoas com deficiências e mobilidade
reduzida.
Classificação Etária: 12 anos.
Duração: 144 minutos.
Produção: 4ACT ENTRETENIMENTO.
Gênero: Musical.
Como disse, no início desta crítica, no
dia em que assisti a este musical, um sábado, estava dando prosseguimento a uma verdadeira “maratona
teatral”: às 12h, um belo musical infantil, seguido de outro musical, às
17h. Ainda assim, fiz questão de assistir a mais uma montagem de “GREASE, O
MUSICAL”, com o maior desejo de sair gratificado do Teatro. E foi o
que aconteceu, motivo que me leva a recomendar este trabalho. Não me arrependi
de ter ido.
FOTOS:
CAIO GALLUCCI
VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
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TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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